Aikanã

David J Phillips

Autodenominação: Aikanã

Outros Nomes: Aikanã, Massaká, Tubarão, Cassupá, Kasupá, Curumbiara, Wari, Kolumbriara (DAI/AMTB 2010). Kasupá, Corumbriara, Mundé, Winzankyi, Huari, Uari. Tubarão entre os Aikanã, significa o povo que mora na aldeia Gleba (Anonby 2009). Huari e wari não deve ser confundido com Wari (ou Orowari), que refere aos Pacaás-novos, da família Txapakura (Vasconcelos 2005).

População: 300 (DAI/AMTB 2010), 180 (2005 SIL), 258 (FUNASA 2010), 85 em 1988 (Vasconcelos 2005).

Localização: Rondônia, a oeste de Vilhena, perto da estrada BR 364, Cuibá-Porto Velho (SIL). 22 moraram em Chupinguaia e Vilhena em 2004 e alguns em Porto Velho. T I Tubarão/Latundê: É de 116.613 ha homologada e registada no CRI e SPU, população 180. Os Aikanã foram a maioria da população da TI Tubarão/Latundê, e alguns se consideram ser Aikanã (Anonby 2009.3). Total na T. I. em 2004 foi 189, incluindo 25 Kwazá e 19 Latundê, Aikanã 175 em 2004. Porém por causa dos casamentos mistos os números não podem ser acurados (Anonby 2009.5). T I Rio Branco, de 236.137 ha homologada e registrada Alguns Aikanã na população de 678 (FUNAI 2008). Existe uma aldeia pequena de Aikanã e Kwazá na floresta a oeste do rio Pimenta Bueno, no Igarapé São Pedro, sua terra original (Anonby 2009.4). T I Rio Guaporé de 115.778 ha homologada e registrada no CRI e SPU com uma população de 589 de onze etnias inclusive alguns Aikanã. TI Kwazá do Rio São Pedro de 16.799 ha homologada e registrada. 25 Kwazá e Aikanã vivem na Terra.

Língua:
Aikanã é uma língua isolada, um dialeto: Massaká (Massaca) (SIL). Massaká é falado em Rio do Ouro e dialeto Tubarão na aldeia Gleba, e os que falam Tubarão o considera ser correto e não dão reconhecimento ao dialeto Massaká. Entretanto os dois chamam a língua Aikanã (Anonby 2009.3). Em Rio do Ouro um grupo de Aikanã demonstrou que são bilíngue em Aikanã e português (Anonby 2009.6).

História:
Os Aikanã viviam na região de terras ricas perto do rio Tanaru, a oeste do rio Pimenta Bueno. Eles encaram os Kwazá como guerreiros e inimigos ferozes (Vasconcelos 2005).Os Aikanã com os Kwazá e Latundê viviam por muitos anos com diversos povos, Kanoê, Mekém (Sakirap), Tuparí, Salamãi e outros já assimilados na sociedade regional. Por isso têm aspectos de cultura semelhantes formando, o que Denise Maldi (1991) chamou o ‘Complexo cultural do Marico’. Algumas das semelhanças são seus cestos tecidos da fibra do tucum, palhoças forma de colmeia, bebida de milho fermentado, antropagogia e as divisões de clã (Anonby 2009.6). O vasto interior a oeste dos Bororo e dos Paresi, e seu povos, era desconhecido ainda no século XIX (Hemming 1997.202). Garimpeiros e seringueiros penetraram a região, mas contato só começou com a linha telegráfica estabelecida por Rondon. Cidades com Pimenta Bueno (1912) e Vilhena (1970) são mais recentes.

Na década 30 os Aikanã e Kwará trabalharam para os seringalistas e eram pagos com café, açúcar e espingardas. Em 1940, o SPI abriu um Posto no Igarapé Cascata, afluente do rio Pimenta Bueno e os Aikanã, Kanoê vieram, atraídos ao Posto e a população foi decimada por epidemias d sarampo e gripe e os índios se espalharam de novo no mato. Depois 1970 os índios ficaram independentes dos seringalistas e venderam seu látex nas cidades próximas.

Em 1973 a maioria se mudaram para terras piores na sua posição atual, mas depois uma pequena aldeia de Latundê foi descoberta na terra. A maioria pegaram sarampo e morreram e atualmente 20 vivem na aldeia de Barroso (Anonby 2009.6). O antropólogo van de Voort vivia entre os Aikanã e Kwazá por 14 meses entre 1995 e 1998, fazendo uma descrição linguística e textos da língua Kwará (Anonby 2009.6). Os índios entre si mesmos criaram a “Associação Massaká dos Povos Indígenas Aikanã, Latundê e Kwazá” (MASSAKÁ)‚ em 1996. Recentemente a ONG “Proteção Ambiental Cacoalense” (PACA), de Rondônia, tem dado apoio, sob a forma de cursos, à Associação MASSAKÁ (van der Vooft 1998).

Os Aikanã e Kwazá da aldeia São Pedro, por não tiveram a terra demarcada, encontravam-se seriamente ameaçados pelos fazendeiros e políticos locais até 2000. A FUNAI e o CIMI fizeram um esforço para reconhecer a Terra (van der Vooft 1998). Finalmente a Terra Indígena Kwaza do Rio São Pedro, nos municípios de Kwaza (RO) e Aikana (RO), com 16.799ha, onde habitam os Paresis foi homologada em 2003.

Estilo da Vida:
Há três aldeias na T. I. Tubarão Latundê: Gleba com uma população de 48 Aikanã e Kwazá, 19 km a leste da cidade de Chupinguaia. Vinte km. ao norte de Gleba fica Rio do Ouro com a maior população, todos 67 Aikanã. Barroso, 34 na maioria Latundê, fica 25 km. ao sul de Gleba (Anonby 2009.4 a população é de 2004).

Em Rio do Ouro as casas estão espalhadas conforme os diversos trilhos conduzindo aos seringais. Eles vivem da agricultura, mas o solo é muito arenoso. Quinze famílias vivem em Rio do Ouro e a língua Aikanã é falada, mas as crianças usam também português entre si quando estão brincando. Os Aikanã de Rio do Ouro visitam a cidade de Chupinguaia mensalmente em 2004 para fazer compras e receber assistência médica. Mas desde 2007 uma nova estrada de asfalto passa 3 km. perto da aldeia (Anonby 2009.7,10).

Em Gleba, os indígenas praticam pouca da agricultura e compram os alimentos das cidades ou recebem dos parentes em Rio do Ouro. O solo é ainda pior e a renda de pensões do estado é maior. Alguns ganham por tirar a madeira para os madeireiros e as maquinas ajudam em manter as estradas. Outros têm trabalhado na minas na I. T. Cinta Larga. Pessoas de Gleba podem visitar a Chupinguaia todo dia (Anonby 2009.7).

As aldeias têm escolas em português até quatro grau e a maioria dos Aikanã e Kwazá sabem ler português; alguns poder escrever um pouco em Aikanã (Anonby 2009.8). Jovens duas aldeias jogam futebol com os times regionais (Anonby 2009.8). Os Aikanã usam roupa iguais aos regionais (Anonby 2009.10).

Sociedade: Nas reuniões da aldeia em Rio do Ouros usam Aikanã, com uma explicação em português para aquelas pessoas que não entendem a primeira (Anonby 2009.6). Há uma falta de moças para os homens se casar, todos os casais em Gleba são mistos, com outras etnias indígenas ou com brancos. Em Rio do Ouro todos os casamentos são de Aikanã (Anonby 2009.8).

Artesanato: As duas aldeias rendam por fabricar e vender artesanatos (Anonby 2009.7). Os artesanatos fabricados e vendidos hoje são brincos, pulseiras, colares, bolsas, anéis e alguns objetos de madeira.

Religião: Em Rio do Ouro estão revivendo as festas tradicionais, e usam as duas línguas (Anonby 2009.6). A maioria são Evangélicos devido ao ministério dos missionários Terena (Anonby 2009.7).

Cosmovisão: Os Aikanã contam um mito do Kiantô, uma cobra enorme, colorida como o arco-íris. Conforme a estória o mundo é dividido em dois reinos, um da terra e o outro das águas onde Kiantô é rei. Outro mito é o do ‘Dia em que o sol morreu’, que se refere a um eclipse total e quem está fora das suas casas no dia, está atacado pelos espíritos da mata.

Comentário: Missionários Terena da UNIEDAS têm trabalhado na Terra Indígena desde 1980. Queila França é a obreira da Igreja UNIEDAS Na Tribo Aicanã (Aldeia Tubarão) em 2012. Um casal da missão ALEM vive em Rio do Ouro por 12 anos, Warrisson sendo professor e Ana é líder da igreja. O ministério das missões é todo em português e os indígenas preferem os cultos em português. Toda a aldeia assiste os culto dois dias na semana, e cantam e leiam a Bíblia fluentemente em português, a versão Almeida Revista e Corrigida, mas admitam que não entendem muito. Os índios não se animam por uma tradução em Aikanã(Anonby 2009.8). Contra Anonby, Vasconcelos diz que eles desenvolvem projetos da valorização cultural e procuram manter viva a língua por uma escola bilíngue (Vasconcelos 2005).

Bibliografia:

  • ANONBY, Stan, 2009, ‘Language Use on the Tubarão-Latundê Reserve, Rondônia, Brazil’, SIL Electronic Survey Report 2009-005, April 2019, Dallas, Tex: SIL International.
  • DAI/AMTB 2010, ‘Relatório 2010 – Etnias Indígenas do Brasil’, Organizador: Ronaldo Lidório, Instituto Antropos instituto.antropos.com.br
  • HEMMING, John, 1987, Amazon Frontier-The Defeat of the Brazilian Indians, London: Pan Macmillan.
  • HEMMING, John, 2003, Die If You Must – Brazilian Indians in the Twentieth Century, London; Pan Macmillan.
  • SIL 2009, Lewis, M. Paul (ed), Ethnologue: Languages of the World, 16th Edition. Dallas, Texas: SIL International. Versão on line: www.ethnologue.com
  • VAN DER VOORT, Hein, 1998, ‘Kwazá’, Povos Indígenas do Brasil, Instituto Socioambiental, São Paulo. pib.socioambiental.org/pt/povo/kwaza
  • VASCONCELOS, Ione, 2005, ‘Aikanã’, Povos Indígenas do Brasil, Instituto Socioambiental, São Paulo. pib.socioambiental.org/pt/povo/aikana