Fulni-ô

David J. Phillips

Autodenominação: Fulni-ô.

Outros Nomes: Yatê, Karnijó, Fulni-o (DAI/AMTB 2010).

População: 5.200 (DAI/AMTB 2010);4.336 (FUNASA 2010); 2.930 (SIL-ISA1999). A população na Terra Indígena 4.260 (FUNAI/SEII 2011).

Localização: Dominial Indígena Fulni-ô em revisão de 11.506 ha em Pernambuco, travessado pela BR 423 e pela PE 300, com a cidade de Água Belas no meio, e é cortado pelo Rio Ipanema, afluente do São Francisco. Receberam 50 casas populares em 2014 (Carlos Eugênio 2014). População é 4.260 (FUNAI 2011).

Língua: Fulniô, português, La-te (DAI/AMTB 2010); latê uma língua isolante com duas dialetos Fulni-ô e Yatê. As crianças preferem falar português. Porções da Bíblia produzidas em 1968 (SIL). Chamam a sua língua Yahthe que significa ‘nossa boca’ (Meland 2010).

História: Os índios de Águas Belas eram chamados Carnijós ou Carijós nos meados do século XVIII. Provavelmente eram de diversas etnias, que depois adotaram o nome Fulni-ô, que por sua vez eram considerados os sobreviventes do povo Karirí (Cariris) cujo território abrangia todo o nordeste, porém a língua é diferente.

A população subiu de 323 pessoas em 1749 até 738 em 1855, porém por 1861 diminuiu pela metade devida uma epidemia de cólera. No século XX subiu de novo para 1.263 em 1948 e 2.668 em 1982.

No meados do século XVIII um certo branco criou o povoado de Ipanema, que se transformou na cidade de Águas Belas. Em 1875 o aldeamento de Águas Belas foi declarado extinto e os brancos tomaram as terras cultivadas e empurraram os Fulni-ô para dentro a caatinga. Mas o governo da província reconheceu o território indígena, apesar disso os Fulni-ô enfrentaram diversas tentativas de despossui-los da sua terra. No século XX cada índio recebeu um lote, que alguns arrendaram aos brancos. Em 1982 dos 427 lotes, 275 eram arrendados aos não índios.

Estilo da Vida: Os Fulni-ô vivem em duas aldeias, uma fica junto à cidade Águas Belas e a outra é o local sagrado do ritual do Ouricuri, realizado durante os meses de setembro e outubro (Dias 1998). Vivem em casas a pique com telhados de telha cerâmica. Cada família tem sua roça de dois ou três hectares e plantam feijão, milho e mandioca e uma parte é para vender no comércio.

Sociedade: Há muitos casamentos interétnicosmas os filhos não são aceitos como Fulni-ô. Por isso os anciãos tentam dissuadir estas uniões. Viviam em 1982 uns setenta famílias, que pela FUNAI são indígenas, mas não são para os Fulni-ô e se tratam de descendentes de casamentos interétnicos que deixaram de assistir ao Ouricuri com não indígena (Diaz 1998).

Artesanato: Os homens coletam folhas de palma e as mulheres fabricam artigos de palma, como esteiras, bolsas, escovas, chapéus e abanos, para vender. Esta atividade é feita nos meses de setembro a dezembro (Diaz 1998).

Religião: Durante o ritual do Ouricuri os homens e as mulheres vivem separados na aldeia do ritual. Antigamente casas e galpões cobertas de palma de ouricuri eram construídas, hoje são casas permanentes. Para participar os homens têm que ser filho de mãe ou pai Fulni-ô, e começar a assistir o ritual quando mais novo possível. Usavam água da chuva guardada em poços, e havia muitos mortos causados por infecções intestinais. Em 1982 a empresa de água (COMPRESA) fiz uma extensão de água encanada até a aldeia. Durante o ritual é proibido tomar bebidas alcoólicas, escutar música e assobiar. O ritual dura quatorze semanas e a língua Ia-tê é falada. Durante a cerimônia são eleitos o cacique, o pajé e a Liderança (Diaz 1998).

Cosmovisão:

Comentário: Douglas e Doris Meland da SIL trabalharam na língua entre dezembro 1960 e setembro 1962. Descobriram os Fulni-ô em uma situação transformação social rápida, dependentes dos produtos da sociedade nacional e 95% falava português fluentemente e 10% não falava mais sua língua (Meland 2010.3). A MNTB trablha com este povo.

Bibliografia:

  • DAI/AMTB 2010, ‘Relatório 2010 – Etnias Indígenas do Brasil’, Organizador: Ronaldo Lidório, Instituto Antropos –instituto.antropos.com.br
  • DIAZ, Jorge Hernández 1998, ‘Fulni-ô’, Povos Indígenas do Brasil, Instituto Socioambiental, São Paulo. pib.socioambiental.org/pt/povo/fulni-o
  • HEMMING, John, 1987, Amazon Frontier-The Defeat of the Brazilian Indians, London: Pan Macmillan.
  • HEMMING, John, 2003, Die If You Must – Brazilian Indians in the Twentieth Century, London; Pan Macmillan.
  • MELAND, Douglas e Meland, Doris, 2010, ‘Phonemic Statement of the Fulniô Language Preliminary Version’, Anápolis, GO: Associação Internacional de Linguística-SIL-Brasil, original 1967.
  • SIL 2013, Lewis, M. Paul, Gary F. Simons, and Charles D. Fennig (eds.). 2013. Ethnologue: Languages of the World, Seventeenth edition. Dallas, Texas: SIL International. Online version: www.ethnologue.com