Nahukwá

David J. Phillips

Autodenominação:

Outros Nomes: Nafukwá, Nahkwá, Nafuquá, Nahukwá, Nahukuá (DAI/AMTB 2010).

População: 124 (DAI/AMTB 2010), 126 (IPEAX 2011).

Localização: Matto Grosso: Parque Indígena Xingu, de 2.642.004 ha, homologada e registrada no CRI e na SPU, na margem direita do rio Xingu perto dos Kalapalo.

Língua: Nahujwa (DAI/AMTB 2010). Da família linguística Karib, é o mesmo dialeto dos Kalapalo e os Matipu. Os Kuikuro, também da Karibe falam um dialeto próprio, porém todos são mutuamente inteligíveis (Picchi 2003).

Kuikúro-Kalapálo (SIL) dialetos: Kuikúro, Matipú, Mogareb, Nahukwá. Kuikúro e Kalapálo falam a mesma língua, mas são etnias separadas (SIL).

História: Tradicionalmente os Nahukuá ou Nahukwá com os Kalapalo e Kuikuro ocupavam o sudeste do Alto Xingu. Em 1884 e 1887 Karl von den Steinen os visitou, eram considerados um só povo muito numeroso com nove aldeias. Paul Ehrenreich, que acompanhou von den Steinen em 1887, disse que os Nahukwá tinham uma aldeia no rio Kurisevo e mais seis ou oito aldeias no rio Kuluene. No princípio do século XX Max Schmidt viajou nas cabeceiras do Xingu e encontrou com os Nahukwá. Os Nahukwá guerrearam com outros grupos na região, inclusive os Ikpeng na última metade do século XIX. Viviam em nove aldeias em 1929 mas têm apena uma hoje.

Em 1947 conforme Pedro de Lima o número dos Nahukwá era apenas 28 pessoas e sem aldeia própria. Em 1953, uma epidemia de sarampo diminuiu o povo mais. Os irmãos Villas Bôas os encorajaram construir uma nova aldeia perto a dos Kalapalo. Em 1977 sua população era 69 pessoas. Devido a um assassinato atribuído à feitiçaria mudaram se de novo em 1977 para a margem direito do rio Kuluene, na lagoa Ipa (Picchi 2003).

Estilo da Vida: A aldeia tradicional era composta de malocas em um círculo em torno de um patio com a casa dos homens e das flautas no centro. Praticam a agricultura de coivara. Os homens derrubam as arvores em maio e junho depois a estação de chuva e o plantio de mandioca brava e outras plantas é em setembro. Plantam banana, batata, melancia, milho e abacaxi. As mulheres fazem coleta de frutos silvestres e a capinagem na roça. Preferem peixe que é mais consumida, mas caçam com espingarda e arco e flecha por macaco, o mutum, o jaco e tracajá especialmente quando são de reguarda de comer peixe durante o nascimento ou doença de uma criança (Picchi 2003).

Sociedade: A liderança dos Nahuwá participam das assembleias promovidas pela Associação Terra Indígena do Xingu para tratar assunto como a educação, saúde e a vigilância da terra. Uma escola com dois professores funciona na aldeia, com dois professores assalariados. Há um auxiliar de enfermagem na aldeia. Alguns trabalham nas fazendas fora do Parque ou vendem artesanato em Brasília ou São Paulo. Fazem compras na cidade de Canarana (Picchi 2003).

Artesanato: Fabricam colares de conchas grandes de caramujo terrestres que são muito apreciados no Parque Xingu. Comercializam seus colares para obter panelas de cerâmica dos povos aruak (Picchi 2003).

Religião: Os Nahukuá participam dos mesmos rituais dos outros povos do Parque, como o Yawari (Jawari) e o Kwarup. O Yawari se realiza em julho, quando uma aldeia convida outra, que no dia acampa fora da aldeia que os convidou e no dia seguinte entram para a disputa. São representantes de etnias diferentes que atiram dardos no outro. O adversários se escondem atrás um feixe de varas, que não podem mover do chão. Os dardos têm suas pontas embotadas com bolas de cera.

O Kwarup é uma cerimônia funerária que envolve mitos da criação do homem e a hierarquia nas etnias. Depois o sepultamento de um chefe aqueles que enterraram o corpo pedem os parentes próximos do falecido construir uma cerca em redor da sepultura. A aceitação do pedido é o início do ritual, o parente que aceita é domo do ritual e a aldeia faz um convite para os outros grupos. Os parentes são pintados por aqueles que fazerem o enterro. Dois tocadores agitam maracás diante da cerca da sepultura. Uma grande coleta de frutos pequi são depositados no interior da cerca. Dois tipos de dança com o toque de longas flautas são realizados. Troncos de madeira ornamentados com algodão são colocados no pátio para representar os espíritos dos falecidos homenageados. Depois os convidados se preparam para o huka-huka que são entre indivíduos e grupos, imitando o rugido da onça.

As emissões corporais são consideradas perigosas, como o sangue no menstrual e na placenta.

Cosmovisão:

Comentário:

Bibliografia:

  • DAI/AMTB 2010, ‘Relatório 2010 – Etnias Indígenas do Brasil’, Organizador: Ronaldo Lidório, Instituto Antropos –http://instituto.antropos.com.br/
  • HEMMING, John, 1987, Amazon Frontier-The Defeat of the Brazilian Indians, London: Pan Macmillan.
  • HEMMING, John, 2003, Die If You Must – Brazilian Indians in the Twentieth Century, London; Pan Macmillan.
  • PICCHI, Debra S., 2003, ‘Nahukuá’, Povos Indígenas do Brasil, Instituto Socioambiental, São Paulo. http://pib.socioambiental.org/pt/povo/nahukua/
  • SIL 2015, Lewis, M. Paul, Gary F. Simons, and Charles D. Fennig (eds.). 2014. Ethnologue: Languages of the World, Eighteenth edition. Dallas, Texas: SIL International. Online version: http://www.ethnologue.com