Sakiriabar – Sakurabiat

David J Phillips

Autodenominação: Sakurabiat significa ‘o grupos dos macacos pregos’, e foi adotado pelos grupos pequenos do povo no século XX (Galucio 2003).

Outros Nomes: Sabônes, Nambikwara-Sabanê (DAI/AMTB 2010). Mekém, Mekens, Sakirabiá, Sakirabiák, Sakirabiáp, Sakirabiát, Sakirap, Sakiriabar, Sakurabiat (SIL).

População: 84 (DAI/AMTB 2010), 161 (FUNASA 2010).

Localização: Algumas famílias vivem nas cidades próximas e a maioria nas duas Terras Indígenas:

  • T I Rio Guaporé, RO, de 115.788 ha, na fronteira com a Bolívia, na margem direita do rio Itenez homologada e registrada no CRI e SPU, com 589 indígenas de Sakiriabar e nove outras etnias (FUNAI 2005).
  • T I Mequéns, RO, entre os Igarapés Xipingal e Providencia de 107.553 ha, homologada e registrada no CRI e SPU, com 89 Makurap e Sakiriabar (Paca 2001).

Língua: Sabanê ou Sakirabiá da família linguística Tupari, português 25 falantes (SIL).

História:
No século XVII os portugueses penetraram na região da margem direita do rio Guaporé e dois povos indígenas eram encontrados, os Guarajaratas ou Pauserna, que hoje vivem na margem esquerda do rio Guaporé, na Bolívia, são do tronco Tupi. O outro povo era os chamados Mequéns (Mekém). Entretanto a maioria dos índios na margem direita evitaram contato por algum tempo, por morar nas cabeceiras dos afluentes, difícil de acesso. A segunda demanda pela borracha no início da Segunda Guerra Mundial, e os Sakiriabar, Guaratira, Korategayat e Siokweriat sofreram das doenças trazidas pelos seringueiros e foram obrigados trabalhar nos seringais.

O SPI tentou sem sucesso unir os índios em Postos Indígenas de Atração, para protegê-los dos invasores de seringueiros e garimpeiros. Em 1983 a FUNAI estabeleceu contato mais estreito com os Sakiriabar em algumas famílias Makurap, depois uma epidemia de gripe que matou 30 pessoas. Um grupo de trabalho da FUNAI confirmou que os Sakiriabar e os Makurap tinham vivido no rio Mequéns por séculos, mas existiam ilegalmente cinco fazendas e serrarias no terreno. Recomendou a demarcação imediata da terra indígena, porém os próprios índios fizeram a demarcação. Em 1996 a T. I. Rio Mequéns foi homologada, com uma área bem menor ao tamanho demandado pelos Sakiriabar (Galucio 2003).

Estilo da Vida: No passado as casas eram redondas suportadas em um esteio central. Hoje as casas são para uma família nuclear que também tem uma roça própria. As construção das casas é tipo regional, com dois cômodos, cobertas de folhas de açaizeiro, de duas águas. As paredes são de ripas de paxiúba cobertas de cavaco ou taipa. A broca, derruba e coivara das roças é um trabalho coletivo do homens, enquanto as mulheres participam do plantio até a colheita. Os principais elementos da alimentação são o milho e o amendoim, com a mandioca em terceiro lugar. Cultivam quatro tipos de milho e a mandioca mansa, com urucum, algodão, pimentas, cabaças, mamão, batata doce, cará e tabaco. As mulheres preparam chicha de milho, batata doce, cará roxo ou banana. Existe nas T. I.s ainda uma boa distribuição de animais de caça, mas a pesca é limitada. A coleta de frutos silvestres é feito pelas mulheres e as crianças. Algumas famílias vivem no municípios de Pimenta Buenos e Parecis e no povoado Riozinho, no município de Cacoal (Galucio 2003).

Sociedade:
Antigamente a sociedade era dividida em 14 ou mais grupos clânicos denominados por plantas e animais, distribuídas em aldeias ao longo dos rios Mequéns e Verde. Hoje a população nas T. I. s não cresce por causa da mudança de alguns para fora. Devido à população reduzida dos Sakiriabar, casamentos com não índios são comuns. O costume de residencia é uxorilocal no começo do casamento, e depois mudam para ser próximo aos pais do marido.

Os Sakiriabar formam parte do complexo cultural do marico, identificado Denise Maldi de um grupo de povos que têm fortes similaridades em suas culturas conceptual, espiritual e material. Estes caraterísticos a aspiração do pó do angico nos rituais do pajé, a construção de casas redondas com esteio central, a ausência da cultivação da mandioca brava e consumo de farinha, o consumo de chicha de milho, e aspectos dos mitos (Galucio 2003).

Artesanato: Fabricam o marico tecido em fibra de tucum. Confeccionam colares e pulseiras, enfeitados cm dentes de macaco e contas de sementes de tucumã. Também o anel de tucumã é popular.

Religião: O último pajé morreu acerca de 1995 e os rituais deixaram de ser praticados (Galucio 2003).

Cosmovisão: Os povos do ‘complexo cultural do marico’ compartilham de mitos que envolvem as figuras de dois irmãos demiurgos (Galucio 2003). Um mito etiológico sobre a morte: Antigamente os homens morriam temporariamente e voltavam à vida. Contudo uma mulher teimosa chorou de mais por seu marido falecido e fez surgir a morte definitiva.

Comentário:

Bibliografia:

  • DAI-AMTB 2010, ‘Relatório 2010 – Etnias Indígenas do Brasil’, Organizador: Ronaldo Lidório, Instituto Antropos instituto.antropos.com.br
  • GALUCIO, Ana Vilacy, 2003, ‘Sakurabiat’, Povos Indígenas do Brasil, Instituto Socioambiental, São Paulo. pib.socioambiental.org/pt/povo/sakurabiat
  • SIL 2014, Lewis, M Paul, Gary F Simons, & Charles D Fennig (eds) 2014. Ethnologue: Languages of the World, 17th edition. Dallas, Texas: SIL International. Online version: www.ethnologue.com