Yanomami

David J. Phillips

Os Yanomami: O povo Yanomami é divido em quatro ou cinco grupos linguísticos: 11.700 de todos os grupos no Brasil em 228 comunidades (ISA (2000).

Noroeste: Sanumá 1,800 no Brasil (2006 D. Borgman) 500 (DAI/AMTB 2010) Roraima e Amazonas. Veja o perfil separado.

Nordeste: Ninam 470 em Roraima, Brasil (1976 UFM)= Yanam 600 (DAI/AMTB)

Sudeste: Yanomam (Outros nomes: Waica, Ianonawá, Yanomamé, Xurima, Parahuri, Yanoam, Ianoamo, Ianomami, Xirianá). Em Roraima e no Amazonas. 15.682 no Brasil, 15.193 na Venezuela (DAI/AMTB 2010). Também os Aica, um grupo dos Yanomam, no rio Apiau (Peters 1998.22).

Sudoeste: Yanomamö no Brasil e na Venezuela. Este perfil trata deste grupo. O nome é escrito atualmente Yanomanɨ (Poleto 2012).

Autodenominação: Eles se identificam como Yanomami e mais preciso o nome da sua aldeia com o sufixo -teri (povo). Yanomami é derivado de yanõmami thëpë que significa ‘seres humanos’ distinguido de yaro (animais de caça), yai (os espíritos) e os napë (os brancos, inimigos, alheios).

Outros Nomes: Guaharibo, Guaica, Shaathari, Shamatri, Yanomami (SIL).

População: 1.940 in Brasil. Amazonas, na afluentes da margem esquerda do rio Negro (SIL). Brasil: 2.200 (DAI/AMTB 2010). Venezuela: 15.700 (2000). Total nos dois países: 17,640 (SIL). Em 1964 e 1968: 10.000 em 125 comunidades de entre 40 e 250 habitantes (Chagnon 1968.1). As fontes não distinguem bem entre os grupos.”Os dados populacionais Yanomami não são exatos, tanto no Brasil como na Venezuela, mas é possível estimar uma população total acima de 35 mil pessoas (SESAI, 2011 apud Albert, 2013).” (Poleto 2013). Na Venezuela (1992) 15.193 em 150 comunidades. No Brasil 11.000. Mas transitam a fronteira constantemente (Chernela et. al. 2002.13). No Brasil e na Venezuela era estimada em cerca de 35.000 pessoas no ano de 2011 (ISA).

Localização: Habitam uma região de serras ao norte da Floresta Amazônica, na fronteira do Brasil com a Venezuela. No lado brasileiro o território Yanomami se estende pelo norte do Estado do Amazonas e oeste de Roraima, sendo este a maior Terra Indígena demarcada no Brasil No norte na Venezuela na cabeceiras do rio Orinoco; na bacia do rio Siapa e no Brasil nos afluentes do rio Negro nos rios Cauaburi, Marauiá, Demiri, Aracá e Padauarí. No rio Marauiá vivem cinco grupos principais em dez aldeias (MNTB).

A Terra Indígena Yanomami está situada na fronteira com a Venezuela e das cabeceiras dos rios Marauía e Cauburis no oeste e o rio Demení no leste no Amazonas e o território do oeste em Roraima. É de 9.664.975 hectares (96.650 km²). Foi homologada em maio 1992 (Albert 1999) e se sobrepõe ao território de oito municípios: Barcelos, AM: 12.247.573 ha, Santa Isabel do Rio Negro, AM: 6.284.624 ha, São Gabriel da Cachoeira, AM: 10.918.490 ha, Amajari, RR: 2.847.222 ha, Alto Alegre, RR: 2.556.685 ha, Caracaraí, RR: 4.741.089 ha, Iracema, RR: 1.411.941 ha, Mucajaí, RR: 1.275.12 ha.

Língua: “Os Yanomami são reconhecidos como uma única etnia composta por quatro subgrupos linguísticos, que compõe uma família linguística isolada (RAMOS, 1990; MATTEI-MULLER, 2007). Ramirez (1999; 1994) identificou quatorze dialetos desta família e propôs o agrupamento destes em quatro principais línguas: Yanomamɨ, Yanomam (ou Yanomae), Sanuma e Ninam (ou Yanam).” (Poleto, 2013)

Yanomamɨ na região dos rios Cauaburi, Marauiá, etc.

Na região do alto Orinoco e Mavaca falam o dialeto leste na Serra Parima e para o leste do rio Batau. O dialeto oeste se fala na bacia do rio Padamo, Ocamo, Manaviche e cabeceiras do Orinoco, no rio Cauaburi. A análise linguística do dialeto Xamatali e Xirianá foi feita pela Missão Evangélica da Amazônia e a Missão Novas tribos fez a análise fenomênica. Tradições de porções do Ensino Cronológico da Bíblia, Dicionário e hinário. Preparados estão Cartilhas de pré-escolar e alfabetização, e Manuais de orientação sobre a malária e a saúde (MNTB).

História: Os Yanomami provavelmente são descendentes de um povo que ficou isolado nas cabeceiras do rio Orinoco, e começaram sua diferenciação interna há sete séculos. Conforme suas tradições sua antiga terra era a terra firme da Serra Parima, entre o Orinoco, atualmente na Venezuela e os afluentes do rio Branco que desce para o rio Negro no Brasil (Albert 1999). Os espanhóis penetraram a região procurando o El Dourado. Os Portugueses construíram uma fortificação perto das desembocaduras dos rios Uraicuera e Tacutu no rio Branco e tentaram atrair os índios e mais de mil eram estabelecidos em aldeias no Branco. Não conseguiram a ganhar os Waiká (Yanomami) sair das colinas entre os rios Branco e Orinoco. Por isso este povo e a maioria dos Atorí têm sobrevividos dos perigos de contato.

Os primeiros contatos com os Yanomami foram por Cel Manoel da Gama Lobo d’ Almada que foi acompanhado por alguns Yanomami (Hemming 1995.32,36), e pela expedição de Bodadilla em 1789. Eles sobreviveram as epidemias e escravidão por viver na terra firme interfluvial até o século XX (Chernela et. al. 2002.13). Os Carmelitas montaram uma Missão com outras etnias no rio Branco em 1846, mas esta tentativa perdeu os seus índios e o frade Pereira tentou persuadir os Yanomami tomar o lugar deles, mas recusaram (Hemming 1995.326).

Pelo menos na Venezuela tiveram contato com o mundo de fora por mais que cem anos, e comerciaram e receberam machados de aço e potes para cozinhar. Eles trocaram os produtos com outras comunidades mais remotas, e a sua própria generosidade aumentou a demanda e provocou conflitos por inveja (Rabben (2004.93). A sua dispersão dos Yanomami para a área atual começou no século XIX, devido ao crescimento da sua população, a adoção de ferramenta de aço e novos métodos de cultivação (Albert 1999). Eles penetram áreas esvaziadas pelo impacto negativo do contato com os europeus quando os povos destas áreas eram decimados (Chernela et. al. 2002.13).

Contato constante na Venezuela começou quando James F. Barker da Missão Novas Tribos dos USA veio para morar entre eles por anos durante a década 50 e estudar a língua, e produzir estudo antropológicos e traduzir a língua. Chagnon foi introduzido por Barker. Os Salesianos estabeleceram um posto no outro lado do rio em concorrência com a Missão. O SPI montou postos entre 1940 e 1960 que eram fontes de objetos manufaturados e providenciou um pouco de assistência de saúde e também de epidemias de sarampo, gripe e coqueluche (Albert 1999).

A tentativa de converter os índios falhou muitas vezes, mas trouxeram tratamento médico e educação em português. Os antropologistas não identificaram os Yanomami como um só povo até a década 60, eles também complicaram a vida indígena por distribuir presentes de produtos industriais e até provocando conflitos na concorrência de possuir os bens da civilização. Depois 1973 os brancos invadiram a região com a construção da Rodovia Perimetral Norte. Este projeto chamado ‘Calha Norte’ tinha o alvo de colonizar uma faixa perto da fronteira pretendia opor a possibilidade de invasão por estrangeiros (Rabben 2004.98). Somente 250 km da estrada dos 1.500 km projetados, 200 no território Yanomami, foram construídos porém o contato trouxe degradação social, doenças e conflitos. Em 1975 o governo brasileiro fez um mapeamento dos recursos minérios da região (RADAM).

Projetos de colonização principalmente no oeste de Roraima resultou em: estradas, fazendas, serrarias, canteiros de obras e os primeiros garimpos (Albert 1999). Em 1976 500 garimpeiros penetraram na terra Yanomami, e foram expelidos pelo governo somente depois um protesto internacional. Em 1988 10.000 garimpeiros trabalharam no território (Rabben 2004.99). Em 1989 50.000 estavam presentes. 1.500 Yanomami morreram sob a investida da ‘civilização’ entre 1987 e 1990 pela água contaminada e as doenças, inclusive a malária, introduzidas pelos garimpeiros, infecionaram entre 15 e 20 porcento da população (Rabben 2004.104). Mais de cem pistas aéreas ilegais de garimpo foram abertas, com 30-40.000 garimpeiros dos afluentes do rio Branco entre 1987 e 1990. Depois o número diminuiu, mas ainda muitos continuem na área em 1999. 60% do território Yanomami está coberto por requerimentos e títulos de empresas de mineração (Albert 1999). Em muitos lugares os indígenas deixaram de construir os xabono para viver em cabanas cobertas de plastico e ficaram tão doente que não mais cultivam as roças. A Comissão pela Criação do Parque Yanomami (CCPY) de antropologistas, etc. fez propostas de estabelecer 9 milhões ha pelos Yanomami. Anos de conflitos seguiram entre diversas instituições federais e estaduais. Em 1991 Presidente Collor demarcou 9.4 milhões ha de terra Yanomami (Rabben 2004.106). A Terra Indígena Yanomami foi homologada em maio 1992.

Na Venezuela o Reservo de Biosfera Yanomami/Parque Nacional Parima-Tapirapeco (PNPT) foi estabelecido em 1991 por decreto presidencial No. 1635. Este inclui todas as terras usadas pelos Yanomami aonde eles têm direito do usufruto em perpetuidade, porém não o direito de vender território ou os recursos de madeira ou minério. Comércio com a economia fora é limitado para os postos governamentais e missionários (Chernela et. al. 2002.14).

No Brasil vivem em áreas administradas pela FUNAI, principalmente T. I. Yanomami, que garanta o usufruto pelos Yanomami. Conforme a Constituição de 1988, revisada em 1999, os indígenas têm cidadania completa, o direito de usar sua língua na educação pública e o estado deve proteger a expressão da sua cultura e direito ao território com o usufruto exclusivo (Chernela et. al. 2002.16). Algumas ONG em Boa Vista sustentam projetos de saúde e edução no território Yanomami. Esta provisões são limitadas na Venezuela e por isso muitos Yanomami a travessam a fronteira. A CCPY mantém um programa de educação bi-lingual, produzindo apostilhas basadas na vida tradicional Yanomami (Chernela et. al. 2002.17).

A Associação Kurikama, cujo nome faz referência e representa uma homenagem a um espírito oriundo do mito da criação do povo Yanomami, foi formada com objetivo fortalecer os laços entre os diversos Xapono Yanomami dos Rios Marauiá e Preto e definir estratégias coletivas perante políticas públicas ineficazes e desencontradas, que releguem, muitas vezes, a realidade Yanomami do Amazonas em segundo plano. Em 2013 aconteceu no xapono do Komixiwe a terceira Assembleia Geral com 250 representantes de 13 xapono.

Estilo de Vida: Os Yanomami são tradicionalmente seminômades, caçadores e coletores e praticantes da agricultura de coivara – derrubada, queima, plantio e colheita. Habitam uma região de serras ao norte da Floresta Amazônica, na fronteira do Brasil com a Venezuela. No lado brasileiro, o território Yanomami se espalham pelos Estados do Amazonas e de Roraima. Formam a sétima maior etnia indígena do Brasil, com aproximadamente 17.000 pessoas, distribuídas em cerca de 230 aldeias (Poleto 2011).

Os Yanomami vivem em grupos de famílias em casas comunais chamados yano ou xapono. As aldeias são formadas de uma só casa, o xabono ou xapono. A casa é de forma cônica com o centro aberto ao céu. Em redor do círculo cada família tem uma secção de uns 10 metros quadrados coberto pelo telhado e há um espaço entre as secções de um metro. Cada casal constrói sua secção. O xabono dura por dois anos de depois começa a vazar água e é quebrado para mata a infestação baratas e escorpiões (Chagnon 1968.26). As folhas que formam o telhado são apenas deitadas soltas e não seguradas. Mas nas aldeias do rio Marauá o telhado tradicional é feito de uma folha chamada Ubi, a qual é trançada em linhas de cipó que são amarradas uma acima da outra em espaços de cerca de dez cm (Poleto 2012). Os Yanomam ou Waica tendem ter um telhado completo com um buraco par a fumaça. O xabono tem uma só entrada e uma cerca ou paliçada três metros de altura em redor. Porém os Yanomami do norte e nordeste moram em casa rectangulares. No oeste no rio Marauiá, entre os Yanomami, a cobertura é muito aberto e cobre somente os compartimento de cada família e até espácios no circulo são deixados para outras famílias construir sua parte e o diâmetro é maior (Berwick 1992).

As aldeias são seminômades, quando o solo das roças tornam-se menos fértil, caça e coleta na mata mais perto diminua e quando alguém morre os hekura são libertos, fazendo o yano ou xabono perigoso. Elas ficam em um local por aproximadamente por cinco ou sete anos (Berwick 1992). De vez em quando o povo abandona o xabono por algumas semanas para fazer uma caminhada estilo caçador coletador, enquanto falta banana da terra falta e madurece. Vivem na mata com tapiris, se sustentam com a caça e coleta de frutas, a grande distancia até no território de outras aldeias. A vantagem deste tempo fora é para limpar a mata perto do yano e deixa a caça recuperar. Quando o jardins são produzindo de novo o povo voltar para viver no yano como antes.

Hoje em dia nos rios Marauiá, Cauburis, Maturacá e Marari os xabono são formados por casas separadas, dispostas em círculo com a frente voltada para o pátio central. Esta mudança da forma do xabono foi em decorrência do contato com a sociedade envolvente e o estilo de moradia e arquitetura dos regionais (Poleto 2012).

Cada grupo é economicamente e politicamente autônomo e se referem como kami theri yamaki (‘nós co-residentes’) e pratica a endogamia local (Albert 1999). Uma área de floresta em um raio de 5 km. é para o uso da comunidade e dos seu indivíduos por coleta e pesca. A área mais ampla em raio de até 10 km. é para caça individual ou coleta de família. O espaço maior em raio de 20 km. é para expedições de caça coletiva, especialmente em preparação de festas funerárias e as caças de três emanas ou mais durante a fase de maturação das novas roças estabelecidas neste espaço. Assim os Yanomami passam um terço do tempo acampados em tapari fora da aldeia ou yano, mas sua dependência de remédios e artigos dos brancos tem diminuído este tempo (Albert 1999). Hoje em dia o estilo de vida mudou e no rio Marauiá são mais sedentários. Dois dos fatores deste processo são o avento da escola e do atendimento de saúde que são baseados em estruturas fixas. Os Yanomami são relutantes em se mudar de aldeia e manter esta dinâmica de mobilidade tradicional, pois assim perdem ano letivo e estão descobertos de atendimento a saúde (Poleto 2012).

Os Yanomami caçam macacos, queixada e capivara, tatu, anta, veado e jacaré, mutum e diversos roedores. Usam arco e flechas com quatro tipos de pontas. Usam fumaça para extrair tatu dos suas tocas, escutando com o ouvido no chão para descobrir aonde o animal está cavando para escapar a fumaça. Os Yanomami caçam mais que uma área pode sustentar e por isso sempre mudam suas aldeias para partes do mato menos caçado (Chagnon 1968.32). São coletores de vários frutos, mel e insetos da floresta. Enquanto estão nas expedições de caça eles avaliam as áreas da floresta para fazer novas roças. Pescam usando timbó.

É calculado por Chagnon que 85% da dieta dos Yanomami é das suas plantações (hikari täka). Eles limpam o chão primeiro da vegetação para depois derrubar as arvores maiores que foram o dossel florestal e fazer a coivara. Antes de ganhar machados de aço eles tiram a casca em redor do caule para deixar a arvore morrer e permitir a luz penetrar para o chão. A banana da terra é a fruta mais importante, onde cultivam quatro variedades. Depois alguns anos, devido as colheitas diminuindo, um lado da roça (o ‘reto’) é abandonado e uma área aberto no outro lado (o ‘nariz’) (Chagnon 1968.33, 35). São cultivados, banana da terra (e outras variedades, como banana maça e roxa), mandioca, milho, batata doce, algodão, tabaco, cana, manga e papaia.

A estação seca é o tempo para visitar outras aldeias. Trilhos entre aldeias seguem a direção mais direta e são marcados por hastes dos arbustos quebradas e tapiris. O caminhos são impedidos por lagos e riachos cheios da época das chuvas. Pinguelas são construídas para atravessar as correntes maiores (Chagnon 1968.20).

Os homens e as mulheres se pintam de urucum (Bixa orellana annato) que é vermelha para proteger-se de insetos e dos raios do sol. Os guerreiros se pintam de preto para guerra, festas, e os ritos.

Os homens tecem as redes, mas as mulheres fazem a fiação do algodão. Na aldeia os homens gastam tempo contando proezas da caça e pesca, enquanto as mulheres cuidam dos filhos, do fogo e preparar os alimentos e limpar e pátio e fazem muito do trabalho da roça. Criam animais da mata como animais de estimação, que forma parte da família e não são comidos: Papagaios, tucano, agouti, cuxíu. Criam cachorros para a caça e não criam galinha, porcos e gatos (Laudato 2006.21). Hoje no rio Marauiá os Yanomami criam galinhas mas a maioria ainda não as comem, porém trocam com os brancos (Poleto 2012).

Artesanato: Na década 60 os Yanomami fazerem potes de barro simples que são usados para cozinhar pelos homens. Arcos são formados por raspar a madeira com as dentes de capivara. Uma aljava, feita de uma secção de bambu, é usada para carregar pontos de flechas e dardas, e facas de dentes de cutia e um parafuso para ascender fogo estão prendidos no lado de fora (Chagnon 1968.22). Os Yanomami sabem contar apenas um, dois e mais de dois (Chagnon 1968.15), então treinamento de contabilidade básica é necessário para o comércio de artesanato. O projeto envolve 230 mulheres fazerem artigos para vender nas lojas em Manaus (Pró-Arte Yanomami.

Sociedade: Os Yanomami se identificam entre eles conforme o nome da aldeia. No rio Marauiá, por exemplo, existem cinco grupos que deram origem às dez aldeias atuais. Por exemplo os Xamatauteri pertencem aos grupo que se originou da aldeia Xamatá, –teri é um sufixo para povo. Pohoroábieteri da aldeia Pohoroá (Poleto 2012). O mundo fora da aldeia e da comunidade intima é visto como perigoso e é dos alheios (yaiyo thëpë). Até visitantes das alianças e cerimonias são considerados ser capaz de lançar doenças sobre a comunidade por feitiçaria, motivado por vingança ou ciume. Pessoas mais distantes podem enviar espíritos predadores ou matar o animal duplo (rixi) de um membro da comunidade. Também os brancos podem afligi-los com epidemias pelas fumaças das suas maquinas e motores (Alberto 1999).

Então os Yanomami formam alianças com seus vizinhos para trocar esposas e se defender dos inimigos. Estas alianças foram uma rede complexa de relacionamentos que alcança todo o território Yanomami (Alberto 1999). No caso de ataques eles são relutantes de mudar a aldeia, por causa da dificuldade de começar e transplantar as mudas das bananas de terra. Chagnon descreveu o tamanho das comunidades ser determinado pela necessidade de ter guerreiros e defensores. Famílias saem ou entram em uma comunidade por causa de brigas, especialmente sobre mulheres e facções formam (Chagnon 1968.40). Chagnon descreve o valor do guerreiro e da agressão na vida dos Yanomami; escreveu que em dois anos uma aldeia foi atacado 25 vezes e rapto de mulheres, duelas e as competições de soco no peito foram constantes entre amigos (Chagnon 1973.2). Entretanto Peters, que morou em uma aldeia no rio Mucajai entre 1958 a 1967 afirma que a comunidade participou em só quatro ataques em 50 anos, por motivos de acusações de feiticeira, a causa de doenças como pensaram, e não para raptar mulheres (Tierney 2000). Conflito pode resultar se uma mulher é raptada de um yano para outro. Nos ataques a convenção é bater na cabeça com o porrete, é ofensa se bater no corpo e quebrar um braço ou perna (Berwick 1992). O Tuxana yanomami lidera pelo bom conselho e não por mandar (Berwick 1992).

Cada aldeia ou yano considera-se autônoma e os membros preferem se casar dentro a comunidade. O casamento preferido é entre primos cruzados (Alberto 1999). Infidelidade e lesbianismo são proibidos e castigados com violência. O casamento pode ser polígamo. Incesto com uma irmã, filha, mãe ou filho do mesmo pai mas com mães diferentes é considerado e punido como imoral e exposto ao desprezo pela comunidade e o culpado tem que fugir da aldeia (Laudato 2009. 108). As esposas podem ser dadas a outros homens e um nenê pode ser morto se competir pelo leite de outras crianças (Chagnon 1968.14).

As mulheres são responsáveis pelos jardins familiares nas roças e na época da colheita podem carregar 30 kg. nas costas. Enquanto os homens caçam as mulheres coletam a larva do cupim, sapos, caranguejos, lagartas para assar ou pescam. Com o começo das menstruação acerca de dez ou doze anos a moça é escondida em um compartimento de pari, pois o sangue menstrual é considerado venenoso; o sangue é enterrado no chão e ela não é permitida tocar comida, sendo servido com a comida em uma vara. Logo depois ela é casada, primos cruzados sendo preferido. Para a maioria das cerimônias as mulheres não podem participar, mas fazem os preparativos.

Religião: A cosmovisão é muito forte e a pajelança controla o ambiente, todos os homens sendo pajés e confrontar um pajé é coisa séria e especialmente os mais poderosos que predominam na comunidade.

A alma Yanomami tem três partes: noreshi, no uhudi ou bore, e no borebö

O noreshi permanece na terra após da morte e têm um gemio de um animal que vive distante do seu semelhante humano. A éspecie do animal é herdada do pai ou da mãe. O animal que é o noreshi do indivíduo experimente os mesmos problemas do humano. Quando a pessoa está doente seu noreshi pode ser perdido na mata e precisa de ser atraído de volta (Chagnon 1968.47). Este conceito é semelhante à ideia dos Sanumá.

A segunda parte da alma, no uhudi, é solto quando o morto está cremado para perambular no mato para sempre. Todas as crianças que morrem têm somente esta parte, porque a terceira parte desenvolve pelas experiencias da vida. A terceira parte, no borebö vai para o céu e encontra uma forquilha onde o filho do Trovão interrogam se fossem generosos ou mesquinhos. Os últimos são mandados no caminho de um inferno. A maioria dos Yanomami pensam é possível mentir e ir para o paraíso onde vão ter uma vida semelhante à vida terrena (Chagnon 1968.48).

Os cadáveres dos mortos são deitados em um jirau na mata para decompor por alguns meses. Os yanomami temem contaminação da fumaça se queimar a carne. Os ossos são queimados na aldeia, e as crianças e mulheres saem para evitar a contaminação. Todos os fragmentos dos ossos são colhidos das cinzas, colocados no tronco de 1,5 metros, cavado na forma de um cocho, e quebrados em pó misturados com um mingau de banana da terra para incorporar as virtudes dos entes queridos e perpetuá-los na vida deles (Laudato 2009.18). Há outras interpretações dadas desta prática (Poleto 2012). Parte do mingau é guardado para ser comida no primeiro aniversário da morte, o resto é bebido na cerimônia (Chagnon 1968.50).

Falar os nomes de homens ou dos mortos é em acordo com regulamentos rigorosos. Em público, em conflito com a cultura ocidental, é uma insulta para chamar uma pessoa por seu nome ou referir a um falecido por nome na presença de parentela. Em particular é permitido se os ouvintes não são parentes da pessoa nomeada. Na comunidade do falecido o nome do falecido é evitado, mesmo que seja a palavra de um animal, por exemplo anta, um substituto é usado. Os Yanomami acreditam que toda menção ou pertence do morto deve ser eliminado (Charnela et. al. 2002.82). Não aceitam a reincarnação e o nome do morto não pode ser usado de novo. O nome de uma criança é dado quando é certo que a criança vai sobreviver e nome é sussurrado e não pode ser repetido por outra mãe. Os Yanomami temem que um inimigo pode usar o nome para lançar um feitiço (Laudato 2009.59).

Creem que o demiurgo Omama (Omawá Poleto 2012) deu a floresta aos Yanomami. Chamado urihi (que significa mata, floresta), é considerado uma entidade viva com os animais e aves cheia dos recursos para a vida yanomami. Os animais são encarado como as aparências de antepassados humanos e animais que não conseguiram ir ao céu devido ao se comportamento mau. Nas profundezas do mato há espíritos maus que tentam caçar os Yanomami (Alberto 1999).

Os pajés (shabori) têm contato com os demônios (hekura) e cantam para motivá-los atacar os outros ou defender sua aldeia. Durante sua iniciação o novato inala por muito dias o alucinógeno yãkõana (pó da resina da virola sebifera) aprendendo conhecer aos espíritos xapiripë, que são enxergados com pequenas humanoides e enfeitada de ornamentos e dançam alegremente. Os xapiripë foram deixados por Omama para cuidar dos homens. Representem diversos animais, árvores e aspectos da floresta e do tempo em uma hierarquia, moram nas serras e brincam na floresta. Há também os espíritos dos brancos que são usados para combater as epidemias. Os pajés têm a facilidade de mobilizar os espíritos em defesa da comunidade, controlar o tempo, a fertilidade e muitos aspectos da vida, e por isso têm autoridade na sociedade e organizam as atividades de cada dia.

Eben ou Epna (paicá) o alucinógeno é feito com sementes de paricá torradas e socadas, misturado a cinzas da casca de uma arvore (Paricarana), depois de misturado e peneirado em pó fino é consumido por soprar pelas narinas (Chagnano 1968.24 e Poleto 2012). Quando o vento levanta os pajés correm para o meio do pátio e cantam ao espírito do vento, Wadriwã, para que não tire as folhas do telhado do xabono (Chagnon 1968.19).

O uso da farmacopeia nativa é comum a todos nas comunidades, não é considerado um conhecimento especializado. São os casos mais graves que são tratados pelos xamanismo (Silveira 2003).

A noção da pessoa é complexa. O corpo é a parte material quecontem três componentes não materiais: os uhutipë, norexi e noram. O uhutipë é a imagem vital que anima o sujeito. A mãe da criança doente esconde as folhas que representam o uhutipë no mato. Quando as folhas são trazidas de volta volta o princípio vital da criança. O noram é como a sombra da pessoa à contraluz, uma imagem fantasmática enxergada sob ataque de espíritos. O norexi é um duplo animal, um pássaro para os homens, muitas veze o gavião real, e um animal terrestre ou aquático, como o ariranha, para as mulheres. o animal segue paralelo os estágios da vida da pessoa, por exemplo, é filhote quando a pessoas é criança. O destino do animal está ligado ao destino da pessoa, nascem e morrem no mesmo instante (Silveira 2003).

Cosmovisão: Os Yanomami consideram sua origem ser filhos do demiurgo Omama e a filha do monstro aquático Tëpërësiki, dono das plantas cultivadas. Os Yanomami são descendentes de gotas de sangue da Lua, e o sangue os causa guerrear, pois os Yanomami que eram da sangue mais grosso se mataram até nenhum sobreviveu. Os Yanomami de hoje são do sangue menos grosso e por isso não são tão agressivos (Chagnon 1968.47). No rio Marauiá Omawá é primeiro dos Hekura que junto com seu irmão deram origem aos demais Hekuras. Omama deu as regras da sociedade yanomami e o território da floresta como toda sua fauna e flora, bem como os xapiripë, os espíritos auxiliares dos pajés. A origem do bem e do mal é o conflito entre o filho de Omama que era o primeiro xamã e o irmão malvado de Omama, Yoasi, que criou a morte e os males (Albert 1999).

Os pajés têm a responsabilidade de manter o cosmo. Pela ajuda de espíritos auxiliares ele não deixam o céu cair como aconteceu no princípio do mundo. O criador Omama enterrou um veneno na terra, e enquanto o ouro permanece dentro da terra os vapores venenosos não podem sair para matar os Yanomami (Rabben 2004.90, 133).

Os pajés são guerreiros em uma batalha invisível e espiritual. Chamam os xapiripë ou hekura para os auxiliar contra os espíritos maus da floresta, a feitiçaria dos inimigos, manter o céu para não cair e sobretudo curar os doentes (Albert 1999). Os Yanomami dividem as doenças tratadas pelos pajés das doenças europeias que o pajé não tem remédio e devem ser tratadas somente pela medicina moderna (Berwick 1992). Os homens são treinados ser pajés e tomam ebene, o rapé alucinógeno (feito da resina da Varola theidora) para dançar e cantar. No rio Marauiá o cipó se acha somente rio abaixo no rio Negro. A música vem do seu espírito que vem habitar no seu corpo. O xapiripë de um amigo pode ser o inimigo (Berwick 1992).

Quando um homem estava muito doente e perto da morte, os homens pintaram e tomaram ebene e depois vinte minutos começaram a cantar e gritar. Avançaram para onde o doente estava deitado na sua rede, dando golpes no ar com seus porretes na direção do doente. Começou uma batalha com um inimigo invisível, com alguns ‘guerreiros’ caindo feridos por flechas espirituais. Os caídos foram puxado para fora da batalha e as flechas invisíveis tiradas. Xingaram o espirito ou monstro que estava tirando o espírito do moribundo. Gritaram e bateram o chão com seus porretes em frente do compartimento do yano do homem. O pajé recuou depois cada ataque para organizar seus ‘soldados’ para atacar de novo. Os homens percorreram pelos outros compartimentos das famílias do yano, crianças e mulheres espalharam para fora. Aparentemente estavam correndo atrás o monstro para expulsá-lo do yano e salvar a vida do doente. A batalha terminou quando todo o ebene acabou (Berwick 1992).

No dia seguinte o homem morreu, cinco homens cortaram lenha e ascenderam o fogo, no pátio do yano. Com gritos e lamentos o cadáver foi colocado nas chamas e todos os seus pertences foram jogados em cima também. Quando o fogo terminou a vida no yano voltou para normal, porque o morto deve ser esquecido para não dar oportunidade para os espíritos atacar. Os mortos têm que ser banidos da memoria. Os ossos do morto foram guardados para ser moídos e comidos em um mingau de banana semanas depois. Quando a FUNAI recusou devolver os corpos de Yanomami que morreram em Boa Vista para que o ritual seja cumprido, os Yanomami consideram que uma ofensa cosmológica foi cometida. Quando um guerreiro morre no yano dos inimigos, estes devolvem o corpo para sua comunidade para cumprir o ritual (Berwick 1992).

Outra ocasião no rio Marauiá as mulheres pintam os rostos e dançam e cantam, batendo o chão com vassouras, caminhando pela roça e o Xabano para fazer um tipo de faxina espiritual para expulsar os espíritos (Berwick 1992).

O cosmo é formado de quatro camadas (Chagnon 1968.44). A camada em cima é como uma ‘velha’, é vazia. A segunda camada é o céu que é feita de terra e é o lar dos mortos e sua vida é semelhante a vida terrestre. O fundo é o céu da terra com o sol, a lua e as estrelas. Esta camada, a terra, originou quando um pedaço do céu quebrou e caiu; aqui vivem os Yanomami e os outros povos que degeneraram dos primeiros. A quarta camada em baixo da terra é um deserto onde moram os Amahiti-teri. Estes eram meio espírito e meio humano. O xabono deles caiu da terra sem levar o mato com caça e terra para roçar. Então os espíritos dos Amahiti-teri sobem para aterra para raptar e comer crianças. Há guerra constante entre os pajés da terras e os pajés do Amahiti-teri (Chagnon 1968.45).

Os Yanomami encaram outros povos, especialmente os brancos, como sub-humanos, e até antropofagísticos, porque matam as crianças Yanomami com suas doenças e até com suas armas (Rabben 2004.128). São encarados como os mortos tentando voltar do céu para viver na terra, uma tema escandalosa que é repetida nos rituais. Os estrangeiros eram criados por Omama por uma espuma do sangue de ancestrais yanomami, devorados por jacarés e ariranhas. Sua língua ’emaranhada’ foi os dado pelo zumbido de um antepassado mítico dos marimbondo (Albert 1999).

Mitos: Os Yanomami possuem uma rica literatura oral e gostam de conta estórias e da retórica política (Rabben 2004.92).Os Yanomami possuem diversos mitos etiológicos. Os primeiros seres comeram sujeira e animais, porque não sabiam cultivar. O cacique deles, Bore, teve uma roça de bananas da terra e outras plantas domesticas, mas as guardou para si mesmo. Outro ser, perdido na floresta, descobriu a plantação de Bore, e assim os outros aprenderam cultivar as plantas (Chagnon 1968.46). O jacaré guardou o segredo do fogo na sua boca. Quando os outros seres o fez rir o fogo caiu da boca e assim os outros tem o uso do fogo (Chagnon 1968.46).

Conforme um dos seus mitos é natureza do homem guerrear; o sangue da Lua foi derramado nesta camada do cosmo, fazendo os homens bravos, e Chagnon foi impressionado com agressão como a caraterística predominante (Chagnon 1968.1).

Alguns não aceitam os mitos, e até acham graça das suas explicações (Chagnon 1968.17).

Um mito conta sobre um dilúvio que matou muitos dos primeiros seres, porém os primeiros Yanomami escaparam por subir as montanhas. As águas recuram quando uma mulher mergulhou pintada como pontos vermelhos e se tornou uma grande serpente que mora nos rios grandes. Os estrangeiros sobreviveram em um dilúvio por boiar em troncos, e hoje são inimigos dos Yanomami e andam em canoas grandes (Chagnon 1968.47).

Comentário: O primeiro contato dos Yanomami com o mundo de fora foi na década 50 por James P. Barker da Missão Novas Tribos dos Ee Uu que viveu entre os índios por anos em diversos lugares como Ocamo, Platanal e Mavaca no alto rio Orinoco. Foi ele que levou Chagnon (então com 26 anos) no seu primeiro encontro com os Yanomami que o antropólogo descreve com detalhe terrifica (Chagnon 1973.5). O fato Barker já tinha viveu na mesma aldeia por cinco anos, sem encontrar problemas. Apesar do Chagnon ficar conhecido com seu livro The Fierce People (O Povo Bravo), Barker já tinha aprendido a língua e publicou muitos artigos etnográficos nos jornais antropológicos da Venezuela antes dos breves estágios do antropólogo (Chernela 2002.13). Chagnon tentou se contextualizou e andou como fosse um pajé branco, e não se sabe o que os Yanomami pensaram disso. Os Yanomami temeram este branco, que tomou alucinógenos demais e até atacou outros antropólogos e fez os Yanomami chorar por ter revelados seus nomes a ele. Os Yanomami pensaram que Chagnon trouxesse doenças de fora, e anos depois os pajés tentaram ainda combater a influença das visitas que ele fez por helicóptero (Tierney 2000). Seu livro The Fierce People deu uma impressão errada, mas estabeleceu o autor no mundo antropológico. Ele revisou sua posição sobre a violência nas últimas edições do seu livro, mas suas primeiras ideias já prejudicou os Yanomami na vista dos brancos. Em 1997 disse que The Fierce People foi escrito para contrariar a opinião comum da época sobre ‘selvagem nobre’ (Tierney 2000).

John F. Peters trabalhou entre um grupo do Ninan Yanomami com UFM International, na Roraima e continuou a estudar antropologia na aldeia e tornou- se professor de sociologia no Canadá. A maioria dos missionários da MEVA e Crossworld (antiga UFM) atuam entre os Yanomami na Roraima. A MEVA conta hoje com 34 igrejas indígenas, as quais possuem estrutura, liderança e programa próprios, sendo: 6 na área Macuxi, 4 na área Uapixana, 5 na área Yanomami e 19 na área Wai-Wai.

A Missão Novas Tribos do Brasil nas comunidades de Mararí (668 pessoas), no município de Barcelos (AM) e a 436 km da cidade e Novo Demini (216 pessoas) no município de Boa Vista (RR). O trabalho começou com Jaime Macnait subindo o rio Denini construindo uma casa no Posto do SPI e depois Keith Wardlaw e Paulo Ziberman com contatos como os Yanomami de Aracá em 1957. Mais quatro obreiros se juntaram à equipe em 1960. O atual Posto Marari foi aberto em 1968 (10 obreiros). Pela convite da FUNAI e os próprios indígenas os Posto Novo Demini foi estabelecido para dar ensino e atendimento médico (8 obreiros). Os crentes estão recebendo o Ensino Cronológico. O treinamento de agentes de saúde e professores está em andamento (MNTB 2010). O Projeto Amanajé tem uma equipe trabalhando com este povo baseada em Santa Isabel do Rio Negro.

O evangelismo não é apenas salvar ‘almas’, é também participar na mudança da cosmovisão. Davi Kopenawa Yanomami tornou-se um embaixador para o povo Yanomami no estrangeiro e no Brasil. Quando ainda uma criança ele aprendeu ler a Bíblia em português pelos missionários da Missão Novas Tribos. Com doze anos ele saiu da aldeia depois sua mãe morreu de sarampo, trouxe na comunidade por um filho dos missionários, que estes admitiu depois (Rabben 2004. 125,134). A filha dos missionários pegou sarampo em Manaus, mas eles não reconheceram os sintomas até chegaram de volta na aldeia. Os pais mandaram os índios fora da sua casa, mas um abraçou a criança e pegou a doença e ele a transmitiu aos outros, conforme Davi (Chernela et al. 2002.37). Este acontecimento abalou a fé em Deus e Davi acreditou sua sobrevivência do sarampo a Omam.

Os missionários queriam fazê-lo um pastor, mas ele sofreu de tuberculose e foi a Manaus e depois trabalhou para a FUNAI. Observando o sofrimento do seu povo, e sua experiencia do evangelicalismo o deu o método de ser um porta-voz pelos Yanomami. Aprendendo a religião tradicional do sogro, ele fundou sua advocacia da mitologia Yanomami. Percebendo um pouco a motivação para evangelismo da cosmovisão bíblica que ele adotou elementos da cosmovisão do seu povo como motivação para enfrentar os inimigos dos indígenas e ganhar o apoio de outros. O principal espírito mau, Xawara, é branco e é fumaça que mata as crianças Yanomami. O vapor do mercúrio usado pelos garimpeiros é uma manifestação dele. Os pajés protejam o mato dos espíritos maus e seu conhecimento é a salvação até dos brancos; assim sem os Yanomami a terra é condenada. Um dia o céu rachar e ele e o sol vão cair. Rabben liga esta visão com Apocalipse 8:12 (Rabben 149).

A cosmovisão é muita forte no pensar do Yanomami. Precisamos uma cosmovisão bíblica que tem pontes para relacionar com a cosmovisão indígena. É irônica que o método cronológico não consegue isso. A maior parte da Bíblia não trata da salvação do indivíduo e o programa messiânico é envolvido em Deus cumprir as promessas para bem-estar na presença do Criador de uma etnia, Israel, como eles vivem, se comportam e sobrevivem no mundo de forças e impérios maiores.

As crianças aprendem por observar os pais e a conversão deve ser por exemplos concretos e histórias. A Bíblia é história, o planos de Deus se cumprindo em indivíduos e povos. O Ensino Cronológico é um passo certo. Nossas vidas são a continuação da mesma história embutida na circunstancias históricas da providencias de Deus e partes corporativas de outras gerações e da nossos contemporâneos. A realidade de Deus e seus atributos devem ser demonstrados em exemplos bíblicos e contemporâneos. A conversão deve ser coletiva e a enfase evangélica de examinar e insistir em convicções individuais deve ser reexaminada.

Bibliografia:

  • ALBERT, Bruce 1999, ‘Yanomami’, Povos Indígenas do Brasil, Instituto Socioambiental, São Paulo, pib.socioambiental.org/pt/povo/yanomami..
  • BERWICK, Dennison, 1992, Savages, The Life and Killing of the Yanomami, Toronto: Vovage Press.CHAGNON, Napoleon A., , 1968, Yanonmamö – The Fierce People, Case Studies in Cultural Anthropology, Stanford University, New York: Holt, Rinehart and Winston.
  • CHERNELA, Judith et. al. 2002, El Dorado Task Force Papers Vol II, American Anthropolical Association, Arlington VA, USA.
  • DAI/AMTB 2010, ‘Relatório 2010 – Etnias Indígenas do Brasil’, Organizador: Ronaldo Lidório, Instituto Antropos –instituto.antropos.com.br.
  • HEMMING, John, 1995, Amazon Frontier; The Defeat of the Brazilian Indians, London: Pan Macmillan.
  • HEMMING, John, 2003, Die if You Must: Brazilian Indians in the Twentieth Century, London: Panmacmillan.
  • LAUDATO, Luís, 2009, Ritmos e rituais yanomami, Manaus: Faculdade Salesiana Dom Bosco – FSDB, 1 edição.
  • MNTB, 2010, Missão Novas Tribos do Brasil, relatórios da equipe.
  • PETERS, John F. 1998, Life among the Yanomami, Ontario: Broadview Press.
  • POLETO, Gabriel C., 2012, Comunicação particular.
  • POLETO, Crislaine Teixeira, Poleto, Gabriel Carneiro, 2013, ‘Contato, Renda e Cultura: Estudo de caso entre os Yanomami do Rio Marauiá’, Manaus: Artigo apresentado ao curso de especialização Lato Sensu em Antropologia Intercultural, no Centro Universitário de Anápolis – UniEVANGÉLICA, como exigência parcial para obtenção do título de especialista.
  • RABBEN, Linda 2004, Brazil’s Indians and the Onslaught of Civilzation, Seattle, WA, University of Washington Press.
  • SIL 2009, Lewis, M. Paul (ed.), 2009. Ethnologue: Languages of the World, Sixteenth edition. Dallas, Tex.: SIL International. Online version www.ethnologue.com.
  • SILVEIRA, Nádia Heusi, 2003, ‘O Conceito de Atenção Diferenciada e Sua Aplicação’, Universidade Federal de Santa Catarina (www:antropologia.com..br/arti/colab/vram2003/a13-nheusi.pdf)
  • TIERNEY, Patrick, 2000, ‘The Fierce Anthropologist’, New Yorker November 6.