David J. Phillips
Autodenominação: Rikbaktsa que significa “os seres humanos” (Arruda 1998).
Outros Nomes: Canoeiros, Canoeiro, Erikpatsa, Erigpaktsa, Orelhas de Pau, Rikbaktsá (DAI?AMTB 2010). São chamados Canoeiros, por sua habilidade no uso de canoas. “Orelhas de Pau” porque usam enormes botoques feitos de caixeta, nos lóbulos das orelhas (Arruda 1998).
População: 1.117 (DAI/AMTB 2010), 1.324 (FUNASA 2010).
Localização: Mato Grosso em três Terras indígenas, todas homologadas e registradas no CRI e SPU:
T. I. Erilpatsa, oeste do Mato Grosso, na margem direita do rio Juruema, de 79.935 ha, demarcada em 1968, com 676 Rikbaktsá (Paca 2001).
T. I. Japuíra, MT, entre os rios Sangue e Jurema, de 152.509 ha, contingente com T. I. Rikbaktsa, 1986, com 215 Rikbaktsá (Paca 2001).
T. I. Escondido, MT, na margem esquerda do rio Juruema, separada e ao norte das outras terras, 168.938 ha, acrescentada em 1998, com 45 Rikbaktsá (FUNAI 2002).
Língua: Rikbaktsá, conforme o SIL não é classificada em família linguística. A fala é diferente conforme o sexo do falante. A nova geração prefere o português, e a língua está morrendo. Alfabetismo em português 15%-25%, em Rikbaktsi 5%-10%. O Novo Testamento foi traduzido em 2000 (SIL).
História: Os Rikbaktsi viviam na bacia do rio Juruena desde a foz do rio Papaguaio ao sul, até o Alto Tapajós ao norte. As expedições desde do século XVII passaram pela região perto dos rios e não penetraram nas matas ao longo dos rios Juruena e Arinos. Somente pela penetração pelos seringueiros no final da década de 1940 ouvimos deste povo. Eram conhecidos pelos seus vizinhos como os Cinta-Larga e Suruí, Kayabi e Tapayuna, os Paresí, Nambikwara e Munduruku, em todos os lados, sendo sempre hostis.
Durante a Segunda Guerra Mundial o mercado da borracha melhorou e os seringueiros penetraram mais e mais subindo o rio Arinos e Teles Pires. Os Kayabi trabalharam com os seringueiros e receberam o ministério do jesuíta Dornstauder desde 1953. Em 1957 eles ajudou o padre contatar os Rikbaktsa, então conhecidos como os Erigpactsa (Hemming 2003.145). Uns quarenta aldeias eram descobertas espalhadas em uma área de 50.000 quilometras quadradas. Continuaram a resistir o avanço dos seringueiros no anos 50, mas os últimos usavam açúcar venenado, roupas infectuosas e sofreram epidemias de gripe, sarampo e varíola que dizimaram a população por 75%. Os sobreviventes foram transferidos para o rio Escondido pela FUNAI. Os jesuítas erraram em identificar o território do povo pedindo a FUNAI demarcar a T. I. Japuíra, enquanto a maioria do povo viviam rio abaixo na área entre entre os rios Juruena e Arinos. A Missão Luterana começou a trabalhar no rio Escondido e a SIL trabalhou a língua nas duas áreas com as duas Missões (Hemming 2003.321).
A Missão Anchieta dos jesuítas tiraram a maioria das crianças para o internato de Utiariti. Os adultos foram transferidos para aldeias mais centralizadas para catequize dos jesuítas. Em 1968 10% dos seu território original foi demarcado na T. I. Erkpatsa e as crianças foram reunidas com os adultos. A população em 1969 era 300, em 1979 – 380, 1989 – 573, em 1998 – 1025 conforme a Missão Anchieta (Arruda 1998). Com as mudanças na Igreja Católica, a CIMI mudou seu método. Os índios eram encorajado estabelecer suas aldeias conforme suas famílias extensas e reviver sua cultura e modo de viver. Foram treinado a comerciar a borracha por si mesmos Hemming 2003.579). Os Rikbaktsa ainda não tinham uma terra secura. Um fazendeiro Luís Tavares estabeleceram uma fazenda São Marcos e os Rikbaktsa a ocuparam tirando todas as pertences de Tavares e começaram a brocar roças e viver no terreno. Mas enquanto a FUNAI demorou a agir e até seu representante acusou o índios e violência e o Estado de Mato Grosso amontou a ‘Operação Juruena’, expulsando os índios pela polícia. Doze representantes dos Rikbaktsa foram a Brasília para protestar. Mas em setembro 1988 a demarcação foi completa. As últimas fazendas foram removidas em1992 (Hemming 2003.581).
Estilo da Vida: Os Rikbaktsa vivem em aproximadamente 33 aldeias em 1998. As aldeias consistem de uma ou duas casas de famílias extensas e uma casa de homens (makyry) para os viúvos e solteiros. Os Rikbaktsa são mais caçadores coletadores do que agricultores. Cada família extensa mora em uma casa e é a unidade de consumo e produção. Nas roças plantam milho, batata doce, cará, mandioca ‘mansa’, inhame, arroz, feijão, fava, algodão, urucu, bananas, cana-de-açúcar, amendoim e abóbora, e diversas frutas. A caça predileta é os macacos, exceto o macaco da noite ou carai (Aotus Lemurinus). Pescam todo tipo de peixe e ovos de tracajá. As crianças pequenas pescam no porto da aldeia com pequenos arco e flecha e pegam e comem crus peixes pequenos.
A estação de chuvas é o tempo de plantar as roças e os rios inundam a floresta formando grande áreas de igapó e a pesca é mais difícil mas praticada com arco e flecha. A coleta é feita diariamente por toda a família, especialmente de castanha e mel. Os Rikbaktsa preparem chicha de banana, milho, batata doce, cará, etc. mas o povo não preparam bebida fermentada alcoólica. Criam galinhas, pelos ovos e a carne.
Vendem borracha, castanha e artesanato no comercio. A destruição da floresta em redor das suas T. I.s está diminuindo a caça e a pesca comercial os peixes nos rios, por isso estão ficando mais dependentes do comercio de fora (Arruda 1998).
Sociedade: Os Rikbaktsa consideram o mundo divido em duas series de seres complementares, por isso a sociedade é dividida em duas metades exogâmicas, Makwaratsa (arara amarela) e Hazobtisa (arara vermelha). Cada metade é dividida em sete clãs. O casamento preferido é entre primos cruzados e a residencia é uxorilocal, mas a descendência é patrilinear. Cada clã tem um estoque fixo de nomes e um indivíduo recebe três ou mais destes nomes ao longo da sua vida.
A reciprocidade é o fator mais importante nas suas relações entre os clãs. Cada família extensa é a unidade social, e tradicionalmente os Rikbaktsa não tinham chefes ou outra organização maior que isso. A liderança centralizada imposta pelos jesuítas falhou. Apesar disso existem informalmente homens de influencia alem das suas aldeias que contribuem à união do povo. O nome próprio é conhecido somente pelos parentes mais próximos, e termos de parentesco ou nomes cristão são usados.
Artesanato: Fabricam ornamentas das orelhas e dos braços com penas pequenas. Criam araras e outros aves para suas penas.
Religião: Os Rikbaktsa acreditam na reincarnação de ‘almas’, e os seres humanos voltam a viver como criaturas conforme seu caráter, pessoas más voltam como animais perigosos ou cobras, os de mais vivem de novo como seres humanos ou macacos da noite. Então consideram que todos os animais já eram gente. Todas as atividades de agricultura, caça, pesca e coleta são ritualizadas em cerimonias no ciclo do ano agrícola. A festa mais importante do ano se realiza em maio quando todos os clãs aparecem com seus enfeites plumário, pintura corporais para encenar episódios míticos e das lutas recentes do povo, com música tocada nas flautas e canções cantados (Arruda 1998).
Cosmovisão:
Comentário:
Bibliografia:
- ARRUDA, Rinaldo S. V., 1998, ‘Rikbaktsa’, Povos Indígenas do Brasil, Instituto Socioambiental, São Paulo. pib.socioambiental.org/pt/povo/rikbaktsa.
- DAI/AMTB 2010, ‘Relatório 2010 – Etnias Indígenas do Brasil’, Organizador: Ronaldo Lidório, Instituto Antropos –instituto.antropos.com.br.
- HEMMING, John, 2003, Die If You Must – Brazilian Indians in the Twentieth Century, London; Pan Macmillan.
- SIL 2014, Lewis, M. Paul, Gary F. Simons, and Charles D. Fennig (eds.). 2014. Ethnologue: Languages of the World, Seventeenth edition. Dallas, Texas: SIL International. Online version: www.ethnologue.com