David J. Phillips
Autodenominação: Ye’pã-masa, Dasea.
Outros Nomes:Tucano, Daxsea, Takuna, Tukána.
População: Ins. Antropos:10.934 (Brasil: 4.604; Colômbia: 6.330). SIL 1986: 4,630.(2,630 in Brazil). 46 falantes de Wasona, 16 deles casados com outros grupos (González de Pérez 2000). Dsei/FOIRN (2006): 10.000 total (Colômbia: 6.330; Brasil: 3.670 (2006); 6.241 (2005) 6330 (1988). Conforme ISA o total populacional é de 11.130 no Brasil (em 2001) e 18.705 na Colômbia (em 2000).
Localização: Nos rios Tiquié, Papui e Uaupés e no rio Negro a jusante da foz do Uaupés. Na Colômbia: no alto rio Papuri e seus afluentes.
Língua: Tukano Oriental e português. Gramatica e Novo Testamento 1988 (SIL). Dialetos: Yohoraa (Curaua), Wasona (Uasona), Pisamira, Papiwa, Papihua, “Pisatapuyo”, “Pisa-tapuyo”
História: Os petróglifos nas pedras de muitas cachoeiras é evidência da ocupação humana da região do Alto Rio Negro 1200 anos aC. Uma história dos Tariana, que moram na região há séculos, conta que tiveram que guerrear contra os Tukano e Wanana quando vindo do rio Arai chegaram à região, em Iauareté, provavelmente no século XIV. Então os Tukano já estava na região antes de 1500 e a invasão dos europeus (Cabalzar 2006.57). Os Tukano no Tiquié dizem que seu antigo território era no rio Papuri.
O primeiro contato do alto rio Negro com os brancos eram objetos, como ferramentas, comerciados por outros indígenas, seguidos pelas expedições portuguesas à busca de escravos, acompanhadas de jesuítas acerca 1650 (Cabalzar 2006.73). Escravos tukano entre outros foram levados para Belém entre 1739-1755 e epidemias de varíola e sarampo arrasaram a região entre 1740 e 1763, e com a derrota dos Manao pelos portugueses o alto rio Negro ficou despovoado. Os índios se dividiram entre os que cooperavam com os branco e serviram os carmelitas com a coleta de produto do mato e os outros que continuaram a resistir. Pombal terminou o trabalho dos missionários e quis trocar a escravidão pela assimilação dos índios, mas os coloniais continuaram explorá-los (Cabalzar 2006.80).
No século XIX os missionários católicos participaram na repressão dos índios, aumentada pelos regatões na exploração do extrativismo (Cabalzar 2006.84). Alguns Tukano podem ter participado dos movimentos dos profetas indígenas, Kamiko e Alexandre, vistos como perigosos pelos brasileiros, que provocou mais conflito por ‘pegar’ crianças tukano e levá-las para Manaus. Os Tukano enxergaram estes movimentos proféticos como uma vitória indígena sobre os brancos. Os Tukano tiveram cinco profetas próprios também no final do século XIX (Wright 2005.140ss, 153, 158).
Com a estabelecimento da Província do Amazonas em 1850 índios foram enviados a Manaus para a construção das casas. 60.000 indígenas eram compelidos trabalhar na extração da borracha. Os franciscanos estabeleceram missões entre 1880-1888 e provocaram uma revolta por ridiculizar as crenças tucano, da festa de Jurupi, mas foram expulsos, deixando os índios sofrerem patronagem por um sistema de escravidão de dívidas no começo do século XX (Cabalzar 2006.90).
A época dos salesianos começou em 1914 e durou até 1952, instalando missões em São Gabriel, Taracuá, Iauareté, Pari-Cachoeira, Santa Isabel e Assunção do Içana. Reduziram a exploração dos patrões, mas destruíram a cultura e as línguas indígenas por levar as crianças para serem educados nos seus internatos, nos quais reinava só a fala portuguesa e uma disciplina rigorosa. Mandaram a destruição das malocas para substituí-las com casas de famílias nucleares e abandonar o ritual do Jurupari (Cabalzar 2006.95). Os salesianos só tinha influência no rio Içana depois 1950 e na época muitos Baniwa se converteram ao protestantismo, mas isso tinham pouco contato com os Tukano. Em 1979 o governo cortou os verbos e os salesianos terminaram o regime dos internatos.
O Plano de Integração Nacional (1970) incluiu a tentativa de construir a estrada BR-307 do Acre, lingando Benjamim Constante e São Gabriel da Cachoeira com Cucuí, na fronteira com a Venezuela. Só este último trecho foi construído. Em 1988 a nova Constituição deu direitos aos indígenas, mas levou uma década de luta, com a formação das Associações indígenas do rios para conseguir a demarcação e homologação das Terras Indígenas do Médio rio Negro, Téa e Apapóris em abril 1998. A Escola Indígena Tukano Yupuri em São José II foi estabelecida em 2009 com ensino médio e forma segunda turma do ensino fundamental. Oficinas em astronomia eram realizadas em 2006 (Cardoso 2007). O ensino inclui atividades relacionadas a técnicas alternativas de produção e sustentabilidade como piscicultura e manejo agroflorestal e por meio delas são abordados de outras matérias tradicionais.
Estilo da Vida: Os Tukano vivem dispersos em aldeias que consistem de uma ou mais famílias extensas, antigamente cada família extensa morava numa maloca. Exemplos existem hoje em dia mais na Colômbia ou são a casa comunal de uma aldeia de casas de famílias nucleares ao lado. A maloca era construída pelos homens pai e irmãos. É ou era uma casa comunal de um número de famílias patrilineares e exogâmicas, sob a liderança do dono ou chefe. A autoridade deste, é por consentimento e a maloca forma uma unidade semi-independente das outras. O numero de pessoas na maloca varia entre 20 e 100.
A estrutura da maloca é de madeira e palha, de 15m de largura, 30m ou mais de comprimento e 7m de altura. O telhado desce quase até ao chão nos lados e a cumeeira é sustentada por duas fileiras de esteios no meio, criando um espaço central para as danças e as cerimônias. A porta da frente é para os homens, e a outra dos fundos é das mulheres. Por dentro o espaço central divide os compartimentos que estão aos lados, separada por uma pequena parede de pari, um por cada casal ou pelos menos por cada esposa com seus filhos. O dono ou chefe mora num compartimento nos fundos. Cada compartimento tem uma fogueira, redes, e lugares para guardar os pertences de cada família nuclear (Reichel-Dolmatoff 1996.45-56; Hugh-Jones 1995.227s).
Todo ano na primeira quinzena de fevereiro os Tukano observam quando a constelação do Tatu (Plêiades) desce ao horizonte oeste depois do por do sol. Isso é para saber quando começa a estação das primeiras chuvas sobre o rio Uaupés e plantar a mandioca nas suas roças afastadas dos rios em terra firme (Gentil 2006). Cada família tem três ou mais roças ou clareias na floresta, em a sequência de preparo; pois a terra não suporta a cultivação por mais de três anos, e a maloca tem que mudar de local depois alguns anos. As mulheres têm responsabilidade para o plantio, colheita e preparação de mandioca, batata doce, melancia, banana e cana, etc. Os homens cuidam da plantas medicinais e palhas para as malocas nas caatingas arenosas. Os Tukano dependem de um ambiente que precisa ser conservado com muito cuidado.
A caça é regulada pelo Mestre dos animais, veja em baixo. A pesca é a maior ocupação do homem Tukano, usando linhas, redes, represas, lanças, arco e flecha. Mas os rios são de água preta com poucos nutrientes e produzem as espécies menores. Os peixes dependem dos nutrientes que caem da floresta à beira do rio e as áreas chavascais. Durante as enchentes, o rio inunda o igapó, onde os peixes desovem; estas áreas suprem também cipó e seringa para as construções. A pesca depende de estas áreas serem conservadas. A segunda atividade do homem é a caça , na floresta mais densa que está perto dos rios.
Artesanato: Os Tukano são muito conhecidos pelos bancos rituais, feito de sorva e pintado, usados pelos kumua (benzedeiros) e bayá (chefes de cerimonia).
Sociedade: Os Tukano são do grupo de 16 povos Tukano orientais na região da fronteira Brasil-Colômbia, alto rio Negro: Tukano, Desana,Tuyuka, Wanano, Bará, Pira-Tupuya e Mirití-Tupuya, Arapaso, Karapanã, Tatuyo, Yurutí, Taiwano, Barasana, Kubeo, Makuna, Siriano, e Yurutí. (Acrescentados são Letuana, Pisá-mira, e Tanimuka por Hugh-Jones, Goldman 2004.406). Eles usam Tukano como língua franca e praticam uma exogamia linguística e virilocal e assim têm uma unidade regional, mas mantêm suas identidades étnicas por suas distintas tradições religiosas praticadas pelos homens. Porém os Kubeo e os Makuna são as excepções por praticarem a endogamia linguística (Cabalzar 2000, Goldman 2004.15, 57, Lasmar 2005.53). Mantêm relações mais estreitas matrimoniais, rituais e comerciais, com os Tukano e os Desana, para o leste deles, e os Makuna e Bará.
O uso do termo ‘tribo’ entre o Tukano pode ser questionado, diz Swanson (Atlas), porque não existe uma organização ou autoridade maior do que a maloca. Cada maloca pertence a um dos cinco clãs de malocas; famílias são convidados a participar das festas do seu próprio grupo. Mas as mulheres são tomadas dos outros grupos ou de outros povos. A língua das mulheres na maloca é outra do que Tukano. Por isso os Tukano entendem um numero de línguas locais.
Então a sociedade tukano é organizada entre os povos com duas maneiras complementárias. Uma de patrilinear, hierárquica, enfatizando grupo autonomia baseada nos mitos e ritual mantidos pelos homens, a ‘casa’ ritual (he wii). Cada povo como o próprio Tukano é divido em clãs conforme a ordem de idade dos irmãos ancestrais que desembarcaram da anaconda canoa da transformação em uma hierarquia de chefes, cantores, guerreiros e pajés e afinal os servos, e esta hierarquia é repetida em cada família. Esta ordem é a base dos rituais que mantêm a identidade de cada povo conforme os mitos e a identidade linguística. O ritual é servido pela música dos trombetas e flautas, escondidas no igarapé e usados nas cerimonias de iniciação, que é exclusivamente o esfera dos homens.
Em contraste com isso uma unidade maior é expressada no ritual das reciprocidade de festas de comida e caxiri chamadas bare ekaria, em que os convidados de outros povos, especialmente dos cunhados, trazem a carne e as mulheres anfitriãs preparam o caxiri e assim mantem a união mais ampla entre povos. Esta maneira de união é baseada na exogamia virilocal entre os povos que é igualitária, enfatizando interdependência da vida e consanguinidade (Hugh-Jones 1995.227, 237; Laşmar 2005.61s).
Religião: A vida entre os seres chamados Criadores é um paralelo com a sociedade Tukano, que é dominada pelos homens. A diferencia é que as criadoras femininas tomam as incitativas e até ‘manejam’ os masculinos. As divindades fêmeas aparecem de ser iguais em status com os masculinos. Ye’pá é proeminente com a Mãe, em contraste com o método de ganhar esposas por raptar as moças de outras malocas. A terra é considerada o corpo de Ye’pá, a ‘nossa Mãe’, disse o Tukano. As arvores são os cabelos dela, os animais até os humanos são os piolhos hospedados no corpo dela.
A maloca é um mundo simbólico e quando a construção de uma nova é completa, uma cerimônia realiza-se queimando resinas e breu que avisa o Criador Lua para reconhecer a nova casa. Assim a maloca está pronta para os pajés curarem os doentes e entrarem em contato com os antepassados e os Criadores. A estrutura é identificada com o corpo do Lua. Os caibros são as costelas dele, a viga, ou provavelmente a cumeeira, a espinha dorsal, e os cipós que seguram todas as veias dele. Os esteios representam os ancestrais Tukano. Há outra cerimônia para transformar a terra em baixo da maloca no corpo de Ye’pá. É importante guardar um calendário, que é feito de madeira, com todas as datas marcadas com nós e pedras ou riscas. Estas incluem as observações das constelações. Um tambor feito de um tronco representa o coração do Lua para chamar os vizinhos para as festas e cerimonias importantes (Gentil 2005.149ss). Como já descrevemos os instrumentos musicais estão escondidos perto do igarapé que serve a moloca para água e banhos.
Também a maloca replica o cosmo, o chão é a terra, os esteios suportam o céu, e a ala no centro representa o rio que corre do oeste para o leste. O cosmo é como um grande casa com a casa da noite no oeste e o lago do leite no leste, a casa do trovão em cima e o mundo subterrâneo em baixo (Hugh-Jones 1995.234s).
O Pajé na sociedade Tukano era importante em relacionar cada maloca com o meio ambiente interpretado conforme os mitos. Ele podia curar, aconselhar, dirigir os rito de passagem de casamento e da morte. Ele convivia e conversava com os Criadores, até podia se tornar ‘marido’ de uma das deusas. Pode por exemplo viajar para ver o Sol invisível, não identificado com o corpo celeste, e andar com sua esposa Ye’pá. Os Criadores fazia com que as cerimônias fossem efetivas. Ele planta as medicinas para curar, para que estas fizessem amizades com as Gentes Doenças ou os espíritos das enfermidades. Cada doença tem seu remédio especifico por feitiçarias e cerimônias que protejam contra a ciúme da Gente Doença. O pajé também aprendia a música que ensinava Mi-î, o filho do Sol. As flautas e trombetas, feitas de bambu, são também gente: o Jurupari.
Os Tukano crêem que o primeiro ser Ye’pá deu à luz Caapi como uma personagem que se transforma na bebida alucinógena caapi, bebido pelos pajés entrarem em transe e ‘viajar’ no mundo considerado ‘real’ e mitológico que está presente, mas invisível neste mundo. É extraída de um cipó (banisteriopsis caapi ou ayahuasca) que cultivam. Todos os homens adultos são iniciados neste sistema e todos são considerados pajés. (Mavrick, Tese). Outras ‘medicinas’ como o xeihet e o tabaco são personagens mitológicos e dados à luz por Ye’pá. Caapi combinada com xeihet, um pó vermelho da arvore virola, produz um transe pelo qual eles entram no aspecto mitológico do mundo. Crêem que nesta visão eles possam assistir a criação do universo e comungar com os animais e todos os objetos como ‘gente’.
A experiência alucinógena pode ter três estágios: primeiro de voar sobre a terra; o segundo de terror de cobras, que envolvem o corpo e de onças atacando; o terceiro pode ser alcançado pare entrar na presença dos Criadores. Um ser Xenketé é visto como um gigante amistoso que pode ser convidado a ficar no ouvido para dar conselho e direção para a vida. Também tabaco é usado nos ritos curativos e caxiri, uma cerveja feita da mandioca brava, é consumida na festas para ‘agradar os espíritos’. As experiências interpretadas pelos mitos definem o universo, confirma a superioridade do homem sobre a mulher, a procriação, o diagnostico de doenças, a profecia, a divinação e a feiticeira.
Cosmovisão: Nos mitos aparece raramente o ser designado o O’akhë. O termo é usado como um título de todos os Criadores ou um ser individual entre outros e não é ‘deus’ no sentido Cristão. Conforme os mitos Tukano o mundo começou assim: No princípio antes do tempo, havia um vão chamado a Casa do Vento onde não tinha nada, nem forma, som ou luz; é também chamado o Primeiro Mundo. Tudo era espaço, escuridão e silêncio e ‘triste e sem ideias’. Dentro de um redemoinho no vão apareceu o primeiro ser vivente, Ye’pá, formada por uma música misteriosa e pelo movimento do ar. O corpo de Ye’pá estava envolvido no redemoinho, e de dentro soava o som do Mi-i, um passarinho que era o começo dos sons da gente Jurupari. O Juruparí, cujo nome significa ‘grade na boca’, era um mítico legislador sábio que guardava segredos bem. Ye’pá, a criadora, vivia sozinha, invisível, nova e bonita, porém sem nome e sem fazer nada.
Esta lenda dá legitimação aos instrumentos sacros, as flautas e trombetas que hoje somente os homens iniciados ou pajés podem ver e tocar; as mulheres e as crianças são proíbas vê-los sob pena da morte. Estão guardados perto do igarapé. Acredita-se que foi esta música que deu vida a Ye’pá e desenvolveu o corpo dela.
Entretanto a criação do mundo continuou com Ye’pá. Ela ainda não tendo um corpo para procriar, e por isso criou nove filhas usando as cerimônias que os pajés aprenderam e repetem na terra. Existia também, e não eram criados, o Primeiro Avô do Mundo (que as vezes é O’akhë) com seus cinco irmãos, incluindo o Sol (Gentil, 2005). A pedido das suas filhas Ye’pá chamou o Primeiro Avô do Mundo para ser seu marido e o casal teve filhos inclusive Tabaco. Este casal é o modelo para o casamento entre os Tukano. Porém ele não podia produzir nem luz, nem humanidade e foi expulso.
Novamente Ye’pá chamou o Sol pelas cerimônias para ser seu marido e tiveram filhos de diversas maneiras. Então Ye’pá se chamava a Avó do Dia. Em outras versões do mito o Sol é pai de Ye’pá e são confusos. O Avô do Mundo tentou matar o Sol, e tornou se o Trovão que produziu o mal, as doenças e a morte e criou filhas e casou e gerou o Lua por sua filha Nuvem. O Criador Lua, que por sua vez gerou a primeira humanidade e a luz, então o Lua era o Criador dos Tukano. Mas o Lua teve sexo com a sua mãe, Ye’pa, e o Trovão o expulsou. Os mitos, dizem que os Tukano eram afiliados primeiro com o Avô do Mundo até que ele tornou-se Trovão. Porém depois afirmaram o Lua como seu Criador. Então o Trovão gerou também os duendes chamados Wahtia.
A criação consiste de três camadas ou níveis, a Casa do Vento, a Casa da Terra e o Mundo Inferior. A Terra era a antiga Casa do Céu. Há um intercambio entre as três camadas do universo, a Casa do Vento, a Casa da Terra e o Mundo Inferior, pelo quais pessoas se transformam quando passam de uma camada para outra. Por exemplo, os Tukano mortos vão para o Mundo Inferior. São reencarnados na próxima geração, onde um recém nascido recebe seu nome para viver ‘de novo’ na Casa da Terra (Gentil passem).
Ye’pá desceu para a Casa da Terra, a camada central do Cosmos, que ainda era um espaço vazio. A Terra passou por três desastres, por exemplo, com ciúme do Sol, o Trovão fez uma grande queimada na Terra, onde Ye’pá estava. Porém Ye’pá criou diversos aspectos da terra, arvores, terra, dança, etc. com as medicinas alucinantes, ipadu, tabaco, caapi e paricá, que são usadas pelos pajés nas suas cerimônias. Assim ela desenvolveu seu corpo que termina em ser a paisagem que sustenta a vida dos Tukano. A Casa da Terra é e é representada pelo chão da maloca.
A vida do Tucano começa por nascer no oeste na mata por atrás a maloca. Cada bebê é considerado como a reencarnação de um ancestral recente, e o espírito do recém-nascido não está seguro no corpo sem um ato do pajé. Depois isso a vida dele segue simbolicamente para o leste, acompanhando a direção dos rios da região que correm para o leste e o Atlântico. Então a vida é simbolizada pela mãe com nenê, que entra a maloca pela porta dos fundos. Cada estágio da vida é simbolizado por avançar na direção da frente da maloca com iniciação e casamento no meio da maloca. Morrendo, o morto está enterrado em uma metade de uma canoa em baixo do chão da maloca. Dai ele ‘desce’ para a camada do Mundo Subterrâneo para viajar pelo Rio dos Mortos no sentido oeste, ao contrario da vida. O morto é reencarnado de novo por um novo bebê, dado à luz atrás da maloca (Hugh-Jones ISA).
O Criador Lua começou a morar no Rio Subterrâneo com seus filhos, os Tukano, que naquela época eram peixes. Os Tukano rejeitam a adoração do Sol (uma memória de domínio dos incas?) e passaram a adorar o Lua. Também foi o Lua que preparou as bebidas de caapi, as medicinas alucinógenas, que resultaram na Troca de línguas que era um dos castigos ou desastres (Gentil 2005, passem).
Os povos tukano associam as constelações com os fenômenos na natureza, ligadas aos mitos. Os Tukano usam nove constelações para determinar seu calendário; seu ano começa quando as Plêiades se põe. Cada povo tukano usa constelações diferentes para indicar o princípio do ano, provavelmente para diferenciar entre si (Cardoso 2006.128).
Comentário: O evangelho cristão enfatiza um numero de verdades salientes para o Tukano: A criação é o plano e obra de um só Criador já auto-suficiente e existente. A terra e a paisagem veio a existir por sua palavra e demonstra sua presença e preservação. Na prática muitas vezes há uma lacuna evangélica em ensinar a providencia como a interação de Deus com a humanidade, homem e mulher, com os mordomos do meio ambiente. A doutrina de Deus, com seus atributos, a providencia, com estes atributos ativos na natureza e na história devem ser ensinadas.
Reconhecemos que a comunhão com as divindades é foco central da cultura Tukano. Os mitos justificam o cosmovisão e as cerimonias. Mas o fato deve ser reconhecido que as experiencias são conforme as ideias já aceitas antes da transe. Isso deve ser substituído pelo ensino da Escritura, especialmente a doutrina de Deus e o Cristologia com base de um misticismo cristão. O meio ambiente e o tempo, cada momento criado por Deus, é a oportunidade de viver na companhia do Criador Triuno. Deus e seu Filho se revelaram por diversos nomes e títulos que têm seu conteúdo bíblico. A meditação usa apenas os conceitos e interpretação anteriormente aceitos pela pessoa, se não informada pela revelação plenária já dada por Deus as experiencias misticas podem desviar ao mau. Fizemos outros comentários no artigo ‘Em nome de Deus’.
Bibliografia:
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- CARDOSO, Walmir Thomazi, 2007, O Céu dos Tukano: Construindo um calendário dinâmico, PUC/SP.
- GENTIL, Gabriel dos Santos, 2005, Povo Tukano, cultura, história e valores, Manaus: EDUA.
- HUGH-JONES, Stephen1995, ‘Inside-out and Back-to-Front: The Androgynous House in Northwest Amazonia’, em About the Houses Lévi-Strauss and beyond, eds: Janet Carsten & Stephen Hugh-Jones, Cambridge: CUP.
- HUGH-JONES, Stephen ‘Etnias do Rio Uaupés’ pib.socioambiental.org/pt.
- ISA, Instituto Socioambiental, São Paulo, pib.socioambiental.org/pt.
- LAŞMAR, Christiane, 2005. De Volta ao Lago de Leite, São Paulo: UNESP.
- MAVRICK, Christine ‘Hallucinogens and religious Identity in the Brazilian Amazon’, Thesis, Normal, IL: Illinois State University –www.soa.ilstu.edu/anthropology/thesis/mavrick/hallucinogens.
- PHILLIPS, David, 2009, ‘Em nome de Deus’, Instituto Antropos. http://instituto.antropos.com.br/v3/index.php?option=com_content&view=category&id=38&Itemid=5
- REICHEL-DOLMATOFF, Gerardo, 1996, The Forest Within, The World View of the Tukano Amazonian Indians, Totnes, Inglaterra: Themis Books.
- SIL 2009: Lewis, M. Paul (ed.), 2009. Ethnologue: Languages of the World, Sixteenth edition. Dallas, Tex.: SIL International. www.ethnologue.com..
- SWANSON, Eleanor C (Atlas): ‘Society Tucano’ lucy.ukc.ac.uk/EthnoAtlas/Hmar/Cult_dir/Culture.7879.
- WRIGHT, Robin M., 2005, História Indígena e do Indigenismo no alto Rio Negro, Campinas: Mercado de Letras, São Paulo: ISA.