David J. Phillips
Autodenominação: Waiãpi é reconhecido como o nome abrangente de todos seus grupos. Usam também iane que significa ‘nós’ (Gallois 1997)
Outros Nomes: Wajãpi, Wyami, Oiãoi, Oiampi, Wayãpy (DAI/AMTB 2010). Guaiapi, Guayapi, Oiampí, “Oiampipucu” , Oyampí, Oyampík, “Oyampipuku” , Oyanpík, Waiampi, Waiãpi, Wajapae, Wajapuku, Wayapae, Wayãpi (SIL).
População: Brasil: 905, Guiana Francesa: 412 (DAI/AMTB 2010). 905 (Apina/Funai, 2008) 710 (Tinoco, 2002). São dos Tupi-Guarani, relacionado com povos do baixo Xingu. Em todos os países 1.180, 530 no Brasil, que inclui 520 falantes de Amapari e 10 de Oiapoque (SIL). A população da Área Indígena tem crescido de 517 em 1995 a 919 em 2011 (ISA).
Guiana Francesa: 650.
Localização: Terra Indígena Waiãpi, AP,de 607.000 ha, homologada e reg. CRI e SPU, com 919 Wajãpi (FUNAI 2011). Também há dois grupos isolados de 80 pessoas fora da Área e do Parque (Gallois 1997).
Na Guiana Francesa: 650: 120 Camopi e Masikili no médio rio Oyapock e 180 em três aldeias no alto Oyapock em redor de Trois-Sauts; os homens mudaram do Brasil (SIL 2000). 412 (DAI/AMTB 2010), 959 (Grenand 2009).
Língua: Mesma com a Oiapoque Tupi-Guarani (Wayampi) (SIL). 530 no Brasil, que inclui 520 falantes de Amapari e 10 de Oiapoque (SIL). Dialetos: Oiyapoque Wayampi, Amapari Wayampi, Jari. É da família linguística: Tupi- Guarani, subgrupo VIII. Atitude para com a língua tem melhorada. Alfabetismo: 10-30% com a primeira língua e menos que 5% para a segunda língua. O Novo Testamento foi completo em 2003. Alguns homens em todas as aldeias falam bem o português e na Guiana o francês é falado.
Na Guiana francesa o nome da língua é Wayampi 650 falantes (2000 SIL). Dois dialetos: Oiyapoque, Wajapuku. Vinte Waiãpi no alto rio Oyapock falam perfeita Wayana. Alguns falam francês ou crioula guianesa francesa (SIL). Mais uma etnia na Guina Francesa, os Oipoque, falam uma língua desta família linguística (Gallois 1997).
História: Os Wayãpi são descendentes dos antigos Guaiapi que viviam no baixo rio Xingu no século XVII. Eles experimentaram grandes dificuldades na situação naquela região, especialmente depois a derrota e supressão da Cabanagem em 1839 (Hemming 2003.396). Eles mudaram para o norte do rio Amazonas durante dois séculos. Durante a primeira metade do século XX tiveram contato com alguns brancos, na maioria caçadores de peles. Escaparam o Projeto Jari do bilionário norte americano Daniel Ludwig para plantar 15.000 km. quadrados de arvores na década 60 (Hemming 2003.735). Por isso os Waiãpi deixaram os rios maiores, como o Jari, para viver nas cabeceiras e nos afluentes dos rios Amapari, Jari e Oiapoque. São em três subgrupos: o grupo principal na região do rio Amapari, e os dois outros no alto Ipitinga e alto Jari. Deste último grupo entre 1967 e 1981 a maioria foram para o rio Oiapoque na Guiana Francesa e outros foram mudados pela FUNAI para o Parque Indígena do Tumucumaque.
Somente em 1973 com a penetração no seu território pela construção da rodovia BR 210 a FUNAI teve primeiro contato com o povo. Os construtores da estrada entraram em contato com os Amapari Waiãpi que descobririam que os sertanistas da FUNAI eram amistosos e mudaram das suas aldeias para viver perto do Posto (Hemming 2003.397). O trecho incompleto de 30 km. da estrada na terra Waiãpi deu oportunidade para a invasão de caçadores de peles, garimpeiros, madeireiros e empresas de mineração.
Na década 70 missionários do SIL e da MNTB chegaram na aldeias de Taitetuwa e Ytuwasu. Os índios tiveram um líder chamado Waiwai (que não tem nada a ver com a tribo daquele nome) que os representava diante dos políticos e trabalhou para a sobrevivência do seu povo. Nos anos 80 os Waiãpi começaram a expulsar os invasores e controlar o território e a extração dos seus recursos. Eles conseguiram fazer isso sem derramar sangue e ocuparam os lugares dos garimpeiros, reconhecendo que a venda do ouro ser a solução em ganhar os produtos industrias. Afinal no anos 90 um terço das famílias estavam envolvidas em peneirar para o ouro. CTI, uma ONG ajudou em trainar os índios e exportar o ouro (Hemming 2003.401). Em 1999 um tribunal rejeitou os protestos dos garimpeiros alheios e julgou a favor dos Waiãpi e a CPI para continuar a extrair o ouro (Hemming 2003.403).
Nesta época o antropólogo Alan Campbell da Universidade de Edimburgo vivia com os índios, compartilhando todas suas experiencias e escreveu sobre a habilidade do povo adaptar aos desafios de contato. Ele achou a atuação da FUNAI inadequada feita por pessoas não qualificadas. Ele lamentou a eficiência do curso de alfabetismo do SIL na outra aldeia três dias de viagem distante, envolvendo os índios em uma cosmovisão alheia através da Bíblia. Mas a ironia é que os Waiãpi desejaram a educação para que eles possam ser seus próprios enfermeiros, professores e administradores. Também os missionários do SIL e da MNTB eram dispostos de viver com os índios e estavam sempre presentes nas aldeias e tinham os recursos de dar assistência médica que a FUNAI não podia, isso exatamente quando a sobrevivência do povo era ameaçada por epidemias (Hemming 2003.398-400). A CTI persuadiu a FUNAI expelir as missões em1996 e tentou substituir o programa escolar.
Os missionários do SIL e da MNTB atuaram na área durante os anos 80. A Missão Novas Tribos trabalhou entre os Waiãpi e um antropologistafrancês queixou que os missionários eram determinados eliminar os aspectos negativos da cultura e substituí-los com praticas cristãs (Hemming 2003.265). Com sempre o preconceito secular é que os indígenas são incapazes de escolher por si mesmos! Mas a pressão das invasões forçou os índios se espalharem para os pontos mais distantes das terras uns 5 a 20 km destas argências. Em 1997 havia treze aldeias permanentes e mais assentamentos dispersos (Gallois 1997). Gallios mostrou um vídeo dos Zo’é, recentemente descobertos, e os Waiãpi os visitaram falando da sua adaptação ao mundo dos brancos (Hemming 2003.407).
O líder Waiwai com o apoio da FUNAI e outros neobrasileiros conseguiram um território para o povo. O povo amontou aldeias nas fronteiras do território para o segurar. Em 1990 a FUNAI interditou uma Área Indígena Wajãpi com 543.000 ha. e a demarcação foi feita com o apoio do governo alemão.A associação APINA ou Conselho da Aldeias Waiãpi foi fundado em 1994.
Estilo da Vida: A Terra Indígena é entre o rio Inipiku ou Mapari a oeste, o rio Karapanaty (Aroã), afluente do Inipuku, ao sul, e a leste os dois igarapés Onça e Kumakary, afluentes do rio Felício. É formada de muitas colinas cobertas de floresta densa com muitos cursos d’água com cachoeiras. O solo é ácido e e subjeito a erosão. As roças são preparadas por mutirão da comunidade ajudando um chefe de família. O alimento principal é da mandioca brava em quinze especies e preparada com farinha, beiju, caxiri e tapioca. Cultivam também milho, cará, batata doce, cana-de-açúcar, banana, caju, mamão, abacaxi, amendoim e feijão. Os índios dividam seu tempo entre as aldeias e tapiris aos lados das roças.
Sociedade: As aldeias não seguem uma forma definida e as casas estão espalhadas pelo igarapé ou nas roças. Uma família nuclear de quatro a sete pessoas mora em casa casa. Há construções com jiraus que servem de cozinhas da comunidade.
Artesanato:
Religião: Três festas marcam as estações, a do milho, a do mel e a do peixe e são convidados os membros de outras aldeias (Hemming 2003.396). Consistem em cantar juntos, tocando flautas compridas e pequenas e no consumo de caxiri, preparado pelas mulheres do dono da festa. Somente em tempos de crise estas festas tomam um caráter religioso para aplacar o criador herói Ianejar (Gallois 1997).
Cosmovisão: O criador Ianejar que significa ‘nosso dono’ dividiu a humanidade, que vivia junta, em diversos povos: Os Waiãpi dos outros indígenas, e dos neobrasileiros e dos franceses. Depois os Waiãpi se dividiram em grupos, vivendo no centro do mundo (Gallois 1997). Os Waiãpi classificam das arvores e dos aves conforme um especie que é modelo para outros especies semelhantes e são também indicações da qualidade do solo para fazer uma plantação (Jensen 1988)
Comentário: A Missão Novas Tribos do Brasil trabalha com este povo.
Bibliografia:
- GALLOIS, Dominique T., 1997, ‘Wajãpi’, Povos Indígenas do Brasil, Instituto Socioambiental, São Paulo. pib.socioambiental.org/pt/povo/wajapi.
- DAI/AMTB 2010, ‘Relatório 2010 – Etnias Indígenas do Brasil’, Organizador: Ronaldo Lidório, Instituto Antropos –instituto.antropos.com.br.
- HEMMING, John, 1987, Amazon Frontier-The Defeat of the Brazilian Indians, London: Pan Macmillan.
- HEMMING, John, 2003, Die If You Must – Brazilian Indians in the Twentieth Century, London; Pan Macmillan.
- SIL 2009, Lewis, M. Paul (ed), Ethnologue: Languages of the World, Sixteenth Edition. Dallas, Tex: SIL International. Versão on line: www.ethnologue.com.