Kakua

David J. Phillips

Autodenominação: Kakua ou Cacua significa ‘gente’ (Cathcart 1973.101). Kakua (~kak-~wa) quer dizer ‘povo’ (Bolaños 2010.3).

Outros Nomes: Os povos conhecidos pela denominação pejorativa Maku são os Nadëb, Dâw,Yuhupdeh, Hupdeh, Kakua e Nukak. Cacua; Macu de Cubeo; Macu de Guanano; Macu de Desano; Bada; Kakwa; Bará; Báda; Kákwa. ‘Makú’, o termo é provavelmente de origem Arawak, por exemplo: Baniwa ma-aku, ‘sem fala’ é usado de todos os caçadores coletores ou ‘povos do mato’ pelos povos ribeirinhos agrícolas (Bolaños 2010.11). Bará ou Bára Maku pelos vizinhos.

População: 150 (SIL). 200 (2010) em 1970 viviam 19 na aldeia de Wacará mas outros eram atraídos até em 2010 a população era 120 indivíduos (Bolaños 2010.3).

Localização: No baixo Rio Vaupés, no Departamento del Vaupés, Colômbia. Os falantes da língua situados em Wacará 30 km. de Mitu. 50 Kakua moram em Pueblo Nuevo, uma aldeia de Desano e 9 no assentimento Wanano de Santa Cruz (Bolañas 2010.3). Situam-se perto da fronteira do Brasil no Rio Uaupés

Língua: Kakua, Cacua, falada em Colômbia 150 (1982) (SIL). Muitas das crianças são monolíngues e alfabetismo é 10% em Kakua (SIL). Alguns falam Kubeo, Desano ou Guanano (Wanano) (Bolaños 2010.5). Dois dialetos: Vaupés Cacua and Macú-Paraná Cacua. Inteligível com Nukak. Cadernos de leitura eram produzidos pela SIL. Os linguistas têm discutido os relacionamentos entre as línguas ‘Maku’, mas Epps e Bolañas não consideram Kakua e Nukak ser parte de uma família linguística maior que incluí a língua Puinave (Bolaños 2010.10). Há semelhanças fonológicas entre Kakua e Hup (Bolaños 2010.11).

‘Entre os linguistas, dos pesquisadores mais recentes que realizaram estudos comparativos da família, V. Martins (2005, p.15), reconstituindo o protomaku, sugeriu que os sete povos, Nadëb, Dâw, Yuhupdeh e Húpd’äh, porém, discute-se se os Kakua, Nɨkak (Nukak) e Wããnsöjöt (Puinave), fazem parte da família, porém, os distingue em orientais (os quatro primeiros, distinguindo dois seguimentos dos Nadëb), aos quais direciona sua pesquisa, e os ocidentais (os três últimos). . . Se por um lado, o léxico e a fonologia dos Kakua e Nɨkak se distanciam das demais línguas, os traços gramaticais e socioculturais nos parecem suficientes para afirmar o parentesco. Os Wããnsöjöt (Puinave) parece de fato ser um caso à parte’ (Silva e Silva 2011.56).

Para substituir o termo pejorativo ‘Maku’ e reconhecer os limitações das outras sugestões ‘Nadahup’ que exclui os Kakua e Nukak, Negro-Japurá ou Uaupés-Japura que exclui os Nukak Silva e Silva propõem o nome ‘Guaviare-Japurá’ (Silva e Silva 2012.57).

História: Os Kakua dizem que seu território de origem é em Ipaná Cachoeira perto de Rio Ayarí no Brasil e viajavam ao oeste para o território de Colômbia. Pararam no caminho até a caça ficava escassa. Mudaram-se de novo até Carurú, perto de Santa Cruz, que hoje é uma aldeia Wanano, mas era dos Kubeo (Bolaños 2010.5).

Os Kakua vivem dispersados entre os outros povos indígenas na área dos Rios Vaupés e Papurí na floresta interfluvial com uma altitude maior de 200m. São um povo seminômade que viajam no mato por um mês ou mais para caçar, pescar e coletar frutos silvestres (Cathcart 1973.101). Os Kakua trabalham para os outros índios e suas condições de vida e de serviço vareiam de um grupo para o outro. Alguns até moram em baixo do assoalho elevado da casa da família para quem trabalham; outros dentro da casa. Outros vivem em pequenos assentimentos perto da aldeia dos índios com quem trabalham.

Ainda mais vivem na selva com mais independência uma ou duas horas da aldeia, mas prontos para responder aos pedidos para um serviço especifico. Pagamento é por trocar artigos. Os Kubeo, Guanano ou Desana referem aos Kakua com ‘meu Maku’ ou ‘nosso Maku’ (Cathcart 1973.102). Os Kakua possem artigos industrializados, panelas de alumino, roupa, redes de dormir, espingardas e sapatos que comparam na cidade de Mitú.

Mas os contatos dos Kakua de Wacará com os outros povos diminuiu em 2010 do que antes. Só alguns jovens frequentam a escola Wanano em Santa Cruz e cinco adultos viajavam para Mitú para um curso em espanhol. Eles não ‘trabalhavam’ mais pelos Desano ou Wanano (Bolaños 2010.7).

Estilo da Vida: Dois grupos dos Kakua são identificados. Um é de aproximadamente 200 indivíduos na aldeia de Wacará, que significa em nheengatu ‘garça’, entre os Rio Vaupés e Querarí cem km. ao leste de Mitú. Este grupo tem experimentado assimilação cultural pelo ministério de duas missionárias da SIL desde 1970. O outro grupo vivem na região do Rio Papurí perto da fronteira brasileira, que os Kakua de Wacará consideram menos civilizados. Um terceiro grupo conforme Silverwood-Cope habita uma área perto do Rio Macú-Papurí, afluente do Rio Papurí (Bolaños 2010.2). Este terceiro grupo tem 21 Kakua, mas há mais dois grupos de 28 e de 20 indivíduos nesta região considerados ‘Makú’ pelos Kubeo e Wanano, mas eles mesmos insistem que são Kubeo e Wanano (Bolaños 2010.4).

A casa é sempre rectangular de 6 por 9 metros, conforme o tamanho da família nuclear. Os homens da casa constroem a estrutura e coletam as folhas de quatro especieis de palmeira para formar o telhado, mas os outros homens da aldeia ajudam cobrir o telhado. O estilo vareia, um com telhado sem paredes, outros com um telhado de duas águas ou quatro águas. As paredes são de preferencia de pari (Cathcart 1973.105). Todo o mundo dorme em redes perto da fogueira. As redes são os únicos assentos, mas algumas casas têm banquinhos de diversos tamanhos e estilos. A aldeia tem uma casa grande para as festas e para os visitantes dormir.

Ainda que sejam caçadores coletadores, eles plantam também principalmente a mandioca brava nas suas roças. As mulheres descascam os tubérculos com rasadores côncavos que compram de outras etnias e usam um tipiti que o homem da casa tece de junco e o líquido é usado para preparar várias tipos de caxiri. Também plantam arvores de frutas na aldeias. Criar galinhas para vender ou trocar (Cathcart 1973.117). Usam roupa ocidental da sociedade nacional.

Os Kakua podem viajar no mato sem trilhas e caçam os queixada. Usam espingarda, zarabatana, arco e flecha e lança com cachorros para caçar. Para preservar a carne que sobra da necessidade do dia, moqueiam ou secam a carne em cima de um jirau de varas verdes. Também as casas têm um jirau por esta finalidade para preparar quantidades pequenas de carne. Os Kakua usam canoas de tronco escavado de 4 m. de comprimento com remos para pescar e caçar animais na beira do rio ou fazer visitas. Mais importante para os Kakua é saber os lugares onde podem coletar mais de trinta especies de frutas silvestres que levam para a aldeia em cestos improvisados.

Sociedade: Os Kakua são formados de clãs endógamos, mas têm regras complexas sobre as uniões permitidas no mesmo clã. Algumas mulheres se casam com os vizinhos dos povos Tukano (Bolaños 2010.5).

Os Kakua realizam festa de dança e bebidas cada dez ou quinze dias. Os instrumentos musicais são flautas compridas e tambores tocados pelos homens. As flautas estão guardadas no rio para que não rachem. O ritmo das danças eles mantêm por bater os pés no chão. Os homens usam um cocar de penas de papagaio e carregam um bastão de madeira, dois metros de comprimento e 5 cm de diâmetro. A maioria destas festas são encontros sociais com pouco significado cerimonial. São realizadas em uma casa grande há bancos largos junto às paredes (Cathcart 1973.110).

Artesanato:

Religião: Muitos dos homens podem fazer os rituais curativos e os objetos para os rituais são guardados em um baú do dono. São escondidos de alheios (Cathcart 1973.113).SãoCristão 70%, 7% Evangélicos (Joshua Project). Existem gravações de porções bíblicas desde 1998, e a tradução do Novo Testamento em 2004.

Cosmovisão:

Comentário: Alguns não Kakua que falam a língua Kakua são missionários e isso resultou nas traduções de textos Cristãos, inclusive da Bíblia. As missionárias Marilyn E. Cathcart e Lois Lowers do SIL viviam desde 1966 na aldeia de Wacará. Também A Anderton trabalhou na língua. Cathcart produziu cinco cadernos de textos em Kakua, que são usados pelos índios ajudando a tradução da Bíblia e tiveram sucesso em ensinar outros da comunidade ler. A tradução do Novo Testamento foi completo e publicado pela Liga Bíblica em 2004. A tradução do Velho Testamento continua e também a produção de um dicionário em Kakua, Espnahol e Kubeo (Bolaños 2010.11)

Os Cristãos Kakua têm crescidos no seu conhecimento da Bíblia e hoje em dia são pregadores fora do ambiente da sua língua, frequentando as Conferencias Bíblicas do vizinhos Kubeo. Recebem mais convites de pregar que podem cumprir. Já assistiram conferencias no Brasil. O principal pregador conferencista é Emi, que prega em Kakua e um colega Kakua traduze em Kubeo e outros em Kuripako e português. Converteram as festas em ocasiões cristãs. O evangelho restaurou a autoestima dos Kakua entre as outras etnias (www.wycliffe.org).

Bibliografia:

  • BOLAÑAS Quiñónez, Katherine Elizabeth, 2010, Kakua Phonology: First Approach, Tése MA, University of Texas at Austin, TX.
  • CATHCART, Marilyn E., author. 1973. “Cacua.” In Aspectos de la cultura material de grupos étnicos de Colombia 1. pages 101-123. Bogota: Ministerio de Gobierno. www.sil.org/americas/colombia/pubs/abstract.asp?id=928474518916
  • DAI/AMTB 2010, ‘Relatório 2010 – Etnias Indígenas do Brasil’, Organizador: Ronaldo Lidório, Instituto Antropos –instituto.antropos.com.br
  • POZZOBON, Jorge, 1999, ‘Maku’, Povos Indígenas do Brasil, Instituto Socioambiental, São Paulo. pib.socioambiental.org/pt/povo/maku
  • SIL 2009, Lewis, M. Paul (ed), Ethnologue: Languages of the World, Sixteenth Edition. Dallas, Tex: SIL International. Versão on line: www.ethnologue.com
  • SILVA, Cácio e SILVA, Elisangêla, 2012, A Língua dos Yuhupdeh: Introdução etnolínguística, dicionário Yuhup-Português e glossário semântico-gramatical, São Gabriel da Cachoeira, AM.