Bora — Miamúaa (Peru)

David J. Phillips

Autodenominação: Mɨamúnaa que significa ‘povo’ (PeruSil 2015)

Outros Nomes:

População: 3,000 – 4,000 no Peru e na Colômbia (PeruSil 2015). Peru: 758, 451 pessoas com mais de 14 anos (INEI 2007). Peru: 2.330 (SIL 2000) população em todos os países: 2.430, total étnica: 3.000 (SIL 2007).

Localização: No Estado de Loreto, o maior número vive nas margens do rio Ampiyacu afluente do rio Amazonas e seu afluente o rio Yaguasyacu. Também vivem nas margens do rio Putumayo que forma a fronteira com a Colômbia. Ainda outros moram nos rios Igara Paraná e Caquetá na Colômbia.

Língua: Bora, da família linguística Huitoto ou Wilotoan -Proto-Bora-Muinane (SIL). Bora é usada com uma segunda língua pelos Murui Huitoto, Ocaina e Resígaro. Escolas bilíngues primária e secundária, porém ensinam as aulas em espanhol (SIL).

Um dicionário, gramatica e a tradução do Novo Testamento em Bora produzidos entre 1982 e 2008 (SIL).

História: Os brancos conheciam os Bora somente em 1886, quando estima-se uma população de entre 15.000 e 20.000 Bora que viviam no sudeste da Colômbia. Acerca de 1926, devido às doenças introduzidas pelos brancos e a escravidão pelos patrões seringalistas a população foi em declínio e em 1940 foi menos de 1.000. Aproximadamente uns 350 tinham fugidos rio abaixo no rio Caquetá para o Brasil. Grupos de Bora, Huitoto (Murui e Muinane) e Ocaines foram levado da Colômbia ao Peru por um seringalista, para viver nos rios Ampiyacu e Yaguasyacu. Eram escravizados como seringueiros e pela escravidão de dívida. Muitos morreram de sarampo. Hoje devido à assistência médica a população está crescenda e pelas escolas bilíngues podem desenvolver uma relação mais justa e comerciar com a população não indígena.

Estilo da Vida: Antigamente os Bora viviam em malocas grandes em cima de palafita, cada uma para um clã. As famílias dormiam nos lados da casa em cimas de jiraus, uns dois metros do chão. O chefe do clã viva no fundos, o lugar de honra. Fora ao lado da casa estava uma casinha para os tambores. Ainda usam tambores em dois tamanhos para comunicar por distancias para anunciar festas, etc. Os tambores, manguaré, são construídos de troncos de árvores com um buraco no lado superior e suspenso do chão por cipós das travessas de uma pequena palhoça. Um homem ficam em pé entre os tambores e os bate com marretas nas duas mãos. As mensagens podem ser ouvidas dentro de um raio de 32 km (SIL 2006). Hoje muitas famílias moram em casas para famílias nucleares.

Na tradição bora, a agricultura de brocar e coivara é uma importante atividade econômica. Como os outros povos da Amazônia peruana, o povo bora produzam nas suas roças vários produtos para consumo próprio e é particularmente conhecido por sua produção de mandioca venenosa amargo. Cultivam mandioca para fazer farinha, tapioca e o pão casabe (beiju). Cultivam bananas, abacate e outras frutas. Caçam e pescam.

Sociedade: Os Bora são divididos em clãs, liderados por chefes; a posição é herdada pelo filho dele.

Artesanato: Os Bora trabalham em tirar e vender madeira e vendam artesanato, de algodão como redes e jicras (sacolas).

Religião: No passado realizavam festa de danças para aplacar os espíritos, que causavam doenças e brigas. O deus de trovão rachou arvores de cima até o chão e impregnou o solo com as feras perigosas do mato. Muitos dos animais inclusive a onça são considerados deuses menores, por isso não são mortos e comidos. Hoje alguns Bora comem carne de veado e onça. As mulheres gravidas observam um tabu de comessem os animais maiores, por exemplo a anta, por medo que o nenê ficaria grande de mais para nascer (PeruSil 2015). 20% católico e 0.3% evangélico.

Cosmovisão:Os mitos dos Bora falam de um criador chamado Píívyéjɨ Niiimúhe, cujo nome significa “o criador da terra e as coisas que existem nele”. Este criador criatura está em todas as coisas criadas por ele.

Comentário: Wesley e Eva Thiesen (SIL) trabalharam entre os Bora no rio Ampiyacu de 1952 a 1998.Eles viviam intimadamente e bem aceitos pelos Bora e suas filhas também dominaram a língua. Trabalharam para melhora da vida material e econômica dos indígenas. Eva Thiesen produziu livros de alfabetização. O dicionário bora-castiliano contém muitos detalhes e distinções que revelam a cosmovisão dos Bora. Com a ajuda de David Taylor, Wesley escreveu uma nova gramatica de 500 paginas em 2012, que descreve a organização social e o estilo de vida dos Bora. Wesley morreu no dia 12 de januário 2014. Eles deixaram muitos recursos sobre a língua e o povo.

Bibliografia: