Akuntsu

David J. Phillips

Autodenominação:

Outros Nomes: Akunt’su, Akunsu que significa ‘outros índios’ pelos Kanoé. Isolados do Igarapé Omeré (DAI/AMTB 2010). Chamam de Wakontsón pelos Tupari.

População: Akuntsu: 5 e Kanoê do Rio Omerê: 4. Também um isolado. 5 (DAI/AMTB 2010). 6 (SIL).

Localização: T. I. Igarapé Omerê, que consiste de 26,000 ha de floresta de terra firme no Igarapé Omerê, um dos afluentes do Rio Corumbiara no sudeste de Rondônia. É situada nos municípios de Corumbiara e Chupinguara. Foi homologado por decreto presidencial em 18 de abril no ano de 2006. É ameaçado pelo avanço de fazendas de gado e madeireiros que permanecem dentro o território apesar de tentativa de expulsá-los (Mendes 2005).

Língua: Akuntsu, da família linguística Tupi, Tupraico, Akuntsi-Mekens, possivelmente semelhante ao Turpari (SIL). Uma equipe linguística está analisando a língua. Pelo uso de listas de palavras Nilson Gabas demonstrou que o Akuntsu pertence à família Tupari, do tronco Tupi. Não foi estabelecido se a língua é um dialeto do Mekéns ou não (Gabas 2005). Uma pesquisa linguística da língua Akuntsú teve início em janeiro de 2005 e contou com a participação de Carolina Coelho Aragón e Cabral (Cabral).

História: A construção da rodovia BR- 364 trouxe muito atividade agropastoril e madeireira para a região. Com o desmatamento os índios recuraram para as parcelas de floresta cada vez menor. As primeiras notícias dos Akuntsu foram recebidas pela FUNAI nos anos 70, e em 1985 foi instituída a frente de atração por estes insolados. A área era sendo desmatada por criadores de gado e madeireiros, que desmentaram a presença de índios. A FUNAI pensou que os indígenas já tinham retirado e liberou a área aos fazendeiros em 1986. Mas o sertanista Marcelo dos Santos, responsável pela frente de atração da FUNAI, continuou sua busca de evidencia da presença dos índios, contra ameaças dos fazendeiros. Descobriu as evidencias de um massacre, maloca derrubada e queimada, cerâmicas quebradas. Depois os Akuntsu contaram sobre as pessoas mortas.

De imagens de satélite viu uma possível roça e amontou uma expedição na direção e em 1995 encontrou com um grupo de cinco Kanoê que lhe informou de outro grupo que eles chamaram Akuntsu (Mendes 2005). Nilson Gabas acompanhou o contato na condição de assessor linguista (Gabas 2005). Este secundo grupo recebeu a expedição, que agora incluiu alguns Kanoê; o grupo era de dois homens, três mulheres, e duas menores.

A reserva é uma área de floresta que pertencia a uma fazenda interditada pela FUNAI no fim da década 80. Mas os não índios ainda têm prédios e gado no território dos Akuntsu.

Estilo da Vida: Os Akuntsu vivem em uma só comunidade de duas malocas feitas de palha, no Igarapé Omerê, afluente da margem esquerda do rio Corumbiara. Conforme Cabral vivem em duas aldeias alternadamente. A reserva é formada por floresta equatorial de terra firme, com poucos nascentes. Caçam caititu, anta, viado e acoutis. Cultivam roças pequenas de mandioca e milho. Os Akuntsu vivem em uma área de floresta cercada por fazendas de gado, mas abundante de caça porque a mata em redor foi destruída para a criação do gado. Coletam frutos silvestres e pescam peixe miúdo dos igarapés. Desde o final de 2012, está em curso a execução de um projeto destinado à criação de peixes para complemento alimentar na Terra Indígena Rio Omerê, localizada no estado de Rondônia. O projeto vem recebendo apoio e incentivo financeiro da Funai, por meio da Coordenação Geral de Promoção ao Etnodesenvolvimento, desde 2014.

Adornam-se com braçadeiras e tornozeleiras de fibra de palmeira e seus colares de conchas dos rio foram substituídos por outros de plastico cortado dos pacotes de de pesticídios abandonados pelos fazendeiros.

Sociedade: Formam uma família de sobreviventes. Para sobreviver precisam de se casar com outra etnia.

Artesanato: Fabricam marico, ou bolsa cargueira como os povos do Complexo Cultural de Marico identificado por Denise Maldi (1991). Estes povos são os Kanoé,Aruá, Arikapú, Jabuti e Djeoromitxí. Fabricam peças de cerâmica. Mas não possuem arte plumária, exceto narigueiras feitas de penas de arara (Mendes 2005).

Religião: Konibu, o mais velho dos dois homens é pajé e foi observado entrar em transe usando rapé. Ele interage com a mulher pajé dos Kanoê, e as mulheres participam nos rituais com ele. Usa a fumaça de tabaco para defender sua família dos espíritos (Mendes 2005). Os Akuntsu fabricam flautas de madeira usadas nos rituais e nas danças. Pintam os corpos com urucum.

Cosmovisão:

Comentário:

Bibliografia:

  • DAI/AMTB 2010, ‘Relatório 2010 – Etnias Indígenas do Brasil’, Organizador: Ronaldo Lidório, Instituto Antropos –http://instituto.antropos.com.br/
  • CABRAL, Ana Suelly Arruda Câmera, et al., sem data, ‘Pesquisa linguística junto a grupos indígenas brasileiros de contato recente’
  • GABAS, Nilson, Jr. à Classificação da Língua Akuntsu’, Estudos Lingüísticos XXXIV, p. 105-110, 2005. (105 / 110 ), Museuu Paraense Emílio Goedi, Bélem, PA, http://etnolinguistica.wdfiles.com/local—files/journal%3Aestudos/gabas_2005_akuntsu.pdf, acessado 2/6/2016.
  • HEMMING, John, 2003, Die If You Must – Brazilian Indians in the Twentieth Century, London; Pan Macmillan.
  • MENDES, Adelino Lucena, 2005, ‘Akuntsu’, Povos Indígenas do Brasil, Instituto Socioambiental, São Paulo. http://pib.socioambiental.org/pt/povo/akuntsu/
  • SIL 2015, Lewis, M. Paul, Gary F. Simons, and Charles D. Fennig (eds.). 2014. Ethnologue: Languages of the World, Eighteenth edition. Dallas, Texas: SIL International. Online version: http://www.ethnologue.com