David J Phillips
Autodenominação: Ishír é o nome preferido pelo povo.
Outros Nomes: Xamicoco, Xamacoco
População: Brasil: 40, Paraguai: 908 (DAI/AMTB 2010), 1.800 total (SIL).
Localização: Reserva Indígena Kadiwéu, MS, de 538.536 ha, entre a fronteira com o Paraguai e a Serra Bedoquena ao oeste de Bedoquena, homologada e registrada no CRI e SPU, com 1.629 Chamacoco, Kadiwéu, Kinikinau e Terena (FUNASA 2006).
No Paraguai, nas cabeceiras do rio Verde no nordeste do Chaco Boreal.
Língua: Chamacoco é da família linguística Zamucoa com Ayoreo. Há quatro dialetos: Héiwo, Ebidóso, Hório w Tomaráho.
História: Antigamente os Chamacoco eram caçadores coletores com uma agricultura incipiente. Contato com os Kadiwéu os influenciou fortemente, eles adotaram sistema de clãs endogâmicos e a troca de escravos. Guerrearam contra outras etnias para ganhar escravos para os Kadiwéu. No início do século XIX os Chamacoco ocuparam no nordeste do Chaco Boreal, na região árida do Cerro San Miguel e as cabeceiras do rio Verde no Paraguai. Quando os Kadiwéu passaram para a margem esquerda do rio Paraguai, o povo ocuparam a margem ocidental. No século XIX os Chamacoco eram assimilados no mundo dos brancos como trabalhadores dos madeireiros. Em 1955 a Missão Novas Tribos começou trabalho entre os Hório-Ebidóso. O governo paraguaiano estabeleceu uma Reserva em Puerto Esperanza onde vivem os Tomaráho e muito Ebidóso.
Estilo da Vida: Antes dos tempos dos europeus os Chamacoco se separaram em grupos familiares pequenos durante a estação das secas (março – agosto) chamados oihyút e concentravam em aldeias (dút) durante a estação das chuvas (setembro a fevereiro). Grande assentamentos (divét) de até 600 indivíduos eram formados para realizar as cerimonias. As casas ou tapiris construídas de pari formaram um círculo em redor de um patio e próximo aos dút e divét escondido na mata era mias um patio para os rituais secretos dos homens. Os Tomaráho ainda seguem esta forma, mas os Ebidóso adotaram uma planta retangular com casas cercadas, com telhados de duas águas para famílias nucleares.
Antigamente os Chamacoco eram caçadores coletores, coletando especialmente mel de abelha. Ele moquearam a carne da caça para preservá-la na estação das secas. Hoje muitos praticam agricultura e a criação de animais. Ganham salários trabalhando para as empresas e fazendas e vendam artesanato para os turistas. As mulheres processam a fibra de bromelia, buscam água e lenha, e fabricam artesanato para os turistas. Os homens fazem a agricultura e trabalham fora.
Os territórios são pequenas, a mais importante é Puerto Esperanza, controlados pelos chefes que cria muito tensão entre os grupos. No Brasil a T. I. é marcada no norte pelo Córrego Nabiegue e o rio Aquidauana no sul.
Sociedade: Os Ebidóso e Tomaráho são divididos em sete clãs exogâmicos, que são divididos em metades e estruturados conforma sexo e idade. Casamento era organizado por um homem da clã complementar da noiva e havia uma troca de bens entre as famílias. A residencia era uxorilocal. No passado existia um clã sacerdotal, os Carancho, que era endogâmico. Hoje muito desta estrutura não é observada mais. A autonomia da família nuclear está aumentando. Os homens formavam uma organização secreta chamada tobich que controlava a observação das regras da sociedade, mas hoje esta influencia falta.
Artesanato: Sacolas e chinelos são feitos de couro, paletós, cabos, sacolas são fabricados de fibra chamada chaguar de bromelia serra ou hieronymi.
Religião: Católico e Protestante (SIL). Na religião tradicional os deuses (Ahnábsero) surgem das profundezas, liderados por uma deusa, são os autores das regras da sociedade. A festa dos Ahnábsero (debilübe áhmich) dura a estação das chuvas. há trinta cerimonias praticadas pelos homens.
Cosmovisão: Os mitos dos Chamacoco revelam a importância de conflitos internos entre os velhos e os jovens, entre homens e mulheres. Hoje existe uma divisão entre duas facções uma querendo reviver os costumes e a outra que que mais relaxada.
Os conceitos tradicionais são baseados em um dualismo assimétrico, entre vida e a morte, harmonia e desarmonia. O universo é considerado de consistir de sete planos celestiais e diversos planos subterrâneos, onde vivem seres que controlam doenças, chuva, sol. Os mortos vivem em uma região subterrânea (osépete) não atraente.
Comentário: A Missão Novas Tribos tem trabalhado com este povo desde 1955.
Bibliografia:
- DAI-AMTB 2010, ‘Relatório 2010 – Etnias Indígenas do Brasil’, Organizador: Ronaldo Lidório, Instituto Antropos instituto.antropos.com.br
- CORDEU, Edgardo & Ruth Gubler ‘Chamacoco’, Encyclopedia of World Cultures, 1996, Encyclopedia.com 29 Dec 2014 www.encyclopedia.com
- SIL 2014, Lewis, M Paul, Gary F Simons, and Charles D Fennig (eds) 2014, Ethnologue: Languages of the World, 17th edition, Dallas, Texas: SIL International. Online version: www.ethnologue.com