David J Phillips
Autodenominação: Galibi. É também a autodenominação do grupo da Guiana Francesa, mas esta é usada pelos europeus dos povos de fala caribe do litoral, por isso os Galibi se referem como Kaliña (Vidal 2000).
Outros Nomes: Galibi, Kaliña.
População: Brasil: 57 Guiana Francesa: 2.000 (DAI-AMTB 2010), No Amapá: 82 (SIASI/SESAI 2012), Guiana Francesa: 3.000 (OkaMag 2002), Suriname: 3.000 (OkaMag 2002), Venezuela: 11.150 (OkaMag 2002).
Localização: Terra Indígena Galibi, AC, de 6.689 ha na margem direita do rio Oiapoque/Oyapock, fronteira entre o Brasil e a Guiana Francesa, homologada e registrada no CRI e SPU, com 130 Galibi do Oiapoque e Karipina do Amapá (FUNAI 2011). Apenas 28 vivem na T I os outros vivem nas cidades do Amapá, Belém do Pará e Brasília (Vidal 2000).
Língua: Galibi do Oiapoque, Crioulo Francês (DAI-AMTB 2010). Muitos falam Crioulo francês e os adultos ainda mantêm alguma parte da língua própria, Galibi do Oiapoque, mas as crianças preferem falar português que aprendem na escola. Os adulto que aprenderam o francês ainda o entendem. Eles se consideram ‘índios verdadeiros’ por falar suas próprias línguas indígenas, como os Palikur, e não como, seus vizinhos, os Galibi-Marworno do Uaçá e os Karipuna. Por isso estão revalorizando a língua (Vidal 2000).
História:
Vieram de rio Maná, na Guiana Francesa, depois um desentendimento com parentes, migraram para o Brasil e os Galibi se consideram brasileiros. Os Galibi ou Kaliña viviam nos rios na Guiana Francesa, Holandesa (Suriname), Britânica (Guyana) e Venezuela. A evidência arquelógica indica que os Kaliña habitavam o litoral da foz do Amazonas até a foz do Orinoco por séculos antes da chegada dos europeus. Eles guerrearam contra os Aruak durante sua expansão ao leste e o rio Amazonas. Eles chamaram os invasores Palanakili, ‘espíritos do mar’. As doenças dos europeus decimaram a população. Na Venezuela vivem no llanos ou campos do rio Orinoco e no rio Cuyuni. Na Guyana vivem no rio Cuyuni e no rio Maroni. Vivem na Guiana Francesa entre os rios Maroni e Mana, nas aldeias de Couachi e Grande Village.
Em 1948, Sr Geraldo Lod e seu primo chegaram em Belém e recebeu do administrador do SPI a autorização para migrar para o Brasil. Houve um oculto desentendimento com os parentes. Um grupo de 38 pessoas chegaram em três canoas a vela. Algumas famílias voltaram ao rio Mana, mas a aldeia foi estabelecida em 1950. Nas décadas 50 e 60 do século XX, as autoridade francesas tentaram de persuadi-los voltar para a Guiana Francesa mas sem sucesso. Foram bem recebidos pelo SPI e têm sua terra homologada (Vidal 2000). Durante os anos 40 e 50 o SPI tentou projetos de modernizar a pesca, introduzir a criação de gado e búfalo e extração da tinta brasil, mas todos estes fracassaram devido à indiferença do índios, má administração e falta de recursos. Outros projetos industriais foram experimentados, sem êxito.
O padre Nello Ruffaldi começou a trabalhar entre os Karipuna, melhorando a saúde deles e ‘os índios descobriu que o evangelho é para unir e dar auto estimo’. Em 1976 ele organizou a primeira assembleia e os chefes dos povos pediram a FUNAI demarcar uma Terra Indígena para parar as invasões no seu território. Isso aconteceu em 1983. As assembleias continuaram cada ano, incorporando outras nações indígenas. A assembleia de 1995 terminou com o Turé e um culto cristão com a participação dos pastores das Assembleias de Deus, a Missão Novas Tribos do Brasil e o padre Nello. A situação dos índios era melhor com o comércio da mandioca, plantações de cana e milho, educação primária, graças à FUNAI, o Estado do Amapá e os missionários (Hemming 2003.412).
Estilo da Vida:
A única aldeia dos Galibi do Oiaoque é São José dos Galibi, onde foi estabelecida em 1950 quando chegaram do Guiana Francesa. É situado na margem direita do rio Oiapoque, no território brasileiro, entre os Igarapés Morcego e Taparabu, apenas 30 minutos de voadeira do rio maior. Está situada em terra firme, com mata, as roças e pomares em redor. Tem Posto da FUNAI, enfermaria e escola. A população da aldeia é apenas 28 em 2000. Há dificuldade de manter a escola devido a falta de alunos.
Todos os homens têm sua própria roça e atualmente são cinco toças, plantadas de mandioca, cará, macaxeira, batata, abacaxi, milho, maracujá e tomate. Os pomares perto de cada casa têm árvores frutíferas de coco, abacate, laranja, abiú, tangerina, cajueiros e mangueiras. A caça e a pesca é feita por apenas dois homens. Peixe e carne de frango são compradas. Ariramba, uma aldeia karipuna, no rio Oiapoque, também foi incluída na reserva Galibi, nas proximidades da vila Taparabu.
Sociedade: Chegaram três casais da Guiana e todos na aldeia de São José são descendentes destes. A regra dos Galibi é de casar com primos cruzados, mas os filhos se casaram com não- Galibi. O casamento de Sr. Lod era o primeiro ser católico.
Artesanato: Somente uma mulher sabe tecer as grandes redes de algodão, típicas dos Galibi. Fabricam somente os utensis para a subsistência, como peneiras, cestos, tipitis e abanos.
Religião: O xamanismo foi praticado até a década de 60, mas hoje não é mais pajé. Praticam um catolicismo tradicional. Nuca adotaram o Turé. No último dia do ano é realizada a grande festa, e observam as festas católicas do Espírito Santo, Santa Maria e de São José. O rito de passagem da moça é de reguardos; ela era informada que o sangue menstrual pode atrair os espíritos da água.
Cosmovisão: Deus criou tudo, sabe tudo e domina tudo, enquanto o xamã apenas possui uma visão parcial do mundo. Creem em espíritos do alto que são bons e os espíritos da floresta e da água que são perigosos. Antigamente os animais podiam comunicar com os homens, mas houve uma ruptura, e não comunicam mais (Vidal 2000).
Comentário:
Bibliografia:
- DAI-AMTB 2010, ‘Relatório 2010 – Etnias Indígenas do Brasil’, Organizador: Ronaldo Lidório, Instituto Antropos instituto.antropos.com.br
- HEMMING, John, 2003, Die If You Must – Brazilian Indians in the Twentieth Century, London; Pan Macmillan.
- SIL 2014, Lewis, M Paul, Gary F Simons, and Charles D Fennig (eds) 2014, Ethnologue: Languages of the World, 17th edition. Dallas, Texas: SIL International. Online version: www.ethnologue.com
- VIDAL, Lux, 2000, ‘Galibi do Oiapoque’, Povos Indígenas do Brasil, Instituto Socioambiental, São Paulo. pib.socioambiental.org/pt/povo/galibi-do-oiapoque