Motilone – Barí (Colômbia-Venezuela)

David J. Phillips

Autodenominação: Barí que significa ‘nós o povo’.

Outros Nomes: Bari, Barira, Cunausaya, Dobocubi, Motilone, Motilón. Motilone significa cabeças raspadas ou ‘povo com cabelo curto’ em Espanhol. Os Yukpa também receberam este pelado.

População: 5,400, 2,900 em Venezuela.3,500 (Civallero 2008).

Localização: Vivem no Departamento de Cesar, municípios de Chimichagua, La Gloria e Pailitas; Departamento de Santander do Norte, Reserva Indígena Motilón-Barí e Resguardo Indígena Gabarra-Catalaura nos rios Alto Catatumbo e Oro e na Serranía de los Motilones.

Língua: Bari da família linguística Chibchan, Chibchan B, Chibchan oriental. Classificação alternativa: Arawakan (Voegelin and Voegelin 1977). O uso é vigoroso, 5000 falantes. Olson produziu a língua escrita e começou a tradução bíblica com o evangelho de Marcos e Filipenses. Tradução bíblica está incompleta.

História: No século XVI os espanhóis descobriram o Lago de Maracaibo e colonizaram a região, entrando em conflito como os Bari. Os espanhóis acreditavam que o frequente relampado transformasse pedras em ouro. Os Barí derrotaram cinco expedições e conseguiram atacar e destruir uma expedição que transportava ouro do litoral pacífico. No século XIX os Barí atacaram os soldados de Bolívar e foi estabelecida sua reputação ferrenha contra a colonização. No século XX petróleo foi descoberto no seu território. O antropólogo Roberto Lizarralde começou 40 anos de estudo da etnobiologia dos Barí em 1960.

Os missionário Bruce Olson começou a viver entre eles em 1962, aprendendo a língua, ganhando a amizade do filho do chefe, antes de evangelizar. No ano seguinte construiu o primeiro posto de saúde e a primeira escola bilíngue em 1966 e um Barí visitou os Estados Unidos e Nações Unidas; por 1969 as primeiras cooperativas foram estabelecidas. Em 1972, o colaborador de Olson, filho do líder Barí, foi morto por colonos. Em dezembro 1972 a Terceira Conferencia de Desenvolvimento convidou representantes dos Barí, que estavam aprendendo que violência gera mais violência, e o líder recebeu uma condecoração do Presidente da Colômbia, e em reposta testificou ao evangelho que tinha transformado suas atitudes. Em 1974, o Presidente da Colômbia confirma 829 quilômetros quadrados de território Barí.

Na década 80 as forças da ELN, invadiram o território Barí e capturam e torturam Olson por dez meses 1988-89. Dois Barí participaram no Congresso do Meio Ambiente de 1992 no Rio de Janeiro e formaram relacionamentos cooperativos com indígenas brasileiros. Em 1984, um Barí, Waysersera, tornou-se secretário de negócios indígenas do governo colombiano. Em 1985 uma erupção vulcânica destruiu a cidade de Amero, uma equipe dos Barí deu assistência de valor de10,000 dólares. Quando os grupos guerrilhas e traficantes de drogas penetraram o território dos Barí e dos povos vizinhos, os lídres de 50 grupos linguísticos produziram um ultimato que demandava a saída dos guerrilhas da região. Isso não conseguiu seu objetivo, mas pelo menos demonstrou a crescente união política dos povos indígenas da Colômbia.

Estilo da Vida: Vivem em malocas de forma ovaloide, 35 m de comprimento e 20 de largura, orientadas leste – oeste com portas nas extremidades. A casa é construída de uma madeira, kiachubana, que endurece e é prova de insetos. O interior é dividido entre as famílias em redor das paredes. Fora os jardins formam um circulo concêntrico em em redor da casa, cada família tendo um sector que corresponde com seu secção dentro da maloca. Os jardins são plantados conforme o tamanho das plantas, as menores perto da maloca, e as maiores maiores, banana etc., no circulo mais distante. Assim os jardins formem círculos concêntricos em redor da maloca. Os Bari não usam cercas para dividir os jardins, nem paredes de pari para separar as áreas das famílias dentro da maloca. Ferramenta e utensis são guardados em cestos pendurados no telhado. As redes de dormir são amarradas em quatro nivelas. As crianças dormem mais perto do telhado, os mais velhos em baixo delas, em baixo os homens e mais perto do chão as mães com os pequenos.

Ainda que não hão divisas físicas entre as áreas domésticas, as famílias não compartilharam comidas e outras necessidades com seus vizinhos. Antigamente os órfãos eram abandonados. Esta atitude mudou somente com a vinda do Cristianismo. Quando um colono, inimigo dos indígenas, morreu, os Barí supriram verduras da cooperativa por dois anos a sua viúva e família. Os Barí não entendem portas e paredes para criar privacidade. Mas hoje, algumas famílias construem casas de uma família de blocos de concreto ao lado da maloca.

Os homens caçam e pescam. A pesca é feita por construir barragens no rio e os peixes são pegados com lança cortadas de plantas de banana. As mulheres cuidam dos jardins, cozam a comida e tecem roupa.

Com a perda da floresta, seu território é reduzido a 7%, os Motilone têm diversificado em plantar cacão para exportar para manter suas escolas, clínicos de saúde, etc. Quando a caça era escassa os Barí sofriam fome. Então Olson introduziu a criação de gado e galinhas.

Sociedade: A iniciação dos rapazes é quando eles recebem uma tanga e um nome novo. Homens formam pactos de amizade por trocar presentes de flechas e os dois se aceitam como ‘irmãos’. O sinal de casamento é quando o casal arrararam suas redes lado a lado. Os Barí praticam ‘enterro celestial’, o cadáver é arrarado na sua rede em uma árvore alta na floresta para os aves comer a carne. O espírito do morto é considerado pelo processo de viajar alem do horizonte.

Olson reconheceu que os Barí já tinham contato com o mundo fora e eram curiosos para ganhar os benefícios; colonos e as empresas de petróleo já invadiram seu território na década 60. Ele começou um plano de desenvolvimento de cinco pontos, para preparar e facilitar os Barí se adaptar às mudanças que eram inevitáveis. Os planos eram introduzidos com consultas e e o consento dos líderes Barí.

1. Introduzir a medicina moderna para parar as epidemias. Construíram o primeiro posto médico em 1963 e em 2003 havia vinte três postos localizados na floresta, com equipamento e medicinas, e com dois ou três enfermeiros e às vezes um médico, entre os 39 Barí treinados na universidades. Equipes médicas dos Baris responderam em ajudar durante os terremotos em 1999. Duas casas foram estabelecidas para o tratamento de Barí sofrendo de tuberculose.

2. Introduzir a agricultura para melhorar o alimento dos Barí. Em 2003 vinte oito centros agriculturais eram estabelecidos perto das malocas, as roças dividas para evitar infecções destruir o milho, arroz, feijão ou verduras. Também começaram a criação de gado, porcos e galinhas.

3. Segurar o território dos Barí. O governo tinha designado o território para colonização por fazendeiros, e uma grande parte já era invadida por colonos. Um abuso foi a venda pelos colonos de lotes dados pelo governo, para que os colonos possam demandar mais terreno. Os indígenas viviam ameaçados pelos colonos e muitos foram mortos. Em 1974 o governo estabeleceu 829 quilômetros quadrados de território exclusivo aos Barí, mas os líderes não eram satisfeitos porque a lei não incluiu os terrenos baixos que pertenciam tradicionalmente aos Barí, que o governo legalizou para ser colonizados. Advogados Barí conseguiram a ganhar a maior parte deste território de voltar pelos Barí.

4. Estabelecer escolas bilíngues, Barí e espanhol, que começaram em 1966. Em 2003 vinte oito escolas funcionavam, com professores Barí e nacionais. Depois o curso secundário nas cidades mais que cinquenta se formaram como profissionais nas universidades. Todos os 400 estudantes que foram para as cidades voltaram às suas comunidades indígenas.

5. Estabelecer cooperativas com plantações de cacau para gerar renda comprar ferramenta, medicinas, etc. Por 2003 vinte duas cooperativas estavam funcionando e mais quatro eram roubadas pelos terroristas. Os Barí providenciaram enfermeiras para seis outros povos indígenas, e gado para os povos Yuko, Huamanae, Cogi, Tunebo e Pijau.

Artesanato:

Religião: Uns 70% são Cristão, 10% evangélico, 60% católico (Joshua Project). Creiam em um Criador que cuidava deles e para quem queriam ir depois a morte. Os Bari tinham uma legenda sobre um profeta com cabelo louro que viria para ensinar sobre Deus. Outra legenda contou como um homem querendo ajudar as formigas construir uma formigueira, se tornou em formiga para facilitar a construção. Assim as formigas aprenderam que o homem queria os bem. Olson usou esta estória para apresentar Cristo como Saymaydodji-ibateradacura (Deus encarnado em carne humana). A fé é andar na tilha de Deus encarnado.

Cosmovisão: Os Barí acreditavam nos espíritos. Quando uma tempestade ameaçava eles cantavam ao espírito no temporal e queimavam roupa de mulheres, para diminuir o perigo. Homens e mulheres são curadores, mas aprenderam de Olson usar seus métodos junto com a medicina moderna, um processo de adaptação e não confronto.

Comentário: Bruce Olson teve seu primeiro contato com os Motilone em 1962, quando fazendo uma expedição de contato com um grupo de Yukos. Já vivia com os Yukos por algumas meses, que temeram os Motilone. Os Yukos fugiram, mas Olson foi atingido na perna por uma flecha Motilone. Ele foi cativo por um mês, mas conseguiu escapar à noite. Esta experiencia criou um amor aos Motilone dado por Deus. Voltou ao seu território e deixou presentes nas trilhas. Pronto para abandonar o projeto, ele encontrou seis Motilone, com arca e flecha prontas para atirar. Um dos guerreiros era o mesmo e único que demonstrou amizade durante seu cativeiro prévio, e esta vez Olson foi aceitou na comunidade, dado um nome ‘Bruchko’, e vivia com os índios por quatro anos, aprendendo a língua e a cultura. Os Barí observaram outros índios convertidos, que cantavam hinos de música gemida e se congregavam em uma casa rectangular, quando do ponto de vista deles, Deus prefere a forma perfeita redonda.

Bibliografia:

  • Olson, Bruce com James Lund, 2008, Bruchko and the Motilone Miracle, Lake Mary, Florida: Charisma House, A Strang Company.
  • SIL 2015, Lewis, M. Paul, Gary F. Simons, and Charles D. Fennig (eds.). 2014. Ethnologue: Languages of the World, Eighteenth edition. Dallas, Texas: SIL International. Online version: http://www.ethnologue.com