Suyá – Kisidjê

David J Phillips

Autodenominação: Kisidjê (Kisêdjê – Seeger 2003).

Outros Nomes: Suyá Orientais, Kisêdjê (DAI-AMTB 2010).

População: 334 (DAI/AMTB 2010), 100 Suyá Orientais e 50 Ocidentais (Olson 1991.55), 330 (UNIFESP 2010), 350 (FUNASA 2006).

Localização: A maioria vivem na aldeia Ngôjwêrê, no limite sudeste da T. I. Wawi e Ngôsokô no norte da T. I. Mais duas aldeias no Parque Xingu, Aldeia Velha e Rikô (Ricoh) agora desativada.

  • Parque Indígena Xingu, MT, de 2.642.004 ha, homologado de registrado no CRI e SPU, com 5.982 indígenas de 16 povos (SIASI/SESAI 2012).
  • Terra Indígena Wawi, MT, de 150.328 ha, homologada registrada no CRI e SPU em 1998, contígua com o P. I. do Xingu, com 409 Kisêdjê e Tapayuna (SIASI/SESAI 2012).

Língua: Suyá ou Kisêdjê, do tronco Jê, os únicos que habitam no P. I. Xingu. Dialetos: Beiço de Pau (Tapayúna) os falantes mudaram-se do PIX para viver com os Kayapó nas T. I. Capoto e Jarina no Pará. O segundo dialeto Yaruma (Jarumá, Waiku) é extinto. O uso é vigoroso e os Panará falam Suyá com segunda língua (SIL). Porções bíblicas traduzidas em 2007.

História:
Conforme suas tradições os Kisêdjê ou Suva vieram da região do norte do Tocantins ou do Maranhão. Migravam em direção oeste, atravessaram o rio Xingu para chegar no rio Tapajós, onde lutaram com os Munduruku e os Panará. Guerreando contra outros povos deslocaram-se em direção ao sul e dividiram. Os antepassados do Kisêdjê atuais mudaram-se para o leste e entram em contato com o alto rio Xingu. Os outro grupo chamado Tapayuna foram em direção oeste aos rios Sangue e Arinos, afluentes do rio Juruena, veja o perfil (Seeger 2003). Eles chegaram na margem do Xingu na primeira metade do século XIX. Mudaram-se ao norte em direção a foz do rio Suyá-Missu e massacraram os Mantsaua e Iarumã, capturando mulheres e crianças. Assim este grupos ficaram extintos e os rios Manitsaua-missu e Suyá-missu, no leste do Xingu, ficaram desocupados para os Kisêdjê.

O primeiro contato com os europeus foi provavelmente a expedição de Karl von den Steinen em setembro 1884. Ele descreveu uma cultura mais simples do que a dos outros povo no Xingu. Os Kayapó Mentukire e os Juruna viajando do norte os atacaram no final do século XIX. A aldeia, Txukarramãe (mais tarde Diauarum) (Hemming 2003.160), foi cercada pelos inimigos. Os Kisidjê que escaparam fugiram em sua canoas e viram os vítores dançando toda a noite em redor dos cadáveres dos irmão. Quando os inimigos partiam os Kisidjê voltaram para descobrir ninguém vivo.

Os Kisidjê se transfiram para o alto rio Suyá-missu. Neste altura eles adotaram aspectos da cultura dos outros povos do Xingu, como dormir em redes. Sofrendo mais ataques se deslocaram mais para rio acima, perto da foz do rio Wawi. Capturaram mulheres Waurá que sabiam fabricar cerâmicas, e assim os Kisidjê assimilaram aspectos da cultura do Xingu (Hemming 2003.140). Novamente a aldeia era destruída por um grupo de Juruna e seringueiros. Retiram ainda mais rio acima para um labirinto de igarapés, isolados dos outros povos.

Em 1924 uma expedição suíça liderada por Doutor Hinterman e dois oficiais de Rondon visitou os Kisidjê entre outros, e acharam os índios amistosos (Hemming 2003.77). In 1948 os irmãos Villas Boas visitaram o rio Manitsauá-Missu, foram ameaçado por um grupo de Juruna, e descobriram que era o primeiro contato daquele grupo. Na margem direita construíram uma pista de avião e base chamado Diauarum, o lugar onde von den Steinen tive contato com os Kisidjê. Os Kisidjê invadiram o acampamento para coletar pequi. Em 1959, canoas dos Kisidjê foram vistas, e os Villas Boas as seguiram no rio Suyá-Missu até seu acampamento de caça Soconi e os índios aceitaram os presentes de machados e espelhos. No ano seguinte os Kisidjê chegaram em Diauarum indicando que quiseram ser pacíficos. Os Villas Boas persuadiram os Kisidjê mudar sua aldeia para Soconi, mais perto de Diauarum e fazer as pazes com os Juruna (Hemming 2003.162).

Em 1969, 41 sobreviventes Tapayuna (Kisêdjê Ocidentais) foram transferidos para juntarem-se aos Kisêdjê no rio Suyá-Missu, com o efeito de reviver a cultura antiga com a aldeia reconstruída em forma de uma dos Jê e as cerimonias realizadas, mas os dois grupos tiveram dificuldade de se integrar (Seeger 2003). O povo se destacou em defender seus territórios fora do Parque Indígena do Xingu e participou de apreensões de invasores.

Estilo da Vida: A maioria dos Kisêdjê vivem na aldeia Ngôjwêrê no limite da TI Wawi na margem ocidental do rio Suiá-Missu. Mais dois assentimentos pequenos de famílias extensas, Roptôtxi e Beira Rio. Visitam a antiga aldeia Ricoh para coletar frutos das capoeiros, inclusive dos mangabais e pequizais. Rio acima no rio Wawi o povo administra o Posto de Vigilância Wawi. Rio abaixo no rio Xingu algumas famílias moram no Posto Diauarum (Seeger 2003). Os homens trabalham nas roças, fazendo a coivara e o planto da mandioca brava. As mulheres a arranca e preparam a farinha e outros alimentos. As mulheres plantam e colhem milho, batata, amendoim e feijão etc. O plantio e fiação e tecelagem do algodão são feitos exclusivamente pela mulheres. Os homens cooperam na construção de casas e canoas, na caça e na pesca. É o costume compartilhar entre os grupos domésticos a carne da caça e a peixe. Também eles mantêm uma fazenda de gado, plantam os pastos inférteis por mata ou com árvores frutíferas.

Sociedade:
Os Beiço do Pau ou Suyá Ocidentais (Tapayína, Tapanyúna, Tapanhúna) falam uma língua Jé que viviam entre os rios Arinos e Sangue, Mato Grosso. Contato foi somente em 1968 que trouxe uma epidemia de gripe que reduziu a população de 400 a 40. Foram transferidos ao Parque Indígena Xingu onde vivem próximos aos Suyá Orientais. Na década 80 houve 100 Suyá Orientais e 50 Ocidentais (Olson 1991.55).

Em Ngôjwêrê funciona uma escola indígena que ensina Suyá e o português. O PI Diauarum, perto a Aldeia Velha no PI é habitado por algumas famílias Kĩsêdjê, especialmente de pessoas que atuam como funcionários da ATIX e da Funai. Estas famílias também têm casas nas aldeias. Um Kĩsêdjê possui uma casa em Canarana, a cidade mais próxima das aldeias, usada quando a família vão para a cidade (Seeger 2003).

Artesanato:

Religião: O canto ritual é a expressão máxima das individualidades e do modo de ser da sociedade Kisêdjê (Seeger 2003).

Cosmovisão:
Conforme os mitos dos Kisêdjêo seu povo não foi criado por um criador sobrenatural ou por um herói cultural. A sociedade se formou pela adoção de traço de cultura de animais e dos inimigos. A praticar cozinhar com fogo ganharam da onça, o plantio do milho foi apropriado do camundongo, e o sistema de nomeação do inimigos que vivia em baixo da terra. Os discos labiais e auriculares foram adotados de um povo muito parecido (Seeger 2003).

Kumba significa a audição, ouvir, compreender e saber, que são os atributos mais valorizados na sociedade Suyá. O meio preferido de comunicar é cantar.

Comentário:

Bibliografia:

  • DAI/AMTB 2010, ‘Relatório 2010 – Etnias Indígenas do Brasil’, Organizador: Ronaldo Lidório, Instituto Antropos instituto.antropos.com.br
  • HEMMING, John, 2003, Die If You Must – Brazilian Indians in the Twentieth Century, London; Pan Macmillan.
  • OLSON, James Stuart, 1991, The Indians of Central and South America: An Ethnohistorical Dictionary, Westport, CT, USA: Greenwood Press.
  • SEEGER, Anthont, 2003, ‘Kisêdjê’, Povos Indígenas do Brasil, Instituto Socioambiental, São Paulo. pib.socioambiental.org/pt/povo/kisedje
  • SIL 2014, Lewis, M Paul, Gary F Simons, and Charles D Fennig (eds) 2014. Ethnologue: Languages of the World, 17th edition. Dallas, Texas: SIL International. Online version: www.ethnologue.com