Xokleng – LaKlanõ

David J Phillips

Autodenominação: LaKlanõ que significa ‘gente do sol’ ou ‘gente ligeira’. Xokleng foi inventada pelo brancos, dizem o o povo (Wiik 1999).

Outros Nomes: “Bugres”, “Botocudos”, “Aweikoma”, “Xokleng”, “Xokrén”, “Kaingang de Santa Catarina” e “Aweikoma-Kaingang” (Wiik 1999).

População: 827 (DAI/AMTB 2010), 1.853 (FUNASA 2010).

Localização: Santa Catarina, Brasil.

Terra Indígena La Klaño-Ibirama declarada em 2003, de 37.018 ha e com perímetro de 110 quilômetros, cortada pelo rio Hercílio, localizada nos municípios de Doutor Pedrinho, Itaiópolis, José Boiteux e Vitor Meireles, com Guarani Mbya e Ñandeva, Kaingang e Xokleng, população total 2.042 (SIASI/SESAI 2013).

Terra Indígena Rio dos Pardos de 756 ha, na margem direita do rio dos Pardos, homologada e registrada no CRI e SPU, com 18 Xokleng (FUNAI 2010).

Língua: Xokleng e português. Xokleng, com Kaingang, constituem o ramo meridional da família Jê. Outros nomes: Aweikoma, Botocudos, Bugre (SIL). A maioria dos jovens falam apenas português. Porém a língua está incluída na curricula das escolas indígenas na T. I. Ibirama. Um dicionário xokleng-português e um livreto com “lendas”, nos dois idiomas, foram produzidos pelo indígena Nanblá Gakran Xokleng, com o apoio da FUNAI, prefeituras locais e pela FURB (Fundação Universidade Regional de Blumenau). Stan e Sandy Anonby da SIL fizeram uma pesquisa sobe a manutenção da língua em 2004.

História:
Antigamente os Xokleng eram nômades, vivendo da caça e da coleta do pinhão, fruto da Araucaria angustifolia. Eles perderam a pratica de agricultura e não viviam mais em assentimentos fixos mas dividiam o ano entre o inverno do planalto e no verão desciam para o vale e construíam aldeias de ranchas em redor de uma praça onde faziam seus rituais de iniciação, casamentos e enterros (Wiik 1999).

Quando foram primeiramente contatado pelos brancos em 1914, os Xokleng viviam nas montanhas em grupos domésticos espalhados nas margens do rio Hercílio. Como os outros povos Je, o povo tinha duas metades exogâmicas, que eram os Waikomang e os Kanu. Antes de contato os Waikomang mataram todos os homens Kanu. A guerra de vingança depois dividiu os Waikomang sobreviventes em três com os Laklano no rio Itajai do Norte, que eram os únicos Xokleng para sobreviver. Os colonos no vale eram alemães, italianos e poloneses que não tinham contato com os indígenas (Anonby e Anonby 2004).

Uma estrada de tropa entre São Paulo e Rio Grande do Sul se abriu em 1728 e a cidade de Lages com fazendas de gado já começou a invasão do território dos Kaingang e Xokleng. A colonização do Rio Grande do Sul expulsava os Xokleng para a Santa Caterina. O SPI fez o contato em 1911 mas os índios reconheceram dois fazendeiros que tinham matado os Xokleng, e os índios os mataram e os funcionários do SPI. Os Xokleng voltaram para as matas. O povo era dadodiversosnomes: “Bugres”, “Botocudos”, “Aweikoma”, “Xokleng”, “Xokrén”, “Kaingang de Santa Catarina” e “Aweikoma-Kaingang” (Wiik 1999).Depois o contato em 1914 sua população diminuiu de 400 a 106. O governo mudou um grupo de Kaingang para viver com os Xokleng para ajudar a política da época de assimilar o povo na sociedade nacional (Anonby e Anonby 2004).

Quando a barragem Norte inundaram o vale em 1979, cobriu 900 ha do vale, o povo se mudaram para seis aldeias novas, três em cada margem. Sede, Bugio e Lages em uma margem têm acesso a Palmeirinha, Figueira e Coqueiro por um longo caminho por atravessar a barragem. Em tempo de chuva a viagem é difícil ou impossível. Bugio é em cima de uma montanha e o povo mudou-se primeiramente para lá, quando a represa inundou o vale, mas depois muitos se transferiram e estabeleceram as cinco aldeias na margem do rio. Eles receberam compensação e energia de graça da Usina em 1992 (Anonby e Anonby 2004). A FUNAI criou um grupo de trabalho em 1997 para estudar a ampliação da T. I. Ibirama.

Os Xokleng de Rio dos Pardos eram contatados em 1911 e 1918. Hoje são 46 pessoas e a T. I. Rio dos Pardos foi identificada em 1992 e demarcada em 1998, mas ainda é ocupada por colonos (Wiik 1999)..

Estilo da Vida: A maioria das aldeias estão situadas próximas ao Rio Itajaí do Norte (rio Hercílio) na faixa sudoeste da Terra Indígena: Palmeirinha, com 105 famílias nucleares ou casais, Figueira com 85, Coqueiro com 88, Toldo com 29, Pavão com 40, Sede com 75 e a aldeia de Bugio, afastada das outras no nordeste da Terra com 84 famílias. (Hoffmann 2011.23). Estão em uma área de montanhas dividida pelo o rio Hercílio, em redor da cidade de Jose Boiteoux, perto de Blumenau. Todas as casas têm TV. A Barragem Norte e a invasão colonial causou a extinção quase total dos recursos naturais de sua terra. Na T. I. Ibiramajá não se pratica a agricultura e acaça é rara. A pesca serve como suplemento alimentar, junto a alimentos comprados (Wiik 1999). O povo tem três microprojetos agroflorestais para preservar a T. I.

Sociedade: Todas as seis aldeias são politicamente autônomas. Cada votam diretamente cacique, vice cacique e cacique presidente por um mandato de dois anos. Dentro de cada aldeia há grupos de casas de uma família extensa, que vivem, caçam juntos e repartam de sua produção. A liderança é com a mulher mais velha. O filho mais velho da filha é adotado e criado pela sua avó e recebe o nome do seu avô. Este neto será seu arrimo na velhice, auxiliando-a nas tarefas domésticas (Wiik 1999).Cada aldeia tem uma escola primária mantida pelo município de Ibirama. A prefeitura na apoia o projeto de usar Xokleng mas casa escola agora tem uma professora, mantidas pelo Estado de Santa Caterina, em Xokleng e recebe uma hora e meia diariamente na língua. As crianças mais velhas estudam em um colégio agrícola em Rio de Sul, sistema internato, ou vão no ônibus para o ginásio em Jose Boiteoux. Os estudantes são animados para o seu futuro (Anonby e Anonby 2004). A FUNAI tem uma enfirmaria na T. I. Ibirama. Eles são o primeiro povo indígena no Brasil a ter casos de HIV/AIDS.

Artesanato: Há pequena produção de artefatos para o comércio. Tangas e colares se destinam somente às festas do Dia do Índio, sendo jogadas fora após o uso (Wiik 1999).

Religião:
A iniciação das crianças é quando os meninos recebem a inserção do botoque no lábio inferior e as meninas uma tatuagens na perna esquerda.Quando um Xokleng falece o cônjuge sobrevivente observa uma reclusão com resguarda de alimentos. Seu retorno para o convívio envolve o corte de cabelos e unhas, cânticos, danças e pinturas do corpo pela comunidade. Os mortos adultos eram cremados, mas as crianças enterradas, porque acreditava-se que elas renasceriam na próxima criança da mãe e a nova criança recebia o nome da falecida. As cinzas do morto eram guardas em um balaio pequeno. Hoje realiza-se um culto evangélico. Fora disso os filhos recebem um nome escolhido pelos avós paternos e as filhas pelo avós maternos. Todos recebem também o nome do pai, pois pertence à família extensa do pai.

Os rituais tradicionais são substituídos hoje pelos cultos da Assembleia de Deus quase todo dia, com hinos evangélicos cantados em Xokleng. Também fazem a comemoração do Dia do Índio (Wiik 1999). A Assembleia de Deus está em cada aldeia e não há igreja católica. Os lídres desejam literatura na língua para motivar as criança aprender a Xokleng. Um pastor em uma aldeia prega na língua mas os outros cultos usam português. Um coro da AD canta nas duas línguas e visita outras igrejas fora da Terra Indígena (Anonby e Anonby 2004). Os homens Xokleng usam cabelos curtos, calças e camisas, e as mulheres, cabelos longos, saias compridas e blusas (Wiik 1999). O culto pentecostal refaz um vinculo entre a fé e a cura, pois os pastores evangélicos fazem uma boa parte do trabalho médico dos pajés no passado, que expelem demônios e orar sobre os doentes (Wiik 1999). O COMIN da Igreja Lurerana e a CIMI também servem os Xokleng.

Cosmovisão: Diante do Pentecostalismo, reformularam suas antigas crenças e práticas religiosas, à luz de uma nova realidade sociocultural, sem perder sua identidade (Wiik 1999). Os Xokleng têm mitos da criação e de um grande dilúvio.

Comentário: Ursula Wiesemann iniciou planos para um projeto de desenvolvimento da língua com o chefe Aniel, o Pasto Edi da AD e outros (Anonby e Anonby 2004).

Bibliografia:

  • ANONBY, Stan e ANONBY, Sandy, 2004, ‘A Report on Xokleng Language Maintenance’, Brasilia: SIL: SIL Electronic Survey Reports 2004-002. www.language-archives.org/item/oai:sil.org:9165 acessado 4 de fevereiro de 2015.
  • DAI/AMTB 2010, ‘Relatório 2010 – Etnias Indígenas do Brasil’, Organizador: Ronaldo Lidório, Instituto Antropos instituto.antropos.com.br
  • HEMMING, John, 2003, Die If You Must – Brazilian Indians in the Twentieth Century, London; Pan Macmillan.
  • HOFFMANN, Kaio Domingues, 2011, ‘Música, Mito e Parentesco: Uma Etnografia Xokleng’, Florianópolis: Universidade Federal de Santa Catarina; Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social, www.musa.ufsc.br/docs/musicamitoparetescoxokleng.pdf
  • SIL 2013, Lewis, M. Paul, Gary F. Simons, and Charles D. Fennig (eds.). 2013. Ethnologue: Languages of the World, Seventeenth edition. Dallas, Texas: SIL International. Online version: www.ethnologue.com
  • WIIK, Flavio Braune, 1999, ‘Xokleng’, Povos Indígenas do Brasil, Instituto Socioambiental, São Paulo. pib.socioambiental.org/pt/povo/xokleng