Piripkura (Kawahiva)

David J. Phillips

Autodenominação: Nós não sabemos como essas pessoas se denominam, mas os seus vizinhos, os índios Gavião, os chamam de ‘Piripkura’, ou o ‘povo borboleta’, que descreve a maneira como eles constantemente percorrem as florestas (Survival International).

Outros Nomes: Tupi-Kawahib. Os Piripkura são um subgrupo do isolados Kawahiva do Rio Branco (Isolados do rio Madeirinha DAI/AMTB 2010) veja o perfil.

População: 20 quando a FUNAI fez primeiro contato em 1989.

Localização: Mato Grosso. Terra Indígena Piripkura, nos municípios de Colniza e Rondolândia, de 242.500 ha, está em estudos e interditada (FUNAI). Atualmente, a FUNAI coordena e apoia ações de proteção e promoção em 19 terras indígenas habitadas por grupos indígenas de recente contato, como os Zo’é, Awá Guajá, Avá Canoeiro, Akun’tsu, Canôe, Piripkura, Arara da TI Cachoeira Seca, Araweté, Suruwahá e Yanomami, entre outros (FUNAI).

Língua: Eles falam Tupi-Kawahib, uma família de línguas partilhada por várias tribos no Brasil.

História: Os Piripkura eram cerca de 20 pessoas quando a FUNAI fez o primeiro contato no final da década de 80. Após contato, eles voltaram para a floresta. Desde então, o contato foi restabelecido, com três membros da tribo. Uma índia Piripkura chamada Rita foi descoberta em uma fazenda, que fala português com dificuldade e sua língua é tupi-kawahib. Ela contou sobre o massacre sofrido por seu povo há cerca de 30 anos, quando homens armados invadiram sua aldeia e várias pessoas eram decapitadas e as casas incendiadas. Ela fugiu para vagar na floresta e depois foi escrava dos peões de uma fazenda madeireira, mas foi resgatada em 1984 pela FUNAI (01/07/2010 Autor: Felipe Milanez Fonte: Vice – http://www.viceland.com/). Depois se casou com outro indígena. O madeireiro Renato Pinto e setenta homens foram acusados de matar índios Piripkura que viviam em suas terras de Rita. O processo contra eles até hoje não foi instaurado.

Em 1998, dois homens Piripkura, Mande-í e Tucan, saíram da floresta por vontade própria. Um deles estava doente e foi hospitalizado. Durante o curto período de tempo que passou no hospital, ele falou sobre o passado recente, quando o seu povo era mais numeroso e descreve como eles haviam sido massacrados por pessoas brancas, e como ele e seu único companheiro se locomoviam na floresta caçando, pescando e coletando alimentos. Nós não sabemos se há outros sobreviventes Piripkura. Mas, os índios estão em perigo, porque sua terra é constantemente invadida por madeireiros ilegais que bloqueiam caminhos na floresta para impedi-los de caçar. A FUNAI assinou uma ordem temporária proibindo a entrada de qualquer pessoa na terra Piripkura sem permissão, como também a realização de atividades econômicas na área (Survival International).

Estilo da Vida: Os Piripkura se localizam na área entre os rios Branco e Madeirinha, afluentes do rio Roosevelt, Mato Grosso. Já foram contatados dois índios, e parece existir mais um grupo sem contato de cerca 17 pessoas. A área da Terra Indígena Kawahiva do rio Pardo é de 410.000 ha, está sob constante invasões e ameaças dos madeireiros. O Posto da FUNAI recebeu telefone e internet para proteção dos índios em Colniza. Outro equipamento ainda seria destinado ao posto próximo à área dos Piripkura em 2010.

Os Piripkura deslocavam-se em uma área maior que a atual proposta Terra Indígena, que corresponde apenas a uma parcela do antigo território tradicional. O Ministério Público Federal (MPF) em Mato Grosso em ação civil pública protocolada no último dia 19 de abril, 2013, declarou que é absolutamente necessário e urgente que a União e a Fundação Nacional do Índio dêem início, de imediato, ao procedimento de identificação e demarcação da T. I. dentro um prazo de 30 dias. E que a FUNAI mantenha uma equipe permanente de fiscalização na terra indígena, para impedir o ingresso e a permanência de não-índios (25/04/2013 Fonte: MPF/MT – http://noticias.pgr.mpf.mp.br/).

Sociedade: Os índios isolados denominados Piripikura fazem parte de um subgrupo dos Kawahiva, que ocupam os municípios mato-grossenses de Colniza, Rondolândia e Aripuanã. Segundo documentação histórica, esses indígenas se comunicam exclusivamente por meio da sua língua indígena, mantêm intacto seu universo simbólico e cosmológico e continuam rejeitando o processo de colonização, com a sobrevivência baseada em práticas produtivas tradicionais por caça, pesca, coleta e fabricação de utensílios. Mas sua terra tem sofrido grandes impactos, com a instalação de pastos e a abertura de estradas que facilitam a movimentação de ocupantes não indígenas.

Artesanato:

Religião: Sem informações.

Cosmovisão: Conforme as informações da FUNAI o povo mantem intacto seu universo simbólico e cosmológico.

Comentário:

Bibliografia:

  • DAI/AMTB 2010, ‘Relatório 2010 – Etnias Indígenas do Brasil’, Organizador: Ronaldo Lidório, Instituto Antropos –http://instituto.antropos.com.br/
  • HEMMING, John, 2003, Die If You Must – Brazilian Indians in the Twentieth Century, London; Pan Macmillan.
  • Noticias, Povos Indígenas do Brasil, Instituto Socioambiental, São Paulo. http://pib.socioambiental.org/pt/povo/piripkura/
  • SIL 2015, Lewis, M. Paul, Gary F. Simons, and Charles D. Fennig (eds.). 2014. Ethnologue: Languages of the World, Eighteenth edition. Dallas, Texas: SIL International. Online version: http://www.ethnologue.com