Katikuna-Juruá — Noke Kuin

David J. Phillips

Autodenominação: Noke Kuin que significa ‘gente verdadeira’. ‘Katukina’ é um termo genérico que refere a cinco etnias distintas e não é reconhecido pelo povo. Usam-se também os nomes dos seis clãs (Lima 1999).

Outros Nomes: Waninawa, Katikuna-Pano (DAI/AMTB 2010). Katkuna Pano (Lima 1999). Catuquina, Kamanawa, Kamannaua, Katukina do Juruá, Waninnawa (SIL).

População: 404 (DAI/AMTB 2010), 594 (FUNASA 2010), 700 (S. Kennell 2010).

Localização: AC, AM duas Terras Indígenas

T. I. Campinas/Katukina, AC, de 32.623 ha floresta ombrófila aberta, atravessada pela BR-324, no norte do estado nos municípios de Tarauacá (AC) e Ipixuna (AM), homologada e reg. CRI e SPU, com 554 Katukina Pano (SIASI/SESAI 2012).

T. I. Rio Gregório, AC, de 187.400 ha de floresta ombrófila aberta, foi estendida em 2006, declarada, no município de Tarauacá, com 537 Katukina Pano e Yawanawá (SIASI/SESAI 2012).

Língua: Katukina da família linguística Pano, do ramo Shipibo dentre Capanahua, Remo, Shipibo-Conibo (Peru) e Marúbo (Brasil). Dialetos: Ararapina, Arara-Shawanawa (Shawanawa-Arara), Ararawa, Sanainawa (Saninawacana). Menos que 50% são fluentes em português (SIL).

História: A região era rica em seringueira e caucho e com cíclico da borracha que começou em 1880, os caucheiros e seringueiros peruvianos e brasileiros invadiram a região. Os Katukina e os demais povos do alto Juruá eram cercados..O caucho esgotou-se rapidamente e os peruvianos saíram cedo e a fronteira foi definida somente em 1909, mas os seringueiros se estabeleceram. Os Katukina se deslocaram constantemente, para escapar as tentativas de eliminar os indígenas. Seu território e sua população foram drasticamente reduzidos.

Durante os anos 50 a maioria dos Katukina estavam reunidos no seringal Sete Estrelas no rio Gregório, mas depois dez anos uma parte partiu e estabeleceu-se próximo da foz do Riozinho da Liberdade. Este grupo se deslocou de novo para trabalhar com o 70. Batalhão de Engenharia de Construção no desmatamento para a construção da BR-364, formaram uma aldeia na margem da rodovia para facilitar acesso ao comércio em Cruzeiro do Sul. A chegada da Missão Novas Tribos do Brasil no rio Gregório deu a possibilidade de assistência médica e da educação na sua língua (Lima 1999).

Estilo da Vida: Na T. I. Campinas os Katukina vivem em cinco aldeias às margens da rodovia BR-364. As casas são do tipo regional com paredes de madeira e telhado de aço corrugado. Depois do asfaltamento da rodovia a caça é escassa e os índios dependem dos alimentos que compram em Crueiro do Sul, 55 k, da aldeia (Lima 1999). Houve uma mudança da população entre as Terras era devida ao asfaltamento da rodovia. A população cresceu de 300% em vinte anos: Em 1977 100 na aldeia do rio Gregório e 77 na aldeia do rio Campinas. Em 1998 houve 98 do rio Gregório e 220 do rio Campinas. Em 2008 houve 82 do rio Gregório e 503 do rio Campinas.

Os homens caçam especialmente na época da chuva, entre novembro e abril. Os homens também preparam as roças durante a estação seca, maio a julho e em setembro fazem a coivara e plantam a macaxeira. As mulheres plantam a batata doce, a taioba, o inhame, o mamão, o abacaxi, a cana-de-açúcar e o algodão. Os homens fazem a colheita da macaxeira e da banana. As mulheres preparam os alimentos e a caiçuma. Ambos os gêneros plantam o arroz e fazem a coleta de frutos silvestres.

Sociedade: As aldeias consistem de um casal com seus filhos e suas famílias. Atualmente a regra é patrilocal, mas no passado a prática era uxorilocal. A preferencia de casamento é de primos cruzados. O povo é divido em seis clãs: Varinawa (povo do Sol), Kamanawa (povo da Onça), Satanawa (povo da Lontra), Waninawa (povo da Pupunha), Nainawa (povo do Céu) e Numanawa (povo da Juriti). Os nomes Katukina dados às crianças são dos parentes, por exemplos dos avós.

Artesanato:

Religião: Os Katukina aplicam o veneno do kampô (Phyllomedusa bicolor) no braços dos homens e nas pernas das mulheres. Na interpretação nativa, assim eliminam-se os males do corpo que impedem o pleno desenvolvimento das capacidades físicas.

Cosmovisão:

Comentário: Jerry e Gloria Kennell (NTMB) têm analisado a língua e estão traduzindo a Bíblia. Cinco livros do Novo Testamento e porções do V. T. foram completos em 2009. Mais pessoas estavam assistindo as reuniões em quatro aldeias, necessitando mais estudos bíblicos e a repetição do estudos básicos para ajudar os novatos (http://blogs.ntm.org/jerry-kennell/).

Bibliografia:

  • DAI/AMTB 2010, ‘Relatório 2010 – Etnias Indígenas do Brasil’, Organizador: Ronaldo Lidório, Instituto Antropos –instituto.antropos.com.br.
  • LIMA, Edilene Coffaci de, 1999, ‘Katukina Pano’, Povos Indígenas do Brasil, Instituto Socioambiental, São Paulo.pib.socioambiental.org/pt/povo/katukina-pano.
  • SIL 2013, Lewis, M. Paul, Gary F. Simons, and Charles D. Fennig (eds.). 2013. Ethnologue: Languages of the World, Seventeenth edition. Dallas, Texas: SIL International. Online version: www.ethnologue.com.