Kuruaya

David J. Phillips

Autodenominação: O nome está relacionado ao rio Curuá, e se identificaram com o local quando chegaram depois de migrarem do rio Tapajós.

Outros Nomes: Xipaia-Kuruaya, Curuaia, Kuruaia, Xipáia-Kuruáia (DAI/AMTB 2010).

População: 129 (DAI/AMTB 2010), 130 (FUNASA 2010), 159 (FUNAI 2010), 115 em aldeia Cajueiro (SIL 2007).

Localização: No Pará, na margem direita do rio Curuá, no município de Altamira e em duas Terras Indígenas:

T. I. Kuruáya, PA, de 166.784 ha nas duas margens do rio Curuá, contígua no norte com a T. I. Xipaia e a Estação Ecológica da Terra do Meio ao leste, homologada e registrada no CRI e SPU, com 159 Kuruaya (FUNAI 2011).

T. I. Xipaia conforme SIL.

Língua: Kuruaya e Português. Kuruáya é da família linguística Tupi – Mundurukú. Poucas pessoas falam a língua, a maioria falam português (SIL). Alguns falam Xipaia e em Altamara existem casamentos interétnicos (SIL). Uma pessoa na aldeia e oito na cidade de Altamira falam a língua materna (Patrício 2003).

História: Os Kuruaya sempre viviam ao longo do rio Iriri, afluente da margem esquerda do rio Xingu e seu afluente o rio Curuá. Eles vieram do oeste do rio Tapajós, depois uma ruptura com os Mundruruku. Eram descritos nos relatórios de padres e viajantes no século XVII. Uma expedição do presidente da Província do Grão Pará em 1685 teve a participação dos Kuruaya como ajudantes. Em 1863 um outro presidente observou que os Kuruaya eram uma tribo bastante populosa e brava. Foram obrigados trabalhar nos seringais quando o preço da borracha e de castanha era bom, e trabalharam na extração de peles de animais quando isso rendava mais. Os Kuruaya sofreram ataques dos Munduruku vindo do oeste e dos Kaiapó vindo do leste e do sul em 1885. Viviam na margem esquerda do rio Curuá e nos Igarapés Baú, Flechas e Curugés, afluentes da margem direita (Patrício 2003). Também houve casamentos mistos entre os nordestinos importados à região pelos governo como seringueiros e os Xipaya e os Kuruayas (Simoni e Dagnino 2012.4).

No início do século XX uma expedição do Museu Paraense Emilio Goeldi teve os Kuruaya com guias. Na segunda metade do século XX estavam espalhados ao longo do rio Curuá em pequeno grupos de famílias nucleares. Os Kuruaya foram atacados pelos Kaiapó Gorotire em 1918, e eles se espalharam, alguns foram ao rio Tapajós, outros ao do rio Iriri e outros ainda se juntaram com os Xipaia. Por isso em 1960 eram considerados de ser extintos. Eles se gruparam para retomar sua organização social pela iniciativa do casal João Lima e Maria das Chagas Lopes Kuruaya no Cajueiro Velho.

Nos anos 80 os Kuruaya no rio Curuá sofreram invasões e ameaças de vida pela presença das empresas mineradoras, Espeng Minérios e Minerais Ltda e Brasinor Mineração e Comércio Ltda e outras empresas. Eles sofreram agressão dos garimpeiros extraindo o ouro e o rio ficou poluído com mercúrio (Patrício 2003). Em 1993 os Kuruaya reivindicaram da FUNAI a revisão da área demarcada para sua Terra Indígena e um novo estudo resultou em uma proposta de 166.700 hectares e em 2002 a FUNAI podia fazer a demarcação jurídica.

Por 1999 os índios que viviam em Altamira buscaram seu reconhecimento étnico para conseguir diversos direitos como atendimento a casa de saúde, o registro das crianças e carteira de identidade dos adultos, CPF, etc. A criação da Associação do Povo Indígena Kuruaya (APIK) trouxe a esperança de facilitar seus relacionamento com as instituições públicas e não governamentais (Patrício 2003).

A construção da hidrelétrica de Belo Monte faz violência ao meio ambiente dos indígenas da Volta Grande e também na T. I. Xipaya. Os estudos ambientalistas do CIMI ajudou ao reconhecimento do povo Kuruaya (Simoni e Dagnino 2012.6).

Estilo da Vida: Os Kuruaya classificam a floresta em cinco ambientes, local de terras altas ou chapada; mata limpa ou castanhal; mata cerrada ou cerrado; baixão, igapó ou vale do rio; vale de grota ou vales de igarapés; e carrasco ou terreno pedregoso. A agricultura é da mandioca brava, milho, fava, arroz, macaxeira, cará, batata-doce, inhame e abóbora. Os homens fazem a broca, derruba, coivara e até o plantio e colheita, mas as mulheres e crianças ajudam da capina, plantio e colheita. Ao redor da aldeia ele cultivam árvores frutíferas como abacateiro, bananeira, cajueiro, goiabeira, mamoeiro, mangueira. também plantam melancia, cana-de-açúcar, e abacaxi.

Sociedade: A aldeia Cajueiro consiste de famílias nucleares que moram em casas separadas, mas ligadas por parentesco próximo. A maioria dos casamentos são com não indígenas, os outros como primos Kuruaya ou Xipaia. As decisões são tomadas pela liderança com o cacique e com a comunidade. O líder negocia os interesses da comunidade com as órgãos governamentais e não governamentais (Patrício 2003).

Artesanato:

Religião: São bem assimilados mas estão esforçando recuperar sua identidade étnica com os costumes.

Cosmovisão:

Comentário:

Bibliografia:

  • DAI/AMTB 2010, ‘Relatório 2010 – Etnias Indígenas do Brasil’, Organizador: Ronaldo Lidório, Instituto Antropos –instituto.antropos.com.br.
  • HEMMING, John, 2003, Die If You Must – Brazilian Indians in the Twentieth Century, London; Pan Macmillan.
  • PATRÏCIO, Marlinda Melo, 2003, ‘Kuruaya’, Povos Indígenas do Brasil, Instituto Socioambiental, São Paulo. pib.socioambiental.org/pt/povo/kuruaya.
  • SIL 2014, Lewis, M. Paul, Gary F. Simons, and Charles D. Fennig (eds.). 2014. Ethnologue: Languages of the World, Seventeenth edition. Dallas, Texas: SIL International. Online version: www.ethnologue.com.
  • SIMONI, Alessandra Traldi, DAGNINO, Ricardo de Samapaio, 2012, ‘População indígena e Território na Amazônia brasileira: estudo de caso da população Xipaya no município de Altamira, Pará’, Trabajo presentado en el V Congreso de la Asociación Latinoamericana de Población, Montevideo, Uruguay, del 23 al 26 de octubre de 2012.