Pitaguari

David J. Phillips

Autodenominação: Pitaguary ou Pitaguari. Era a designação de um lugar, e pode ser derivada do nome dos Potiguara. É agora a autodenominação dos índios que moram ao pé da serra entre os municípios de Maracanaú, Pacatuba e Maranguape no Ceará (Pinheiro 2007).

Outros Nomes: Pitaguary

População: 2.351 (DAI/AMTB 2010), 2.800 em 540 famílias (Gomes 2007.22), 3.793 (FUNASA 2010).

Localização: Municípios de Maracanaú e Pacatuba, CE.

Terra Indígena Pitaguary, CE, de 1.735,60 ha na região metropolitana de Fortaleza, tendo em seus arredores uma concentração de indústrias e urbanização crescente ao oeste de Pacatuba e a rodovia CE-350, declarada, com 3.383 Pitaguary (SIASI/SESAI 2013).

Língua: Português.

História: Os Pitaguary eram do tronco linguístico Tupi-Guarani e foram forçados da sua terra para migrar para bairros de Maracanaú e Pacatuba (Gomes 2007.22). Em 1665 os Potiguara formaram um grande aldeamento, conhecido como Bom Jesus da Aldeia de Parangaba. Depois da expulsão dos Jesuítas deu lugar a um processo de perdas de visibilidade indígena na Província, até o Governo declarou que não tinha mais índios. Grupos menores constituíram as Aldeia de São Sebastião de Paupina, de onde formaram mais tarde as aldeias de Caucia e a Aldeia Nova de Pitaguari (Pinheiro 2007).

O território da T. I. foi habitado pelos Pitaguary for muito tempo e é marcado na sua memória por uma série de acontecimentos onde os ancestrais, os ‘troncos velhos’ morreram. Em 1874 o sítio Pitaguary era registrado como o território de indígenas. Acredita-se que os Pitaguary de hoje descendam diretamente da população que se fixou nessa região, e os índios já queixaram de posseiros e fazendeiros que tinham invadido as terras. Mais tarde foram invadidas pela Polícia Militar e pela Empresa de Pesquisa Agro-pecuária do Estado (Pinheiro 2007).

Em 1993 deu o inicio da mobilização pela demarcação da T. I. e a doação de 107 ha e a mudança de algumas famílias representou a retomada e a criação da Aldeia Nova dos Pitaguary. Em 1997 o Grupo de Trabalho da FUNAI deu início à demarcação de 1.735,60 hectares (Gomes 2007.24). Depois o povo retomou 700 hectares da T. I.

Estilo da Vida: Vivem ao pé da serra entre Maracanaú e Pacatuba; nas comunidades de Maracanaú: Horto, Olho D’água e Santo Antônio dos Pitaguary. Em Pacatuba: Monguba. Vivem da caça, pesca e agricultura de algodão, milho, feijão, mandioca, jerimum e outra culturas. Têm grande conhecimento das ervas e plantas medicinais (Gomes 2007.22). A maioria moram nas fazendas ocupando seu território e são obrigados a pagar parte de sua produção agrícola para os ocupadores (Gomes 2004.23). Santo Antônio é a aldeia principal dos Pitaguari com a mais população. Ela possui diversas construções deixadas do tempo de ocupação estadual, a pequena igreja de Santo Antônio e acesso ao açude para banhar e comercio nos finais de semana. O ambiente com rios sazonais e recursos naturais apresenta imenso potencial para o turismo. 450 vivem na área da T. I. e 300 entre a população urbana não indígena (Pinheiro 2007).

Sociedade: Em 1991 começaram a articular politicamente sua identidade étnica e a busca dos seus direitos. Na aldeia Monguba, em Pacatuba foi criado a Casa de Apoio para reuniões. Organizaram o Conselho Indígena Pitaguary (COIPY) e depois surgiram outras organizações: o Conselho de Articulação Indígena Pitaguary (CAINPY), o Conselho Indígena Pitaguary de Monguba (COIPYM), Associação de Produtores Indígenas Pitaguary (APIPY), Articulação das Mulheres Indígenas Pitaguary (AMIPY e o Conselho dos Professores Indígenas Pitaguary (COPIPY) (Gomes 2007.24).

Artesanato: Fabricam colares, pulseiras e brincos feitos com penas, sementes, coco e palha (Gomes 2007.23).

Religião: Celebram o Toré que afirma sua identidade indígena. Há um Grupo Toré Mirim , crianças da aldeia de Santo Antônio que apresentam-se em festas e eventos culturais dentro e fora da aldeia (Gomes 2007.23). Os Pitaguari identificam lugares que simbolizam sua história e identidade. A mangueira é identificada como a ‘mãe natureza’ onde muito índio foi enforcado ou morreu de fome. Realizam também cada 12 de junho o Toré na sua sombra. (Pinheiro 2007).

Cosmovisão:

Comentário:

Bibliografia:

  • DAI/AMTB 2010, ‘Relatório 2010 – Etnias Indígenas do Brasil’, Organizador: Ronaldo Lidório, Instituto Antropos –instituto.antropos.com.br/
  • GOMES, Alexandre, et al, 2007, Povos Indígenas do Ceará, Organização, Memória e Luta, Fortaleza: Editora Ribeiros, pag 22ss, www.academia.edu , acessado 8-10-2015.
  • HEMMING, John, 2003, Die If You Must – Brazilian Indians in the Twentieth Century, London; Pan Macmillan.
  • PINHEIRO, Joceny de Deus, 2007, ‘Pitaguari’, Povos Indígenas do Brasil, Instituto Socioambiental, São Paulo. http://pib.socioambiental.org/pt/povo/pitaguari/