Torá

David J. Phillips

Autodenominação: Torá.

Outros Nomes: Toré, Torerge, Turá, Toraz, Torerizes.

População: 51 (SIL), 312 (DAI/AMTB 2010).

Localização: Próximos da foz do baixo rio Marmelos, afluente do rio Madeira, Amazonas. Vivem em uma T. I.:

Terra Indígena Torá de 54.961 ha., homologada e registrada no CRI, com uma população de 211 de Torá e os Apurinã (FUNAI 2010).

Língua: Falam português.Torá, mas não mais falantes conhecidos. É considerada de pertencer à família linguística Txapakura, mas nunca foi estudada (Peggion 1999).

História: No século XVII os Torá estavam espalhados por todo o rio Madeira e também em alguns dos seus afluentes. Eles resistiram as invasões dos colonos e atacaram os regatões em toda parte do rio Madeira até foram forçados a recuar à foz do rio Marmelos, assim perdendo a maior parte do seu território. O Padre Betendorf mencionou os Torerizes (Torá) morando no baixo e alto rio Madeira em 1690 (Peggion 1999).

Os Torá, vindo do rio Marmelos, atacaram as missões de Canumã e Abacaxis na foz do rio Madeira. A missão no rio Canumã foi fundado em 1811 pelos Carmelitas, com um mil Mundurinkú (Hemming 1987.210). Os Mundurukú, depois de guerrear contra os colonos e os outros índios, fizeram as pazes e tinham orgulho em ser aliados do Império Brasileiro e ajudaram combater os rebeldes da Cabanagem na década 30 do século XIX. Os Torá não aceitaram esta situação (Hemming 1987.228). Uma expedição foi montada para exterminá-los, agora concentrado por toda a extensão dos rios Marmelos e Machado. Infelizmente um grupo no rio Maici foram atacados e derrotados e os sobreviventes forçados a se transferir para a missão Abacaxis. Era considerado uma atrocidade na época (Peggion 1999). Os grupos dos Torá que ficaram isolados no interior foram atacados diversas vezes até eles renderam para ser cativos ou tropas contra os Mura.

Com a neutralização dos Parintintin o rio Madeira começou a ser invadido pelos caucheiros, seringueiros e garimpeiros. As armas dos colonos acabaram com a caça e as epidemias de doenças trazidas pelos brancos mataram mais índios do que as espingardas nos ataques diretos chamados ‘correrias’. Como escreveu em 1920, o missionário pesquisador, Kenneth Grubb da Missão Coração da Amazônia (WEC) para os índios: ‘É melhor cair no poder de nossos espíritos do que nas mãos dos Cristãos.’ (Hemming 2003.53). As ‘correrias’ eram igual à ‘limpeza étnica’ e genocídio de povos inteiros.

Estilo da Vida: Os Torá permanecem no rio Marmelos vivendo da sua agricultura, da caça e da pesca e comércio da castanha do Pará. Os Torá estão em sistema de escravidão de dívida para com seu ‘patrões’, os regatões, porque o preço calculado pela safra de castanha não é igual ao preços pedido pelos alimentos e artigos industrializados que os regatões suprem. Os comerciantes assistem as festas dos índios, como convidados fornecendo mercadorias, dando o sistema um caráter suportável (Peggion 1999). Sua aldeia é como uma fortaleza, em cima do barranco do rio Marmelos, na época da seca acesso envolve uma subida difícil em uma escada.

Sociedade: O sistema de compadrio é desenvolvido para incluir os Apurinã no T. I. e os patrões regatões e comerciantes. Também os Torá estão usando cursos de ONGs para a formação de professores e agentes de saúde e atrair de volta os parentes que moram nas cidades vizinhas, como Humaitá, Manicoré e Porto Velho. Assim pretendam reforçar a luta pela demarcação das suas terra e a formação de profissionais indígenas (Peggion 1999).

Artesanato:

Religião: Religião tradicional.

Cosmovisão:

Comentário:

Bibliografia:

  • DAI/AMTB 2010, ‘Relatório 2010 – Etnias Indígenas do Brasil’, Organizador: Ronaldo Lidório, Instituto Antropos –instituto.antropos.com.br.
  • HEMMING, John, 1987, Amazon Frontier-The Defeat of the Brazilian Indians, London: Pan Macmillan.
  • HEMMING, John, 2003, Die If You Must – Brazilian Indians in the Twentieth Century, London; Pan Macmillan.
  • PEGGION, Edmundo Antonio, 1999, ‘Torá’, Povos Indígenas do Brasil, Instituto Socioambiental, São Paulo. pib.socioambiental.org/pt/povo/tora.
  • SIL 2013, Lewis, M. Paul, Gary F. Simons, and Charles D. Fennig (eds.). 2013. Ethnologue: Languages of the World, Seventeenth edition. Dallas, Texas: SIL International. Online version: www.ethnologue.com.