Trumai

David J. Phillips

Autodenominação: A língua Trumai não apresenta palavras com a sequencia dos sons ‘tr’. É suposto que o nome Trumai veio de outro grupo. É possível havia um vogal entre o ‘t’ e ‘r’, por exemplo o nome era próprio, talvez Tirumai (Guirardello 2002).

Outros Nomes:

População: 147 (DAI/AMTB 2010), 97 (IPEAX 2011),

Localização: No rio Xingu, no Parque do Xingu, Mato Grosso, de 2.642.004 ha, homologada e registrada no CRI e SPU, com 16 povos, total 6.090 (SIASI/SESAI 2013).

Língua: Trumai (DAI/AMTB 2010), língua isolada da família Trumái. Gramatica, e muitas estórias gravadas sobre a extração de mel, fauna e flora, peixe, cobra, e anta, e aspectos da cultura por Raquel Guirardello-Damian e Emmanuel de Vienne (SIL). A maioria das crianças falam o português e usam línguas dos seus vizinhos como o Aweti, o Kamayurá ou o Suyá. O Kamayurá serve como uma especie de língua franca no Alto Xingu e há diversas palavras desta língua no vocabulário Trumai, como também termos do português (Guirardello 2002).

História: O território original dos Trumai era entre os rios Araguaia e Xingu, e mudaram-se por causa dos ataque de um outro povo, provavelmente o Xavante. Os Trumai são considerados o último povo de chegar a viver na área do Alto Xingu na primeira metade do século XIX, e experimentaram viver em diversas localidades. Sofreram ataques dos Suyá e dos Juruna. Participaram no sistema de trocas interétnicas fornecendo pedras usadas em machados e fabricaram sal de uma planta aquática. Eram produtores de algodão e do óleo de pequi. Em vez de usar a borduna e dormir em esteiras adotaram o arco e flechas e a rede de dormir. O povo perdeu parte da sua população devido aos conflitos com outros povos e depois com a chegada de epidemias de gripe, sarampo e disenteria. A população diminuiu até 43 indivíduos em 1938 e apenas 18 em 1952. Com casamentos interétnicos seu número começou a recuperar. Na primeira metade do século XX viviam no sul no baixo rio Kuluene e depois se transferiram para o norte perto do Posto Diauarum para receber assistência médica por causa das epidemias.

Em 1968 montaram uma aldeia perto do Posto Leonardo Villas Boas. Mudaram-se para outra aldeia e depois para Terra Preta na margem esquerda do rio Xingu. Na década 80, criaram uma terceira aldeia chamada Steinen. Hoje vivem no centro do Parque na margem esquerda do rio Xingu, mas ainda visitem as roças antigas no território entre o Posto Diauarume o Posto Leonardo. Com a sua dispersão atual o povo está perdendo algumas das suas tradições e cultura (Guirardello 2002).Também não há muitas falantes da língua que é isolada.

Em 2007, com o apoio de índios, madeireiros extraíram ilegalmente cerca de 16 mil metros cúbicos de madeira de lei em uma área de 800 hectares dentro do Parque Indígena do Xingu, em Mato Grosso, entre agosto de 2004 e julho deste ano. Os números foram levantados pelo ISA (Instituto Socioambiental), que acompanhou a ação das madeireiras por meio de imagens de satélite. Seis índios Trumai foram presos e a FUNAI tentou sem sucesso sua libertação. Os madeireiros extraíram o equivalente R$ 28,16 milhões com a retirada de aproximadamente 2 mil cargas em toras de uma área de 8,5 mil hectares.

Estilo da Vida: Os Trumai vivem em quatro aldeias, Terra Preta, Boa Esperança, Steinen e no Posto Indígena de Vigilância Terra Nova e algumas famílias nas cidades de Canarana e Feliz Natal.

Sociedade: Os professores das escolas indígenas com o auxilio do Instituto Socioambiental têm feito tentativas de estimular as crianças usar a língua Trumai, com um livro de ensino publicado em 2002.

Artesanato: Produzem o sal de aguapé apenas para consumo próprio.

Religião: Os Trumai adotaram aspectos dos mitos e os rituais e hoje compartilham uma série de aspectos culturais com uma rede de especializações comerciais e rituais com os povos do Alto Xingu. Porém ainda têm costumes que são diferentes, por exemplo, não realizam a cerimônia do Kwarup e consomem alimentos proibidos para os demais povos do Alto Xingu. Introduziram as cerimônias do Jarwary e do Tawarawanã, eles abandonaram o Kwarup, dizem, quando os troncos que representam os mortos, os atacaram.

O Jawary é um ritual dedicado à homenagem dos guerreiros mortos. O evento central é uma disputa, entre dois grupos, atirando dardos de um propulsor. Os cantos são de guerra e a paz, e o ritual cria um espaço para formar uma aliança com os inimigos e com as mulheres. Após mais de duas décadas sem ser realizado, o ritual sagrado Jawary está ressurgindo entre o povo indígena Trumai, no interior do Parque Indígena do Xingu. Motivo de grande orgulho para os Trumai, o Jawary ocorreu nos dias 8 e 9 de agosto, no Médio Xingu, e contou com o apoio da Funai. Os cantos usados falam de muitos dos animais da caça, que indica um povo mais voltado à caça de que a pesca como os outros povos do Alto Xingu (Guiardello 2002).

O Tawarawanã é uma festa realizada de manhã com os homens vestem uma saia de buriti e se enfeitam com folhas de bananeira, cocares e folhas nos braços de uma árvore cheirosa. Eles dançam, enquanto dois cantores, acompanham tocando um chocalho e um tambor. primeiro as mulheres dançam sozinhas e depois se juntam com os homens segurando o ponto da saia (Funai 2015).

Cosmovisão:

Comentário:

Bibliografia: