Tuxá

David J. Phillips

Autodenominação:

Outros Nomes: Rodela, Todela

População: 3.927 (DAI/AMTB 2010), 2.142 (FUNAS 2010).

Localização: AL, BA, PE,

Reserva Indígena Nova Rodelas (área urbana), BA, de 104 ha, ao norte de Rodelas, próxima a margem do rio São Francisco, situação jurídica: Adquirida /assentimento, com 409 Tuxá (FUNASA 1999).

Reserva Indígena Riacho do Bento, BA, situação jurídica é reservada, ao oeste de Rodelas na rodovia BA-210, de 4.032 ha, com 708 Tuxá (FUNAI 1994).

Área Indígena Tuxá de Ibotirama, BA, ao norte da cidade na margem direita do rio São Francisco, atravessada pela rodovia que liga com Morpará, homologada com 2.019 ha e 639 Tuxá (FUNAI/SEII 2011).

Reserva Indígena Tuxá de Inajá/ Fazenda Funil, PE, Entre a margem direita do rio Moxotó e a rodovia PE-336, junto aos limites do município pernambucano de Inajá, com uma área apenas 141 ha (ISA) e uma população de 1.671 Tuxá (FUNASA 2010)

Reserva Indígena Fazenda Remanso, BA, com 327 ha, reservada e registrada no CRI e população de Tuxá desconhecida.

Reserva Indígena Fazenda Sitio, BA, com 414 ha, reservada e registrada no CRI, população desconhecida.

Reserva Indígena Kariri-Xoxó do Bananal, DF, situação jurídica reservada, de 22 ha, com uma população desconhecida de Tuxá e Kariri-Xoxó.

Língua: Português. Os Tuxás perderam por completo a prática de sua língua materna e de outros elementos importantes de sua tradição.

História: Os Tuxá se identificam como da nação Proká, um remanescente da etnias reunidas nas missões do Nordeste no século XVII, no curso do rio São Francisco. Suas tradições se lembram da colonização pelos holandesas (Equipe 2013). Eram donos de trinta ilhas no rio São Francisco, cultivavam 100 hectares férteis. As ilhotas temporárias do São Francisco, que surgiam após o período da enchente, eram as suas casas naturais. Ali, o povo Tuxá enterrava os antepassados, protegia os locais sagrados para seus rituais. A cidade de Rodelas originou-se de uma dessas missões, chamada de Missão de São João Batista de Rodelas. Houve muitas pressões de pecuaristas em torno da região, onde foi sendo reduzido cada vez mais o espaço dado às missões, o que ocasionou agrupamento compulsório de vários povos em um mesmo território (Blogspot 2008).

Houve muitos acontecimentos brutais em muitos pontos no litoral do nordeste do Brasil nos últimas décadas do século XX. Os conflitos eram sobre a terra de indígenas que eram bem aculturados praticam a agricultura da mesma maneira dos colonos que os cercaram em todo lado. Todos estes povos indígenas comunicaram em português e muitos se casaram com não índios. No princípio do século XX o SPI percebeu que a maioria estavam bem assimilada à sociedade nacional que era a sua política na época e não precisava da sua atuação. A situação melhorou nas décadas 50 e 60 quando postos foram montados para os Atikum na Serra da Umã, os Pankararu, os Kiriri em Mirandela, os Truká na ilha no rio São Francisco e os Tuxá próximos a Rodelas, Bahia. Os Tuxá vivem na margem do rio São Francisco e tinham duas parcelas de terra de total de 240 hetares por 357 indivíduos (Hemming 2003.584, 590). Os Atikum, pretos e chamados caboclos por si mesmos e por outros, eles pediram os Tuxá os ensinar o Toré.

Durante o século XIX a remanescente dos Tuxá quase misturou-se com a população de Rodelas. Mas quando a cidade foi coberto com as águas da represa do hidroelétrico Itaparica eles não receberam as bombas de irrigação necessárias para começar a cultivação da terra seca que receberam. Em protesto ocuparam os escritórios da Companhia Hidro Elétrica do São Francisco (CHESF) em 1993 e 1997 mas sem resultado. Somente em 1999 150 famílias receberam terras mais próximas às suas terras tradicionais (Hemming 2007.597). Das 240 famílias que viviam à beira do São Francisco em um único regime, três grupos surgiram, dividindo-se entre Rodelas Nova (90 famílias), Ibotirama (96) e Inajá (9), em Pernambuco. Para compensar os Tuxá por falta de terra a CHESF passou a pagar salários aos indígenas. Em 2005 cada família recebia R$ 461,00. Já faz vinte anos e até agora, a terra não foi entregue (Blogspot 2008).

Estilo da Vida: Moravam em ilhas no rio São Francisco, inclusive a Ilha da Viúva, que foram submersas pela lagoa da represa. Na memoria dos velhos a Ilha da Viúva, em Rodelas (BA), tinham suas roças, havia plantações de várzea, árvores frutíferas, hortaliças e criação de animais.

Foram mudados para três áreas: Duas áreas urbanas no município de Rodelas (Áreas Indígenas Tuxá de Rodelas e Nova Rodelas), ambos no estado da Bahia no município de Rodelas. A maioria dos Tuxá vive na cidade de Rodelas, reconstituída depois de ser inundada pelas águas da represa do usina de Itaparica. Vivem em uma aldeia urbana de mais de 60 casas. Constituem a sua “aldeia” num prolongamento da área central da cidade, a noroeste, acompanhando o curso do Rio São Francisco. A aldeia compõe-se de um arruamento com dezenas de casas, habitadas unicamente por famílias indígenas, além de uma área arenosa vizinha, com aproximadamente 1km.

Outro grupo vive nos limites do município de Ibotirama (Área Indígena Tuxá de Ibotirama. Outro grupo mora no município de pernambucano de Inajá (T. I. Tuxá da Fazenda Funil).

O terceiro grupo é a população da Área Indígena Tuxá de Inajá, que é composta por famílias Tuxá transferidas de terras em Itacaratu, PE, submersas pelo lago da hidrelétrica de Itaparica, conforme convênio firmado entre FUNAI e CHESF em 1985 (Blogspot 2008).

Os Tuxá eram tradicionalmente pescadores e agricultores na ilhas do rio São Francisco. Atualmente dedicam-se quase de forma exclusiva na produção comercial de cebola, substituindo os cultivos de subsistência. Eles têm abandonado as atividade tradicionais como o artesanato, e dependem dos produtos industrializados, inclusive geladeira, televisores, etc. (Blogspot 2008).

Sociedade: Os Tuxá vivem em grupos de famílias nucleares. Eles têm um cacique, que tem um papel menos central no povo e ainda têm o pajé, o capitão e o conselheiro. O pajé ainda têm muito prestígio, dirige os rituais do Torê e o Particular e é considerado o guardião das tradições. O capitão trata dos afazeres da aldeia e conselheiro as relações com a sociedade nacional.

Na cidade de Rodelas a escola desde de 2001 só conta com professoras índias. As crianças são orgulhosas em preservar as tradições indígenas por pintar o rosto, o corpo, e colocam sua indumentária e pedem proteção espiritual para puxar o Toré, uma dança sagrada. As letras falam da natureza, de Deus (Blogspot 2008).

Artesanato:

Religião: Os Tuxá mantinham conhecimento do Toré, o principal ritual para se diferenciar da sociedade nacional e para ensiná-lo aos outros índios. Todos participam nos cânticos e danças, acompanhados por beber jurema e fumar cachimbos rituais, e um apito especial para atrair os espíritos protetores da aldeia. O Toré é celebração, um ritual de integração entre os sentimentos indígenas e a mãe natureza, buscando a conexão com a energia divina. O ‘Particular’ é uma cerimonia limitada aos casais tuxá, realizada fora dos limites da cidade a cada duas semanas. A jurema sagrada é uma bebida alucinógena preparada com entrecasca do vegetal de mesmo nome e é remanescente da tradição religiosa dos índios que habitavam o Nordeste. Com os quilombolas havia uma troca de tradições entre os índios e os africanos.

Também os Tuxá participam nas novenas da festa de São João Batista, padroeiro de Rodelas (Equipe 2013).

Cosmovisão:Toré é um ritual de cantos sagrados em que os índios desenvolvem o sentimento de integração, amor, a união e a força para sustentar sua cultura, envolvendo as artes da natureza, dos animais e plantas, o vento, a terra, o fogo e as águas. Oritual é tido como uma confluência e presença concomitante do sobrenatural, da natureza e da humanidade. Revivam no ritual a unidade da tribo entre homens, mulheres e crianças, inclusive seus ancestrais pelo som do maracá. A Xanduca (cachimbo com tabaco) é considerada a forma de oração individual, solta as fumaças levando os agradecimentos e os pedidos (Blogspot 2008).

Comentário:

Bibliografia:

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