Wassu

David J. Phillips

Autodenominação:

Outros Nomes: Wassu-Cocal, Uassu-cocal. Da etnia Kariri.

População: 1.560 (DAI/AMTB 2010), 1.906 (FUNASA 2010).

Localização: AL (DAI/AMTB 2010). Terra Indígena Wassu-Cocal, AL, de 2.744 ha em quatro municípios Joaquim Gomes, Matriz do Camaragibe, Colônia Leopoldina e Novo Lino, homologada em 1991. Em 2012 a área foi aumentada para 11.842 hectares, que foi identificada e aprovada pela Funai, mas é suspensa por decisão da Justiça. A população é de 1.906 Wassu (FUNASA 2010).

Língua: Português

História: Os Wassu-Cocal viviam na região do leste de Alagoas por muito tempo. Em 1630 quando Pernambuco foi invadido pelos Holandeses, os senhores de engenho portugueses acabaram por abandonar suas terras. Muitos dos seus escravos africanos fugiram e buscaram abrigo no Quilombo dos Palmares em Alagoas. Em 1670 o quilombo já abrigava em torno de 50 mil escravos. Eles costumavam tirar alimentos da plantações e dos engenhos, tanto na época dos Holandeses quanto depois sua expulsão. Zumbi era o líder dos quilombolas em conflitos que durou cinco anos. Os Wassu-Cocal participaram a última batalha e receberam terras para o aldeamento por doação pela coroa portuguesa como recompensa. Outra versão da história diz que a aldeia Cocal, origina-se da migração de indígenas Xucuru, Kariri e Tupi das aldeias de Jacuípe, Urucu e Barreiros para o Cocal durante a década de 30 do século XIX.

O aldeamento Wassu, naquele tempo apenas denominado por Cocal, aparece na documentação do Diretório dos Índios na década de 1830. Em 1865 o Diretor Geral dos Índios, José Rodrigues Leite Pitanga, informou ao presidente da província de Alagoas que o aldeamento Cocal estava demarcado, exceto o lado esquerdo do rio Camaragibe. Sua localização coincide com a atual aldeia Wassu a margem esquerda do rio Camaragibe e distante cinco léguas da povoação de Leopoldina.

Conforme os mais velhos indígenas da etnia, a nação indígena Wassu-Cocal, em Joaquim Gomes, Alagoas, teve participação na Guerra do Paraguai, ocorrida entre os anos de 1864 e 1870. Eles relatam como os índios foram à guerra e quais benefícios o Governo da época prometeu aos mesmos. Mas apesar de alguns aldeamentos estarem em avançado processo de demarcação, eles foram extintos por Decreto Provincial em 1872, com os resultado índios desaldeados e caracterizados como camponeses.

Somente em 1970 os Wassu iniciaram a busca pelo reconhecimento oficial e restabelecimento territorial. Em 23 de dezembro de 1991 o presidente Fernando Collor de Melo assinou o decreto N º. 392 que homologou, a demarcação administrativa promovida pela FUNAI, da área indígena Wassu-Cocal, caracterizada como de ocupação tradicional e permanente indígena.

Estilo da Vida: A aldeia Wassu Cocal, nome antigo Urucú, no município de Joaquim Gomes tem 1.200 habitantes em 520 famílias. A comunidade falta alguns serviços públicos. Metade da aldeia não possui água encanada nem saneamento. Falta também assistência médica desde a FUNASA saiu.

Durante os anos 1950 quando os índios estavam desaldeados, 6,7 quilômetros da rodovia BR-101 foi construídos ao meio a Terra Indígena Wassu-Cocal. Também um grupo de trabalho da FUNAI identificou áreas adquiridas pelos fazendeiros no inicio dos anos 2000 é terra indígena e deveria ser abrangida pela ampliação da reserva. Uma fazenda pertence à família do prefeito de Joaquim Gomes. Em 2015 o processo foi suspensa.

O Projeto Agroflorestal da Aldeia de Wassu Cocal promove a reflorestamento da Terra Indígena. A comunidade tem um projeto de Apiário da Aldeia Wassu Cocal com o apoio da FUNAI, que deve produzir ‘duas toneladas de mel’ por ano.

Sociedade: Possuem 4 escolas com 435 alunos e 16 professores que ensinam a cultura indígena na comunidade. A liderança: Jeová José Honório da Silva – Cacique. José Cícero – Pajé.

Artesanato:

Religião: Depois séculos de contato negativo com a civilização europeia, os índios do Nordeste têm na religiosidade ancestral um dos seus mais importantes elos culturais para destacar sua identidade indígena. Seus ritos, denominados de Ouricuri, constituem a concepção que os índios têm a respeito do mundo nos seus mais diversos aspectos. É o que dá sentido à terra, à família, à identidade, à chefia. O ritual dá estrutura à vida cotidiana mediante a ordenação do sagrado, que é o aspecto da experiencia que a sociedade não-índia não consegue dominar. O ritual do Toré é realizado no terreiro na mata, denominado de Ouricuri, fechado aos não índios, e consiste de cantos e danças.

Cosmovisão:

Comentário:

Bibliografia:

  • DAI/AMTB 2010, ‘Relatório 2010 – Etnias Indígenas do Brasil’, Organizador: Ronaldo Lidório, Instituto Antropos –http://instituto.antropos.com.br/
  • HEMMING, John, 2003, Die If You Must – Brazilian Indians in the Twentieth Century, London; Pan Macmillan.
  • PEREIRA, Jéssika Danielle dos Santos, 2014, ‘Etnografando a Educação Escolar Indígena entre os Wassu-Cocal: algumas pistas sobre as concepções de seus professores’, Revista Espaço Acadêmico, No 158, Julho de 2014,Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Federal de Alagoas. http://www.periodicos.uem.br/ojs/index.php/EspacoAcademico/article/viewFile/22883/132.