Xereu

David J. Phillips

Autodenominação:

Outros Nomes: Xereu-Hixkaryana, Xereu-Katuena.

População: 215 (DAI/AMTB 2010)

Localização: Amazonas, Pará e Roraima. A Terra Indígena Kaxuyana-Tunayana com uma área de 2.184.120 ha., localiza-se nos municípios Nhamundá (AM), Oriximiná (PA) e Faro (PA), e é identificada, aprovada pela FUNAI e subjeita a contestação. É de ocupação tradicional dos povos indígenas Kaxuyana, Tunayana, Kahyana, Katuena, Mawayana, Tikiyana, Xereu-Hixkaryana, Xereu-Katuena, entre outros, além de índios isolados que, constituem três diferentes grupos, que precisam ter suas áreas de perambulação e moradia garantida. A T. I. tem uma população de 575 Kaxuyanna e Tunayana em 17 aldeias (FUNAI 2010).

Terra Indígena Trombetas Mapuera, sudeste de RR, noroeste do Pará, nordeste do Amazonas, de 3.970.898 ha., homologada e registrada no CRI, com uma população de 523 da etnias Hixkaryana, Katuenayana, Waiwai e isolados Karaawyana (SIASI/SESAI 2013). Incluem indivíduos que dizem são Xereu.

Língua: Wai wai, português (DAI/AMTB 2010). A língua Hixkaryana é da família linguística karib e é muito semelhante outros dialetos falado na região como Waiwai, Xereu, Katuena, Karapawyana e Tunayana. A Bíblia foi traduzida em Waiwai pelos missionários evangélicos da MEVA. A língua hixkaryana, no contexto do rio Nhamundá, foi usada como modelo para a tradução do Novo Testamento pelos missionários do SIL. Hoje, a língua waiwai e a língua hixkaryana são largamente usadas numa vasta porção da região das Guianas em função da ação missionária.

História: Esses povos indígenas estão vivendo na região pelo menos desde o século XVIII. Houve um período de esvaziamento demográfico forçado no final da década de 1960. Eles sofreram de violações dos diretos humanos, inclusive as remoções forçadas de suas terras, para a implementação de projetos como a Rodovia Perimetral Norte. Na mesma década missionários evangélicos levaram boa parte dos índios Tunayana para uma missão no Suriname. Também muitos Kaxuyana morreram devidos a uma grande epidemia de varíola e sarampo, e depois isso, parte deles foi levado para uma Missão Tiriyó, no Parque do Tumucumaque. Este lugar era uma região de savana e eles nunca perderam o desejo de voltar às florestas do seu território tradicional. Os dois grupos regressaram no final da década de 1990.

Em 2009 índios receberam cidadania brasileira na aldeia Mapuera, onde vivem os Karapawyana, Wai-Wai, Katuena, Hixkaryana, Mawayana, Xereu, Cikiyana, Tunayana, Yapîyana, Pianokoto e Waimiri-Atroari (Agência Amazônica 01/10/2009).

Em 2015 os Xereu participou em Etapa Regional de Santarém realizada na Universidade Estadual do Pará com representantes de 24 outros povos indígenas. Presentaram 130 propostas sobre: Territorialidade e direito territorial dos povos indígenas; Autodeterminação, participação social e direito à consulta; Desenvolvimento sustentável de terra e povos indígenas; Direitos individuais e coletivos dos povos indígenas; Diversidade cultural e pluralidade étnica no Brasil; e Direito à memória e à verdade (FUNAI 20/08/2015).

Estilo da Vida: O meio ambiente da T. I. Kaxuyana-Tunayana é, hoje, muito preservada, havendo pouca ação humana que o altere. A Identificação e Delimitação foi começado em 2008 pela FUNAI. O entendimento de gestão do território foi realizado com a comunidade quilombola de Cachoeira Porteira na margem esquerda do médio rio Trombeta. Os rios Nhamundá, Mapuera, Cachorro, Trombetas, Turuni, Kuhá e Kaspakuro são usados pelos índios da região, para obter seus recursos por meio da caça, pesca, coleta, obtenção de material para construção de casas e cestarias (Funai 2015). As aldeias consistiam de uma maloca ou casa comunal dividida em famílias nucleares. Porém na década 1958 chegaram os missionários do SIL com assistência médica que contribuiu ao crescimento da população que se concentrou em torno de uma grande e única aldeia, Kassauá, com 570 indivíduos em 2010. A FUNAI chegou no anos 70. Em 2010 dez aldeia menores estão em existência (Queiroz 2010).

Sociedade: Dois grupos são distinguidos Xereu-Hixkaryana, Xereu-Katuena. Há, também, uma intensa circulação de pessoas entre essas diversas aldeias, motivada tanto pela rede de alianças matrimoniais como pela realização de festas e rituais. Dessa forma, na Terra Indígena Kaxuyana-Tunayana, há uma unidade cultural muito ligada a uma unidade territorial. Os indivíduos em conversação sobre sua filiação podem dizer sem hesitar que são Hixkaryana, mas depois dizem são Kamarayana ou ou Karahawyana, ou Yukwarayana, ou Xereu, ou Xowyana. Os grupos possuíam diferenças dialetais mínimas e compartilhavam um mesmos padrão cultural e de organização social (Queiroz 2010). Todos se consideram Waiwai, que sempre travaram relações matrimoniais, comerciais e cerimoniais com as populações vizinhas.

Artesanato:

Religião: Os Waiwai tendo diversas relações com os povos vizinhos, quando se converteram ao Cristianismo foram missionários aos seus vizinhos. O estudo linguístico da língua hixkaryana teve início em 1958 a partir do trabalho do casal do SIL, Desmond e Gracie Derbyshire. A partir de então, foram publicados textos e cartilhas para alfabetização, uma gramática, além da tradução completa do Novo Testamento (Queiroz 2010).

Cosmovisão:

Comentário:

Bibliografia:

  • DAI/AMTB 2010, ‘Relatório 2010 – Etnias Indígenas do Brasil’, Organizador: Ronaldo Lidório, Instituto Antropos –http://instituto.antropos.com.br/
  • HEMMING, John, 2003, Die If You Must – Brazilian Indians in the Twentieth Century, London; Pan Macmillan.
  • QUEIROZ, Ruben Caixeta de, 2010, ‘Hixkarvana’, Povos Indígenas do Brasil, Instituto Socioambiental, São Paulo. http://pib.socioambiental.org/pt/povo/hixkarvana/
  • SIL 2015, Lewis, M. Paul, Gary F. Simons, and Charles D. Fennig (eds.). 2014. Ethnologue: Languages of the World, Eighteenth edition. Dallas, Texas: SIL International. Online version: http://www.ethnologue.com