Pantamona – Kapon

David J Phillips

Autodenominação: Kapon que significa em patamuna ‘povo do céu’.

Outros Nomes: Kapon, Ingarikó (DAI/AMTB 2010). Ingariko é o termo usado pelos Makuxi para denominar os povos do mato (SIL). Patamona (PIB), Patamuna.

População: Brasil: 87, Guiana 5.500 (DAI/AMTB 2010). Brasil: 50, Venezuela: 200 Guiana: 4.700 (SIL). Brasil: 128 (FUNASA 2010), Guiana: 5.500 (PIB).

Localização: Roraima, Guiana.

Guiana: 13 aldeias nas regiões de Potaro-Siparuni, Upper Takutu-Upper Essequibo, nos cerrados na Serra Pacaraima (SIL). No alto rio Siparuni.

Brasil: Terra Indígena Raposa Serra do Sol de 1.747.464 ha homologada e registrada no CRE e SPU. Vivem na circunvizinhança do Monte Roraima, Serra do Sol, ao norte de Roraima, Brasil com Ingarkó, Makuxi,Taurepanga e Wapixans, população total: 21.362 (SIASI/SESAI 2012).

Língua: Pantamona, com Akawaio, forma a divisão Kapong da família linguística de Pemón, do ramo Caribe. Ou os Pantamona e Akawaio são dialetos da Kapong. Nomes alternativos: Eremagok, Ingariko, Kapon. 4.700 falantes na Guiana. Semelhante à Makuxi e se entendem, mas mais semelhante ao Akawaio. A comunidade da aldeia Paramakatoi sabem ler em inglês e Pantamona. Alguns são alfabetos em inglês em as outras aldeias. Novo Testamento traduzido em 2011. A língua é classificada de ser ameaçada (SIL).

História: A Serra Pakaraima e as chapadas vizinhas formam uma das ecossistemas mais vulneravas na terra; é uma paisagem bela que atrai turistas. É o território ancestral dos povos Pemon e Kapon, que incluem os Akawaio e Arekuna do vale Mazaruni e os Pantamona dos vales dos rios Potaro e Alto Ireng. A arqueologia indica a presença humana na região por 9.000 anos. Os Pantmona são conhecidos por coleções de cerâmica no Vale Tawong e no alto rio Siparuni, na Serra Pacaraima, Guiana. O pico mais alto é Roraima. As Cataratas de Kaieteur no rio Potaro, importantes na mitologia dos Pantamona, são cinco vezes mais alta que as mais conhecidas cataratas do mundo, com uma queda total de 251 metros. Os primeiros europeus para penetrar a região foram os irmãos Schomburgk em 1838 e 1842.

In 1973 o governo da Guiana planejou uma barragem hidroelétrica no Alto rio Mazaruni. Os oficiais informaram as comunidades indígenas que o plano não prejudicaria suas terras. Mas depois o governo informou que sete aldeias dos Akawaio seriam inundadas. Os Akawaio e outro indígenas apoiados pelo Survival International e o governo da Venezuela protestaram contra o projeto. Em 1984 o governo o abandonou o plano. No anos 90 o governo tentou prosseguir com os projetos do Amaila Falls Hydro Project (a represa cobriria 22.8 até 167.3 km quadrados) e o Upper Mazaruni Hydro Project (terceiro fase 2.590 km. quadrados). Também a mineração é planejada para extrair as reservas de minerais, como bauxita no vale do rio Kopinang, afluente do Alto Potaro. A mineração desta reserva destruirá a mata e os rios uma vasta região e as terras e comunidades de 28 aldeias dos Pantamona, situada em cima da bauxita (Colson 2013.43).

Em 2009 o Supremo Tribunal do Brasil decidiu a favor da demarcação feita pela FUNAI da Terra Indígena Raposa /Serra do Sol, que requere a saída de seis fazendas grandes de arroz do território dos Macuxi, Wapichana, Ingarikó, Taurepang e os Pantamona. A Rainforest Foundation trabalhou com a o Conselho Indígena de Roraima (CIR) em apoiar esta causa.

Estilo da Vida: Na Guiana as aldeias são Paramakatoi, Monkey Mountain, Kato, Taruka, Kaibarupai, Kopinang, Chenapaum Kurubaru. Paramakatoi é a maior, na altitude de 970 metros, com uma pista de avião. O povo falam inglês e pantamona. As comunidades praticam agricultura de coivara e e escolham as áreas melhores para cultivar que são faixas estreitas ao longo do Alto rio Mazaruni e nos afluentes Kamarang, Kako, Kukui e Haieka. Estas áreas seriam a primeiras para ser inundadas pela represa (Colson 2013.31). Também cada comunidade mantem áreas de reservas naturais no mato que não são visitadas, deixadas para os animais procriar, para ser caçados em outras áreas. Nestas áreas os Donos dos especies vivem preservando o esak ou força de vida dos animais. Os Pantamona são notórios por comer diversos insectos.

Sociedade: Os povos no rio Mazaruni se identificam conforme os rios onde estão situadas suas comunidades. Os recursos do território são herdados pela mulheres, e a sistemas de residencia é uxorilocal. O genro vive com a família da esposa e cuida dos seus recursos. A maioria das famílias mantem uma casa na aldeia e outra nas roças. As comunidades possuem escolas, igrejas, centro comunitários e postos de saúde. A população continua a crescer e nova aldeias foram formadas (Colson 2013.30).

Artesanato:

Religião: O nome das Cataratas de Kaieteur foi dado em homenagem a Kaie, um líder dos Pantamona. Ele, para salvar seu povo sendo atacado pelos inimigos, sacrificou-se ao grande espírito Makonaima ao atirar-se da quedas, uma queda de 251 metros. Os mitos contam que os heróis ancestrais, Makunaima and Chigï, eram os filhos do Sol que vieram à Terra e se casaram com mulheres de água e terra, assim simbolizando a união entre a luz e calor e umidade e a material para criar nova vida. Eles deram a paisagem de montanhas e rios aos seus netos os povos indígenas. Eles combinam os mitos com a crença cristã dizendo que Deus os deu o território.

Os Pantamona possuem um vasto conhecimento de flora medicinal, usado para tratar 143 doenças identificadas.

Cosmovisão:

Comentário: A Pilgrim Hoiness Church começou seu ministério na Guiana em 1913. Em 1936 o reverendo J. Maxey Walton fez uma expedição entre os Pantamonas, acompanhado por três outros missionários. Porém somente em 1945 que o pastor J. M. Walton, doi outros, começou um trabalho pioneiro entre a étnia na aldeia de Paramakatoi. Os primeiros obreiros permanentes em Paramakatoi em 1950 eram duas irmãs, Zillah Pinkerto e Ethyl Carew e o governo reconheceu a escola delas na comunidade. Em 1956 a equipe missionária era de cinco obreiros. Doris Wall estabeleceu a Paramakatoi Wesleyan Bible School e contribuiu à tradução do Novo Testamento, que foi completa em 2011. John Simon era o primeiro pastor local da Pilgrim Holiness Church. Em 2014 sua viúva Madeline Simon teve 106 anos.

Bibliografia:

  • COLSON, Audrey Butt, 2013, ‘Dug Out, Dried Out or Flooded Out? Hyrdo Power and Mininga threats to the Indigenous People of the Upper Mazaruni District, Guyana, FPIC: Free, Prior, Informed Consent?’, Survival International.
  • DAI/AMTB 2010, ‘Relatório 2010 – Etnias Indígenas do Brasil’, Organizador: Ronaldo Lidório, Instituto Antropos –http://instituto.antropos.com.br/
  • SIL 2014, Lewis, M. Paul, Gary F. Simons, and Charles D. Fennig (eds.). 2014. Ethnologue: Languages of the World, Seventeenth edition. Dallas, Texas: SIL International. Online version: http://www.ethnologue.com