Kalankó

David J. Phillips

Autodenominação: Kalancó derivado de Cacalancó (Herbetta 2009).

Outros Nomes: Cacalancó (Herbetta 2009).

População: 230 (DAI/AMTB 2010), 390 (FUNASA 2010) em cerca de 54 famílias.

Localização: Alagoas na Terra Indígena Kalancó, em identificação.

Língua: Falam português.

História: Mesmo no século XVII o alto sertão da Bahia, Sergipe, Alagoas e Pernambuco já estava penetrado por fazendeiros e tropeiros para abastecer as cidades no litoral como Salvador e Olinda. Depois da expulsão dos holandeses em 1654 a ocupação intensificava. Os indígenas não-Tupi, que ocupavam a margem esquerda do rio São Francisco, eram denominados ‘Tapuias’ ou ‘caboclos de língua geral’ ou ‘Cariri’. Algumas destas nações eram escravizadas ou exterminadas. Elas lutavam contra a invasão na ‘Guerra dos Bárbaros’ entre 1687 e 1720. Depois da ‘pacificação’ a região tornou-se o centro dos maiores latifúndios do Brasil (Herbetta 2009).

O governo português intensificou o processo de aldeamento do povos indígenas no século XVIII. Os Kalankó são descendentes de um dos povos que viveram no aldeamento Brejo dos Padres, em Pernambuco durante o século XIX, entre os quais eram os Canabrava, Geritacó, Pankararu, Pancarú, Unão, Tatuxi de Fulo e os Cacalancó. Os índios sofreram um processo de assimilação até a partir de 1850, com a Lei de Terras, os aldeamentos foram progressivamente extintos e as suas terras anexadas por fazendas e os municípios. Os indígenas eram considerados de existir mais. Somente em 1930 com uma associação entre a etnia Fulni-ô, a Igreja católica e o SPI que os direitos territoriais indígenas foi reconhecidos. Na década 80 os Kalamkó, Karuazu, Koyupanká, Katókin e Jiripankó, que viviam no Brejo dos Padres, foram reconhecidos como indígenas (Herbetta 2009).

Estilo da Vida: Vivem no alto sertão de Alagoas, no município de Água Branca, em localidades uns quinze km. da cidade: Lageiro do Couro nas comunidades de Gregório, Januária, Gangorra, Batatal e Quixabeira. Outros vivem no municípios de Santa Cruz do Deserto e outros na comunidade de Barriga, Bahia. Durante o inverno de abril a setembro eles plantam feijão, milho e mandioca. Criam ovinos e caprinos. Caçam tatu e lagarto. Cuidam de cajueiros e aceroleira, coqueiro e umbuzeiros. Também cultivam algodão para vender. Trabalham na lavoura local por diárias miseráveis e outros trabalham na lavoura de cana-de-açúcar no litoral no verão (Herbetta 2009).

Sociedade: A memoria de ter vivido no aldeamento de Brejo dos Padres é importante para a identificação dos Kalankó. Vieram para Januária, liderados por um antigo pajé Pankararu no final do século XIX. Havia uma mistura por casamentos com famílias não indígenas. O pajé organiza os rituais e resolve os problemas internos, enquanto o cacique trata as relações externas da comunidade com a FUNAI e a sociedade nacional. Os Kalankó participam em quatros conselhos: Conselho Tribal que foca no exterior, o Conselho Local para os casos internos, um Conselho de Saúde e o Conselho das Crianças para ensinar os valores kalankó (Herbetta 2009).

Artesanato:

Religião: A realização do Toré é reconhecida como uma marca da identidade indígena nordestina. Os cantadores e dançadores do Toré são da família Higino, que era a primeira família chegar em Januária. O Toré e a festa do Serviço de Chão podem ter a participação das mulheres, mas não do Praiá. Porém as mulheres são responsáveis pela preparação das comidas e das pinturas corporais.

Cosmovisão: Os Kalankó acreditam que seus antepassado vivam com os encantados, que se associaram com um elemento da natureza e realizam curas. Têm diversos nomes, formam uma hierárquica e músicas específicas nas festas. Eles zelam pela comunidade durante o Toré, mas alguns podem deixar um ‘semente’, um objeto como uma pedra, que deve ser consultado para ‘levantar o homem’, que dizer fazer a veste que o dançador usará no terreiro par representar o encantado. No Praiá o encantado é incorporado pelo cantador e fala diretamente com os presentes. A vida dos Kalankó é cheia de obrigações aos encantados (Herbetta 2009).

Comentário:

Bibliografia:

  • DAI/AMTB 2010, ‘Relatório 2010 – Etnias Indígenas do Brasil’, Organizador: Ronaldo Lidório, Instituto Antropos –instituto.antropos.com.br/
  • HEMMING, John, 2003, Die If You Must – Brazilian Indians in the Twentieth Century, London; Pan Macmillan.
  • HERBETTA, Alexandre, 2009, ‘Kalankó’, Povos Indígenas do Brasil, Instituto Socioambiental, São Paulo. http://pib.socioambiental.org/pt/povo/kalanko/
  • SIL 2014, Lewis, M. Paul, Gary F. Simons, and Charles D. Fennig (eds.). 2014. Ethnologue: Languages of the World, Seventeenth edition. Dallas, Texas: SIL International. Online version: http://www.ethnologue.com