David J. Phillips
Autodenominação: O nome Tremembé é derivado dos ‘trememdáu‘ especie de córrego de lama movediça, coberto por escassa água, conforme o pajé Luiz Caboclo. Quando perseguidos os indígenas sabiam atravessar estes lugares mas os seus perseguidores afundaram e morreram (Gomes 2007.45).
Outros Nomes:
População: 2.971 (FUNASA 2010), 5.000 (DAI/AMTB 2010), 4.820 pessoas com 690 famílias (Gomes 2007.44).
Localização: No municípios de Itarema, Acaraú e Itapipoca, Ceará (Gomes 2007.44). Em cinco Terras Indígenas:
T. I. Tremembé de Acaraú, CE, em identificação.
T. I. Tremembé de Queimadas, CE, de 767 ha, ao leste de Bom Jesus, declarada, com 282 Tremembé (FUNAI 2011).
T. I. Tremembé da Barra do Mundaú, CE, de3.580 ha no litoral entre Baleia e o rio Mundaú, declarada, com 477 Tremembé (SIASI/SESAI 2013).
T. I. Córrego João Pereira, CE, de 3.162 ha, homologada em 5 de maio de 2003, registrada no CRI e na SPU, com 478 Tremembé (FUNASA 2009).
T. I. Tremembé de Almofala, CE, de 4.900 ha no litoral nas duas margens do rio Aracati-mirim, em identificação, com não determinado total de Tremembé.
Língua: Português (DAI/AMTB 2010).
História: Os Tremembé ocupavam uma grande região litorânea do Pará ao Ceará nos séculos XVI e XVII. A Missão de aldeamento em Aracati-mirim era controlada por padres seculares, foi criada provavelmente no princípio do século XVIII. Depois recebeu o nome de Missão de Nossa Senhora da Conceição do Tramambés. Em 1766 a Missão tornou-se uma freguesia de índio e chamada Almofala, segundo diversos lugares em Portugal. Um ‘Livro de Registro de Terras da Freguesia da Barra do Acaracú’ de 1955-1857 inclui 22 títulos de índios de Almofala (Valle 2005).
Os Tremembé perderam quase todo seu território, os colonizadores lhes deixaram apenas quatro léguas quadradas, pois as terras onde se localiza as comunidades de Almofala entre os rios Aracati Mirim e Aracati-Açu foram doados através de Carta Régia de Portugal em 8 de januário de 1697. Um documento de 1857 reconheceu uma légua quadrada para eles, porém eles mantinham sua cultura, inclusive o ritual do Toré durante o século XX (Gomes 2007.46). O avanço das dunas de areia forçou o abandono de parte da terra, mas depois 1940, as dunas foram desviadas pela força do vento e a povoação cresceu outra vez. Os índios contam narrativas sobre a doação das terras. As “extremas” eram conhecidas e enumeradas para afirmar que os “marcos” definiam uma “légua em quadra” que teria sido doada pela ‘Rainha’ (Valle 2005).
Estilo da Vida: Em Itarema: Distrito de Almofala 12 comunidades – Barro Vermelho, Lameirão, Panã, Praia, Camboa da Lama, Mangue Alto, Aningas do Mulato, Cabeça do Boi, Passagem Rasa, Curral do Peixe, Urubu e Boa Vista. Distrito de Varjota 4 comunidades – Tapera, Batedeira, Praia do Caboré e Camondongo. Distrito de Córrego João Pereira 3 comunidades – São José, Capim Açu e Cajazeiras. Em Acaraú 2 comunidades – Telhas e Queimadas. Em Itapipoca 2 comunidades – São José e Buriti (Gomes 2007.44).
Pintam as casas com temas de de paisagens e cenas da vida social. Um Centro de Arte Tremembé foi inaugurado em 2005. As áreas nas margens do rio Aratcati-mirim, Almofala e Tapera, têm diversos ecossistemas que providenciam diversas flora e fauna. O litoral sofrem pela formação de dunas e as barras formam e desparecem. Também se encontra mangues com coqueiro e cajueiro. A terra da T. I. do Córrego do João Pereira é caraterizado com caatinga. Em 1991 o Projeto Tamar criou uma base de proteção das tartarugas marinhas na área costeira da Grande Almofala (Valle 2005).
Sociedade: Os Tremembé de Almofala organizaram o Conselho Indígena Tremembé de Almofala e disputa na Justiça Federal a posse da terra e em 1992 o Estado delimitou uma área de 4.900 ha., que já foi invadida em parte por empresas e posseiros. Os Tremembé dos distritos de Córrego João Pereira e Itapipoca sofrem de ameaças e invasões e precisam da regularização de suas terras tradicionais (Gomes 2007.47).
Artesanato: São peritos em fabricar chapéus, bolsas, urus de palha. Confeccionam colares e pulseiras de conchas e búzios. As mulheres fiam de algodão redes, roupas, redes de pesca e outros artigos para o uso domestico (Gomes 2007.45).
Religião: Observam o toré e conservam a produção da bebida mocororó utilizada em festas e rituais. O Toré é uma dança de roda, acompanhada por canções que misturam palavras em português com palavras tupi ou da língua geral. No meio do círculo ficam dois dançarinos com maracá e bebem mocororó. O Catolicismo popular é misturados com a macumba (Valle 2005).
Cosmovisão:
Comentário:
Bibliografia:
- DAI/AMTB 2010, ‘Relatório 2010 – Etnias Indígenas do Brasil’, Organizador: Ronaldo Lidório, Instituto Antropos –http://instituto.antropos.com.br/
- GOMES, Alexandre, et al, 2007, Povos Indígenas do Ceará, Organização, Memória e Luta, Fortaleza: Editora Ribeiros, pag 44ss, www.academia.edu, acessado 8-10-2015.
- HEMMING, John, 2003, Die If You Must – Brazilian Indians in the Twentieth Century, London; Pan Macmillan.
- VALLE, Carlos Guilherme do, 2005, ‘Tremembé’, Povos Indígenas do Brasil, Instituto Socioambiental, São Paulo. http://pib.socioambiental.org/pt/povo/tremembé/