Potiguara

David J. Phillips

Autodenominação: Potiguara significa ‘comedores de camarão’ (Viera 2006).

Outros Nomes: Potiguara, Pitonara, Potigares, Potiguar, Potiguaras, Pitinguarasa, Petinguara.

População: 11.424 (DAI/AMTB 2010), Ceará: 1.000 (Gomes 2007), 16.095 (FUNASA 2009). Em 2004 10.837 em 32 aldeias nos municípios de Baia da Traição, Marcação e Rio Tinto e 1.058 nas áreas urbanas de Baia da Traição e mais 648 em Marcação (FUNASA 2004).

Localização: Paraíba (DAI/AMTB 2010) Ceará (Gomes 2007, Viera 2006). Em três Terras Indígenas contíguas:

T.I. Mundo Novo/Viração, CE, em identificação com Potiguara, Tabajara e Tapuio.

T. I. Jacaré de São Domingos, PB, de 5.032 ha. , homologada e registrada no CRI e na SPU, com 438 Potiguara (IBGE 2010).

T. I. Potiguara, PB, de 21.238 ha. no litoral, homologada e reg. CRI e SPU, com 14.831 Potiguara (SIASI/FUNASA 2010).

T. I. Potiguara de Monte-Mor, PB, de 7.487 ha, na margem esquerda do rio Mamanguape, declarada com 9.143 Potiguara (IBGE 2010).

Língua: Português. Há uma iniciativa das comunidades de pesquisar e ensinar o Tupi como reencontro com a língua ancestral (Gomes 2007.37).

História: Quando chegaram os Portugueses os Potyguara viviam no litoral do atual Rio Grande do Norte e da Paraíba, onde até hoje vivem nos municípios de Rio Tinto Maracação e Baia da Traição. Eram aliados dos Franceses no Maranhão com uma aliança no ano de 1586, enquanto os Tabajara apoiaram os portugueses. Os conflitos sobre as terras causaram a dispersão do povo para o sertão e outros para os aldeamentos jesuíticos de Porangaba, Caucaia e Paupina. No século XVI as tentativas de conquistar a Paraíba fracassavam devido a resistência dos Potiguara que defenderam seu território. Apesar de perder três aldeias aos inimigos, ele cercaram a atual João Pessoa acerca de 1590. Mas em 1599 os Potiguara fizeram as pazes com os portugueses, quando os franceses foram derrotados. A paz durou até a chegada dos holandeses e sua aliança com o povo (Vieira 2006).

Eles sofreram aldeamento durante o século XVII. No século XVIII durante o Império os índios pediram diretamente ao imperador que confirmou as terras às aldeias, anteriormente constituídas pelas missões. Um engenheiro foi enviado para demarcar as terras da doação por D. Pedro II, mas a terra foi dividida em lotes individuais sem respeitar os critérios culturais de posse coletiva, que contribuiu para a desagregação do grupo. Com o tempo estes títulos foram perdidos passando para posseiros. Muitos foram para na mão da Companhia de Tecidos Rio Tinto, parte das ‘Casas Pernambucanas’ (Vieira 2006).

Em 1919 considerando os indígenas de ser assimilados o governo da Paraíba colocou à venda as terras dos Potiguara. Mas a venda das terras não aconteceu graças à intervenção de José Campêlo Galvão, residente em Mamanguape, que comprou e depois vendeu os títulos à empresa de tecidos. O SPI enviou dois agentes para provar a existência de índios. Um posto foi fundado em 1930 para acompanhar os Potiguara, na aldeia São Francisco, que hoje é PIN Potiguara (Vieira 2006).

Em 1981 e 1982 os próprios Potiguara fez a demarcação da terra Monte-Mor, abandonando as áreas, um terço da doação original, porque foi ocupado. Em Brasília devido a pressão da cidade da Baia da Traição a área foi reduzida a 20.000 ha. Também o caso ficou envolvido da política e o chefe foi preso por seis meses. A T. I 20.000 ha foi homologada em 1983. A empresa de tecidos usou o resto da terra para plantar cana para produzir álcool como um substituto de gasolina. Em 1995 os 6.200 pessoas das desseis aldeias resolveram expelir os cortadores de cana. Em uma Potiguara, Nanci Cassiano Soares foi eleita a primeira prefeita do Brasil (Hemming 2003.601). Afinal em 13 de dezembro de 2007 o Ministro da Justiça assinou a Portaria Declaratória da TI Potiguara de Monte-Mor com uma área de apenas 7.487 ha (Vieira 2006).

Estilo da Vida: Vivem no Ceará- no município de Crateús têm cinco aldeias: Terra Prometida, Nova Terra, Terra Livre, Aldeia São José, Santa Rosa.

Em Monsenhor Tabosa (CE) doze aldeias: Mundo Novo, Chupador, Jacinto, Boa Vista, Passarinho, Merejo, Tourão, Distrito sede, Espírito Santo, Longar, Passagem e Pitombeira.

Em Novo Oriente: Lagoa dos Nery e Açude dos Carvalhos.

Em Tamboril, CE, uma: Viração (Gomes 2007.34).

Outros vivem em Ipueiras e em Paupina na região metropolitana de Fortaleza.

Sociedade: Os Potiguara em Crateús, CE, se organizaram na Associação Raízes Indígenas do Povo Potyguara de Crateús (ARIPPOC), que tem sede na aldeia São José. Um grupo de mulheres levantaram a etnicidade dos índios em Crateús através do Conselho Indígena de Crateús e Região (CINCRAR). O primeiro encontro foi realizado na furna dos caboclos, especie de caverna, localizada em Montes Nebo, serra próxima à Crateús. Cada aldeia possui uma associação local e realizam reuniões semanais de rodízio. Na aldeia de Mundo Novo em Monsenhor Tabosa houve uma luta por uma educação diferenciada que criou a autoafirmação étnica. Também construíram uma Casa do Índio para seus encontros (Gomes 2007.36).

Artesanato:

Religião:

Cosmovisão:

Comentário:

Bibliografia:

  • DAI/AMTB 2010, ‘Relatório 2010 – Etnias Indígenas do Brasil’, Organizador: Ronaldo Lidório, Instituto Antropos –instituto.antropos.com.br/
  • GOMES, Alexandre, et al, 2007, Povos Indígenas do Ceará, Organização, Memória e Luta, Fortaleza: Editora Ribeiros, pag 34-37, www.academia.edu, acessado 8-10-2015.
  • HEMMING, John, 2003, Die If You Must – Brazilian Indians in the Twentieth Century, London; Pan Macmillan.
  • SIL 2015, Lewis, M. Paul, Gary F. Simons, and Charles D. Fennig (eds.). 2014. Ethnologue: Languages of the World, Eighteenth edition. Dallas, Texas: SIL International. Online version: http://www.ethnologue.com
  • VIEIRA, José Glebson, 2006, ‘Potiguara’, Povos Indígenas do Brasil, Instituto Socioambiental, São Paulo. pib.socioambiental.org/pt/povo/potiguara/