Karuazu

David J. Phillips

Autodenominação: Karuazu é formado das letras de Pankararu e Cazumba, o nome da terra.

Outros Nomes:

População: 336 (DAI/AMTB 2010), 1.013 (FUNASA 2010).

Localização: Alagoas: nos povoados de Tanque e Campinhos, no município de Pariconha, situado no extremo oeste do estado.

Língua: Português.

História: Os Karuazu são um grupo ligado aos índios Pankararu (veja o perfil), que migraram de Brejo dos Padres, em Pernambuco, quando o aldeamento foi fechado no último quartel do século XIX. Outros grupos da mesma origem são os Jiripankó e os Kalankó (veja os perfis). Eles chegaram no município de Pariconha pouco depois o estabelecimento da fazenda de gado em meio à caatinga da família ‘Panta’. Os Panta eram de origem negra, e nome vem do negro Pantaleão de Araújo Andrade, que chegou no local de Campinos e herdou as terras no arredores da cidade de Água Branca. Os índios chegando de Brejo dos Padres se casaram com seus filhos e filhas. A história da família negra forneceu uma parte importante do conceito de territorialidade dos índios migrados de Brejo dos Padres (Andrade 2009).

Estilo da Vida: Os Karuazu se sustentam na maioria pela agricultura de mandioca, milho e feijão e pela criação de ovelhas, galinha e porcos. Algumas famílias vendem seus produtos na região. Outras trabalham fora na produção de farinha para usineiros da Zona da Mata. Menos de uma família em quatro recebe um aposentado.

Sociedade: Da população do povoado de Tanque 70% se auto identificam como de origem indígena enquanto no povoado de Campinhos somente 30% se auto identificam como indígena. Os Karuazu mantêm contato com seus parentes na aldeia dos Pankararu. Mas a comunidade também recebeu famílias dos Atikum, Pankararé, Fulni-ô e Tingui-Botó (veja os perfis). O intercâmbio matrimonial com pessoas locais contribui a manter a diferença étnica, uma nova identidade resultante, que ainda distingue entre os rituais como ‘trabalho de índio’ e ‘trabalho de xangô’, isto é, negro.

As duas comunidades de Tanque e Campinhos são organizadas separadamente. Cada tem seu cacique, pajé, etc, mas a FUNAI reconhece uma ‘só liderança, fato que estimula as disputas internas. Os Karuazu participam nos circuitos regional e nacional de apoio indigenista, encabeçados por agentes como CIMI e APOINME (Articulação dos Povos Indígenas do Nordeste Minas Gerais e Espírito Santo).

Artesanato:

Religião: Os Karuazu mantinham fortes vínculos com os Pankararu e preservam os rituais e conceitos cosmológicos. Termos da língua pankararu são usados nos rituais do praiá e toré (Andrade 2009). A comunicação com os Praiá no terreiro é herança direta dos Pankararu. Os Encantados são entes que superaram a morte, e assumam formas exteriores múltiplas que podem ser vistas somente pelos pajés. Eles atuam principalmente em curas de doenças e fazem prescrições na forma de defumações, rezas e banhos com ervas. Os Praiá são tipos de Encantado que visitam o terreiro vestido nas vestes especiais de palha que são portadas por um homem, que assume o papel do seu corpo físico e seu aluno no terreiro.

Cosmovisão:

Comentário:

Bibliografia:

  • ANDRADE, Ugo Maia, 2009, ‘Karuazu’, Povos Indígenas do Brasil, Instituto Socioambiental, São Paulo. pib.socioambiental.org/pt/povo/karuazu/
  • DAI/AMTB 2010, ‘Relatório 2010 – Etnias Indígenas do Brasil’, Organizador: Ronaldo Lidório, Instituto Antropos –instituto.antropos.com.br/
  • HEMMING, John, 2003, Die If You Must – Brazilian Indians in the Twentieth Century, London; Pan Macmillan.