David J. Phillips
Autodenominação:
Outros Nomes: Wai wai, Tunayana.
População: 500 (DAI/AMTB 2010)
Localização: PA, AM, Roraima e na Guiana e no Suriname.
No Suriname: 80 Katuena vivem na aldeia Kwamalasamutu, no rio Sipaliwini, com outras etnias, total população de 800 a 1.000 (Smoll 2015).
No Brasil vivem em duas Terras Indígenas:
T. I. Nhamundá-Mapuera, Amapá e Pará, de 1.049.520 ha de floresta ombrófila densa, homologada e registrada no CRI e SPU, com uma população de 1.961 pessoas dos Katuenayana, Hixkaryana, Kaxuyana e Waiwai (IBGE 2010).
T. I. Trombetas/Mapuera, RR, AM, PA, de 3.970.898 ha de 97.79% Floresta Ombrófila Densa e 2.21% floresta aberta, homologada e registrada no CRI e SPU, com 523 indígenas das etnias Katuenayana, Hixkaryana, Waiwai e Isolados Karapawyana (SIASI/SESAI 2013). Os isolados são do rio Jatapu (DAI/AMTB 2010.87).
Língua: Wai wai. Katuena (Cachuena, Catauian, Catawian, Katawina, Katuena, Katwena, Parucutu, Parukutu, Tonayana, Tunayana) é tratado como um dialecto do Wai wai ou uma língua separada por Voegelin & Voegelin (1977). Uma gramatica do Wai wai foi produzida e a Biblia foi traduzida em 2002, Kwakrecho komo kaan ya = o Novo Testamento do nosso Senhor Jesus Cristo, na lingua dos Indios Uaiuai, habitantes em territorios do Brasil, Guyana, e Suriname (SIL). da família linguística karibe (Smoll 2015).
No Suriname os Katuena fala Waiwai ou Trio, a língua dominante da aldeia Kwamalasamutu e o Katuenda não está aprendido pelas crianças. Por isso a língua está em perigo de extinção (Smoll 2015). É difícil estimar o número de falantes de Katuena, mas a FUNAI em 2010 contou 137 Katuena e 107 Tunayana entre 2290 Waiwai. Não há um censo na Guiana porque os Katuena são considerados ser Waiwai (Smoll 2014.11).
História: Os Wai wai é um grupo de etnias diferentes que falam dialetos da mesma língua. As etnias são cônscias das distinções de suas origens étnicas e dos diversos dialetos. Não é claro se os Tunayana seja um subgrupo dos Katuena ou os Katuena seja um grupo do outro, ou sejam dois grupos que falam a mesma língua. O primeiro contato por um europeu era em 1924 quando W. Farabee encontrou com um homem e pensou que eram os ‘Katawia’, um clã dos Parukutus (Smoll 2014.7). Eram considerados índios bravos. Robert Hawkins da Missão EVA descreveu dois grupos separados dos Katwena e Tuuna Yana. Hemmauer achou que os Katuena preferiam ser chamado Tunayana, enquanto na experiencia de Smoll o termo Tunayana quase não foi usado.
Os Tunayana eram considerados um povo anfíbio e mítico que durma em baixo das águas a noite. Em 1871 Barrington Brown ouviu deste ‘Povo da Água’ que vivia em poços cercados por paliçadas. Estas descrições continuaram até o século XX. A existência dos Tunayana estava incerta por cem anos, entretanto hoje os nomes Tunayana e Katuena referem ao mesmo povo (Smoll 2014.9). Waiwai, a palavra por tapioca usada pelos Wapishana, é realmente um grupo de diversas etnias que falam a mesma língua, que vivem em aldeias multiétnicas e se casam. As epidemias reduziram as populações e os sobreviventes se concentram em aldeias grandes. Também quando os missionários da MEVA evangelizaram os Waiwai os conversos levaram o evangelho para as outras aldeias, com assistência médica e a habilidade de escrever. Quando a igreja evangélica Waiwai tornou-se independente na década 60, os crentes continuaram visitar as outras etnias e persuadi-los se juntarem com eles (Smoll 2014.11).
Estilo da Vida: Na estação chuvosa as famílias se dispersam nas roças, na época seca passam o tempo na aldeia. Devido a concentração de população nas aldeias as roças são divididas entre as mais perto das aldeias e outras mais distantes. A derruba e queima são feitas entre agosto e setembro e o plantio é feito entre janeiro e março. Plantam a mandioca brava, da qual fazem, após extrair a toxina, o beiju, farinha e bebidas de tapioca. Também cultivam algodão, abacaxi, banana, cana-de-açúcar, mamão, cará, batatas, sobretudo. Também caçam e pescam e fazem coleta de frutos silvestres (Zea 2006).
Sociedade: Nas aldeias Waiwai há um conselho de lideres de trabalho e pastores usa meios de negociação para resolver disputas.
Artesanato: Os Katuena são conhecidos entre as etnias por fabricar raladores duráveis e pintados e acangatares impressionantes (Smoll 2014.7). No Brasil os produtos são vendidos em Boa Vista (Zea 2006).
Religião: Tradicional e Cristão Evangélico.
Cosmovisão: Os mitos dos Katuena não são considerados textos sacros, mas contam eventos no passado sobre a criação do mundo, da humanidade e dos animais, e outros sobre a origem da Lua, xamanismo, o dilúvio e o inferno (Smoll 2015).
Comentário: Os irmãos Neil e Bob Hawkins da Missão Evangélica da Amazônia (MEVA) depois de experiencia entre os Macusi no Território do Rio Branco no Brasil, chegaram entre os Wai wai em 1949, com guias Wapishana. O terceiro irmão, Rader chegou depois (Dowdy 1963.36,64). Smoll está envolvido em produzindo um livro de mitos katuena em inglês e na própria língua, usando as gravações de Rolando Hemmauer de 2006-7 (Smoll 2015)
Bibliografia:
- DAI/AMTB 2010, ‘Relatório 2010 – Etnias Indígenas do Brasil’, Organizador: Ronaldo Lidório, Instituto Antropos –http://instituto.antropos.com.br/
- DOWDY, Homer E., 1964, Christ’s Witchdoctor, London: Hodder & Stoughton.
- HEMMING, John, 2003, Die If You Must – Brazilian Indians in the Twentieth Century, London; Pan Macmillan.
- SIL 2015, Lewis, M. Paul, Gary F. Simons, and Charles D. Fennig (eds.). 2014. Ethnologue: Languages of the World, Eighteenth edition. Dallas, Texas: SIL International. Online version: http://www.ethnologue.com
- SMOLL, Laetitia, 2014, ‘Me:ruru, Φoku, and ʧitowiʃ: An analysis of ideophones in Katuena (Tunayana)’, Leiden University Centre for Linguistics (LUCL).
- SMOLL, Laetitia, 2015, ‘Collection of the Oral Traditions of the Katuena (Tunayana) of Suriname’, GESELLSCHAFT FÜR BEDROHTE SPRACHEN e.V., Bulletin 21, Juni 2015 http://www.uni-koeln.de/gbs/Berichte/Smoll_Katuena.pdf, acessado em 30 de novembro 2015.
- ZEA, Evelyn Sculer, 2006, ‘Waiwai’, Povos Indígenas do Brasil, Instituto Socioambiental, São Paulo. http://pib.socioambiental.org/pt/povo/waiwai/.