Yanomami-Ninam – Xiliana/Xilixana

David J Phillips

Autodenominação: Xiliana (Yanam ou Ninam do norte). Xilixana (Yanam ou Ninam centrais). Chamam-se Ninam (Peters 1998.23). Os Aica ou Waica no rio Ajarani, afluente do rio Branco, e no rio Apiau, afluente do rio Mucajai, no leste da T.I. Yanomami, são um das divisões dos Yanomami com um dialeto distinto: Sanuma Yanomamö, Yanonomam, Ninam (Xilixana e Xiliana) e Aica (Peters 1998.23).

Outros Nomes: Yanam, Shiriana, Xirianá, Casapare, Jawaperi, Crichana, Jawari (DAI/AMTM 2010). O nome Yanomami é derivado de yanõmami thëpë que significa ‘seres humanos’.

População: Ninam no Brasil:600 (DAI/AMTM 2010),Venezuela: 100. População étnica 1.200 (SIL). Total de Yanomami no Brasil: 19.338 (DSEI Yanomami-Sesai 2011), Venezuela 16.000 (2009). Todos os Yanomami no Brasil 15.700 (FUNASA 20006).

Localização:
A Terra Indígena Yanomami, RR e AM, de 9.664.980 ha, homologada e registrada no CRI e na SPU em 1992, com uma população de 20.875 Yanomami e Ye’kuana (SIASI/SESAI/ISA 2013). Ao norte e ao oeste segue a fronteira com a Venezuela, incluí a bacia do rio Uauaris e o rio Uatatas, a bacia do rio Catrimani, os rios Pacocimaú, Cunha Vilar, e Toototob, Demini e o rio Padauari até no oeste o rio Marauá com seu afluente o rio Pukimabueri. No leste o Igarapé Repartimento e rio Ajarani para o norte no rio Apiaú.

Na Venezuela: 100 no Estado de Bolívar, rios Karun e Paragua (SIL). O presidente Carlos Andres Perez reconheceu uma reserva de 8.400.000 ha para os Yanomami no lado venezuelano (Berwick 1992).

Língua: Ninam. Falantes no Brasil 800 divididos quase igualmente entre os dois dialetos, norte (Xiriana) e sul (Xirixana) (SIL). Os Ninam se dividem em três grupos dialetais. Os Ninam do norte ou Xiliana viviam no alto rio Paragua na Venezuela e no rio Uraricaá n Brasil. Os Ninam centrais ou Xilixana ou Yanomami Mucajaí viviam no médio rio Mucajaí, afluente do rio Branco. Os Ninam do sul viviam nos afluentes dos rios Apiaú e Ajarani (Early, Peters 2000). Há uma diferença de opinião sobre a existência de um dialeto do ninam do sul.

História: É possível que os ancestrais dos Yanomami viviam no alto rio Ucayali no Perú. Depois mudaram-se para o baixo rio Ucayali e para leste, desceriam o rio Solimões até o rio Negro, o rio Branco e se espalhavam entre os afluentes do baixo Branco. Eles participavam no comercio entre os povos complexos da região, depois se mudando para a Serra Parima, antes do fim do século XV e a chegada dos europeus (Early e Peters 2000.19).

A Serra Parima forma a divisor das águas entre a bacia do Orinoco e a do Amazonas, na fronteira entre o Brasil e a Venezuela. As viagens portuguesas em busca de escravos alcançavam o rio Branco no século XVII e continuavam até acerca de 1829, com os resultado que grande trechos do rio Branco eram completamente sem uma população humana. A maioria dos Yanomami recuavam para em cima das cachoeiras na serra Parima. Resistiam as tentativas dos portugueses sair do seu refugio, e sua população cresceu devido aos métodos melhores de agricultura (Early e Peters 2000.22).

Os Yanomami no ocidente não tinham contato direto com os Yanomami no leste. A isolação permitiu a língua, religião e costumes dividir em quatro grupos maiores, Yanomami,Yanomam, Yanam e Sanumá. Hoje as ameaças de fora que pretendem tirar-lhes seu território necessita que eles unem mais. No passado os Yanomami tinham contato e comércio com as nações indígenas vizinhas, mas com a escravidão e matança destas, os Yanomami ficavam mais isolados e mudaram para o sul e leste ocupando as florestas desocupadas, ficando mais espalhados e divididos. Quando os missionários católicos vieram os índios desceram às missões, para ganhar ferramentas de aço mas pegaram as doenças europeias da quais eles não tinham resistência (Berwick 1992). Saíram da Serra Parima no princípio do século XIX (Albert 1999).

Não sabemos quando os Yanomami se dividiram em quatro grupos, Yanomami, Yanomam, Saumá e Ninam. Conforme Ernest Migliazza é possível que os Ninam dos sul se separavam dos outros Ninam antes de 1700 para morar no alto Apiaú e os rio Ajarani. Por causa do aumento da população e conflitos com os Yanomam, os outros Yanomami e Ninam saíram da Serra Parima. Os Ninam migravam para os rios Mucajaí e Uraricoera e ganharam ferramenta de ferro para abrir roças maiores dos Maku que comerciavam também pano, adornos entre do Orinoco ao rio Branco. Os Sanumá vivam entre os caribe Yekuana (Yekwana ou Ye’kuana). Durante a segunda metade do século XVIII os dialetos dos Ninam Xiliana do norte e os Ninam Xilixana se dividiram e os dois grupos separam. Os Xiliana chegaram no rio Uraricoera e acerca de 1800 avançaram até as cabeceiras do rio Paragua na Venezuela. Os Xilixana ou Ninam Centrais viviam em três aldeia ao sul do rio Uraricoera no anos 20 do século XX e não tinham ferramenta de aço. Em 1932 alguns ganharam facas por matar uma família de Maku e atacar uma aldeia Yekwana, e depois fugiram ás cabeceiras do rio Mucajaí mas depois voltara para suas aldeias. Foram atacados de vagância pelos Yakwana com armas de fogo. AS três aldeias dos Ninam fugiram de novo para a divisão das águas do rio Mucajaí (Early, Peters 2000.22-27).

Os Ninam ficavam isolados por vinte anos, mas alguns descobriram presentes de ferramenta e pano deixados pela Comissão da Fronteira. Em 1946 duas das aldeias sofreram um ataque de malária de se mudaram de volta para a divisa das águas do rio Uraricoera. A terceira se mudou também e mantéu contato. De novo em 1954 mudaram de volta para o rio Mucajaí, uma perto da confluência do igarapé Kloknai e as outras duas no igarapé Peiwa (Early e Peters 2000.31). Necessitando de mais ferramenta de aço expedições contataram os brasileiros rio abaixo.

Nesta época em 1958 os missionários da UFM, atualmente a Missão Evangélica da Amazônia (MEVA), voavam em cima das aldeias deixaram cair presentes de anzóis, tesouras e facas. Dois missionários, John Peters e Neill Hawkins acompanhados por dois Wai wai subiram o rio Mucajaí e foram bem recebidos pela aldeia na margem do rio. Ernest C. Migliazza das Baptist Midmissions começou a residir entre os Xiliana no alto rio Uraricaá, afluente do rio Uraricoera. A UFM amontou uma missão com uma pista de pouso. A missão atraiu não índios, inclusive a FAB e os garimpeiros. Os Xilixana acompanharam os missionários em expedições de mapeamento para outros grupos de Yanomami, e estes contatos supriram a falta de mulheres. Assim por 1961 a isolação dos Ninam Xilixana terminou (Early e Peters 2000.34). Os missionários sabiam que os indígenas os aceitaram como curadores e comerciantes. A assistência médica ocupou muito do seu tempo. Os bens industriais foram trocados por trabalho braçal ou produtos das roças, caça ou artesanato, assim ensinando econômica simples do mercado. O alvo era uma igreja independente Yanomami e porções da Bíblia foram traduzidas. Um 10% dos Ninam eram convertidos (Hemming 2003.492).

Uma epidemia de sarampo atacou os Ninam na Venezuela, e um médico norte-americano James Neel fez uma grande campanha de vacinação em 1968. Também no Brasil nas missões Toototobi e Mucajai e passou para o rio Apiaú e cem Ninam morreram, deixando trinta índios vivos no rio Apiaú. Posto Toototobi era da Missão Novas Tribos com o casal Keith e Myrtle Wardlaw. Os Wardlaw reconheceram suas faltas em transformar os Yanomami, ‘eles não querem se aculturados’. Depois nove anos os missionários estavam respeitando a cultura (Hemming 2003.494). Em dezembro de 1968 os antropólogos Alcida Rita Ramos e Kenneth Taylor tiveram a visão de um Parque Indígena Yanomami semelhante ao Parque do Xingu, porque o meio ambiente ainda não foi destruído e ainda não tinham não índios. Mas tudo isso era para mudar (Hemming 2003.495).

Em 1970 o Nordeste do Brasil sofreu uma seca desastrosa e o governo de Emílio Médici aumentou a Operação Amazônia no Plano de Integração Nacional (PIN) para transferir cem mil famílias para a Amazônia, por construir rodovias e pistas de pouso. Mas o plano mudou para encorajar empresas agriculturais, madeireiras e mineiras desenvolver a região. O projeto Calha Norte de 1988 era um destes planos para estabelecer uma presença militar, colonizar e encorajar o desenvolvimento dos recursos naturais. A Rodovia Perimetral do Norte (BR 210) foi cortada da cidade de Caracaraí no rio Branco e entrou em contato com os Yanomami nos rios Ararani e Catrimani. Colonos dos nordeste receberam casas e terra para a agricultura e a criação de gado (Early e Peters 2000). Pelo menos treze comunidades desapareceram com acerca de 1.300 índios. A estrada parou no meio das terras Yanomami depois 225 km porque a terra era fraca de mais para a construção. Apenas oito famílias sobreviveram acampados nas beira da estrada (Berwick 1991).

Durante os anos depois 1987, 45.000 garimpeiros invadiram o território Yanomami usando 156 pistas de pouso na floresta. A estimativa da produção de ouro e cassiterita (minério de estanho) da terra dos Yanomami era acerca 2.000 ou 3.000 quilos cada mês em 1989, porém muito mais desapareceu para a Venezuela. Todos os médicos, enfermeiros, missionários e antropólogos foram expelidos da área por ordem da FUNAI em outubro de 1987. Os missionários eram acusados de incitar os índios. Em outubro de 1989 um tribunal federal ordenou a retirada dos não índios, e parar os voos dos garimpeiros e companhias de minérios dos 9.400.000 ha das terras Yanomami. Mas o governo brasileiro do presidente Sarney conhecia a situação dos Yanomami mas não cumpriu a decisão do tribunal, porque a Polícia Federal disse que não tivessem os recursos para o cumprir, e o exército recusou (Berwick 1992).

Todos os índios ficaram doente com malária, gripe e doenças venerais pelo contato com os não índios. O presidente da FUNAI pediu as ONGs que foram expulsas em 1987, para voltar para dar assistência médica. Então o governo federal deu uma verba para a emergência médica e outra para a Polícia Federal cumprir a tarefa. Uma passeata de garimpeiros manifestaram na praça em Boa Vista, e um plano foi oferecido dando os índios apenas dezenove ‘ilhas’ de Terras Indígenas de 30% da Terra ordenada pelo Tribunal (Berwick 1992). Em março de 1990 presidente Collor visitou um yano e mandou a destruição de 110 pistas de pouso, que não foi completo e os garimpeiros continuaram na área. Eram irônica que os índios e as ONG ajudando os índios tinham que usar os aviões dos garimpeiros para entrar e sair da comunidades, porque A FUNAI não tinha recursos por isso.

Mas em outubro 1990 o novo presidente da FUNAI propôs que as dezenove ‘ilhas’ sejam substituídas por um parque muito maior. Os presidente Collor concordou em 15 de novembro de 1991 (Hemming 2003.517). No fim a Terra Indígena Yanomami foi homologada pelo presidente Fernando Collor em 25 de maio de 1992, de uma área contínua de 9.419.108 hectares de floresta úmida com relevo montanhoso, na fronteira com a Venezuela.

Estilo da Vida: Os Yanomami encaram o meio ambiente do seu território como urihi, uma entidade viva, parte integral numa complexa dinâmica do cosmo unida por intercâmbios entre humanos e não humanos. O criador Omama o deu aos Yanomami (Albert 1999). As aldeias são seminômades, quando o solo das roças tornam-se menos fértil, caça e coleta na mata mais perto diminua e quando alguém morre os hekura são libertos, fazendo o yano ou xabono perigoso. Elas ficam em um local por aproximadamente por cinco ou sete anos (Berwick 1992).

As aldeias estão situadas onde há água, terra boa para a cultivação de coivara e o mato fornece caça e frutos para a coleta. Todos os habitantes moram em uma só maloca rondada, o yano. O yano é circular com um diâmetro entre 15 e 23 metros entre os Ninam. As paredes são de folhas de palmeira seguradas em uma armação de varas. O telhado cônico e cobre toda a área dentro as paredes e há pouca luz dentro do yano. Cada família tem seu espaço em redor das paredes com uma fogueira para cozinhar e esquentar à noite. As redes são amarradas em um triangulo em redor da fogueira. É a tarefa da esposa manter o fogo acesso. O espaço no meio é para as crianças brincar e para as danças rituais. O círculo é fechado exceto por uma porta (Early e Peters 2000.38). Os xabonos ou yanos vareiam conforme a região. No leste entre os Yanomam a cobertura quase cobre a praça deixando somente uma pequena abertura. No oeste no rio Marauiá, entre os Yanomami, a cobertura é muito aberto e cobre somente os compartimento de cada família e até espácios no circulo são deixados para outras famílias construir sua parte e o diâmetro é maior (Berwick 1992).

Algumas famílias Ninam imitaram os ribeirinhos por deixar o yano e construir casas rectangulares de adobe em redor do yano. Uma razão por isso é os produtos industriais obtidos de fora precisava mais espaço e segurança. Uma aldeia abandonou o yano para construir somente casas rectangulares para cada família. Se as roças são distante da aldeia, eles construem um segundo yano como residência temporária para trabalhar nas roças e caçar ou coletar daquela área. Alguns têm um yano na missão para as visitas. As roças são plantadas com mandioca, banana e banana da terra, inhame, batata doce, cana de açúcar, algodão, tabaco, etc. (Early e Peters 2000.40).

Num raio de cinco quilômetros da aldeia as mulheres fazem coleta, a comunidade pesca. Até dez quilômetros os homens caçam individualmente. Mais longe até vinte quilômetros os homens fazem caças coletivas, ou as famílias saem na aldeia por quinze dias ou mais para fazer coleta e caçar. Os yanomami estão acostumados passar quatro ou seis meses do ano fora da aldeia morando num tapiri (naa nahipë) (Alerto 1999). A caça preferida é anta, caititu, guariba e macaco-aranha (coatá oriundo do tupi kua’tá).

Sociedade: O número das aldeias dos Ninam vareia conforme diversos fatores. Em 1996 os Xilixana viviam em oito aldeias. A sociedade é dividida em facções e grupos patrilineares (Early e Peters 2000.226). O yano forma a aldeia como entidade econômica e politica autônoma e o casamento preferido é endogâmico na aldeia entre primos cruzados (Alberto 1999), especialmente troca de irmãs. As regras sobre incesto e o infanticídio feminino tende para uma a falta de esposas que resulta em ataques contra outras aldeias para ganhar esposas (Peters 1998.116). Conflito pode resultar se uma mulher é raptada de um yano para outro. Nos ataques a convenção é bater na cabeça com o porrete, é ofensa se bater no corpo e quebrar um braço ou perna (Berwick 1992). O Tuxana yanomami lidera pelo bom conselho e não por mandar (Berwick 1992). A poligamia é praticada pelos pajés e outros homens de importância na comunidade. Os Yanomami não consideram o infanticídio de ser homocido é a decisão do indivíduo e não da comunidade para controlar a população (Early e Peters 2000.227).

As mulheres cuidam das plantações, buscam a lenha e cozem. Os homens caçam, constroem as casas, preparam as roças e tratam o mundo espiritual. As moças aprendem as tarefas domestica por imitar as mães. As crianças brincam separadamente. Os meninos brincam com baladeiras e pequenos arcos e flechas. As meninas amarraram fios de algodão em abelhas e voaram com o fio pendurado (Berwick 1992).

Os Yanomami encaram o mundo fora da aldeia com desconfiança em uma escala de grupos: Outros, visitantes, inimigos atacando como guerreiros ou feiticeiros. Também há gente desconhecida e longínqua que pode atacar com os espíritos dos xamã ou atacar o noreshi, animal duplo do indivíduo. Afinal são os brancos (napëpë ou nabe) (Alberto 1999). Os Yanomami procuram contato com os nabe ou napëpë com curiosidade, não são passivos. O interesse é tratar para ganhar os objetos industriais, potes da aço, machados, etc como meio de trocar. Os Yanomami criam relações pelo intercâmbio, e as relações são mantidas por compartilhar dando e recebendo. Cunhados compartilham da carne da caça, etc. Omama deu as fabricas aos brancos e a floresta aos Yanomami. Portanto o branco deve dar os artigos industriais como os indígenas compartilham do seu conhecimento do mato. Os Yanomami têm um forte desejo de descobrir as coisas novas (Berwick 1992).

Artesanato: Cesteira e adornos plumários, e farinha são vendidos ou trocados por as coisas dos brancos. Sorva é outro látex coletado na floresta para vender na cidade, usada para chiclete. Um cipó descascado para fabricar cestos é to-o. Trocam to-o e sorva por anzóis e linha (Berwick 1992).

Religião: Os yanõmami thëpë que significa ‘seres humanos’ se opõe às categorias Yaro, que são os animais de caça, yai, os seres invisíveis, os napë ou nabe, os estrangeiros, brancos e inimigos. Os xapiripë, ou hekurapë ou hekura são os espíritos que possuem os pajés.

O centro da emoções, o que os brancos chamam o coração, os Yanomami considera o figado. Demonstrar emoções tristes pode tentar os espíritos malignos. Os sonhos demonstram uma alta consciência dos espíritos. São visitas dos hekura dando advertência de perigos ou são ataques da saúde ou corpo do sonhador (Berwick 1992). Os Yanomami nunca usam seus verdadeiros nomes para não revelar aos espíritos a identidade do indivíduo. Referram-se às pessoas conforme as relações de parentela ou usam os nomes europeus. Estes nomes não são reconhecidos pelos espíritos (Berwick 1992).

Os pajés são guerreiros em uma batalha invisível e espiritual. Chamam os xapiripë ou hekura para os auxiliar contra os espíritos maus da floresta, a feitiçaria dos inimigos, manter o céu para não cair e sobretudo curar os doentes (Albert 1999). Os Yanomami dividem as doenças tratadas pelos pajés das doenças europeias que o pajé não tem remédio e devem ser tratadas somente pela medicina moderna (Berwick 1992). Os homens são treinados ser pajés e tomam ebene, o rapé alucinógeno (feito da resina da Varola theidora) para dançar e cantar. No rio Marauiá o cipó se acha somente rio abaixo no rio Negro. A música vem do seu espírito que vem habitar no seu corpo. O xapiripë de um amigo pode ser o inimigo (Berwick 1992). Na época de contato todos os homens dos Xilixana se consideram pajé (Peters 1998.25).

Quando um homem estava muito doente e perto da morte, os homens pintaram e tomaram ebene e depois vinte minutos começaram a cantar e gritar. Avançaram para onde o doente estava deitado na sua rede, dando golpes no ar com seus porretes na direção do doente. Começou uma batalha com um inimigo invisível, com alguns ‘guerreiros’ caindo feridos por flechas espirituais. Os caídos foram puxado para fora da batalha e as flechas invisíveis tiradas. Xingaram o espirito ou monstro que estava tirando o espírito do moribundo. Gritaram e bateram o chão com seus porretes em frente do compartimento do yano do homem. O pajé recuou depois cada ataque para organizar seus ‘soldados’ para atacar de novo. Os homens percorreram pelos outros compartimentos das famílias do yano, crianças e mulheres espalharam para fora. Aparentemente estavam correndo atrás o monstro para expulsá-lo do yano e salvar a vida do doente. A batalha terminou quando todo o ebene acabou (Berwick 1992).

No dia seguinte o homem morreu, cinco homens cortaram lenha e ascenderam o fogo, no pátio do yano. Com gritos e lamentos o cadáver foi colocado nas chamas e todos os seus pertences foram jogados em cima também. Quando o fogo terminou a vida no yano voltou para normal, porque o morto deve ser esquecido para não dar oportunidade para os espíritos atacar. Os mortos têm que ser banidos da memoria. Os ossos do morto foram guardados para ser moídos e comidos em um mingau de banana semanas depois. Quando a FUNAI recusou devolver os corpos de Yanomami que morreram em Boa Vista para que o ritual seja cumprido, os Yanomami consideram que uma ofensa cosmológica foi cometida. Quando um guerreiro morre no yano dos inimigos, estes devolvem o corpo para sua comunidade para cumprir o ritual (Berwick 1992).

Outra ocasião no rio Marauiá as mulheres pintam os rostos e dançam e cantam, batendo o chão com vassouras, caminhando pela roça e o Xabano para fazer um tipo de faxina espiritual para expulsar os espíritos (Berwick 1992).

O Yaimo é o cume da atividade social, não somente para a família do falecido mas envolve visitantes de outras aldeias. Os homens vão caçar por sete ou quinze dias para fornecer muita carne que assada. A noite as mulheres dançam no yano garantir sucesso aos caçadores. O pai ou irmão do falecido julga quando a carne é suficiente. As mulheres preparam o caxiri por mastigarem a mandioca e deixar em conchos de forma de canoas para fermentar. Os homens enfeitam as cabeças com penas brancas e se pintam preto, vermelho e púrpura e entram no yano com suas armas. Todo o mundo fica em um círculo e dançam. Assim começam três dias de beber, conversar e dançar. O caxiri é servido constante em cuias pela moças. É um tempo de liberdade sexual, embriaguez e muitas vezes brigas. Também os pajés tomam ebene. As cinzas do falecido são aplicadas nas costas das crianças. Entre os Xilixana não misturam as cinzas no mingau de banana para tomar. O mingau é derramado em um buraco no chão com o resto das cinzas (Peters 1998.71ss). A festa tem a forma de um dialogo ritual para restaurar a paz entre aldeias ou com outros povos vizinhos (Early e Peters 2000.238).

Cosmovisão:Urihi é a paisagem do território dos Yanomami que é uma entidade viva com seu próprio sopro (wixia) e princípio de fertilidade (në rope). Os animais (yaropë) eram a primeira humanidade, mas assumiram a condição de animal por causa do seu comportamento descontrolado. Também vivem muitos espíritos maléficos (në waripë), que caçam os yanomami como fossem animais (Albert 1999).

Os seres piores da floresta são os poré ou onka que percorrem o mato, pintado tudo de preto, procurando matar a gente com veneno. Eles vivem em baixo de uma serra. A pegada do poré é semelhante a de uma anta. Em uma mensagem gravada para Davi Kopenawa, a discussão sobre a invasão dos garimpeiros foi misturado com declamações sobre a feitiçaria e uma preocupação com um aumento da frequência dos poré perto da aldeia. Mais poré são vistos por causa da ameaça dos nabe ou brancos. Os poré tiram a terra da pegada de um Yanomami, que querem matar, embrulhada em uma folha para levar para seu yano onde é misturada com veneno. É possível um índio que já sobreviveu o veneno encontrar com o poré e pedir a pegada de volt (Berwick 1992).

No fundo das águas, esconde-se a casa do monstro Tëpërësiki, sogro de Omama. A origem dos Yanomami é da união entre Omama e a filha de Tëpërësiki. Omama deu as regras da sociedade e a cultura. O filho de Omama era o primeiro pajé. Omama tem um irmão que é origem da morte e dos males do mundo. Mas os xapiripë são espíritos auxiliadores deixados por Omama. No fundo das águas moram também os espíritos yawarioma, cujas irmãs seduzem e enlouquecem os jovens caçadores yanomami, dando-lhes, assim, acesso à carreira xamânica (Albert 1999).

Todos os animais eram no passado remoto humanos. Todos os Yanomami têm um noreshi, um animal que vive longe deles que experimenta a vida paralela do indivíduo. As experiencias do animal, saúde ou doença ou morte corresponde às experiencias do indivíduo Yanomami (Berwick 1992). Quando um homem nasce um animal nasce que é seu duplo, cada estágio da vida é sincronizado entre a pessoa e o animal. O termo noreshi ou nonoshi significa também a sombra da pessoa (Ramos 1995.164s).

Os mortos: Os Yanomami que morrem vão para morar em cima do céu que tem uma paisagem semelhante à terra. Observam um tabu de falar dos mortos depois os rituais para desligá-los da terra. Em vez de queimar o cadáver, enterram o corpo no mato e desenterrem os ossos dois anos depois, para observar o ritual de comer as cinzas dos ossos em uma mingau de banana da terra. Todas suas pertences do morto são destruídas e quando um chefe morre o xabono é abandonado. Os Yanomami canela a memoria dos parentes mortos, e por isso têm dificuldade falar das gerações anteriores da sua própria família (Berwick 1992).

Interpretam bons acontecimentos como a provisão de Omama o criador espírito. Jesus era um pajé forte. O grande espirito Cristão (Deus) tem sua casa mas ninguém o viu, quando foram na sua casa (igreja) e o chamou de nome! Omama deu as ferramentas aos brancos. Omama viajou através o mundo mas não tinha tempo para ensinar os Yanomami muita coisa. A tarefa do nabe é produzir as ferramentas e a tarefa dos yanomami é manter o mundo espiritual em ordem. O fogo estava na boca do jacaré Iwa. Os animais tentaram divertir o jacaré par que abrisse a boca, mas só a beija flor voou dentro a boca e tirou o fogo.

A ameaça dos garimpeiros: As observações de Dennison Berwick são de comunidades no rio Marauiá, fora dos Ninam, no tempo quando a autorização da T. I. Yanomami era incerta. Conforme Davi Kopenawa Yanomami, Omama escondeu o ouro e os minérios profundo na terra, para que os homens não os tirassem. Ele diz que os Yanomami não tocassem isso. Os pajé usam yakoana ou ebene para ter contato com os espíritos e Omama, e conhecer o xawara. A tarefa dos pajés é manter a ordem espiritual do mundo, mas o branco fabrica as coisas materiais. O minério também é chamado booshike. Xawara ou xawara wakexi é um gás ou uma fumaça patogênica que sai quando o ouro ou os minérios estão tirados da terra. O processo de extrair o ouro ou transformar o minério em metais libera o xawara, e espalha as doenças associadas com a presença dos brancos na floresta, como malária, sarampo, tuberculose etc. Os rios se tornam contaminados e os peixes desapareceram. Os brancos são ignorantes destas coisas, porque ele não são pajés. Os pajés Yanomami conhecem esta coisas. Quando um pajé morre os hekurabe, seus espíritos auxiliares ficam com raiva e vão se vingar. Quando os pajés morreram e até os hekurabe tornam-se doentes.

Davi Kopenawa Yanomami explicou a crise ecológica em termos apocalípticos como Cristo usou em Marco 13. Na aquela ocasião a crise contemporânea foi a queda de Jerusalém em AD70 que é ligada ao futuro fim do mundo. Os mundo é preservado para completar a evangelização. Para os Yanomami a crise contemporânea é a extração dos minérios da terra. O fim do mundo ligado é quando os hekurabe vão cortar o céu em pedaços ele vai cair na terra, como aterra atual era um céu que caiu. O sol, a lua e as estrelas vão cair. A atmosfera será cheia da fumaça e todos nós vão morrer. Os hekurabe vão quebrar a terra em terremotos. Conforme Davi o Deus Cristão não pode controlar o xawara e vai morrer. Os brancos não querem escutar, os pajés trabalham para salvar o mundo e manter o meio ambiente demorando o fim, enquanto há pajés vivos que mantêm contato com os hekurabe, que por enquanto estão concertando o céu e a terra. Assim os Yanomami se vingará dos Brancos (Berwick 1992).

Comentário: A Bíblia, a Filme Jesuse Gospel Recordings são disponíveis. John Peters trabalhou entre os Xilixana continuamente entre 1958 e 1967, e depois os visitou como antropólogo nos anos 70. A Missão Evangélica da Amazônia têm 34 igrejas indígenas, todas com liderança própria, cinco entre o povo yanomami. Observando a distância geográfica que separa essas igrejas, organizam uma vez por ano a liderança dessas igrejas em um intercâmbio que chamamos de Encontro de Líderes Evangélicos Indígenas. O Ministério de Capacitação de Líderes Indígenas (MICALI) conta hoje com seis equipes que ensinam em quatro línguas os módulos, com o auxílio de intérpretes. Realiza-se 33 estudos bíblicos em cinco locais, 1.129 participantes de 55 comunidades. Não é somente para os líderes, os módulos têm atraído outros cristãos das aldeias (MEVA).

Posto Toototobi era da Novas Tribos Missão com o casal Keith e Myrtle Wardlaw. Em 1979 Coy e Miriam Rochas começaram com o povo yanomami no Posto Toototobi, falantes do dialeto Xiriana. A MNTB continua a trabalhar entre os Yanomami.

Bibliografia:

  • ALBERT, Bruce, 1999, ‘Yanomami’, Povos Indígenas do Brasil, Instituto Socioambiental, São Paulo. pib.socioambiental.org/pt/povo/yanomami
  • BERWICK, Dennison, 1992, Savages, The Life and Killing of the Yanomami, Toronto: Vovage Press.
  • DAI/AMTB 2010, ‘Relatório 2010 – Etnias Indígenas do Brasil’, Organizador: Ronaldo Lidório, Instituto Antropos instituto.antropos.com.br
  • EARLY, John D., PETERS, 2000, John F, The Xiliana Yanomami of the Amazon: History, Social Structure and Population Dynamics, Gainsville, FL: University of Florida Press.
  • HEMMING, John, 2003, Die If You Must – Brazilian Indians in the Twentieth Century, London; Pan Macmillan.
  • PETERS, John F., 1998, Life among the Yanomami, Ontario: Broadview Press, Ltd.
  • SIL 2014, Lewis, M. Paul, Gary F. Simons, and Charles D. Fennig (eds.). 2014. Ethnologue: Languages of the World, Seventeenth edition. Dallas, Texas: SIL International. Online version: www.ethnologue.com.
  • SOUZA, Kellen Araújo, 2015, ‘O “Chamado Sublime”: Representações Missionáriias da Evangelização de Povos indígenas (1942-1963), Monografia apresentada como pré-requisito para conclusão do curso de Bacharelado e Licenciatura em História da Universidade Federal de Roraima, Boa Vista, RR.