Yagua (Peru e Colombia)

David J. Phillips

Autodenominação: Nijyąąmíy que significa ‘povo’, talvez seja uma autodenominação. É usada em contraste com mááy ‘os brancos’ e munuñúmiy ‘selvagens’, ‘inimigos’ ou ‘não Yaguas’. Mas é usada também para significar toda a humanidade.

Outros Nomes: Llagua, Nijyamïï Nikyejaada, Yahua, Yava, and Yegua. A palavra quéchua yawar significa sangue ou a ‘cor do sangue’, atribuída aos Yagua por causa do seu costume de se pintar vemelho com achiote, extraido das sementes da planta annatto (Bixa orellana). Também yagua em espanhol significa a palmeira real porque a roupa dos Yagua era feita da fibra da palmeira.

População: Peru: 5.690 (2000) 2.000 mono linguais. População étnica: 6.000 Colombia: nos ‘reguardos’ de Santa Sofía e El Progreso, no departamento de Amazonas, Colômbia. 5.679 (INEI 2007). A população em cima de 14 anos é 3.140 (BDPI 2015).

Localização: Em duas províncias da região de Loret, do Peru: Mariscal Ramón Castilla e Requena. Vivem próximos aos rios Amazonas, Napo, Putumayo e Yavari e seu afluentes. Em 2005 uns 2.000 Yagua mudaram-se ao norte para próximo à cidade Leticia, no extremo sul da Colômbia.

Língua: Yagua, da família linguística Peba-Yagua. Os Yagua são o único povo desta família linguística. As duas línguas mais próximas, Peba e Yameo, são extintas.

No Peru uns 2.000 são monolíngues em Yagua e os outros conhecem o espanhol. As crianças que vivem nas aldeias grande com outras etnias e nos rios maiores não aprendem o Yagua, mas as crianças que vivem em áreas mais isoladas ainda falam a língua. Três vezes mais das mulheres somente conhecem Yagua. Alfabetismo na primeira língua: menos que 1%, em espanhol: 25-50%. Têm oito escolas bilíngues. Têm dicionário, gramatica e o Novo Testamento foi traduzido entre 1994 e 2008 (SIL). Índice de Analfabetismo é 18% (INEI 2007).

História: Antes da conquista os Yaguas viviam em contato intimo com os Incas. Há mais palavras quéchua na sua língua do que palavras espanhóis. O primeiro contato com os europeus foi pelo espanhol Francisco de Orellana em janeiro de 1542. Na região de Pebas ele encontrou uma aldeia chamada Aparia e capturou dois chefes chamados Aparia e Dirimara e outros. É possível que estes nomes eram derivados das palavras yagua (j)ápiiryá ‘clã do arara vermelho e a rimyurá ‘xamã’.

No próximo século os jesuítas estabeleceram uma missão em 1686 em San Joaquin de los Omagua, em uma ilha no rio Amazonas perto da confluência do rio Ampiyacu. A missão servia o povo Campeba, mas havia contato com os Yagua também. No século XVIII os portugueses atacaram a missão e espalharam os indígenas. O contato continua até a segunda metade do século XIX pelos jesuítas e os franciscanos.

Mais tarde, durante o século XIX, outro viajantes europeus, incluindo Antonio Raimondi, davam informações sobre os Yagua em suas histórias de viagem.

Durante a extração da borracha, entre 1880 e 1914, o Yagua tentou resistir à invasão dos seringueiros. É por causa dessa perseguição que os Yagua penetrou na floresta, procurando por áreas mais isoladas, onde eles poderiam escapar. No início do século XX, quando os espanhóis Agostinianos começou seu trabalho missionário na área, encontrou estabelecido no território Yagua inúmeras fazendas. A partir deste tempo os Yagua eram dominados pelo sistema de clientelismo.

Em 1920, a borracha acabou e novos padrões, principalmente colonos mestiços, através do comércio de madeira e peles. Em seguida, entre 1932 e 1933, durante o conflito de fronteira Peru-Colômbia, o Yagua também foram ameaçados.Em 1952, o Summer Institute of Linguistics começou a trabalhar entre os Yagua, analisou a língua, e fez a tradução da Bíblia. Durante a década de 1970 houve um reagrupamento dos Yagua nas comunidades, como resultado da nova legislação do Estado peruano, a Lei de Comunidades Nativas (INEI 2007). O sedentarização, no entanto, tem sido um processo gradual, desde a instituição dos missionários para estabelecer assentamentos permanentes e evangelizar os grupos indígenas e para a criação de escolas bilíngues, em torno do qual moldaram as comunidades existentes (BDPI 2015).Na década de 1970, várias comunidades Yagua ingressou no movimento messiânico de Santa Cruz, dirigido por Francis Da Cruz, do Brasil. De acordo com o antropóligo Jean Pierre Chaumeil, a força relativa com que este movimento entrou na cultura Yagua é explicada pelas características do sistema de crenças deste povo, com base em histórias escatológicas (Chaumeil 1984).

Atualmente as comunidades yaguas são espalhadas em uma grande área por causa da invasão dos seringueiros no fim do século XIX e no século XX. Os indígenas eram explorados para coletar o látex, escravizados ou morreram das doenças introduzidas pelos europeus.

A aldeia Yagua é um local que desempenha um papel importante no circuitos do turismo de Iquitos. O uso de trajes tradicionais, feitas com base em folhas de palmeira, e zarabatana e curare para a caça, seria atraente para servir esta indústria.

Estilo da Vida: Vivem em trinta comunidades no Peru e na Colômbia espalhadas em uma área de 320 km de largura e por 560 km de comprimento (180.000 km quadrados). Entre 2o e 5o paralelo de latitude e entre o 70o e 75o meridiano oeste. Cobriam o corpo com a casca da arvore llauchama.

Os Yagua praticam a agricultura de coivara da mandioca, tanto para prepara a farinha, etc. como o Masato, bebida de importância nos rituais. A caça é importante entre os Yagua, e é valorizada no plano simbólico entre os homens. A arma tradicional para a caça é a zarabatana ou pukuna foi de 3,20 metros de comprimento. Os Yagua imitam os sons dos animais para atraí-lo na caça. Os Yagua também praticam a pesca, esta é uma atividade importante na potência e economia, pois ele tende a substituir carne de animais selvagens, como base para a dieta básica (BDPI 2015).

Sociedade: As grandes distancias entre as aldeias dos Yagua criam dificuldades em manter contato étnico, com a tendencia de cada comunidade ser autônoma e ter relações com não Yagua que falam espanhol. Há uma pressão de se assimilar na cultura geral do Peru. As aldeias são pequenas de duas a trinta famílias. Entretanto a cultura e a língua são viáveis nas comunidades mas isoladas, onde as crianças aprendem a língua e o artesanato é fabricado. Hoje os nomes dos clãs são usado como nome de família.

Cada comunidade é politicamente independente, representada por um chefe. Depois o casamento os novo casal mora por algum tempo com os pais da mulher e o genro trabalha par o sogro, e depois reside patrilinear, isso é com os pais dele. Mas hoje em dia este costume é alterado.

Artesanato:

Religião: A iniciação dos pajés envolve aprender a reconhecer a voz dos espíritos e falar com eles. Os xamãs yagua usavam sons não verbais para comunicar com os espíritos, deformando a voz porque acreditam que os espíritos falam em alto tom. Até os espíritos encarnam-se nas flautas rituais. O espirito Noron (Curupira) assobia no mato para desorientar suas vítimas. Acreditam que pela imitação a voz dos espírito pode controlá-lo. O som do chocalho de folhas secas pode acalma o espírito durante uma sessão de curas. Três tipos de flauta eram usados na iniciação do homens, e as mulheres eram proibidas os ver (Chaumeil 2011).

A água é um simbolo importante, as mulheres dão a luz de joelhos em água e os homens tomam banho antes de caçar. O processo de preparar o veneno para os dardos da zarabatana é xamanista e os dardos são considerados de ter uma força magnética.

Cosmovisão: Os Yaguas têm uma cosmovisão complexa. Os mitos falam de oito mundos e de um criador ‘Nosso Pai’ identificado com a Lua. Adoram o criador Oriknan. Havia diversos fogos que destruíam a terra, seguidos pela criação de uma nova humanidade. Os espíritos e demônios vivem na floresta. Os demônios podem se transformar em forma humana, e são associado com a jiboia, a onça e as formigas. Esta história de diversas crises de fogo escatológico explica porque muitos dos Yagua aceitaram a seita messiânica de Santa Crus nos anos 70.

Comentário: Thomas L. e Doris E. Payne, Paul e Esther Powlison da SIL trabalharam na língua.

Bibliografia:

  • BDPI, Base de Datos de Pueblos Indígenas u Originarios, Ministerio de Cultura, Perú, http://bdpi.cultura.gob.pe/pueblo/maijunahttp://bdpi.cultura.gob.pe/pueblo/yagua, acesso 17 de março 2015.
  • CHAUMEIL, Jean-Pierre, 2011, ‘Speaking Tubes’ in Chaumeil J-P e Hill Jonathan David, eds, Burst of Breath: Indigenous Ritual Wind Instruments in Lowland South America, University of Nebraska.
  • CHAUMEIL, Jean Pierre,1984, Ñinamwo los yagua del nororiente peruano. Lima: CAAAP.
  • POWLISON, Paul S., 1985, Yagua Mythology: Epic Tendencies in a New World Mythology (International Museum of Cultures Publication, 16).
  • SIL 2014, Lewis, M. Paul, Gary F. Simons, and Charles D. Fennig (eds.). 2014. Ethnologue: Languages of the World, Seventeenth edition. Dallas, Texas: SIL International. Online version: www.ethnologue.com.

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