Kantaruré

David J. Phillips

Autodenominação: Kantaruré refere a um herói mítico que aparece durante os rituais, e adotado pelo povo em contraposição ao até então adotado pelas comunidades ‘caboclos da Batida’ (Brasileiro 2003).

Outros Nomes: Cantaruré, Pankararu

População: 493 (DAI/AMTB 2010), 340 (FUNASA 2010), 350 (SIASI/SESAI 2013), 353 (FUNASA 2003).

Localização: no município da Glória, Bahia, na Terra Indígena Kantaruré, de 1.811 ha, homologada em 2001 e registrada no CRI e na SPU, com 350 Kantaruré (SIASI/SESAI 2013).

Língua: Português.

História: Os Kantaruré são descendentes dos Pankararu que viviam nas margens do trecho do rio São Francisco entre a cachoeira de Paulo Afonso e as caatingas e serras adjacentes. Foram colocados em aldeamentos sob os jesuítas e depois sob os, franciscanos e capuchinhos. No século XVIII as missões foram fechadas e os indígenas perderam suas terras férteis às margens do rio aos fazendeiros de gado e migraram para as serras e brejos na caatinga. No século seguinte duas concentrações indígenas de formaram: Uma em Brejo dos Padres noa margem pernambucana do rio e a outra no Brejo do Burgo no lado baiano.

Os Kantaruré são descendentes dos Pankararu quando no no final do século XIX a índia Pankararu chamada Rosa Baleia saiu da aldeia no Brejo dos Padres para morar com Balduíno, um posseiro que vivia no povoado de Olho d’Água doa Coelhos, situada junto à Serra Grande. Com seus treze filhos fundaram a aldeia da Batida. Os Kantaruré são descendentes de quatro dos filhos. A comunidade de Pedras começou quando dois homens Kantaruré se casaram com duas moças de Baixa das Pedras de Cima, distante 3km da Batida, e assim começou a segunda comunidade Kantaruré. Outros Kantaruré moram nas agrovilas da CHESF próximas à T. I. e também nos municípios de Aracaju, Sergipe, Petrolina, Petrolândia e Floresta, no Pernambuco, Belém Pará, e nos estados de Piaui, Mato Grosso e São Paulo (Brasileiro 2003).

Estilo da Vida: Vivem nas aldeias da Batida e de Pedras na T. I. Kantaruré. As aldeias se situam próximos à vertente setentrional da Serra Grande, a aproximadamente 5 quilômetros da margem direita do rio São Francisco, na extremidade nordeste e noroeste da T. I. com suas roças. A extensão sul da T.I. é usada para a caça, especialmente na serra, e a coleta do povo. Os animais caçados são tatu, peba, tamanduá, veado, nambu, juti, e as aves gavião, cordoniza jacu (penelope) e cardieira. O solo é típico da caatinga e pouco fértil e os roçados são reduzidos, cerca de um hectare, e cada família tem roças dispersadas em localidades diferentes. A cultivação é voltada quase que exclusivamente para a subsistência, com mandioca, feijão, milho e outras hortaliças. Criam galinhas e porcos. As casas são de taipa com telhas de telha ou croá, habitadas por uma família nuclear (Brasileiro 2003).

Sociedade:

Artesanato:

Religião:

Cosmovisão: Dançam o Toré no qual consideram que tenham contato com os antepassados.

Comentário:

Bibliografia:

  • BRASILEIRO, Shiela, 2003, ‘Kantaruré’, Povos Indígenas do Brasil, Instituto Socioambiental, São Paulo. pib.socioambiental.org/pt/povo/kantarure/
  • DAI/AMTB 2010, ‘Relatório 2010 – Etnias Indígenas do Brasil’, Organizador: Ronaldo Lidório, Instituto Antropos –http://instituto.antropos.com.br/
  • HEMMING, John, 1987, Amazon Frontier-The Defeat of the Brazilian Indians, London: Pan Macmillan.
  • HEMMING, John, 2003, Die If You Must – Brazilian Indians in the Twentieth Century, London; Pan Macmillan.
  • SIL 2015, Lewis, M. Paul, Gary F. Simons, and Charles D. Fennig (eds.). 2014. Ethnologue: Languages of the World, Eighteenth edition. Dallas, Texas: SIL International. Online version: http://www.ethnologue.com