Kariri — Kiriri

KARIRI / KIRIRI

David J. Phillips

Autodenominação: Kiriri é tupi que significa povo ‘calado’ ou ‘taciturno’, termo atribuído aos índios que viviam no sertão (Brasileiro 2003).

Outros Nomes: Kiriri-Xokó, Kariri de Mirandela (DAI/AMTB 2010). Quiriri, Kiriri

População: 1.612(DAI/AMTB 2010).

Localização: BA, CE, PE em duas Terras Indígenas:

T. I. Kiriri, BA, homologada e registrada no CRI e SPU em 1990 de 12.300 há com a rodovia BA- 388 ao leste com 2.147 Kiriri (FUNAI 2010).

Reserva Indígena Barra, BA, reservada, registrada no CRI e SPU, de 62 ha na margem esquerda do rio São Francisco, entre o rio e a BR-242, com 183 Atikum e Kiriri (FUNAI 2010).

Língua: Falam português com alguns vocábulos Kiriri.

História: No século XVIII os jesuítas solicitaram do rei de Portugal um território de uma légua em redor das aldeias. Por exemplo a aldeia, Saco dos Morcegos, hoje, Mirandela, uma das quatro aldeias kiriri funadas pelos jesuítas com 700 casais, foi delimitada com 6.600m em todas das direções. Mas depois da expulsão dos jesuítas as aldeias passaram a ser vilas e ter administração civil sem diferenciar entre colono e índio, com a consequente invasão por não indígenas. Durante a Diretoria no século XIX, ações eram tomadas contra os direitos dos índios. Durante os anos 40 do século XX os Kiriri reivindicaram o território ao formato octogonal do chapéu de sol. O Posto Mirandela do SPI não avançou a causa territorial e fechou por 1970.

Em 1972 o povo elegeu um cacique e conselheiros de cada núcleo e em 1976 um novo indigenista da FUNAI conduziu um pleito pela demarcação da Terra e a expulsão dos não índios. Da demarcação foi completa em 1981. Durante os anos 80 o povo ocupou as fazendas e em 1987 a FUNAI indenizou e o INCRA removeu 37 famílias de posseiros. Uma manobra para frustrar a ocupação dos índios do território foi criado o município de Banzaê, mas isto foi derrotada. A Terra Indígenas foi homologada em 1990. Em 1995 os Kiriri ocuparam Mirandela depois a retirada dos não indígenas. Finalmente em 1998 os Kiriri ocuparam os outros povoados retirando os últimos não indígenas (Brasileiro 2003).

Estilo da Vida: A Terra Indígena Kiriri localiza-se no norte da Bahia, em uma região de clima semiárido, e os córregos são intermitentes, na faixa de transição entre o agreste e a caatinga (“boca de caatinga”). Existe umprocesso acelerado de erosão provocado por mais de três séculos de exploração econômica. Os Kiriri vivem em oito povoados antes ocupados por regionais. Mirandela é o centro da Terra Indígena, situa-se a 24 Km a noroeste da cidade de Ribeira do Pombal, mais importante centro econômico da região. Os Kiriri praticam uma agricultura de subsistência com roças de mandioca, feijão, milho e hortas no quintais das casas, plantadas de verduras. As roças são espalhadas distantes uma das outras, que é uma providencia contra o fracasso da colheita. A FUNAI implantou casa de farinha motorizadas e comunitárias, cada família pagando uma taxa pelo uso. Uma pequena quantidade é esporadicamente vendida no comércio, bem como frutos silvestres. Compram carne, café, óleo, açúcar, sal e outros artigos no comércio regional (Brasileiro 2003).

Sociedade: Os Kiriri têm a família nuclear como a unidade de produção e consumo. Famílias podem se cooperar em grupos chamados ‘batalhões’ ou ‘adjuntos’ e o número de dias é trocado entre os membros, o dono da casa construída ou a roça brocada fornece os alimentos. Os Kiriri se organizam em duas facções, cada uma com seu cacique auxiliado por seus conselheiros ou chefes dos núcleos de residencia.

Muitos Kiriri fazem migrações a São Paulo e Rio de Janeiro, para outras cidades do nordeste. Também trabalham nas fazendas vizinhas (Brasileiro 2003).

Artesanato: Vendam no mercado cerâmicas e trançados.

Religião: Os Kiriri aprenderam o Toré dos índios da T. I. Tuxá em 1974, e por consequência certas prática xamanísticas do próprio povo erammarginalizadas. Seus encantados ou heróis sobrenaturais eram destacados e seus cânticos era acrescentados ao ritual aprendido. As pessoas congregam-se ao terreiro aos sábados à noite e a ‘jurema’ é a ingestão durante a dança seguida pelas cerimônias de ‘limpeza’ conduzidas pelo pajé e os encantados são convidado a participar. Depois da dança em uma fila serpenteia os encantados ‘falam’ em uma língua desconhecida pelo povo, mas interpretada pelos líderes políticos (Brasileiro 2003).

Cosmovisão:

Comentário:

Bibliografia:

  • BRASILEIRO, Shiela, 2003, ‘Kiriri’, Povos Indígenas do Brasil, Instituto Socioambiental, São Paulo. pib.socioambiental.org/pt/povo/kiriri.
  • DAI/AMTB 2010, ‘Relatório 2010 – Etnias Indígenas do Brasil’, Organizador: Ronaldo Lidório, Instituto Antropos –instituto.antropos.com.br.
  • SIL 2013, Lewis, M. Paul, Gary F. Simons, and Charles D. Fennig (eds.). 2013. Ethnologue: Languages of the World, Seventeenth edition. Dallas, Texas: SIL International. Online version: www.ethnologue.com.