Kinikinao

David J. Phillips

Autodenominação:

Outros Nomes: Equinao, Guaná, Kinikinawa, Koinukonoen, Kinikinao (DAI/AMTB 2010).

População: 250 (DAI/AMTB 2010).

Localização: Reserva Indígena Kadiwéu, MS, de 538.536 ha, no município de Porto Murtinho, homologada e registrada no CRI e SPU, com 1.629 Chamacoco, Kadiwéu, Kinikinau e Terena (FUNASA 2006). 58 Kinikinao (Souza e Silva 2005).

250 Kinikinau espalhadas nas aldeias Terena.

Língua: Kinikinao ou Guana da família linguística Arawak, semelhante a Terena. Não há falantes conhecidos (SIL).

História: No chaco o povo guerreiro, os Guaikurú cavaleiros, mantinham os Guaná como vassalos agrícolas, que eram muito doceis. Os Português fizeram uma aliança com os Guaikurú, que estavam fugindo dos espanhóis, e o Governador de Matto Grande deixou 400 Guaikurú e 600 Guará viver no território disputado da fronteira entre Albuquerque (Corumbá) e Coimbra no rio Paraguai. Os Exoaladi e os Layana eram outros grupos Aruak que migraram para o território brasileiro.

Os índios foram protegidos em 1797 quando os espanhóis atacaram, e o governador persuadiu os permanecer na região. No século XIX somente os Kadiwéu sobreviveram dos Guakurú e os Terena e Kinikinao dos Guaná (Hemming 1987.120). Os Kinikiao e Terena prosperaram sendo povos agrícolas, com plantações de milho, cana-de-açúcar, algodão e tabaco. Suas mulheres teceram coberturas e redes de algodão. A aldeia de 800 Kinikinao era bem organizada e os índios aculturados. Os capuchinos italianos estabeleceram uma missão em 1850, mas depois uma revolta dos soldados no forte de Coimbra em 1851 resultou em a falha das plantações e muitos índios espalharam Em 1862 a Missão recuperou e os índios trabalhavam nas fazendas e de remadores nas canoas no rio Paraguai.(Hemming 1987.422).

Estilo da Vida: Vivem espalhados por algumas aldeias da parte ocidental de Matos Grosso do Sul. O principal elemento cultural define a identidade dos Kinikinao é o idioma Kinikinau. Nele, o termo Wakashu tem grande importância política. Significa “Lagoa da Capivara”, nome da terra de onde foram expulsos em 1932, no governo de Getúlio Vargas. A Wakashu é uma área de 10 mil hectares fincada na divisa dos municípios sul-mato-grossenses de Miranda e Aquidauana, no sul do Pantanal. A terra vem sendo reivindicada desde o final dos anos 90, mas ainda não há uma posição conclusiva do governo federal se a reserva Kinikinau será criada.

Sociedade: Por muito tempo se declaram ser Terena.

Artesanato: As mulheres confeccionam cerâmica que é vendida na cidade de Bonito. Chamada Moté Ypoti, a cerâmica difere da convencional em muitos pontos. Ao invés do forno, o barro é queimado com lenha para se transformar em utensílios rústicos como tigelas, vasos e pequenas esculturas. O processo de queima com lenha dá às peças uma tonalidade mais clara e não uniforme às peças, que recebem o acabamento de corantes feitos à base de sementes de plantas do cerrado.

Religião: Antigamente existiam curandeiros chamados Koiomuneti que realizavam rituais com um chocalho e um penacho de penas de ema. Os Kinikinao realizam a Dança do Bate-Pau, como fazem os Terena, que relembra a participação do povo na Guerra do Paraguai. Usam vestes de penas de ema e de palha e batem taquaras no chão e nas taquaras dos outros.

A maioria são evangélicos da Uniedas (União das Igrejas Evangélicas da América do Sul).

Cosmovisão:

Comentário: 90% evangélicos (Joshua Project) mas outros grupos nenhum evangélico.

Bibliografia:

  • DAI/AMTB 2010, ‘Relatório 2010 – Etnias Indígenas do Brasil’, Organizador: Ronaldo Lidório, Instituto Antropos –instituto.antropos.com.br.
  • HEMMING, John, 1987, Amazon Frontier-The Defeat of the Brazilian Indians, London: Pan Macmillan.
  • HEMMING, John, 2003, Die If You Must – Brazilian Indians in the Twentieth Century, London; Pan Macmillan.
  • SIL 2014, Lewis, M. Paul, Gary F. Simons, and Charles D. Fennig (eds.). 2014. Ethnologue: Languages of the World, Seventeenth edition. Dallas, Texas: SIL International. Online version: www.ethnologue.com.
  • SOUZA, João Luiz de, e SILVA, Giovani José, da 2005, ‘Kinikinao’, Povos Indígenas do Brasil, Instituto Socioambiental, São Paulo. pib.socioambiental.org/pt/povo/kinikinau.