Korubo

KORUBO

David J Phillips

Autodenominação: Conforme as pesquisas não há um nome de autodenominação usado por todos os Korubo. Korubo foi o nome dado pelos Matis.

Outros Nomes: Isolados do Itaquaí, Caceteiros, Isolados do Quixito, Mayá (DAI/AMTB 2010). Korubo significa coberto de areia, de cinza ou de barro para para espantar os mosquitos (Ananda Conde 2008). Um dos povos Pano com os Matsés. Durante os primeiros contatos hostis acreditava-se que a autodenominação do grupo era Kaniwa, mas esta palavra significa ‘cunhado’ nas línguas Pano (Conde 2008).

População: 500 (DAI/AMTB 2010), 500 ou 300 (SIL), mas o grupo em contato é entre 17 e 25 (Anonby e Holbrook 2010.8), 25 (Conde 2008).

Localização: T. I. Vale do Javari, (AM) é de 8.544.480 ha junto à fronteira com o Peru e abrange quase toda a extensão e cabeceiras do rio Curuçá e seu afluente o rio Pardo, os rios Ituí, Itaquai e seu afluente Branco que tem sua foz no rio Javari em Atalaia do Norte, perto de Benjamin Constante, e rio Jandatuba que deságua no rio Solimões. A Terra Indígena consiste das Bacia do Javari, 83.46 % da área e a do Jutaí 16% Floresta Ombrófila Aberta (86.05 %). É coberta na maioria (86%) com floresta ombrófila aberta e terra mais seca e floresta Ombrófila densa que é perenifólia e ciliar com árvores de até 50m de altura. É homologada e registrada no CRI e SPU em 2001. O grupo de Korubo contatado tem nove malocas entre o baixo rio Ituí e o baixo rio Itaquai, Amazonas. Os não em contatos vivem nos afluentes do rio Quixito (Anonby e Holbrook 2010.8) ou entre os rios Ituí, Coari e Branco na T.I.(Conde 2008).

Língua: Falam e entendem Matis. 240 falantes (SIL). Mas não é classificada e provavelmente é da família linguística Pano. Alguns entendem o português, mas preferem não o falar (Conde 2008).

História: O primeiro ciclo da borracha no fim do século XIX os índios foram explorados e escravizados para trabalhar em extrair o látex e receberam artigos industriais ou ser exterminados. Quarenta Korubo foram mortos por um grupo de Peruanos em 1928. Os Korubo ficaram escondidos na floresta do Vale do Javari ate acerca de 1950 quando começou a extração de madeira. Os ribeirinhos ocuparam uma boa parte da terra firme do Vale do Javari e os índios foram explorados de novo e os Korubo, que eram considerados ‘bravos’ que resistiram, foram em perigo de ser exterminados (Conde 2008).

Os Korubo são reconhecidos por sua violência, tendo matado 40 brancos entre 1965 e 1995. A FUNAI começou um posto para atrair os Marubo no rio Itaquaí. No princípio a FUNAI pensou que os ‘caceteiros’ eram parte dos Marubo. Aconteceram três ataques pelo Korubo no Posto com um número de mortos. Em 1975 200 Korubo visitaram o Posto e pediram facões, etc. mas depois atacaram e mataram mais um servidor do Posto (Conde 2008). Durante a década 80 mais de mil madeireiros estiveram na área do Vale Javari tirando madeira, conflitos com os índios eram frequentes. A FUNAI contou 58 embarcações invadindo os rios dos Korubo isolados (Hemming 2003.546). Depois de três contatos os Korubo apareceram bem debilitados e doentes na margem oposta do posto, e cinco nadaram para receber medicamento. Mas o posto foi abandonado quando os Korubo novamente o atacou (Conde 2008).

Os Korubo sofreram ataques pelos regionais em 1979, 1981, 1985 e 1986 com índios mortos a tiros ou com farinha venenada e malocas queimadas. Em 1983 a Petrobras começou uma pesquisa sísmica e sofreu um ataque pelos Korubo, perdendo dois funcionários mortos (Conde 2008). Três Korubo foram mortos em 1990 e uma maloca atacada e todos os adultos mortos. Um pescador branco foi morto de pauladas e dez índios mortos por represália em 1995 (Hemming 2003.546). Antes de contato os Matis e os Korubo eram inimigos e mesmo que os dois povos têm boas relações agora, os Matis temem os Korubo isolados.

A FUNAI fez primeiro contato em 1995 com quatro homens e uma mulher. Tanto os membros da expedição como os índios esteve com medo, mas o contato passou amistoso e durou cinco dias. Em 1996, depois de uma das brigas internas, uma parte dos Korubo fugiu da aldeia e foi morar na beira do Rio Itacoaí.Este grupo contatado é uma parte de um grupo maior isolado. A FUNAI usou uma embarcação, Jacurapá, para manter o único contato de vez em quando, temendo uma invasão de madeireiros, mas isso não aconteceu (Hemming 2003.548). Outra embarcação, Waiká, foi usada para a vistoria da tapiri na qual foram colocados presentes perto da aldeia. Em uma expedição na terra próxima à aldeia os índios cercaram os sertanistas, escondidos na mata, imitando os gritos de animais e batendo seus batoques no chão (Conde 2008).

Depois 30 visitas feitas pelos Korubo um ataque resultou em que um sertanista foi morto por um desentendimento entre os índios e a FUNAI, mas as relações têm melhoradas pelo ano 2000 (Hemming 2003.548). Uma enfermeira tem trabalhada com eles por dois anos (Anonby e Holbrook 2010.8). Em 2010 a FUNAI teve contato com cinco homens dos Korubo isolados, que acreditaram que a cacique Maya tinha morrido e temeram contato por pegar as doenças dos brancos (Globo amazônia 11/12/2010). O grupo contatado recebe a assistência da equipe da Frente Proteção Etno-Ambiental Vale do Javari, ligada à Coordenação Geral de Índios Isolados da FUNAI desde 1996. A subida e descida de pessoas no rio são fiscalizadas (Conde 2008).

Estilo de Vida: Há duas comunidades Korubo no meio rio Ituí, uma perto da Frente de Contato e a outra em cima chamada Tapalaya. Cada aldeia consiste de uma maloca e diversas casas menores ao lado. Dentro da maloca o assoalho é levantada do chão e feito de paxiúba. Cada família usa o espácio entre os esteios e os homens guardam suas bordunas em buracos no chão. Usam maqueiras ou redes providenciadas pela FUNAI.

Praticam a agricultura de coivara de milho, mandioca e outros. Caçam com zarabatana, lança e arco e flecha e pescam com redes. Os homens tomam uma bebida fermentada de um cipó para aumentar seu sucesso em caçar (Conde 2008). Em guerra usam batoques (bordunas) e não arco e flecha. A sociedade tem uma matriarca chamada Maya. Eles têm contato com os Matis, que são os tradutores para o FUNAI (Anonby e Holbrook 2010.8). Os Korubo mostram-se curiosos sobre os que os Matis contam sobre visitas às cidade de Atalaia do Norte e Benjamin Constant.

Os Korubo raspam o cabelo de cima da cabeça para atras, deixando só o cabelo na frente até a testa. Outro estilo é para raspar todo deixando somente uma ‘tiara’ em cima de uma orelha para a outra (Conde 2008)

Sociedade: O pequeno grupo dos contatados sofre a malária e outras doenças pelo contato. Há seis casos de hepatite Há pouco possibilidade de novos casamentos (Conde 2008).

Artesanato: A cerâmica está sendo substituída pelos utensis industriais. Usam um bracelete de tucum mas adotam pulseiras e a perfuração da orelhas dos Matis (Conde 2008).

Religião: Os Korubo contatados é somente uma geração de jovens que não aprenderam os rituais dos mais velhos do grupo que saiu e fica isolado. Por isso muito não é praticado mais, senão alguns danças e cânticos (Conde 2008).

Cosmovisão: Pouco é conhecido.

Comentário:

Bibliografia:

  • ANONBY, Stan e HOLBROOK, David J., 2010, ‘A Survey of the Languages of The Javari River Valley, Brazil’, SIL Electronic Survey Report 2010-003, March 2010, Dallas, Tex: SIL International.
  • CONDE, Ananda, 2008, ‘Korubo’, Povos Indígenas do Brasil, Instituto Socioambiental, São Paulo. pib.socioambiental.org/pt/povo/korubo.
  • DAI/AMTB 2010, ‘Relatório 2010-Etnia Indígenas do Brasil’, Organizador: Ronaldo Lidório, Instituto Antropos –instituto.antropos.com.br.
  • HEMMING, John, 1987, Amazon Frontier-The Defeat of the Brazilian Indians, London: Pan Macmillan.
  • HEMMING, John, 2003, Die If You Must – Brazilian Indians in the Twentieth Century, London: Pan Macmillan.
  • MNTB 2005 Missão Novas Tribos do Brasil, Anápolis, GO, www.mntb.org.br.
  • SIL 2009, Lewis M. Paul (ed), Ethnologue: Languages of the World, Sixteenth Edition. Dallas, Tex: SIL International. Versão on line: www.ethnologue.com..