Krenak

David J. Phillips

Autodenominação: Krén. O nome Krenák é o do líder do grupo que comandou a cisão dos Gutkrák do rio Pancas, no Espírito Santo, no início do século XX (Paraíso 1998).

Outros Nomes: Borun, Crenaque, Nakrehë, Crenac, Krenac, Botocudos (DAI/AMTB 2010). É um grupo da nação indígena chamados pelos português de Botocudos, e eram conhecidos pelos Tupi como os Aimorés. Outros grupos Botocudos do rio Doce são os Pojixá, Nakre-ehé, Miñajirum, Jiporók e Gutkrák (Paraíso 1998). Os Krenak, anteriormente, receberam as denominações Aimoré, Gren, Gueren ou Kren e Botocudo (Paraíso 1989.1).

População: 230 (DAI/AMTB 2010), 350 (FUNASA 2010).

Localização: Em cinco Terras Indígenas:

T. I. Vanuire: de 709 ha homologada e registada no CRI e SPU, no Estado de São Paulo, população 177 de Krenak e Kaingang.

T. I. Krenak: de 4.039 ha homologada e registada no CRI e SPU, na margem esquerda do rio Doce, entre as cidades de Conselheiro Pena e Resplendor, com uma população de 319 Krenak (FUNASA 2010).

T. I. Fazenda Guarani, com 3.270 ha homologada e registada no CRI e SPU, no município de Carmésia MG, cortada no sul pela rodovia MG-232, com 279 Krenak e Pataxó (FUNASA 2010).

T. I. Krenak de Sete Salões, em identificação, sudoeste de Corínto, MG.

Reserva indígena Krenrehé, de 6.000 ha perto do rio Arinos, Mato Grosso, Krenak e Maxakali.

Língua: Krenak ou Borun é da família linguística Macro-Jê, e a maioria falam português. Apenas as mulheres mais idosas falam as duas línguas (Paraíso 1998). Em alguns períodos da história, os Krenak chegaram a ser proibidos de falar a sua língua (Dutra, 1998.103), o que, somado ao forçado processo de miscigenação e dispersão, resultou numa perda quase total da língua, fazendo com que todos se tornassem falantes do português. Entretanto, as mulheres mais idosas preservaram a língua, passando para suas filhas, que não eram vistas como ameaça. Algumas delas, quando crianças, aprenderam a falar apenas a língua tradicional (Silva 2002.80).

História: Pelos Tupi do litoral baiano, que os colonizadores encontraram primeiramente os ancestrais dos Krenak eram denominados Tapuio e Aimoré. No século XVII, são referidos como Guerén, Gren ou Kren e somente no século XIX, por Botocudo, devido ao hábito de usar botoques labiais e auriculares da madeira barriguda (Bombax entriculosa).

Os Botocudos eram deslocados da Mata Atlântico no sul da Bahia pelos Tupi, e no século XIX chegaram na região do rio Doce. Em 1808 foram assinadas no Rio de Janeiro pelo Príncipe Regente D. João, Carta régias declarando Guerra justa contra os Botocudos (Paraíso 1998).

Os Krenak eram do Gutrák, um grupo dos Botoque, que vivia na margem esquerda do rio Doce, MG. Seu líder, Krenak, os separou no início do século XX (Paraíso 1998). A dissidência com os Gutrák era devido uma morte cometida por membros do grupo liderado por Krenak. Também, Tetchuk, irmão de Krenak, e líder dos Gutrák, estabelecera contato com o SPI no Espírito Santo, e aldeado com seu grupo no Posto Indígena Pancas. Krenak não aceitou o contato e refugiou seu grupo na matas do Município de Resplendor, às margens do médio rio Doce. Este trecho do rio não era ocupado por não índios, até a construção da Estrada de Ferro Vitória-Minas, no início do século XX (Paraíso 1989.2).

A separação já aconteceu em 1911 quando os Krenak estavam subindo o rio Doce; em 1913 um Posto de Atração foi estabelecido no córrego Eme, mas os índios mantiveram sua isolação 66 km do Posto vivendo nas fontes do rio Mutum (Seki 1992).

Em 1909 o governo mineiro decidiu instalar um aldeamento para os índios no vale do rio Eme, afluente da margem esquerda do rio Doce, exatamente onde se localizavam as aldeias dos Krenak. Um posto de atração foi instalado e a demarcação de 200 ha começou em 1918, que não encontrou, qualquer ponto da área, presença de brancos, mas incluiu três aldeias. Mas os índios expulsou a equipe de demarcação, porque os presentes enviados pelo governos foram desviados. A demarcação foi concluída em 1920, tendo incluído mais 2.000 ha com mais aldeias. A população de mais de cem pessoas (Paraíso 1989.5).

Em 1920 os fazendeiros ofereceram garapa aos índios em uma emboscada, quando passaram a matá-los, com golpes de facão. Nove morreram e as família se afastaram do Posto. Apenas um responsável foi condenado (Seki 1992; Paraíso 1989.7). Em 1920 os governo do Estado de Minas gerais doou ao Governo Federal, 3.983 ha destinados à fundação de uma Reserva para os Botocudo. No entanto o governo federal demorou aceitar a Reserva e a área foi progressivamente invadida por posseiros e fazendeiros (Seki 1992). Em 1945 o número de posseiros era 1.492 vivendo nos 4.000 ha (Paraíso 1989.11).

A Reserva foi aceito somente em 1948. Mas os índios foram transferidos e abandonados; alguns forma para a Ilha do Bananal, Mato Grosso e Posto Vanuíre em São Paulo. A terra da doação continuou ocupada por não índios com apenas três famílias indígenas (Seki 1992). A descoberta de uma mina de mica em 1955 estimulou a invasão para explorar do mineral. Uma bomba quase destruiu a casa do chefe do Posto e foi decidido levar os Krenak para o Posto Indígena Maxacali, no norte do Estado, uma vida em condições péssimas; muitos morreram por fome e febre. As relações entre os Krenak e os Maxacali eram tensas. Em 1959 os Krenak dividiram, alguns voltando ao Posto, outros indo para São Paulo ou Governador Valadares (Paraíso 1989.12).

Em 1970 com volta dos índio ao Posto, foi transformado em Reformatório Indígena Crenac, por índios de muitas etnias, para reeducá-los conforme padrões dos brancos. Até os posseiros acreditavam que era para eles mesmos também! (Seki 1992).

Em 1972 os fazendeiros reagiram contra o propósito da FUNAI reativar o Posto Guido Marliere para os índios, e os Botocudos, isso é, os Krenak, foram transferidos à Fazenda Guarani, contra sua vontade, porque no Rio Doce deixaram suas lavouras, pomares, e a terras com associadas aos seus antepassados e ritos religiosos. Também a Fazenda Guarani é situada a 700 metros de altitude, com clima fria e chuvosa e desprovida de rios, onde os Krenak jamais se adaptaram. Encontram ali não indígenas e depois um grupo de Guarani foi transferido do Espirito Santo e sua lavoura fracassou e a caça era escassa. Em 1980, 27 dele voltaram ao Posto Guido Marliere para descobrir suas roças transformadas em pasto e as arvoes frutíferas não existentes (Seki 1992).

Hoje, Os Krenak são caraterizados pela sua tenaz resistência ao sistema dominante, depois massacres, expulsão do seu território e um processo de miscigenação.

Estilo da Vida: O Território Indígena Krenak, somando um total de 3.983.09 ha., está localizado no Município de Resplendor, Vale do Rio Doce, no sudeste de Minas, quase limítrofe com o Espírito Santo. Tomando a cidade de Resplendor como referência, a reserva se localiza a noroeste da mesma, na margem esquerda do Rio Doce, fazendo fronteira com o município de Conselheiro Pena a oeste. A aldeia mais próxima dista 12 km de Resplendor. O Rio Eme corta todo o território, desembocando no Rio Doce ao sul da reserva, e no centro do território está a Serra do Kuparake, que divide a reserva no sentido leste-oeste. A população Krenak soma cerca de 230 pessoas, com pouco mais de trinta famílias nucleares, oriundas de três famílias extensas, distribuídas em três aldeias, com habitações altamente dispersas, algumas distando até quilômetros uma das outras. Com a expulsão dos fazendeiros os índios aproveitaram suas casas de alvenaria para fixar residência. (Silva 2002.79).

A principal aldeia é Barra do Eme, localizada ao sul da Terra, na confluência do Rio Eme com o Rio Doce que tem uma escola indígena. Ao nordeste da Terra está a Aldeia do Eme, com o mais alto grau de miscigenação e, em 2002, pouco interesse pela preservação cultural. A Aldeia do Córrego da Gata localiza-se ao noroeste da Terra, com uma escola (Silva 2002.79). A aldeia Tupã, dos Kaingang, em Vanuíre, São Paulo era o principal centro de migração, aonde a população é provável maior. Outros vivem em Conselheiro Pena, MG e em Colatina, ES.

Sociedade: A confederação dos Botocudos era formada por um grande número de grupos étnicos que tendo se aliado na luta contra outras etnias, e posteriormente na resistência aos colonizadores, compartilhavam uma mesma cultura e língua, possuindo uma pequena variação linguística que caracterizava cada grupo. Com a expansão dos colonos, estes vários grupos paulatinamente sucumbiram à pressão. O último grupo a negociar a sua rendição foi o Gutkrak (montanha do cágado) liderado pelo Capitão Krenak (Silva 2002.78)

A sociedade Krenak se divide internamente em grupos rivais. O cacique que trata das relações externas para o povo, não tem autoridade interna sobre os outros dois grupos. O resultado é que alguns projetos assistenciais destinado ao povo acabam beneficiando apenas as aldeias de Córrego da Gata e Barra do Eme. Certas mulheres exercerem forte liderança, por ser descendentes dos xamã Krenak, mas não podem representar o povo publicamente. Elas deterem o domínio da língua e a memória histórica do povo e acabam exercendo certa liderança. O filho do cacique toma seu lugar e a sua preparação para o exercício de sua atividade é promovida por sua mãe (Silva 2002.85).

A sua língua quase entrou em extinção, sendo preservada apenas pelas mulheres mais idosas, entretanto. Novamente de posse do seu território tradicional, iniciaram um intenso processo de resgate cultural e linguístico, que já tem dado resultados visíveis e muito positivos. Nos últimos anos tem sido feito um esforço deliberado para que as crianças e adolescentes aprendam a sua língua, e felizmente estão tendo êxito, pois hoje, as crianças e grande parte dos adolescentes já se comunicam bem na língua tradicional, tendo inclusive, professores que a dominam (Silva 2002.78). A sua língua tribal é ensinada na escola como uma das principais disciplinas do seu currículo. No lar, as mães, avós e irmãos, procuram intencionalmente conversar com as crianças também na língua para desenvolver a capacidade de conversação. Assim, a comunidade Krenak vai resgatando sua língua e linguagem tradicional (Silva 2002.80). Por muito tempo os Krenak não possuem um xamã, mas as duas aldeias aliadas promovam o poder mediúnico de uma neta dos velhos xamãs. A outra aldeia não aceita isso por ela ser casada com um kraí ou não índio, pois os marét não se presenciam na presencia dos não índios (Silva 2002.85).

As duas escolas nas aldeias de Barra do Eme e Córrego da Gata têm professores indígenas; o ensino em 2002 foi somente no nível básico. Os alunos que querem continuar têm que assistir uma escola na cidade de Resplendor, transporte de ônibus foi providenciados pela Prefeitura. Outro fato, e talvez o mais complicador, é que há um forte sentimento de discriminação em relação aos indígenas por toda população regional, e por isto, os estudantes Krenak em escolas convencionais são fortemente estigmatizados. A discriminação em sala de aula é patente até por parte de vários professores. Uma professora do Grupo de Trabalho Missionário Evangélico atua desde 1989 entre os Krenak, e am 2002 atuava fazer um trabalho de de conscientização sobre a questão indígena, na escola e comunidade, na expectativa de diminuir o preconceito. Através do GTME, um grupo de crianças e adolescentes foi aceito num colégio metodista na cidade de Colatina (ES), em regime de semi-internato. Não tendo pajé a comunidade abandonou quase que completamente seus métodos tradicionais de medicina, tornando-se totalmente dependente das visitas de um veículo da FUNASA em 2002 (Silva 2002.87).

Artesanato:

Religião: A despeito da forte influência católica que os Krenak receberam desde o contato, eles são enfáticos em afirmar: “não somos católicos nem protestantes”65. Verificando um pouco mais acuradamente a sua religiosidade, é fácil perceber que eles foram fortemente influenciados pelo catolicismo regional. Entretanto, fica claro também que a sua base de concepção tanto da religião, como do mundo, é animista. Poderíamos classificá-los então, como animistas sincretistas com forte influência católica (Silva 2002.81).

Há uma tradição que antigamente os Botocudos dançaram em redor de um mastro sagrado com uma cabeça no alto, rezando para o maret makiñam, um velho de cabeça branca (Seki 1992). A dança cerimonial que os Krenak chamam simplesmente de ‘trabalho’ era realizada com muita frequência próximo ao cemitério dos seus ancestrais, em torno de uma estátua de madeira chamada Yonkyón que era uma figura central na cosmologia Krenak. Yonkyón desapareceu em 1939, havendo fortes indícios de que tenha sido roubado por Nimuendajú. … De qualquer forma, após o desaparecimento de Yonkyón os rituais foram diminuindo até deixarem de ser praticados. Com o despertamento para o resgate cultural e o surgimento de uma xamã, as danças voltaram a ser praticadas, mas não com o mesmo vigor. Os Krenak reconstruíram uma casa de religião, onde voltaram a praticar seus rituais tradicionais (…)”. Consistem basicamente em danças, cantorias e na transmissão de mensagens dos ancestrais à comunidade ou a determinadas pessoas. Rituais de nascimento, iniciação, casamento e morte, já não são mais praticados (Silva 2002.82).

A casa de religião (Kieme-burúm) é onde realizam suas danças cerimoniais, sendo um simples e pequeno rancho improvisado. Desta forma, o seu encanto ou dimensão sagrada possui caráter temporário (Silva 2002.84).

Os Krenak crêem que cada pessoa possui uma alma principal e várias secundárias, sendo que a morte acontece quando a principal deixa o corpo, mas as demais permanecem ainda por algum tempo, podendo inclusive se transformar em animais encantados – preferencialmente onças. Isto fica claro no comentário que eles fazem sobre a morte do grande cacique Krenak: “E o tempo passou, sentimos o fim de suas energias. Krenak chamou seu povo: Eu vou morrer (…) Veio outra lua e a alma principal do velho Krenak deixou seu corpo” (Silva 2002.83). As almas são adquiridas a partir dos quadros anos de idade, quando são implantados os primeiros botoques labiais e auriculares. Esta alma abandona o corpo durante o sono ou fica fora durante doenças, e morre dentro o corpo quando a pessoa morre. Seis mais almas acompanham o cadáver e pairam sobre o túmulo, chorando. caso esta almas não recebessem alimento dos vivos, poderiam transformar-se em onças para ameaçar a aldeia. Dos ossos dos cadáveres, surgem espíritos maus e grandes que vivem no mundo subterrâneo mas podem vagar pela aldeia matando os animais e assustando todos (Paraíso 1998).

Cosmovisão: Os Krenak têm um considerável panteão de entidades que influenciam diretamente o seu dia-a-dia, pois apesar de não se relacionarem com elas a nível de mediunidade ou mesmo de oráculo, suas atitudes e crenças giram em torno de satisfazê-las ou pelo menos respeitá-lass (Silva 2002.82).

Marét são seres espirituais que habitavam o céu (taru) Botocudo, sendo os grandes ordenadores dos fenômenos da natureza, capazes de protegerem os índios (burúm) enquanto os não-índios (kraí) estivessem distantes. Segundo eles, os marét são sempre muito bondosos para os Krenak. O marét mais reverenciado pelos Krenak é o Marét-kmakniam (“velho Marét”). Seria invisível para os kraí (não-índios) mas os informantes de Faria (1992.19) deram a seguinte descrição:

“A sua aparência era de um homem pouco mais alto do que um anão, com a cabeça branca e pêlos ruivos. Tinha como peculiaridade um pênis colossal que atingia até a garganta das mulheres com que mantinha relações sexuais.”

Este possui uma esposa, chamada Marét-Jikky (“velha Jikky”) que sempre se esconde dos olhos não apenas dos kraí, mas também dos Krenak e vive no céu, tendo o casal vários filhos – os Marét-kmakanim-krouk – que também podem aparecer para os burúm (Silva 2002.82).

Os nanitiong são os espíritos encantados dos mortos que também são dignos de acato e veneração. São eles quem emitem os avisos de morte e por isto quem ver um nanitiong está fadado a adoecer e até morrer. Assim como os marét, podem fecundar as mulheres e ter filhos com elas, apesar de, ao que parece, não haver nenhuma história ressente sobre um fato destes (Silva 2002.82). O último pajé hoje é considerado um nanitiong que orienta sua neta no avivamento das danças e outros rituais (Silva 2002.83). Os espíritos da natureza – os tokón -, escolham seus intermediários na terra, os xamãs, com os quais mantinham contato durante os rituais. Os xamãs acumulavam o cargo de líderes políticos. (Paraíso 1998).

Há lugares, abrigos rupestres com pinturas no Vale do Rio Doce, que os Krenak consideram de ser feitos por seus antepassados, os Marét, e a visita a esses lugares lhes traz o sentimento de encontro e comunicação com os Marét e deixam oferendas.

Comentário: Um grupo da aldeia Córrego da Gata são das Assembleias de Deus (Silva 2002.89). Mesmo não podendo ser classificados como um grupo puramente animista, sua cosmovisão repousa sobre bases animistas. Logo, esta questão precisa ser tratada com muita seriedade em uma abordagem missionária71. Parece que sua cosmologia gira em torno do sagrado/profano, sendo que os kraí e tudo o que vem deles se enquadra nesta segunda categoria, o que indica a necessidade de uma teologia de santo e profano com sólida base bíblica, já no momento do evangelismo. Uma teologia de espíritos também se fará necessária, dada a sua arraigada crença nos marét e nanitiong. A questão do “desencanto” do seu mundo espiritual ou encantado com a simples presença dos não-índios parece ser também uma questão central na sua cosmologia, devendo assim receber uma atenção especial. O significado da cruz é muito curioso pois, se de um lado a ela são atribuídos poderes de afugentar as almas dos mortos (nandyón) cuja visão traz a morte, por outro lado ela destrói também os encantamentos dos “velhos” cujos ensinamentos são capazes de protegê-lo. Talvez por isso é que, hoje, no esforço de alimentar a identidade étnica, os Krenak rejeitem a presença missionária na área (Silva 2002.91).

A língua Krenak ainda carece de uma sistematização gramatical, pois em 1982 a linguista Lucy Seky iniciou um trabalho entre eles (Paraíso, 1998.430), mas não obteve êxito dada a resistência do próprio povo que rejeita quase tudo que vem de fora. A grafia da língua é feita a partir do português de modo bem informal pelos próprios professores, que vão tentando escrever da forma que pronunciam, juntamente com as mulheres mais idosas que verificam se está sendo feito da forma correta. Alguns jovens Krenak receberam bolsas de estudo e estão fazendo faculdade, e um dos professores Krenak tem o sonho de fazer linguística para analisar e grafar corretamente a sua própria língua, mas até então, nada foi feito no sentido de levar este sonho à frente (Silva 2002.80).

Bibliografia:

  • DAI/AMTB 2010, ‘Relatório 2010 – Etnias Indígenas do Brasil’, Organizador: Ronaldo Lidório, Instituto Antropos –instituto.antropos.com.br.
  • FARIA, Maria Juscelina de (coord) 1992, A População Indígena de Minas Gerais – Panorama Histórico e Situação Atual, Belo Horizonte: Fundação João Pinheiro.
  • PARAÍSO, Maria Hilda Baqueiro, 1998, ‘Krenak’, Povos Indígenas do Brasil, Instituto Socioambiental, São Paulo. pib.socioambiental.org/pt/povo/krenak.
  • PARAÏSO, Maria Hilda Baqueiro, 1989, ‘Os Krenak do Rio Doce, a pacificação, o aldeamento e a luta pela terra’. Apresentado no XIII Encontro Anual da ANPOCS (GT História Indígena e do Indigenismo), 23-27 de outubro de 1989. Caxambu, Minas Gerais.
  • SIL 2013, Lewis, M. Paul, Gary F. Simons, and Charles D. Fennig (eds.). 2013. Ethnologue: Languages of the World, Seventeenth edition. Dallas, Texas: SIL International. Online version: www.ethnologue.com.
  • SEKI, Lucy, 1992, Notas para a história dos Botocudo (BORUM). Boletim do Museu do Índio, Documentação, n. 4. Rio de Janeiro: Museu do Índio.
  • SILVA, Cácio Evangelista, 2002, ‘Minas Indígena:Levantamento Sociocultural e Possibilidades de Abordagens Missionárias nos Grupos Indígenas de Minas Gerais’, Viçosa, MG, Dissertação apresentada ao Programa Pos-Graduação da Escola de Missões Transculturais do Centro Evangélico de Missões, como requisito parcial para obtenção do título de Mestre em Missiologia.
  • SILVA, Cácio, 2008, Fenomenologia da Religião, Anápolis, GO: Transcultural Editora e Livraria.