Krikati — Kricatijê

David J. Phillips

Autodenominação: Krĩcatijê que quer dizer ‘aqueles da aldeia grande’ que é usado pelos demais povos Timbira. Os seus vizinhos, os Pukopjê, referem a eles de Põcatêgê , ‘os que dominam a chapada’ (Ladeira 2005). ‘Kritkati’ significa ‘aldeia grande’ (Hemming 2003.182).

Outros Nomes: Krincati, Timbira, Kricatijê, Põcatêje (DAI/AMTB 2010).

População: 682 (DAI/AMTB 2010), 921 (FUNASA 2010).

Localização: na Terra Indígena Kritaki, Maranhão, de 144.775 ha nos municípios de Montes Altos e Sítio Novo, homologada e registrada no CRI e SPU com 1.027 Krikati (FUNASA 2010).

Língua: Kritati-Timbira da família linguística Jê setentrional – Timbira com Canela, Gavião do Pará, Krahô e Kreye (SIL).

História: Os Timbira se localizam no sul do Maranhão, leste do Pará e no norte do Tocantins, eram empurrados para o oeste no século XVIII pela expansão da criação de gado e a plantação de algodão e arroz no norte do Maranhão. Uma Carta Régia de 5 de novembro de 1811 permitia a escravidão dos Timbira que resistissem a colonização (Melatti 2000).

Os Krakati são uma das nações dos Timbira, parte dos povos que falavam as línguas Jê, que viviam na região atualmente os estados de Maranhão, Pará e Tocantins. O grupo leste consiste dos Canela, Gavião, Krahô, Apinagé e dos Krikati e outros. O Maranhão prosperou mais do que o Pará sob a administração do Pombal e fazendas de gado espalharam no sul e no leste. Contato e conflito com os Timbira resultou, que resistiram violentamente. Nos meados do século XIX muito mão de obra colonial saiu do estado para ser seringueiros na Amazônia, por isso os colonos tentaram usar os índios que era um desastre (Hemming 1987.246s). No Maranhão as autoridades querendo estender as fronteiras até o rio Tocantins fundou Santa Thereza (Imperatriz) e usaram missionários para sedentarizar os índios inclusive os Krikati, mas sem sucesso. Alguns do Krikati eram parte do 800 guerreiros que congregaram na Missão Itambacuri em Minas em 1870 (Hemmings 1987.363, 376).

O censo de 1919 relatou que tinham duas aldeias com 270 pessoas. Ninuendajú visitou os Timbira da região em 1920-30, os Krahó, os Apinayé e os Kritati. O antropólogo descobriu que o fazendeiro Salomão Barros ameaçou as duas aldeias. O agente do novo SPI, Marcellino Miranda tentou mediar, ofereceu mudar os índios para um lugar mais seguro, mas eles recusaram e fugiram. Em 1930 o presidente do Maranhão ordenou o SPI transferir os Krikati, ou ele usaria a polícia para mudá-los (Hemming 2003.183). Em 1957 Darcy Ribeiro considerou os Krikati extintos, mas eram. A sua Terra Indígena devia ser demarcada no anos 70, mas um tribunal à final em 1991 rejeitou todos os reivindicações dos fazendeiros com resultado dos Krikati conseguiram 146.00 hectares desflorestados. Os índios ameaçaram destruir os fios levando a eletricidade da usina Tucuruí, que atravessaram o território. Em 1993 os Ka’apor ajudaram os Krikati e Canela opor a construção da ferroviária da CVRD entre Carajás e o porto perto de São Luís, e bloquearam as operações e a Companhia prometeu à FUNAI cumprir suas obrigações de fazer a demarcação das Terras Indígenas dos Awá-Guajá e dos Krikati. O Banco Mundial comunicou que seu investimento teve a condição que as Terras Indígenas sejam demarcadas. A demarcação foi realizada em Março 1998 (Hemming 2003. 608-610).

Estilo da Vida: A T. I. é banhada por rios entre os quais os Lajeado, Arraia, Tapuio e é situada na transição entre a floresta e a chapada. Vivem em três aldeias, São José, Raiz e Cocal composta alguns Guajajara casados com mulheres Krikati.

Sociedade: Há semelhanças entre os povos timbira na sua cultura. Os homens usam grande batoques auriculares. As mulheres usam no pescoço, várias voltas de miçangas, guarnecidas com um feixe de medalhas católicas. Não usam cerâmica, mas cabaças para guarde água e alimentos. As aldeias consistem de casas em um círculo com um pátio no meio, o qual não tem uma casa dos homens. A regra do casamento é uxorilocal e assim as casas da irmãs foram um segmento no círculo da aldeia que é exogâmico (Melatta 1999).

A FUNAI Em 1999, a Funai iniciou o processo de desocupação de fazendeiros e outros não indígenas da Terra, com o pagamento das benfeitorias, no entanto a extrusão total dos ocupantes ainda não se efetivou. Os Krikati enviaram uma carta ao Ministério Publico Federal e a Tribunal Regional Federa em 20de julho de 2014, protestando a decisão do tribunal suspender a desocupação da Terra Indígena por não indígenas: ‘Reafirmamos que o nosso território é um bem sagrado e dele dependemos para a nossa reprodução física e cultural, sem a terra livre e protegida não é possível reproduzir o nosso modo de vida.'(ISA Notícias).

Artesanato:

Religião: A maioria dos rituais se concentra na estação das chuvas, enquanto a estação seca se reserva para a realização dos ritos da iniciação. O ano é cheio de festas até em qualquer período do ano uma aldeia é preparando uma festa. As festas marcam as colheitas do milho, da batata-doce, e as mudanças de estação. Cada festa é marcada por uma corrida de tronco e cantos específicas, que são tão importantes que sem alguém que conhece os cânticos, a festa não pode ser realizada (Ladeira e Azanha 2005). As corridas das toras são de revezamento, em que cada uma das duas equipes que as disputam carrega uma seção de tronco de buriti. As toras são longas ou curtas, maciças ou ocas, cavadas ou com cabos, seu tamanho e seus ornamentos variam conforme o rito em realização (Melatti 1999).

Cosmovisão: Os mito dos Timbira têm suas semelhanças. O Sol e a Lua criam o mundo, a Mulher-Estrela ensina a cultivação das plantas. Havia uma luta contra o grande gavião e a grande coruja e a origem do rito de iniciação Pembyê. Os urubus leva o primeiro pajé ao céu para aprender o xamanismo. O conhecimento do uso do fogo, que foi tomado das onças (Melatti 1999).

Comentário:

Bibliografia:

  • DAI/AMTB 2010, ‘Relatório 2010 – Etnias Indígenas do Brasil’, Organizador: Ronaldo Lidório, Instituto Antropos –instituto.antropos.com.br.
  • HEMMING, John, 1987, Amazon Frontier-The Defeat of the Brazilian Indians, London: Pan Macmillan.
  • HEMMING, John, 2003, Die If You Must – Brazilian Indians in the Twentieth Century, London; Pan Macmillan.
  • LADEIRA, Maria Elisa, AZANHA, Gilberto, 2005, ‘Krikati’, Povos Indígenas do Brasil, Instituto Socioambiental, São Paulo. pib.socioambiental.org/pt/povo/kritati.
  • MELATTI, Júlio Cezar, 1999, 2000, ‘Timbira’, Povos Indígenas do Brasil, Instituto Socioambiental, São Paulo. pib.socioambiental.org/pt/povo/timbira.
  • SIL 2013, Lewis, M. Paul, Gary F. Simons, and Charles D. Fennig (eds.). 2013. Ethnologue: Languages of the World, Seventeenth edition. Dallas, Texas: SIL International. Online version: www.ethnologue.com.