Kulina Pano

David J. Phillips

Autodenominação:

Outros Nomes: Culina Pano, Kulina do Acre (SIL).

População:

Localização: Amazonas (DAI/AMTB 2010).

Terra Indígena Vale do Javari, de 8.544.480 ha, contígua com a fronteira com o Peru no rio Javari/Yavari, banhada pelos rios Curuçá e seu afluente o Prado, Itui, Itaquai e seu afluente o Branco, e as cabeceiras do Jandiatuba, Homologada e registrada no CRI e SPU, com 3.759 indígenas de 13 etnias (PIB): Kanamari, Korubo, Kulina Pano, Marubo, Matis, Matsés, Tsohom-dyapa e isolados de seis povos.

Língua: Kulina Pano da família linguística Pano, quase extinta. A língua é diferente da Kulina da família Araua, do tronco Aruak.

História: Os primeiros contatos benignos no Vale do Javari eram dos missionários da NTMB e do SIL que aprenderam as línguas bem e fizeram o mais possível para ajudar os índios com assistência médica e a educação para enfrentar contato com o mundo de fora. Até os Marubo usaram os frascos vazios de injeções para enfeitar suas malocas. Os Marubo no alto rio Curuçá vendeu madeira e seringa aos brancos e construíram uma pista de pouso para os aviões dos missionários (Hemming 2003.539).

Nos anos 60 do século XX a população dos Kulina Pano foi reduzida por guerras entres os povos e as epidemias. Os Matsés mataram muitos dos Kulina Pano em ataques para roubar esposas (Anonby e Holbrook 2010.8). No início dos anos 1970, a Petrobras começou a fazer trabalhos de pesquisa de petróleo e gá na região, que provocou conflitos. A FUNAI começou a atuar no Vale do Javari, com o Posto no Curuçá em 1974, tendo contato com os Marubo, Kanamarí e as Kulina Pano. Depois veio os madeireiros na região que opõem à criação Terra Indígena (Leonardi 2000.117). A FUNAI estabeleceu uma Frente de Atração no Ituí em 1977 porque índios desconhecidos apareceram na floresta.

Em 1981 Júlio César e Delvair Melatti colecionaram toda a informação sobre as tribos do Vale do Javari então disponível e a FUNAI formou três grupos de pesquisas. Os resultado foi a proposta de criar um vasto parque indígena no Vale de seis milhões de hectares para abranger os vales dos rios Curuçá, Ituí e Itaquai. 300 concessões de seringais e de madeira e o Petrobras protestaram o projeto. As pesquisas para óleo eram feitas em segredo e causaram um grande impacto ambiental, mas depois as denúncia do CIMI e Survival Internationl e a falta de resultados positivos, e ataques de índios desconhecidos as empresas prometeram sair da região. A FUNAI pediu um mapeamento das etnias da área que foi feito por Sílvio Cavuscens e Lino João Neves em 1986. Mas as invasões dos madeireiros e seringueiros continuaram e Delvair Melatti protestou que o projeto é uma fantasma. Em 1990, missionários e a FUNAI organizaram o primeiro encontro de lídres dos Marubo, Matsé, Kulina e Kanamari que estabeleceu CIVAJA (Conselho Indígena do Vale do Javari) e ele teve sua primeira assembleia no rio Curuçá. A demarcação começou em1992 pela FUNAI, que fechou os ponto de acesso nos rios. Grandes manifestações contra o parque aconteceram, mas presidente Cardoso decretou a demarcação de 8.338.000 hectares (Hemming 2003.543-547). A Terra Indígena Vale do Javari foi finalmente homologada em maio de 2001. A região do Vale do Javari é onde se encontra o maior número de grupos de indígenas isolados do continente americano. Uma nova ameaça é as plantações de coca e a violência dos nacrotraficantes.

Estilo da Vida: No rio Curuçá na aldeia Pedro Lopes, se mudando para a cidade de Tabatinga, na fronteira internacional, na confluência do rio Javari com o Solimões, município de Benjamin Constant (SIL). Vivem no meio rio Curuçá 70 em 2000, 32 em 2010 e acerca de 40 moram em Tabatinga, AM, (Anonby e Holbrook 2010.9). Um informante que mora em Tabatinga disse que apenas 32 vivem na aldeia. Na aldeia praticam agricultura de subsistência, caçam e pescam (Anonby e Holbrook 2010.8).

Sociedade: Pouco informação. Muitos já vivem em Tabatinga, AM, e aparece que estão assimilando na cultura nacional, perdendo sua língua e suas tradições (Anonby e Holbrook 2010.9).

Artesanato:

Religião: Eles têm provavelmente perdido a sua religião tradicional e não há organizações evangélicas trabalhando com este povo (Anongy e Holbrook 2010.9).

Cosmovisão:

Comentário:

Bibliografia:

  • ANONBY, Stan e HOLBROOK, David J., 2010, ‘A Survey of the Languages of The Javari River Valley, Brazil’, SIL Electronic Survey Report 2010-003, March 2010, Dallas, Tex: SIL International.
  • DAI/AMTB 2010, ‘Relatório 2010 – Etnias Indígenas do Brasil’, Organizador: Ronaldo Lidório, Instituto Antropos –instituto.antropos.com.br.
  • HEMMING, John, 2003, Die If You Must – Brazilian Indians in the Twentieth Century, London; Pan Macmillan.
  • LEONARDI, Victor, 2000, Fronteiras Amazônicas do Brasil : Saúde e História Social, Brasília, DF: Paralelo 15 Editores.
  • SIL 2014, Lewis, M. Paul, Gary F. Simons, and Charles D. Fennig (eds.). 2014. Ethnologue: Languages of the World, Seventeenth edition. Dallas, Texas: SIL International. Online version: www.ethnologue.com.