Arapaso Konea

David J Phillips

Autodenominação: Os Arapaso se autodenominam Konea (ou Korea) (Acalante).

Outros Nomes: Arapaço, Araspasso, Koneá.

População: 526 (DAI/AMTB 2010); 569 (DSEI/FOIRN); 300 (Cabalzar 2006.44); 268 (ALEM 1992).

Localização: No Médio Uaupés abaixo de Iauareté em três povoados Jibari, Loiro e São José e algumas famílias no rio Negro e em São Gabriel (Cabalzar 2006). Nos assentimentos Paraná Jucá e São Fransciso (Hugh-Jones 2003) e Iauarete (SIL). Barcelos. Em quatro Terras Indígenas:

  • T I Alto Rio Negro de 7.999.380 ha homologada e registrada no CRI e SPU com 16 etnias, população total 26.046 (SIASI 2013).
  • T I Médio Rio Negro I de 1.776.410 ha homologada e registrada com onze povos e população total 2.480 (FUNASA 2007).
  • T I Médio Rio Negro II de 316.194 ha homologada e registrada no CRI e SPU, com uma população total de 1.083 que consiste de nove povos.
  • T I Cué-Cué/Marabitanas com 808.645 ha declarada, com nove etnias, população 1.864 (GT/FUNAI 2010).

Língua: Falam Tukano. Não fala mais sua própria língua, e considerada um dialeto de Tukano e da família linguística Tukano Oriental.

História:
São um dos poucos povos que moram atualmente na região que moravam antes de 1500 e a invasão dos europeus. Os Arapaso tiveram uma população muita maior que atualmente com território entre Iauarete e Urubuquara (Cabalzar 2006.57).

Os Arapaso adotaram a cultura e a língua Tukano, assim formam parte dos 20.000 indígenas que falam a língua e participam da rede de trocas de casamentos, rituais e comércio. Este sistema de intercâmbio recíproco depende das semelhanças e diferencias entre as etnias (Hugh-Jones 2003). Os Arapaso tinham a sua própria língua e conjunto de nomes pessoais, genealogias e mitos, cantos e danças. Têm seu próprio território e trecho do rio. Os Arapaso sofreram o regime da destruição da suas cultura pelos Franciscanos como os demais povos Tukano no principio do século XX. As crianças foram levadas aos internatos e ensinadas a esquecer das suas línguas e costumes.

Estilo da Vida: Participam do mesmo estilo de vida, e sustentando principalmente da pesca e a agricultura da mandioca, a caça e a coleta.

Artesanato:

Sociedade: Os povos Tukanosão patrilineares e exogâmicos, quer dizer devem se casar com uma mulher de um dos outros povos e falante de outra língua. Provavelmente a exogamia é a razão porque os Arapaso perderam o uso da sua língua; as crianças sendo membros do povo do seu pai, porem estão criadas pela mãe que fala sua própria língua.

Religião:
Entre os Tukano a religião é parte integral de toda a vida. O ambiente é considerado perigoso e todo adulto deve ter alguma habilidade to manejar as forças criativas e destruidores da natureza. Os homens devem agir com as forças espirituais da floresta para ter sustento pela caça e pela pesca e as mulheres entender as forças que operam nas roças e nos seus ‘filhos’, os produtos da horticultura (Hugh-Jones 2003).

Todos os homens adultos têm poderes de xamã, mas alguns estão destacados por buscar e possuir poderes excepcionais. As mulheres por sua habilidade de procriar filhos também se consideram xamãs. Por isso na mitologia divindade feminina, Ye’pa, etc., criam os ancestrais que por sua vez criam a humanidade.

Os xamãs são de dois tipos: O yai (onça) é o pajé que lida com os animais e espíritos e pessoas; lida com a feitiçaria de vingançaouciumeeé curadeiro. Pode ser bom ou mal e é consideradode ser poderoso e perigoso com a onça.

O kumu é mestre de ritual e cerimonia, o sábio e sacerdote. Ele é o líder político da comunidade e uma pessoa de confiança que tem responsabilidade de proteger as pessoas e conduz as cerimonias de iniciação. Ele sopra encantações sobre a carne da caça. O kumu é comparado com a tartaruga com a sua carapaça forte. Como promotor da festa de Yurupuri, que renova as forças produtivas da natureza, o kumu é associado com poderes de Ye’pa, a criadora (Hugh-Jones 2003). Os Arapaso têm seus Yurupari, os flautas e trombetes sagrados feitos do tronco da palmeira paxiúba, como os demais povos Tukano, que são considerados os ossos do ancestral arapaso.

40% dos Arapaso são católicos. Em 2010 um diácono foi ordenado em São Gabriel da Cachoeira e depois o rito católico no salão um benzimento foi feito conforme as tradições Arapaso com a narração do mito da origens da Canoa Anaconda, a defumação pelo pajé com incenso ao som do Yapurutu. para expulsar os espírito maus.

Cosmovisão:
Os Arapaso têm suas próprias histórias e também compartilham da mitologia Tukano. Diversos seres míticos geraram os aspectos do mundo. O universo é feito de três mundos: o céu que pode ser o atmosfera ou o espaço estelar, a terra e o mundo subterrâneo que contem o rio dos mortos. O universo não têm dimensões precisas de cronologia ou espaço e conforme a vida ritual não distingue entre os animais, os humanos e os espíritos. Todos os especies são ‘gente’ entre si mesmos, e têm sua organização social. Encaram as outras criaturas como fossem da mesma natureza. Então os homens têm que respeitar os animais, pois para caçar e comer é tipo de guerra e antropofagismo. Muitas doenças ou sofrimentos são considerados ser a vagância dos animais caçados. Os primeiros ancestrais dos povos Tukano chegaram na região na Canoa Anaconda mítica, se transformando em seres humanos durante a viagem e desembarcaram na cachoeira de Ipanoré.

Uma versão do mito conta que os Arapaso são descendentes de um ancestral chamado Unurato que nasceu após a relação de uma mulher com uma cobra. Foi rejeitado pela mãe e ele vagou pela amazônia até tornou-se homem na cidade de Manaus (Acalante).

Comentário:

Bibliografia:

  • ACALANTE, Equipe do Projeto Acalante www.attema.com.br/sites/acalanto
  • CALALZAR, Alosio, 2006, (redator) Povos Indígenas do Rio Negro, uma introdução à diversidade socioambietal do noroeste da Amazônia brasileira, São Gabriel da Cachoeira, São Paulo: FIORN-ISA.
  • DAI-AMTB 2010, ‘Relatório 2010-Etnia Indígenas do Brasil’, Organizador: Ronaldo Lidório, Instituto Antropos instituto.antropos.com.br
  • HUGH-JONES, Stephen, 2003, ‘Arapaso’, Povos Indígenas do Brasil, Instituto Socioambiental, São Paulo, pib.socioambiental.org/pt/povo/arapaso
  • SIL: 2009, Lewis, M Paul (ed), Ethnologue: Languages of the World, 16th edition, Dallas, Tex.: SIL International www.ethnologue.com