Machineri – Yine

David J Phillips

Autodenominação: Yine que significa ‘nós’ (Mercante 2006).

Outros Nomes: Manchineri, Maxineri, Piro (DAI/AMTB 2010).Machineri, Manchinere, Manchineri, Manitenére, Manitenerí, Maxinéri (SIL).

População: 937 (DAI-AMTB 2010), 940 no Brasil e 140 na Bolívia, 1.080 total (SIL). 997 no Brasil (SIASI/SESAI 2012), 15 na Bolívia (Censo Nacional 2001), 90 no Peru (INEI 2007).

Localização: O Acre nos municípios Sena Madureira e Assis e duas Terras Indígenas:

  • T I Mamoadate, AC, de 313.647 ha nas duas margens do rio Iaco contigue com a fronteira peruviana, homologada e registrada no CRI e SPU, com 1.105 Manchineri e Yaminawá (Iglesias e Aquino 2005).
  • T I Machineri do Seringal Guanabara, AC, em identificação, com 166 (Iglesias e Aquino 2005).
  • Reserva Extrativista Chico Mendes, AC, criada por Decreto Presidencial em 12 de março de 1990 numa área de 970.570 ha, ao leste da T. I. e abrange os municípios de Assis Brasil, Brasiléia, Capixaba, Xapuri, Sena Madureira e Rio Branco: Algumas famílias nos seringais entre 2.000 famílias beneficiadas de seringueiros, etc (IBAMA 2006). Os Machineri vivem em doze colocações do Seringal Guanabara.
  • Na Bolívia: No município de Bolpebra, na Província Nicolás Suárez no Departamento de Pando, vivem no seringal San Miguel no rio Acre, manejado por brasileiros com quem eles falam português (SIL: Crevels 2007).

Língua: Machinere, da família linguística Aruak, ramo Maipure. É distinta da Yine/Piro no Peru. Porções bíblicas 1960 (SIL).

História:
Os Machineri afirmam que sempre viviam nas margens do rio Iaco. Eram seis povos chamados os Yineri, que se casaram com uma população de 2.000. Na segunda metade do século XIX sofreram as invasões e correias dos caucheiros do Peru e os seringalistas do Brasil. A frente da borracha provocou conflitos com os brancos e entre os indígenas e a dispersão dos Yineri. Eles forma escravizados para tirar o látex,fornecer caça e pesca, e trabalho domestico. Durante e depois da Segunda Guerra Mundial havia um novo movimento da industria de borracha. A partir de 1966 o governo militar promoveu a ocupação das terras, os seringalista venderam terras para a exploração de mineração, extração de madeira e a agropecuária (Mercante 2006).

Durante a década 60 e 70 os seringueiros se organizaram para preservar tanato a floresta quanto uma economia silvestre sustentável contra as invasões de empresas madeireiras e mineias e a desflorestação resultante. Os conflitos levaram à morte de Chico Mendes, líder do sindicato local dos seringueiros, em 1988. O movimento resultou em um reconhecimento demorado dos direitos dos indígenas, depois de um seculo de relações hostis. Os seringueiros tentaram culpar os patrões seringalistas, e que eles, os seringueiros atacaram os índios sob às ordens do patrões. A impressão é que a floresta pertence aos seringueiros e os povos indígenas eram esquecidos (Mendes 1989.47). Os lídres indígenas do Acre começaram a apoiar o movimento ambientalista para preservar a floresta em 1988. Em 1975 a FUNAI transferiram uns 500 Yaminawa e Machineri para a Terra Indígena Mamoadate (Mercante 2006). A Reserva Extrativista Chico Mendes foi decretado por presidente Sarney em março de 1990. Preconceito racial continua no Acre. Dois seringueiros Kaxinawá eram mal tratados pela polícia em Feijó aparamentante nas ordens dos seringueiros em 1997. Em maio de 2000 um Machineri foi morto em Sena Madureira, depois de ser chingado que ‘o lugar do índio em na mata'(Hemming 2003.558).

Estilo da Vida: O meio ambiente consiste dos rios e sa mata da terra firme, mas tem campos limpos localizados nas margens dos rios que são inundados na estação das chuvas e estão frequentados no verão por veados e capivaras. O terreno tem a mata alta limpa em baixo e também mata com taboca com arvores de pequeno e médio porte ou capoeira. Os Machineri usam cachorros para caçar. Pesca com anzol e linha. As roças são queimadas em agosto e depois plantam ordem, abóbora, macaxeira, milho, arroz e depois, mamão e inhame e cará, e às vezes cana-de-açúcar e amendoim (Mercante 2006). Eles exitam a vida dos rios, preferem a coleta e caçar na floresta aberta entre os rios (Olson 1991.233).

Sociedade: A T. I. Machineri foi criada em 1975 e o sertanista José Carlos dos Reis Meirelles Jr. transferiu os Machineri do seringal Guanabara onde havia conflitos entre os donos de vasta terras vendidas para a pecuária. Oito aldeias são situadas na margem direita do rio Iaco: Peri, Jatobá, Santa Tereza, Santa Cruz, Laranjinha, Cumaru, Lago Novo e Extrema. Há mais uma aldeia Senegal (Mercante 2006).

O Seringal Guanabara ocupa a região noroeste da Reserva Extrativista Chico Mendes. Os Machineri habitam nas seguintes colocações: Altamira, Mamoal, Água Boa, Samaúma, Javali, Mutum, Boa Vista, Natal, Paxiubal, Divisão de Guanabara, Mantiqueira e Livramento (Mercante 2006).

A unidade social é a família nuclear de três gerações morando em uma casa. Porém cada casal tem sua própria roça. Casamento entre primos paralelos é considerado incesto. O compadrio é importante entre os Machineri que inclui os sogros, padrinhos de batismo, e são tratados como irmãos (Mercante 2006).

Artesanato:

Religião:
Os pajés podem encontrar se com os seres sobrenaturais, como o Caboclinho do Mato, que é guardão os animais de caça. Os espíritos os ensinam depois de tomar ayahuasca. Os pajé é também curadeiro por chupar as doenças do corpo.

A festa de iniciação da moça é aos quinze anos. A moça é pintada com jenipapo pela avó. A festa dada pelos pais e dura todo o dia, tomando caiçuma e comendo. Hoje é observada na Terra Indígena, mas não nos seringais.

Cosmovisão:
A consciência dos outros níveis do universo é pelo uso da ayahuasca. No princípio do mundo o povo do cipó transformou-se em seres encantados e foram levados ao céu, e agora ajudam os pajés. Os animais podem ser parentes e por isso quem vai ao céu não caça ou se precisa de caçar se abre mão do céu. A primeira maloca Machineri foi atacada e destruída por onças.

Um mito conta sobre um marido que não cuidava da mulher, mas colecionava ossos para fabricar flautas. Um osso se transformou em outro marido e a mulher ficou gravida. O novo marido, Tso’lati, foi morto e a mulher foi expelida da casa, pelo marido antigo. A mulher andava no mato seguindo as direções do nenê na barriga. Ela acabou sendo comida pela onça depois de dar a luz o menino, também Tso’lati, matou as onças e se transformou em ‘deus’ (Mercante 2006).

Comentário: Joyce Nies e Esther Matteson do SIL trabalhou na língua Piro no Peru (SIL).

Bibliografia:

  • DAI-AMTB 2010, ‘Relatório 2010 – Etnias Indígenas do Brasil’, Organizador: Ronaldo Lidório, Instituto Antropos instituto.antropos.com.br.
  • HEMMING, John, 2003, Die If You Must – Brazilian Indians in the Twentieth Century, London; Pan Macmillan.
  • IBAMA do Estado de Acre, 2006, Plano de Manejo Reserva Extrativista Chico Mendes, Xapiri AC.
  • MENDES, Chico, 1989, Fight for the Forest: Chico Mendes in His Own Words, London: Latin American Bureau.
  • MERCANTE, Marcelo Simão, 2006, ‘Manchineri’, Povos Indígenas do Brasil, Instituto Socioambiental, São Paulo. pib.socioambiental.org/pt/povo/manchineri
  • OLSON, James Stuart, 1991, The Indians of Central and South America: An Ehnohistorical Dictionary, Westport, CT, USA: Greenwood Press.
  • SIL 2014, Lewis, M Paul, Gary F Simons, & Charles D Fennig (eds) 2014. Ethnologue: Languages of the World, 17th edition. Dallas, Texas: SIL International. Online version: www.ethnologue.com