Nadëb

David J. Phillips

Autodenominação: Nadëb ou Nadöb que significa ‘gente’ (Gomes 2008.93) e Kabori (Münzel 1969.139). Os Nadëb do Rio Negro da comunidade de Boa Vista se autodenominam ‘Kuyawi’ mas o termo não é reconhecido pelos outros Nabëb (Gomes 2008.76).

Outros Nomes: Os povos conhecidos pela denominação pejorativa Maku são os Nadëb, Dâw, Yuhupdeh, Hupdeh, Kakua e Nukak. Maku, Maku-Nadëb (DAI/AMTB 2010) e Nadob (PIB 1999). e ‘índios da floresta’ em contraste com os ‘índios do rio’ os povos Tukano e Aruak (PIB 1999). Kabori, Guariba Tapuya, Xiruai. ‘Maku’ significa ‘servo’ ou ‘selvagem’, palavra de origem Aruak, é rejeitado, como o termo ‘guariba’, pelos próprios grupos de Maku. ‘Boroa’ e ‘pohsá’ significam ‘servo’ em Desana e Kubeo. ‘Peoná’ significa ‘donos dos caminhos’, aludindo ao fato que não viajam pelos rios e usam os trilhos da floresta. ‘Xiruai’ significa ‘cunhado’ em Língua Geral (PIB 1999). Outros nomes: Anodöub, Kabari, Kabori, Maku Nadëb, Makunadöbö, Nadeb Macu, Nadöbö, Xiriwai, Xuriwai (SIL).

População: 220 (DAI/AMTB 2010); 300 (SIL 1986); 600 (PIB 1999) entre uns 3.000 Maku nos dois países. Os chamados Maku consistem dos seis grupos no rio Negro e rio Uaupés e na Colômbia.

Os Nadëb têm três grupos: O Maku Nadëb no alto rio Uneiuxi e os Nadëb do Rio Negro, Kabóri ou Nadëp (Gomes 2008). O segundo grupo é os Nabëb do Roçado (Gomes).Também há 107 Nadöb na T. I. Paraná do Boá-Boá na margem esquerda do Boá Boá, parte do rio Japurá, a divisas das águas com o rio Solimões (PIB Socioambiental). Os Nadëb do Rio Negro são espalhados em 2008 entre diversos pequenos assentamentos no lado direito do rio Negro perto e rio acima de Santa Isabel do Rio Negro, os maiores sendo as comunidades de Boa Vista, Tabocal do Uneiuxi e Igarapé Aiquari (Gomes 2008.87).

Localização: Três lugares no rio Uneiuxi, afluente no lado direito do rio Negro e no rio Japurá, no lado esquerdo do rio Solimões, Amazonas (SIL). Os Maku Nadëb do Roçado vivem nas cabeceiras do rio Uneiuxi na comunidade de Roçado e lugares no divisor das águas com os afluentes do rio Japurá. Os Nadëb do Rio Negro são espalhados em 2008 entre diversos pequenos assentamentos no lado direito do rio Negro perto e rio acima de Santa Isabel do Rio Negro, os maiores sendo as comunidades de Boa Vista, Tabocal do Uneiuxi e Igarapé Aiquari (Gomes 2008.87). Vivem em pelo menos oito comunidades ao longo do médio Rio Negro e seus afluentes, os Uneiuxi e Teá: Bom Jardim, Boa Vista, Filis, Sítio Alguari, Ablanai, Ilha do Chile e Sítio Monte Alto no Rio Negro e Tabocal do Teá e Tabocal do Uneiuxi situadas naqueles rios. Alguns vivem na cidade de Santa Isabel do Rio Negro (Gomes 2013.8).

Outro grupo dos Nadëb moram no Rio Japurá, afluente do Rio Solimões com estimado 600 pessoas.

T. I. Rio Téa, AM, de 411.865 ha, homologada e registrada no CRI e SPU, tem 338 habitantes, Desana, Baré, Pira-tapuya, Tukano e Nabëb (FUNASA 2007).

T. I. Paraná do Boá-Boá, AM, de 240.545 ha na margem esquerda do rio Japurá homologada e registrada no CRI e SPU, com 347 Nadëb (CIMI 2013).

T. I. Uneiuxi, AM, de 554.332 ha entre o rio Uneiuxi e o rio Japurá, declarada, com 167 Nadëb (FUNASA 2010).

Língua: Nabëb. As seis línguas Maku são parentadas. Os Nadëb falam bem o português e o nheengatu. Instrumentos para o desenvolvimento da educação bilíngue são necessários. Os pais dos Nadëb do Rio Negro não ensinam a língua às crianças. A analise e estudo da língua começou com a SIL. Cadernos de Alfabetização estão em uso e a maioria dos Nadëb do Roçado é alfabetizada (Gomes 2008.96) e proções bíblicas publicadas entre 1999 e 2007. Porções bíblicas publicadas entre 1999 e 2007. A tradução da Bíblia está feita em parte, o Novo Testamento foi completo em junho 2012 e o Velho está sendo traduzido por uma Nabëb (Gomes). Anteriormente quatro dialetos do Nadëb foram identificados: do rio Jurubaxi, do rio Uneiuxi (do Roçado), do rio Téa (mas realmente são dos Nadëb do Rio Negro – Gomes) e do Paraná do Boá-Boá (Cabalzar 2006.53). Vivendo em ambiente de estigmatização com não indígenas e indígenas (Tukano e Arawak), a grande maioria dos Nadëb do Rio Negro deixou de usar a língua tradicional passando a usar a Língua Geral (Nheengatu) e o Português como línguas de comunicação, com exceção de algumas poucas famílias que ainda preservam a comunicação na língua tradicional, especialmente entre os mais velhos (Gomes 2013.12).

História: Possivelmente os Maku eram os primeiros habitantes da região dos rios Içana, Negro e Uaupés. Os Arawak invadiram do nordeste e os denominaram ma-aku que significa ‘não tem língua’ ou ‘não fala nossa língua’. Eram caçadores coletores e não desenvolveram agricultura como os povos Tukano e Arawak. Tornaram-se os servidores ou escravos destes, e eram chamados ‘os índios do mato’ em contraste com ‘os índios do rio’. Trabalharam como caçadores, coletores de castanha, cipó, frutos silvestres, piaçava e sorva e lavradores nos roçados dos povos Tukano e Arawak, e sofreram discriminação e exploração. Seis grupos de ‘Macu’ estão lançados em um registro de uma expedição de ‘regate’ de 1745, inclusive os ‘Macu rio Negro-Japurá’ (Wright 2005.61).

Em 1940 no rio Uaupés os Salesianos tentaram ‘civilizar’ os Maku Hupdah e removeram suas crianças para as escolas em São Gabriel da Cachoeira para erradicar suas língua e cultura. Em 1968 um padre tentou os ‘reformar’ com uma aldeia modelo e depois outra tentativa foi por um tipo de forte ou ‘campo de concentração’ perto de Iauareté. Estas tentativas começaram a fracassar pelos Maku fugindo de volta à floresta. FUNAI começou a dar assistência médica no anos 70 (Hemming 2003.253s).

É possível no passado remoto que os Nadëb do Rio Negro e os Maku Nadëb do Roçado no alto rio Uneiuxi eram clãs do mesmo povo. Eram nômades caçadores coletores, mudando de lugar em acampamentos conforme as oportunidades de caça e pesca. Foram os menos atingidos pelos ‘regates’ para escravização os índios (PIB 1999).

Os Maku Nadëb do Roçado vivem na terra firme entre as cabeceiras do rio Uneiuxi e o rio Pucabi e os afluentes do rio Japurá. ‘Maku’ significava no dia a dia ‘sujo’, ‘ladrão’ e ‘bicho do mato’. Entretanto os Nadëb da Aldeia Roçado interpretam o termo ‘maku’ conforme seu mito de cosmogonia. A primeira gente era chamada pelo criador ‘makuh’ quer dizer ‘finado’, que vieram do céu, e por isso não têm problemas de se autodenominam ‘Maku’. Outro motivo é que têm permanecido mais independente da exploração e injustiças dos regionais (Gomes 2008.73).

No alto Uneiuxi estes tinham relações estreitas com os Maku do Japurá, mas não como os Nadëb no Téa. Porém acerca de 1953 os Maku do Japurá atacaram os Nadëb do Roçado, destruindo a aldeia. Um Nadëp comerciante convidou os Nadëb do Roçado para mudar para o baixo rio Uneiuxi. Alguns foram e outras famílias os seguiram. Em 1960 ou 1961 um missionário chamado Bill subiu o rio Uneiuxi e convidou os Nadëb voltar morar no novo roçado que fez. Isso eles fizeram e hoje formam a comunidade dos Nadëb do Roçado, e este grupo continua em ter estabilidade social (Gomes 2008.85). Uma boa parte do Nabëb do Roçado é alfabetizada em Nadëb e português. A Terra Indígena Uneiuxi tem 554.332 ha com 210 habitantes (Gomes 2012).

Os Nadëb do Rio Negro viviam nas cabeceiras do rio Téa e seu afluente Igarapé Embori no lado direito do médio rio Negro. Tinha o nome de tá nooh buuj (‘morador da boca’). Um viajante austríaco os encontrou no rio Téa em 1831 e fez uma lista de vocabulário. Eram chamados Kaborí por Münzel em 1969, para os distinguir os ‘bravos’ com menos aculturação. Mas a origem do termo ‘kaborí’ é ‘órfão’, explicado pelos índios, quando foram atacado pelos brancos um apanhado pediu por sua vida dizendo que era órfão (Gomes 2008.77). Os Maku Nadëb do Roçado os chamam Nadëp e há uma diferença física (Gomes 2008.79). Os Nadëb do Rio Negro da comunidade de Boa Vista se autodenominam ‘Kuyawi’, o termo que os Baré usavam por eles, e é usado pela sua parentela, porém não é reconhecido pelos outros (Gomes 2008.76).

Os Nadëb do Roçado (‘bravos’) atacaram os Nadëb no Téa (Nadëp ‘mansos’), matando alguns. Também os do Roçado conta sobre um guerreiro dos Nadëp que se casou com uma moça do Roçado e depois fez feitiço para o sogro, que uma cobra mordeu. Na batalha resultante morreram quatro dos Nadëp e dois dos Nadëb do Roçado (Gomes 2008.83).

Os Nadëb do Rio Negro trabalharam junto aos índios dos rios nas suas roças etc., e nos sítios dos regionais em troca de alimentos e produtos industriais e com os comerciantes regionais. Começaram a visitar o rio Negro em busca de produtos como açúcar possivelmente antes da década 40 do século XX. Existia um varadouro (trilha) entre o alto Téa e o Uneiuxi. Depois um desentendimento com os patrões comerciantes se mudaram para diversos lugares no baixo Uneiuxi. Sofreram uma epidemia de gripe em 1945 e mudaram rio acima para a fazenda Bom Jardim no rio Negro e depois moraram em alguns lugares no rio Uneiuxi e alguns para o rio Jurubaxi (Gomes 2008.83).

Atualmente vivem espalhados ao lado de comunidades indígenas ou ribeirinhos regionais no rio Negro e na cidade de Santa Isabel do Rio Negro. São miscigenados com índios Baré, Tukano, Baniwa, Desano e Kuripako.

Sendo próximos aos brancos regionais estão em um processo de aculturação forçada e sofrem a insegurança psicológica de identidade. Hoje em dia não existe mais o sistema de regatões que exploraram por trocar artigos industriais por seus produtos, mas ainda vivem endividados aos ‘patrões’. A maioria falam o português e a Língua Geral e somente alguns velhos falam a língua Nadëb. A tendência é para as crianças falar só o português devido à educação escolar. Perderam também sua história (Gomes 2008.75).

O exemplo do projeto de alfabetização e a recuperação das estórias do povo Ticuna em Manaus demonstra a importância para a auto estimo e identidade de uma etnia dominada por uma cultura alheia. A Constituição de 1988 garante aos indígenas o acesso à alfabetização em suas línguas maternas. O analfabetismo é alto entre eles. Em comparação com os do Roçado os Nadëb do Rio Negro estão espalhados de mais para ter uma escola entre eles, para a qual um mínimo exigido é 15 a 20 alunos. Algumas famílias passam meses no ano perto da cidade para os filhos aproveitar a escola, e depois voltam para os lugares onde mantêm suas casas e roças.

Gomes propôs e produziu uma cartilha para alfabetização e letramento no dialeto Nadëb Rio Negro (Gomes 2008.99). O plano é conseguir o reconhecimento dos Nadëb do Rio Negro como um povo distinto e rio Téa como sua terra indígena. A T. I. Rio Téa de 411.865 ha tem 338 habitantes, Desana, Baré e Nabëb. Para os últimos é importantíssimo manter as oportunidades de continuar a vida nômade com bastante território para caçar, coletar e pescar; a homologia foi feita pelo decreto de 14 de abril de 1998 e ‘destinada à posse permanente dos grupos indígenas Maku-Nadâb, Tukano, Desana, Piratapura e Baré . .’ (Cabalzar 2006.121).

Estilo da Vida: A denominação ‘índios da floresta’ refere a sua tendência viver nos divisores das águas entre rios, seguindo uma vida nômade de caçador e coletor dos frutos do mato. Vivem nas margens de floresta perto das campinas entre os rios. Os grupos entre o médio rio Negro e os Japurá são chamados na região Guariba, Xiruai ou Kabori e Nedöb (Cabalzar 2006.48). Mas os Nadëb do Rio Negro, estando nos rios maiores, podem ser considerado pescadores e coletores, mas as oportunidades de caçar sendo limitadas. Fazem viagens de pesca que duram semanas, e como os demais Maku fazem acampamentos de tapiris. Diversos métodos de pesca são usados, anzol, cacuris, redes linha e zagaia. Não usam mais a tinguijada (com timbó). Vendem algum peixe com regionais e em Santa Isabel (Gomes 2008.90). Em contraste com os demais grupos de Maku usam canoa e motor de rabeta. A língua Nadëb não distingue entre tapiri e casa e talvez isso seja devido à vida nômade. A construção é da forma regional mais simples, a parte na frente muitas vezes sem paredes com um quarto fechado, sem janelas na parte atrás.

Aprenderam a agricultura dos índios do rio e plantam duas roças, uma de plantio e a outra de colheita e conhecem quinze tipos de maniva. Também cultivam macaxeira, cará, batata-doce, abacaxi e banana. O serviço é dividido entre os homens fazem a derrubada e a coivara e as mulheres o plantio, limpeza e colheita. Coletam no mato cipó e piaçaba para os patrões (Gomes 2008.91).

Sociedade: Um de seis grupos de Maku: Outros são Dâw no rio Negro, perto de São Gabriel da Cachoeira; Yuhupdeh entre os rios Tiquiê e Traira, afluentes do rio Uapés; Hupda no lado esquerdo do rio Uapés, Nukak na Colômbia, Bara ou Kakwa no rio Uapés e na Colômbia. Também há os Maku do Japurá ou Maku do Guariba na cabeceiras do afluentes no lado esquerdo do mesmo, como o Paraná Boá-Boá.

Em comparação com os Maku Nadëb do Roçado, os Nadëb do Rio Negro são um grupos muito instável, devido aos conflitos no grupo local e a busca de sustentação, mas demonstram hoje a tendência de voltar a conviver com seus parentes e se casar entre os outros Nadëb. Da população de 298 em 2008, sete dos dez dos assentamentos contem apenas uma ou duas famílias. O casamento é endogâmico e matrilocal, que é contrário à prática de outros grupos de Maku. Primos cruzados bilaterais é o par ideal para o casamento (Gomes 2011.1). O casamento entre primos paralelos não é permitido. A miscigenação com os índios do rio é comum, mas neste caso a cultura do outro povo predomina. Há mães solteiras abusadas por viajantes e abandonadas.

Em 2013 as comunidades consistem de dois a 8 grupos domésticos ou grupos de fogo, cada grupo doméstico formado pelos casal e seus filhos solteiros ou casado com genro ou noras, netos ou agregados como tio solteiros, viúvos ou algum afim. Assim as comunidades variam entre 12 a 40 pessoas. Somente Boa Vista é maior com cerca de 120 pessoas. Moram ao lado de indígenas Tukano e Arawak e ribeirinhos (Gomes 2013.8).

O grupo doméstico tem autonomia e não precisa de consultar os outros com seu planos de viajar, etc. Cada família é responsável por sua alimentação e quando uma espingarda é tomada emprestada a caça pertence ao dono da arma e uma só parte da carne é dada ao quem caçou. Uma caça ou pesca abundante pode ser compartilhada com os afins. A liderança dos grupos é no grupo doméstico e não na comunidade, mas antigamente possuíam um tipo de capitão que tratava as relações exteriores e um homem para organizar as festas dabucaris (Gomes 2008.90, 93). Mas estas são realizadas mais para as visitas de não indígenas (Gomes 2011.3). Antigamente os Nabëb do Rio Negro haviam clãs, cada um possuía um nome de um animal associado mas as novas gerações não se lembram mais (Gomes 2011.1).

Os Nadëb do Roçado continuam ser muito estável sem dissolução e com pouco contato com outros Maku (Gomes 2008.85).

Artesanato:

Religião: A informação disponível é sobre os outros grupos Maku. Mas entre os Nabëb do Rio Negro o benzimento é usado em todas as áreas da vida como a solução para as doenças e para a proteção. Os perigos nos rios vêm com os espíritos das águas como o boto e a lontra. Também os espíritos dos mortos podem causar doenças (Gomes 2011.3). O jurupari e os ritos de passagem não são praticados mais. São individualistas, fatalistas e aéticos e a própria experiência do aquém é que importa (Gomes 1911.2). Algumas famílias valorizam as rezas católicas (Gomes 2011.3).

Cosmovisão: Os Nadëb do Roçado (Alto Uneiuxi) distinguem entre os Nadëb, eles mesmos os ‘makuh’, depois os Nadëp (do Rio Negro) e os Sarama (Yanomami) e em terceiro lugar os mäs (forasteiros) os brancos e índios desconhecidos (Gomes 2008.79). Os Nabëb do Rio Negro falam de vulto chamado Sëëw que vivia sozinho com seu filho que era o provedor deles, que é sobrenatural e invisível mas eles não têm uma percepção de um criador e este ser é remoto, sem nenhuma interação com o povo. Não há conceito de responsabilidade moral para com o sobrenatural (Gomes 2011.1). O alem das morte não é definida. A força da vida é a força impessoal e central do cosmos e controla a vida, mas a magia é a mediadora das soluções para os problemas da vida (Gomes 2011.3). Havia dois heróis chamados Ee Taah Paa e Wets Wii que deram origem a os seus clãs.

Comentário: A Missão Coração da Amazônia (ramo de WEC) projetou alvos para alcançar os povos indígenas em 1924, inclusive os Maku do lado direito do rio Negro (TWWFJN July 1924). Uns mapeamentos eram feitos mas nenhum trabalho estabelecido. A analise da língua começou com Joe e Lillian Boot da SIL, e iniciaram com os Nadëb do Rio Negro na comunidade Primavera do Rio Uneiuxi. Entretanto devido a mistura com a Língua Geral mudaram para o ‘Roçado de Bill’ no alto Uneiuxi. Nos anos 80 Helen Weir propôs a ortografia e produziu um dicionário. A língua tem dezessete consonantes e dezessete vogais e dois dialetos do Rio Negro e do Roçado, com diferenças de vocabulário e pronuncia. Rodolfo e Beatrice Senn continuam este trabalho, melhorando a ortografia e produzindo material de alfabetização. A tradução da Bíblia está em caminho com o Novo Testamento completo e 30% do Velho (Gomes 2008.94). Maria Gomes do Projeto Amanajé trabalha entre os Nabëb do Rio Negro, com um programa de educação.

‘Possivelmente uma abordagem evangelística deverá, portanto, iniciar com as teologias do homem, pecado e cura, seguida da teologia de Deus e Salvação’ (Gomes 2011.3).

Em junho 2012 houve uma grande celebração e dedicação da tradução do Novo Testamento em Nadëb na aldeia de Roçado. Um trabalho de Rodolfo e Bia Senn do SIL que têm trabalhado 16 entre os Nabëb. A cerimônia era conforme as tradições e música do povo e tomou a forma da cerimônia do Dabucuri, que é uma forma comum do rio Negro e apresentar alimentos aos visitantes honrados.

‘Por volta das 8:00hr ouviu-se gritos de celebração Nadëb, eram os homens da aldeia juntamente com o missionário Rodolfo e seus dois filhos, trazendo carregado às costas, em panacus (Cesto tradicional, feito de palmeira Patauá, utilizado para transportar alimentos da mata)neste caso carregava o Novo Testamento. O grupo anfitrião presenteou primeiramente os seus convidados, parentes de outra aldeia.Naquele momento então ouve uma pausa nas danças. Ao centro do pátio se encontraram novamente, frente a frente, o missionário – já com cabelos grisalhos – e o cacique – já envelhecido – tradutor e auxiliar-companheiro. Naquele aperto de mão, naquelas rápidas palavras repletas de sorrisos, em segundos na mente, mais de uma década se passou em memória. Foram horas, dias, meses, anos, sentados lado a lado, frente à tela, teclando, teclando e teclando em busca das melhores palavras humana.’

‘Em termos de contextualização, vemos uma igreja forte, com líderes que maneja bem a Palavra de Deus, com uma liturgia autêntica, com centenas de cânticos próprios os quais resgataram as melodias tradicionais, porém com pleno e relevante conteúdo bíblico. De fato, uma igreja genuinamente indígena e evangélica. Recentemente, por iniciativa própria, os Nadëb passaram a resgatar também suas danças tradicionais, antes realizadas em contextos de festas culturais em tom de descontração, hoje realizadas em tom cúltico com toda a seriedade e santa alegria de quem Louva a Deus de coração. Todos estes resultados vão muito além da ação humana missionária. É fruto da graça de Deus derramada sobre este povo cujos corações transformados pelo evangelho. (Relatório de Gabriel Poleto, Pro Amazonas).

Bibliografia:

  • CABALZAR, Alosio, 2006, (redator) Povos Indígenas do Rio Negro, uma introdução à diversidade socioambietal do noroeste da Amazônia brasileira, São Gabriel da Cachoeira/ São Paulo: FIORN-ISA.
  • DAI/AMTB 2010, ‘Relatório 2010 – Etnias Indígenas do Brasil’, Organizador: Ronaldo Lidório, Instituto Antropos –instituto.antropos.com.br./
  • GOMES, Maria Rodrigues, 2008, ‘Nadëb do Rio Negro – Quem foi e quem é?’, Revista Antropos – Vol. 2, Ano 1, Maio de 2008. Instituto Antropos –instituto.antropos.com.br.
  • GOMES, Maria Rodrigues, 2013, ‘IDENTIDADE E ESTIGMA: Os Rearranjos Identitários dos Nadëb do Rio Negro’, tese apresentado ao curso de especialização Lato Sensu em Antropologia Intercultural, no Centro Universitário de Anápolis- UniEVANGÉLICA.
  • GOMES, Maria, 2011, ‘Perfil Cultural – Religioso – Nabëb do Rio Negro’, artigo não publicado.
  • HEMMING, John, 2003, Die if You Must: Brazilian Indians in the Twentieth Century, London: Panmacmillan.
  • MÜNZEL, Mark, 1969, ‘Notas Preliminares sobre os Kaborí (Maku entre o Rio Negro e o Japurá, Revista de Antropologia, São Paulo, SP, Universidade de São Paulo.
  • PIB 1999, Equipe de edição da Enciclopédia Povos Indígenas no Brasil.
  • SIL 2009, Lewis, M. Paul (ed.), 2009. Ethnologue: Languages of the World, Sixteenth edition. Dallas, Tex.: SIL International. Online version: www.ethnologue.com..
  • TWWFJN 1924, The Whole World for Jesus Now, London: Worldwide Evangelization Crusade, July-Aug.
  • WRIGHT, Robin M., 2005, História Indígena e do Indigenismo no Alto Rio Negro, São Paulo SP: Instituto Socioambiental.