Matipu

David J. Phillips

Autodenominação:

Outros Nomes: Matipuhy (DAI/AMTB 2010). Mariape-Nahuqua e Matipuhy (SIL).

População: 119 (DAI/AMTB 2010), 149 (IPEAX 2011). 40 no censo de 1995

Localização: Mato Grosso, a porção sul do Parque Indígena do Xingu, de 2.642.004 ha, homologada e registrada no CRI e SPU, com 5.982 indígenas (SIASI/SESAI 2012).

Língua: Matipu, Matpuhy (SIL) agora extinta e falam Kuikuro e Kalapálo (SIL).

História: Os Matipu eram descobertos vivendo entre os rios Culiseu e Culuene nas cabeceiras do rio Xingu, por expedições durante dos anos 80 e 90 no século XIX. Já sofriam das epidemias das doenças dos europeus antes do contato. Sofreram ataques de outros povos durante a primeira metade do século XX. Durante os anos 30 juntaram-se com os Nahukwá (Nafuquá) e mudaram para viver com os Kuikaro e Kalapalo (Olson 1991.231).

Em 1947 os irmãos Villas Boas estavam na sua expedição entre os índios do Xingu. Dois médicos os acompanharam, Drs Estilac e Noel Nutels. Entre os povos contados, eram os Matipu e como os Kuipuro eram surpreendidos pela medicina ‘civilizada’. O chefe Petalacinho dos Matipu entrou no acampamento dizendo que seu povo estava sofrendo de malária, vermes, e disenteria (Hemming 2003.136).

Na década 50 uma epidemia de sarampo passou pela região e muitos morreram tanto da doença quanto das complicações como disenteria e pneumonia. A situação melhorou quando voluntários da Escola Médica de São Paulo vistaram anualmente a região (Hemming 2003.155). Os grupos carib dos rios Culiseu e Culuene, Kalapalo, Kuikuro, Matipu e Nakukwá, foram obrigados a se transferir para próximo do Posto Leonardo e depender da assistência médica do Posto. Mas graças as campanhas de vacinação os povos começaram a recuperar suas populações durante a década 60, e se organizar para reocupar seus territórios tradicionais. Outro sinal da recuperação era a formação de novas aldeias. Somente em 1971 foram estes territórios incorporados no Parque Indígena Xingu (Franchetto 2004).

Estilo da Vida: Os Matipu têm duas aldeias, uma próxima à foz dos rios Buriti e Kulisevo, 800m de uma lagoa e a outra, Jagamü, próximo ao rio Kurisevo. A aldeia é na forma de um círculo de uns dez casas, em redor do pátio de um diâmetro de 120m. Vivem da horticultura da mandioca brava, e se alimentam dela na forma de mingau e beiju. Também a pesca é importante. Comem o tracajá ou tartaruga (Podocnemis unifilis) e seus ovos. Caçam macacos e pássaros: o mutum e o jacu (Véra 2003).

Sociedade: No Parque os Matipu se identificam mais com os outros povos carib, os Kalapalo, Kuikuro e Nahukuá, com quem mantêm relações mais estreitas de comércio e inter-casamentos (Véras 2003).

Artesanato: Confeccionam colares de caramujos. Os homens fabricam o colar em forma rectangular mas ambos os sexes fabricam o em forma redondo. As mulheres confeccionam as redes de algodão e corda de buriti, esteiras, pulseiras e colares de conta e sementes. Os homens confeccionam bancos de madeira na forma de animais: pássaros, tartarugas e jacarés, cocares, chocalhos e colares de caracol, dentes de animais, casas de árvores e sementes. Constroem canoas de uma só peça de pau, chamado ‘canoa de pau furado’, principalmente da Jacaraúba ou Guanandi (Calophyllum brasiliense) que é um cedro com tronco reto de 20-40 metros de comprimento (Véras 2003).

Religião: Nas suas danças os Matipu imitam os animais ou os espíritos. O ritual Iponhe é a ‘Festa dos pássaros’ que é da furação de orelhas dos adolescentes com descendência de chefia. A festa Itão Kuegu é das mulheres realizada no pátio da aldeia para ameaçar os homens que não cumprem seus deveres à suas mulheres.

A festa Hagaka é uma celebração de um morto ilustre por cânticos, danças e jogos com dardos. A festa Egitsu é outra que é homenagem a mortes ilustres, mas é realizada por congregar todas as aldeias dos alto-xinguanos (Véras 2003).

Cosmovisão:

Comentário:

Bibliografia:

  • DAI/AMTB 2010, ‘Relatório 2010 – Etnias Indígenas do Brasil’, Organizador: Ronaldo Lidório, Instituto Antropos –instituto.antropos.com.br.
  • FRANCETTO, Bruna, 2004, ‘Kuikaro’, Povos Indígenas do Brasil, Instituto Socioambiental, São Paulo. pib.socioambiental.org/pt/povo/kuikaro.
  • HEMMING, John, 2003, Die If You Must – Brazilian Indians in the Twentieth Century, London; Pan Macmillan.
  • OLSON, James Stuart, 1991, The Indians of Central and South America: An Ehnohistorical Dictionary, Westport, CT, USA: Greenwood Press.
  • SIL 2014, Lewis, M. Paul, Gary F. Simons, and Charles D. Fennig (eds.). 2014. Ethnologue: Languages of the World, Seventeenth edition. Dallas, Texas: SIL International. Online version: www.ethnologue.com..
  • VÉRAS, Karin Maria, 2003, ‘Matipu’, Povos Indígenas do Brasil, Instituto Socioambiental, São Paulo. pib.socioambiental.org/pt/povo/matipu.