Mundurukú — Wuy Jugu

David J. Phillips

Autodenominação: Wuy jugu. Mundurukú significa ‘formigas vermelhas’, um nome dado pelos Parintintin, uma alusão aos guerreiros que atacaram em massa.

Outros Nomes: Caras-Pretas, Monjoroku, Mundurucu, Paiquize, Pari, Weidyenye (SIL).

População: 10.065 (DAI/AMTB 2010), 11.630 (FUNASA 2010).

Localização: Nos estados doPará e do Amazonas, no médio e alto Rio Tapajós e no médio Rio Madeira. 22 aldeias (SIL). No sudoeste do Pará, na margem da calha e nos afluentes do rio Tapajós, nos municípios de Santarém, Itaituba e Jacareacanga. No norte do Mato Grosso, na região do rio dos Peixes, no município de Juara. Também no leste do Amazonas no rio Canumã, no município de Nova Olinda e no município de Borba, próximo à Rodovia Transamazônica (Ramos 2003).

Em onze Terras Indígenas:

R. I. Praia do Índio, na margem esquerda do rio Tapajós, PA de 28 ha, população de 125 sem outras etnias, um crescimento de 44 em 1993. Falam só português.

R. I. Praia do Mangue, na margem do rio Tapajós, ao lado da cidade de Itaituba, PA, de 32 ha. 168 deste povo, aumentou de apenas 23 em 1993. Falam só o português.

T. I. Kayabi, no rio Teles Pires, MT, PA, de 1.053.000 ha população total 387 de Apiaká, Kaiabi e Mundurukú.

T. I. Apiaká-Kayabi entre o rio Juruema e a estrada MT 160, de 109.245 ha homologada e registrada no CRI e SPU. População total 446 de Apiaká, Kaiabi e Mundurukú.

T. I. Coatá-Laranjal no rio Canumã, afluente na margem direta do rio Madeira, de 1.153210 ha homologada e registrada. Mundurukú e Sateré Mawé de total 2.484. Falam só o português.

T. I. Sai Cinza situada em ambos as margens do rio Tapajós, Pará, de 125.552 ha, homologada e registrada, 1.371 Mundurukú. As mulheres e crianças falam só a língua própria.

T. I. Mundurucu, no Pará, de 2.381.800 ha homologada e registrada, com Apaiká e Mundurukú: 6.518 total.

T. I. Bragança/Marituba: entre a margem direita do Rio Tapajós e a rodovia BR163, Pará, (13.627 ha) identificada e aprovada e sujeita a contestação: 231 Mundurukú.

T. I. Munduruku-Taquara: entre a margem direita do Rio Tapajós e a rodovia BR163, Pará (25.323 ha) identificada e aprovada e sujeita a contestação. 171 Mundurukú.

T. I. Apiaká do Pontal e Isolados, na forquilha entre os Rios Juruena e Tele Pires, no noroeste de Mato Grosso. De 982.324 ha identificada e aprovada e sujeita a contestação. 114 deste povo e os Apiaká e Isolados Apiaká.

T. I. Aldeia Beija Flor, no Amazonas (41 ha) leste, Rio Canumã, no município de Nova Olinda; e próximo a Transamazônica, município de Borba (Ramos 2003).

Há outros assentimentos que se identificam como Mundurucu no baixo Rio Tapajós, próximo a Santarém, e outras comunidades ao longo da rodovia Transamazônica (Ramos 203).

Língua: Munduruku da família linguística Tupi-Munduruku. Também português (DAI/AMTB 2010). O uso da língua é vigoroso, a maioria das mulheres e as crianças são monolíngues. Uma Gramática foi produzida e o Novo Testamento traduzido em 1980 (SIL).

História: Os Wuy Jugu dominavam o Vale do rio Tapajós desde os fim do século XVIII e eram um povo guerreiro e sua cultura expressava isso. Fizeram expedições de guerra alem do seu território com o propósito de ganhar as cabeças dos inimigos. Seus guerreiros mantinham um regime rigoroso, não comiam mandioca, nem usavam alucinógenos, e matavam todos os inimigos, secavam as cabeças, guardando estes troféus perto das suas redes à noite. A cabeças eram mumificadas, porque acreditavam que estas tinham poderes mágicos. A reputação foi perdida com a cessão de combate e o contato com as missões e a sociedade nacional (Ramos 2003). O espanhol Orellana, descendo o Rio Amazonas de Iquito, Peru, na sua frota de barcos improvisados em 1542, roubando alimentos das diversas tribos encontradas, passou pela região que chamaram a ‘Província das Forcas’. Observaram que as casas das aldeias rio abaixo do Rio Madeira eram enfeitadas com cabeças secas. Parando para roubar o qualquer alimento, foram atacados, mataram o chefe da aldeia e conseguiram levar perus, tartarugas e uma moça cativa. Este povo era provavelmente os Mundurukú (Hemming 2008.32).

O frade José Monteiro de Noronha visitou os ‘Maturucu’ nas margens do rio Maués, afluente do rio Madeira em 1768 (Ramos 2003). Os Wuy Jugu ou Mundurukú não eram conhecidos antes disso, mas em 1770 atacaram em massa contra os colonos no rio Tapajós, e fez impossível os funcionamento dos aldeamentos no baixo Tapajós. O Diretório dos Índios foi estabelecido por uma lei em 1757, por D. José I de Portugal, através do Pombal, que extinguiu o trabalho dos Jesuítas e outros missionários nos aldeamentos indígenas, que foram elevados de vila e administrados por diretores. Durante a época do Diretório duas tribos pelejavam para o domínio do Vale do Tapajós, os Mura e os Mundurukú. Os Murá eram derrotados em batalha pelos português e porém continuavam a lutar com uma guerra de emboscadas na região do baixo rio Madeira (Hemming 1995.21-24).

Os Wuy Jugu eram comparados aos Espartanos, porque os guerreiros se mantinham muito atléticos com um regime especial, usando acangatares compridos e os corpos pintados com desenhos geométricos e usavam as cabeças mumificadas dos inimigos penduradas no cinto. Eles viajam grande distancias para montar os seus ataques, vindo do médio Rio Tapajós para alcançar o Maranhão, o Pará e a foz da Madeira. Uma expedição punitiva preparou para atacá-los, mas de repente descobriu que estiveram cercados pelos Wuy Jugu, e escapou com dificuldade (Hemming 2008.112). Os Wuy Jugu desceram do alto Rio Tapajós, sendo uma ameaça para ambos os Mura e os colonizadores, mas em 1788 eles foram derrotados pelos Mura.

Os Wuy Jugu eram descritos como ‘supremamente sem misericórdia e pagãos cruéis que popa a vida de ninguém’ pelo bispo do Pará. Uma expedição em 1778 foi montado contra os dois povos Wuy Jugu e Mura, e então os Mura procuraram as pazes com os portugueses. Em 1780 uma força de dois mil Wuy Jugu avançaram ao leste, ameaçando o Maranhão e alguns guerreiros alcançaram a área de Belém. O Governador Manoel da Gama Lobo respondeu com uma força de 300 soldados enviados ao alto Tapajós e mil Wuy Jugu foram mortos. Em 1795 o Governador tentou reconciliação por curar dois índios feridos e os enviou de volta com presentes de ferramentas de ferro. Esta estrategia resultou em paz e uma a troca de mandioca e borracha (Hemming 1995.21-24). Os Wuy Jugu começaram a ser usados na coleta de cacau e cumaru (Dipteryx odorata, a semente do fruto era usado em medicina e aromatizar tabaco, etc.). Alguns grupos continuaram a guerrear contra outras etnias (Ramos 2003). Muitos desceram o Tapajós e viviam nos aldeamentos e outras missões foram estabelecidas (Hemming 1995.21-24).

Dom João aboliu a legislação de Pombal em 1798, que na teoria os indígenas seria tratado como iguais, porém na prática eles perderam os aldeamentos, e foram sujeitos a uma conscrição militar, deslocados para viver perto das cidades para trabalhar pelos colonos e caíram na escravidão de dívida. Os Mura, Mundurukú e os Karajá eram explicitamente incluídos nesta regime, e depois cinquenta anos sua situação era descrita de ser ‘decadência total pelo ponto de vista social, moral e econômico’ (Hemming 2003.59, 148).

No princípio do século XIX os Wuy Jugu continuaram a serem fieis ao acordo com os portugueses, e sua reputação guerreira serviu para proteger os colonos dos ataques das outras etnias, mas este relacionamento não melhorou sua situação. Nas próximas duas décadas a assimilação dos Wuy Jugu avançou e eles mudaram para estar mais próximo aos brancos e ocuparam as terras dos povos extintos pelo contato. Uma aldeia grande no rio Canumã foi organizada por um carmelita (Hemming 1995.210).

Na segunda metade do século XIX a extração do caucho (da castilloa elastica) e da seringa (do hevea brasiliensis) aumentou a invasão de não indígenas na região. O aldeamento Missão Bacabal foi estabelecido em 1872 pelos franciscanos, enquanto outros Wuy Jugu continuaram a viver independentes nos campos (Ramos 2003).

Três comerciantes recrutaram 40 Wuy Jugu para exterminar os índios no rio Machado, em 1895, prometendo ‘uma grande ceifa de cabeças’, mas a expedição foi decimada pela malária e não conseguiu seu objetivo (Hemming 1995.288). Os Wuy Jugu no Rio Cururu foram contatados por dois franciscanos, quando eles tocaram uma flauta e cantaram um hino em 1911. Três anos depois Rondon visitou e achou os dois padres e mais três freiras que estavam ensinando centenas de índios. Em 1916 a aldeia foi mudada 200 km. para a margem entre a floresta e o campo. O comércio da borracha na região era controlado em 1914 por Raimundo Pereira Brasil, que reconheceu que o território do rio Cururu era de 400 Mundurukú ‘mansos’. Eles adaptaram bem ao trabalho de seringueiro.

O fim de guerra entre as etnias destruiu um aspecto central da cultura Wuy Jugu, isso é, a ambição de ser guerreiro, e sua sociedade perdeu a coesão. As aldeias tornaram menores e espaldadas, construindo casas do estilo regional. A enfase era na produção de mandioca, que no seu conceito era o trabalho de mulheres. Também o trabalho de seringueiro era feita por indivíduos e não pelos grupos tradicionais. Por consequência os Wuy Jugu dividiram em três grupos: Aqueles espelhados entre os seringueiros no Rio Tapajós, outros no baixo Rio Cururu sob a influencia da Missão Franciscana e o resto mais isolados nos campos do alto Cururu.

Nos anos 20 do século XX, Henry Ford investiu 20 milhões de dólares em plantações de borracha no médio Rio Tapajós. Entretanto o projeto falhou por uma praga que matou as arvores. Na década 40 o projeto terminou e o preço de borracha caiu, e os Wuy Jugu sofreram porque já eram dependentes do comércio da borracha e os artigos industriais que ganharam pela troca. Então mais índios mudaram para o baixo Rio Cururu. Em 1939 a região foi designada Reserva dos Mundurukú em em 1941 o SPI montou um Posto (Hemming 2003.68-72).

Os franciscanos alemães continuaram a trabalhar com os Wuy Jugu nos meados do século XX (Hemming 2003. 254). A expansão do comércio dos regatões nos rios, receber em troca a borracha ou vendendo açúcar, cachaça, sal, tecidos, causou a mudança das aldeias do campo para as margens dos rios navegáveis Tapajós e Cururu. Houve também uma epidemia de sarampo em 1940, que matou uma parte da população. O SPI criou o Posto de Atração Kayabi no rio São Manoel no mesmo ano. O Posto Mundurukú em 1942 no rio Cururu com a Missão Franciscana acelerou a mudança das aldeias (Ramos 2003). Infelizmente o inspetor do SPI era acusado de transformar os Postos Kayabi e Mundurukú em ramos da empresa de borracha (Hemming 2003.232). Em 1956 os Kayapó atacaram uma armazém da empresa de borracha do Alto Tapajós, levando uma grande quantidade de armas e ferramenta. Os seringueiros organizaram uma represália com dois guias Mundurukú, que resultou na morte de vinte Kayapó (Hemming 2003.123).

A Missão Franciscana continua a ter influencia, obrigando o batismo infantil e o casamento católico, mas seu sucesso era limitado. Mas a Missão continua com assistência médica e na área de educação, e também em encorajar a organização dos Mundurukú para a proteção do seu território e seu direitos. A Missão Batista também contribuí a educação escolar entre os jovens, especialmente para difundir a escrita da sua própria língua entre os jovens. ‘Hoje, apesar de não abdicar do papel de evangelizador, busca se integrar às questões e problemas atuais enfrentados pela população, apoiando a luta dos Munduruku’ (Ramos 2003).

Os Maundurkú estão envolvidos em protestar os efeitos no meio ambiental dos projetos de barragens nos rios, estradas, etc. Trinta quilometres rio acima da cidade de Itaituba há projetos de cinco usinas hidroelétricas do mesma capacidade de Belo Monte (10.700 MW) no Tapajós e seu afluente o Jamanxim, que vão inundar 2.000 km. qds. do mato. O tribunal federal afirmou o direito dos Mundurukú de ser consultados sobre os projetos. O primeiro, São Luiz, de 6.133 MW, criará um lago de 722 km. qds. Em protestar este desenvolvimentos o povo formou o Conselho Indígena Mundurukú do Alto Tapajós (CIMAT).

Outro projeto para facilitar a exportação de soja é as hidrovias. Inicialmente o plano foi construir uma Rodohidrovia para atravessar a Terra Indígena Mundurukú, com uma estrada de mais de 400 km, ligando Alto Floresta MT a Jacareacanga PA. Agora a proposta é a Hidrovia Tapajós-Tele Pires para ligar do Mato Grosso a Oceano Atlântico. O projeto envolve o balizamento e remover as cachoeiras em 1.500 km dos dois rios, para permitir o transito de cambóis de catas de 200m de comprimento e calado de até 2.5m carregando até 5.400 toneladas. O projeto include a construção de cinco barragens hidroelétricas no Rio Teles Pires. A construção da primeira barragem de Teles Pires foi suspensa pelo Tribunal em 2012, para preservar a cachoeira, Sete Quedas, considerada sacra pelos indígenas e um local importante para a desovação de diversas especies de peixe. Em 2014 os Munduruku continuam a protestar a hidrovia querendo que ‘tudo seja como Deus deixou para nós’. A área é de grande biodiversidade, com 613 especies de aves, por examplo (www.bbc.co.uk/news 5 agosto 2014).

Estilo da Vida: Os Wuy Jugu habitam em geral Terras Indígenas cobertas com floresta densa e somente as Terras Kayabi, Apiaká-Kayabi e Mundurucu têm poucas áreas desta cobertura. As aldeias são situadas nas margens dos rios navegáveis. As roças são plantadas em terra firme com diversos tipos de mandioca, banana, batata, cana e cará. Os homens fazem a broca e a derruba, mas toda a família coopera na coivara, limpeza e plantio de mandioca. O plantio dos outros cultivos e a colheita são feitos pelas mulheres. A coleta de frutas silvestres, açaí, bacaba, castanha do Pará, ingá, jubá, patauá, uxi, etc. é feita conforme a safra de cada uma. São usados para preparar sucos densos especialmente durante a estação das chuvas. A pesca é feita na estação seca e a caça na estação das chuvas (Ramos 2003).

Antigamente as aldeias eram base de guerreiros, com uma casa dos homens no patio. Sendo deslocados para formar pequenas povoações nas margens dos rios, aspectos da cultura foram perdidos. Eles não construiriam mais as aldeias tradicionais com casas separadas dos homens e das mulheres nos campos depois 1950 (Hemming 2003.68-72).

Na pesca, o povo tem a pratica de ‘animar’ o peixe o dia antes da tinguijada. Os homens trituram a raiz do timbó sobre troncos, de forma ritmada com pedaços de paus. As mulheres, especialmente as jovens, apanham urucu ou a seiva em forma de goma branca, e passam a perseguir os homens com a finalidade de passar a goma no rosto e nos cabelos dos mesmos. É um jogo para obter fartura na pescaria do dia seguinte (Ramos 2003).

Alguma famílias trabalharam como garimpeiros na região dos rio Kaburuá e Tropas, mas a necessidade disso diminuiu com o pagamento as aposentarias do INSS e Bolsa de Família. A renda é usada para ajudar os netos ou comprar artigos da cidade.

Sociedade: Os Wuy Jugu se organizam em duas metades exogâmicas, chamadas Branca e Vermelha e estas dividam 38 clãs entre si mesmas. Os clãs são nomeados conforme aspectos da natureza ou animais que se acham também nas narrativas e cantos da cosmovisão. Da Branca são só Akai, Boro, Kirixi, Saw, etc. da Vermelha os Kabá, Karo, Tawé, Wako e outros. Os filhos pertencem ao clã do pai, porem a regra de moradia é matrilocal. O casamento preferido é com primos cruzados. Não há rituais especiais do matrimonio. O marido deve prestar serviço ao sogro em caçar, pescar, coleta nos castanhais e trabalho de roça, até o nascimento do segundo filho. Depois ele constrói uma casa própria para sua família. Nas aldeias os homens de 13 anos e em cima moravam na casa dos homens, as mulheres e os jovens mais novos moram em uma outra casa. Hoje têm casa de construção regional em fileiras.

Artesanato: Os homens praticam a cestaria, fabricando o Iço, um cesto usado pelas mulheres para trazer a coleta da roça e outros artigos como peneiras e utensílios domésticos. Nos cestos são grafados com urucu desenhos que identificam o clã do marido. As mulheres confeccionam as tipoias para carregar suas crianças, e colares com figuras de animais esculpidos com sementes, mas a maioria não praticam mais a cerâmica, que faziam tradicionalmente (Ramos 2003).

Religião: Com a cessão de guerras e as mudança das aldeias, a casa dos homens na praça da aldeia era descontinuada que era o centro de diversos rituais conforme as estações do ano. No início do tempo das chuvas era realizada o ritual da ‘mãe do mato’ para pedir permissão, proteção e sucesso na caçada (Ramos 2003).

Os Wuy Jugu têm uma cultura muita rica de música e poesia que versa sobre a vida cotidiana e a natureza. Os instrumentos importantes na mitologia dos Wuy Jugu, as flautas parasuy, são tocadas pelos homens velhos em algumas aldeias. Alguns dos jovens e professores tomaram iniciativa de preservar as canções e músicas tradicionais (Ramos 2003).

A religiosidade tradicional é presente ainda entre os Wuy Jugu, mesmo com as mudanças sofridas com o contato, e eles continuam a praticar apesar das condenação pelos missionários católica e batistas (Ramos 2003).

Há 10% evangélicos. O filme Jesus e gravações de Global Recordings são disponíveis.

Cosmovisão: O herói Karosakaybo criou os Munduruku na aldeia Wakopadi, situada nos campos centrais, próxima às cabeceiras do rio Krepori, local hoje situado nas proximidades do limite oriental da terra demarcada em 2001 (Ramos 2003). As narrativas dos Wuy Jugu demonstram seu conhecimento da constelações e da Via Láctea, que chamam Kabikodepu (Ramos 2003). Eles têm um sistema de enumeração, capaz de fazer cálculos maiores usando palavras que significa um a cinco.

Comentário: A Igreja católica estabeleceu a Missão São Francisco, na aldeia Missão, no rio Cururu, instalada em 1911, com o intuito de catequizar a comunidade, oferecendo-lhe, além de alfabetização em Português, cursos de corte e costura, na escola das irmãs, e marcenaria na escola dos padres, em regime de internato. Mas somente a partir da década 80 a educação escolar Mundurukú teve um caráter mais continuo em 40 aldeias. Em 1998 começou o curso de formação de professores (Gomes e Ferreira 2012. 69).

Junta de Missões Nacionais de Convenção Batista Brasileira começou trabalho em 1969 na aldeia Sai Cinza.

Bibliografia:

  • DAI/AMTB 2010, ‘Relatório 2010-Etnias Indígenas do Brasil’, Organizador: Ronaldo Lidório, Instituto Antropos –instituto.antropos.com.br.
  • GOMES, Dioney M. e FERREIRA, Tânia Borges, 2012,’ “Avaliação Escolar”: Termo e Conceito e Visão de Mundo em Português e em Mundurukú’ (TUPÍ), Cadernos de Linguagem e Sociedade, 13 (1), 56-81, Universidade de Brasília.
  • HEMMING, John, 1995 (1987), Amazon Frontier-The Defeat of the Brazilian Indians, London: Pan Macmillan.
  • HEMMING, John, 2003, Die If You Must – Brazilian Indians in the Twentieth Century, London; Pan Macmillan.
  • HEMMING, John, 2008, Tree of Rivers: The Story of the Amazon, London: Thames and Hudson.
  • RAMOS, André, 2003, ‘Munduruku’, Povos Indígenas do Brasil, Instituto Socioambiental, São Paulo. pib.socioambiental.org/pt/povo/munduruku.
  • SIL 2013, Lewis, M. Paul, Gary F. Simons, and Charles D. Fennig (eds.). 2013. Ethnologue: Languages of the World, Seventeenth edition. Dallas, Texas: SIL International. Online version: www.ethnologue.com