David J. Phillips
Autodenominação: Pankararé.
Outros Nomes: Paracararé, Pankaré (DAI/AMTB2010).
População: 1.562 (DAI/AMTB 2010); 1.640 (FUNASA 2010). Não há registros precisos da população mas as estimativas do próprio povo dá um total de 2.193 individuos (FUNAI 2014).
Localização: A Bahia
Terra Indígena Brejo do Burgo, BA: homologada e registrada com 17.924 ha uns 40 km. a oeste de Paulo Afonso com uma população de 1.309 de Pankararé.
T. I. Pankararé, BA: homologada e registrada com 29.597 ha a sul da outra T. I. e a oeste de Paulo Afonso com 1.562 Pankararé.
Língua: Português (DAI/AMTB 2010). Pankararé, uma língua não classificada, desconhece-se a filiação linguística. Não tem falantes conhecidos (SIL, FUNAI).
História: Viviam antigamente nas margens do Rio São Francisco entre a foz do Rio Pajeú e a cachoeira de Paulo Afonso e na caatinga e serras próximas(PIB 2013). Os primeiros contatos com os europeus eram pelos criadores de gado, querendo pastorear seus rebanhos em vasto terrenos, por isso eles expulsaram os indígenas. Os Pankararé, com os Pankararu, eram aldeados ao lado das missões no século XVII; uma missão jesuíta era Curral dos Bois ou Santo Antônio da Glória. Com a expulsão dos jesuítas em 1773, os índios se dispersam e o povo dividiu: Um grupo na margem esquerda do Rio São Francisco tornaram-se os Pankararu, que vive na aldeia de Brejo dos Padres, PE, e os Pankararé continuaram na margem direita do rio. Eles identificam a área do Brejo do Burgo como um território indígena, especialmente porque eles descobriram as fontes de água (FUNAI 2014).
Em 1957, Darcy Ribeiro os considerou mestiços que tinham perdido sua língua e sua cultura, e eram quase indistinguíveis dos regionais da região. A qualquer tentativa de renovar as distinções étnicas foi oposta pelos vizinhos. Na época uma maloca para os rituais foi destruída e a policia tentou impedir os Pankaraku os ensinar a dança do Toré. O cacique Ângelo Pereira com o apoio da FUNAI assinou um pacto de paz com as autoridades locais, porém a ciume dos fazendeiros provocou o assassinato de Ângelo em 1979. O filho de Ângelo identificou o assassino e a imprensa publicou seu nome, o indivíduo não foi processado. A demora em demarcar a Terra, obrigou os próprios Pankararé a fazer em 1984, enquanto o povo estava morrendo de fome devido à seca. Um grupo migrou-se para a favela Parque Real na cidade de São Paulo (Hemming 2003.593).
Estilo da Vida: O território dos Pankararé consiste na maioria de caatinga, com extensões de brejo ou várzea. Eles distribui-se emaldeias agrícolas em torno do povoado Brejo do Burgo, no município de Nova Glória, PE. Existe outro grupo pequeno ao sul, chamado ‘Chico’ no interior do Raso da Catarina, uma ecorregião localizada na parte centro-leste do caatinga, uma área arenosa, no estado da Bahia. Recentemente a criação da Estação Ecológica do Raso tem proibido as atividades de caça, que é uma severa limitação da principal fonte de subsistência dos índios (FUNAI 2014). Nas estações de seca muitos dos Pankararé saem da área para procurar trabalho assalariado, e às vezes permanecem fora por longos tempos, porém mantêm contato com sua comunidades. Na aldeias as famílias nucleares cultivam roças pequenas com feijão, milho e mandioca.
Sociedade: A liderança é um conjunto ou conselho que consiste do cacique, do pajé e dos conselheiros das aldeias. Estão fortalecendo seus laços com os Pankararu. Constantemente os regionais têm tentado negar a existência da identidade étnica dos Pankararé, e a aproximação com os Pankararu incluí as festas tradicionais.
Artesanato: Fabricam artigos de fibra de caroá, roupas rituais e artefatos de uso doméstico.
Religião: Realizam com regularidade o Toré, no qual participam as mulheres com os homens em terreiros especiais. Também realizam o Praiá, um ritual exclusivamente dos homens, vestidos nas roupas rituais de fibra. As festa do Nascente e do Poente, acompanhados do consumo da bebida feita da entrecasca da jurema (PIB 2013).
Cosmovisão:
Comentário: A MNTB dá assistência aos Pankararé.
Bibliografia:
- DAI/AMTB 2010, ‘Relatório 2010 – Etnias Indígenas do Brasil’, Organizador: Ronaldo Lidório, Instituto Antropos –instituto.antropos.com.br.
- FUNAI, 2014, ‘Pankararé’, portal.mj.gov.br/data/Pages/MJA63EBC0EITEMID48941D6E2C5C484F884FC26F05D587D7PTBRNN.htm. Acessado 12 de março 2014.
- HEMMING, John, 1987, Amazon Frontier-The Defeat of the Brazilian Indians, London: Pan Macmillan.
- HEMMING, John, 2003, Die If You Must – Brazilian Indians in the Twentieth Century, London; Pan Macmillan.
- PIB 2013, ‘Pankararé’, Povos Indígenas do Brasil, Instituto Socioambiental, São Paulo. pib.socioambiental.org/pt/povo/pankarare.
- SIL 2013, Lewis, M. Paul, Gary F. Simons, and Charles D. Fennig (eds.). 2013. Ethnologue: Languages of the World, Seventeenth edition. Dallas, Texas: SIL International. Online version: www.ethnologue.com.