Poyanawa

David J. Phillips

Autodenominação:Poyanawa

Outros Nomes: Puyanawa, Poianaua (Equipe 2010).,

População: 403 (DAI/AMTB 2010),540 (FUNASA 2010).

Localização: no oeste do Acre:

Terra Indígena Poyanawa, de 24.499 ha na margem direita do rio Moa, ao oeste da cidade de Cruzeiro do Sul entre os Igarapés Bom Jardim e Generoso, homologada e registrada no CRI e na SPU, com 403 Poyanawa (Iglesias e Aquino 2005).

Língua: Poyanawa ou Puyanawa, chamada pelos falantes Üdikuï que significa ‘língua verdadeira’, da família linguística Pano. O número de falantes era doze em 1990. Railda Manaitá Poyanawa incentivou a recuperação da língua por aulas e um alfabeto baseado no Português, mas os resultados são limitados. As crianças são monolíngues em português (Equipe 2010).

História: Desde do ano 1880 os rios Purus e Juruá foram invadidos por não índios a procura da borracha e do caucho. No ano de 1888 os seringalists enviaram seus seringueiros subir o rio Moa, afluente do rio Juruá, e seu braço o Azul (Equipe 2010). Na época os Poyanawa ocupavam as cabeceiras dos afluentes da margem direita do baixo rio Moa. Em 1901 foi a primeira tentativa de contatar os Poyanawa mas sem sucesso. Outras expedições encontraram roças e aldeias abandonadas. Os Poyanawa se dividiram em dois, um grupo ficou na cabeceira do igarapé Preto, afluente do Paraná dos Moura e o outro foi para o Riozinho, afluente do rio Moa. Em 1908 havia 200 a 300 índios na região (Equipe 2010). O primeiro grupo foi contatado pelo agente do SPI que depois um ano foram transferidos para a Fazenda Barão do Rio Branco. Em 1913 o segundo grupo foi contatado, o chefe assassinado pelo capanga de Mâncio Lima, e foram transferidos à fazenda (Equipe 2010).

Os Poyanawa foram escravizados pelos seringalista Mâncio Agostinho Rodrigues Lima, e proibidos falar sua língua, obrigados a aprender português em uma escola, os homens separados das mulheres. Eram forçados trabalhar na fazenda na extração do látex (Freschi e Gavazz 2006). As mulheres cultivaram roças grandes de mandioca, arroz, cana-de-açúcar e feijão na fazenda. A população caiu para 115 devido a conflitos e uma epidemia de sarampo. Somente em 1930 as mulheres eram permitidas, deixar de trabalhar nas roças e viver com os homens espalhados nas trilhas do seringal. Este regime terminou com a morte de Mâncio Lima em 1950. Continuaram coletar o látex, a pesar do baixo preço e pagaram pelo uso dos estradas do seringal aos herdeiros do Lima (Equipe 2010).

Em 1977 a FUNAI realizou os primeiros estudos para identificação da T. I. Poyanawa. A T. I. foi demarcada em 2000, depois vinte anos emperrado na FUNAI, e finalizado pela insistência de lideranças e a Associação Poyanawa. O povo está com a ideia de solicitar a ampliação da T.I. devido da situação de escassez de recursos e da ocorrência de invasões e ocupações irregulares (Freschi e Gavazz 2006).

Estilo da Vida: A T. I. Poyanawa é próxima às duas cidades ao leste, Mâncio Lima e Cruzeiro do Sul, e tem duas aldeias, Barão do Rio Branco e Ypiranga com 571 moradores e separadas por um igarapé e afastadas do rio Môa. É uma das poucas T. I.s que têm fornecimento de sistema elétrico público e por isso a maioria das casas tem geladeira e televisão. As aldeias têm um poço artesiano com uma grande caixa d’água que abastece as casas (Freschi e Gavazz 2006). As malocas antigas eram compridas, com a cobertura de palhas alcançando o chão sem paredes, abrigando diversas famílias. Nos anos 80 mudaram se para casas tipo regional. Em 2006 as casas eram, na maioria, construídas com base de tijolos, paredes de madeira e o telhado de duas águas com brasilite. Têm um banheiro fora da casa (Equipe 2010).

A Terra tem duas áreas de campina e cerrado. O povo distingue oito tipos de biomas conforme o solo, a fauna e a flora. A Terra tem áreas grandes de várzea ou igapó, igual a quase um terço da Terra Indígena, que fornece peixe e buriti. As pesca é feita no rio Moa, e os igarapés de água preta e branca e nos lagos próximos ao rio Moa (Freschi e Gavazz 2006).

Controlam a derruba de área de mata bruta, por reusarem terras abertas há muito tempo para o plantio de macaxeira. As roças estão ao oeste das aldeias, cada família nuclear tendo uma. Produzam a farinha de macaxeira em duas casas de farinha construídas pelos Governo, e vendem o produto nos municípios. A terra já é degrada e usam o arado com o trator (Freschi e Gavazz 2006).

Também cada família cria gado em pequenas pastagens, o total em 2006 sendo 160 cabeças. Coletam cachos de buriti para vender em Cruzeiro do Sul. Vendem farinha, galinha, ovos e porcos e compram roupa, sal, café, etc.

Quanto a caça a Terra é pequena, é proibida caçar com armadilha mas alguns homens invasores vem de fora e usam. Os Poyanawa decidiram não usar cachorro para caçar, e o comercio da caça é proibido. Invasores atravessam o sul da Terra com três caminhos para caçar e pescar (Freschi e Gavazz 2006).

Sociedade: Os povos Pano têm a pratica de tatuagem facial que feita quando a criança oitos a dez anos, mas atualmente a pratica é descontinuada. Cada aldeia tem um chefe para representar sua comunidade junto à sociedade nacional. A Associação Agroextrativista Poyanawa do Barão e Ipiranga (AAPBI), apoia os líderes e garante às comunidades acesso ao financiamento externo, para a produção de farinha vendida em Cruzeiro do Sul e a criação e de comercialização de pequenos animais domésticos, e a compra do trator (Equipe 2010).

Os Poyanawa mantêm um sistema de vigilância na T. I. contra invasores com pontos de apoio, dois com casa de alojamentos para as equipes de vigilância. A Associação Poyanawa chama a atenção dos poderes para os invasores e casos de colonização irregular (Freschi e Gavazzi 2006).

Artesanato:

Religião: Antigamente os cadáver do falecido era cozido por dez a doze horas, enquanto o povo dançava e chorava. Depois o líder dividia os pedaços de carne do morte entre os parentes e os outros índios. Estes incineravam a carne e misturavam as cinzas no caldo de milho com amendoim. O caldo era ingerida para incorporar no vivos as caraterísticas do falecido (Equipe 2010).

Cosmovisão:

Comentário:

Bibliografia:

  • DAI/AMTB 2010, ‘Relatório 2010 – Etnias Indígenas do Brasil’, Organizador: Ronaldo Lidório, Instituto Antropos –http://instituto.antropos.com.br/
  • EQUIPE de edição da Enciclopédia Povos Indígenas no Brasil, 20108, ‘Puyanawa’, Povos Indígenas do Brasil, Instituto Socioambiental, São Paulo. pib.socioambiental.org/pt/povo/puyanawa.
  • FRESCHI, Julieta Matos e GAVAZZ, Renato Antonio, ‘2006, ‘Etnomapeamento na Terra Indígena Poyanawa (Acre)’. www.academia.edu/4684541.
  • HEMMING, John, 2003, Die If You Must – Brazilian Indians in the Twentieth Century, London; Pan Macmillan.
  • SIL 2014, Lewis, M. Paul, Gary F. Simons, and Charles D. Fennig (eds.). 2014. Ethnologue: Languages of the World, Seventeenth edition. Dallas, Texas: SIL International. Online version: http://www.ethnologue.com