Shanenawa

David J. Phillips

Autodenominação: Shanenawa é composto de shane que é um espécie de pássaro azul e nawa que significa povo estrangeiro: Povo pássaro azul. Quando o pássaro é visto é sinal de conflito e guerra (Equipe 2010).

Outros Nomes: Eram confundidos com os Katukina e eles aceitaram o erro por algum tempo para não perderem seu lugar na T. I. (Equipe 2010).

População: 361 (DAI/AMTB 2010), 411 (FUNASA 2010), 360 (FUNAI 2002).

Localização: Acre, no município de Feijó:

Terra Indígena Katukina/Kaxinawa de 23.474 ha na margem esquerda do rio Envira, homologada e registrada no CRI e SPU, com 708 Shanenawa e Kaxinawá (Iglesias e Aquinos 2005).

Língua: Shanenawa da família linguística Pano. Mudando para o português, os únicos nove falantes são idosos (SIL). Era confundida com Katukina que é da mesma família Pano, mas diferente (Equipe 2010).

História: Antigamente viviam os Shanenawa na floresta no alto rio Gregório. Migraram para o rio Envira por causa das correrias pelos seringalistas no final do século XIX, e passaram algumas décadas nos altos Juruá, Purus e Envira. Depois o estabelecimento dos seringais os índios eram obrigados de fornecer alimento e carne de caça para os seringueiros, e posteriormente forçados a coletar a seringa e o caucho. Eles mudaram mais para o interior mais próximos às seringueiras. Depois do declínio do mercado da borracha começou a criação de fazendas, e os indígenas foram expulsos das terras. Alguns Shanenawa desceram o rio Envira à cidade de Feijó ainda para trabalhar em um seringal. Formaram a aldeia Morada Nova e depois três mais comunidades foram estabelecidas(Equipe 2010).

Os Shanenawa contataram o governo do Estado do Acre para ter um lugar para os morar. Descobriram um documento que provava sua ocupação da terra quando o Estado comprou um seringal desativado, porém eles eram identificados no documento como Katukina. Aceitaram a confusão do nome durante o processo de demarcação da Terra.

Estilo da Vida: Os Shanenawa vivem na margem esquerda do rio Envira. Antigamente moravam em cupinxauas grande feitas de palha, na qual morava todos os membros de um clã. Hoje moram casas em palafita feitas de madeira serrada e cobertas com palha de envira ou de alumínio. Plantam roças próximas à aldeia com macaxeira, banana, milho e amendoim. Também plantam em escala menor batata doce, abóbora, inhame, cará, cana-de-açúcar, mamão e melancia. Coletam manga, caju, ingá, e acai. Compram arroz, feijão e carne no mercado de Feijó. Criam pequenos animais. Comem peixe mais que a caça, porque a última é escassa, mas melhor na época das chuvas. A pesca no rio Envira é também reduzida em certas épocas do ano. A tarrafa é o método preferido mas o timbó é usado (Equipe 2010).

Sociedade: A unidade social é a família extensa de um casal com filhos e filhas solteiros, e os filhos casados com suas esposas, filhos e filhos de criação. A regra de residencia é patrilinear. Os Shanenawa são divididos em cinco clãs: Kamanawa, povo da onça, Maninawa, povo do céu, Satanawa, povo da ariranha, Varinawa, povo do sol, Waninawa, povo da pupunha. Os filhos pertencem ao clã da mãe e se casam somente dentro do seu clã e são monogâmicos. A aldeia tem um chefe que herde a posição do pai, e trata os relacionamentos com os não índios. O povo pertence a Organização dos Povos Indígenas do Rio Envira (OPIRE).

Artesanato: Os homens fabricam arco de flecha para comerciar em Feijó. As mulheres fazem colares, chapéus, saias, pulseiras e cestos. Também fabricam vasos cerâmicos. A Associação Shananawa da Aldeia Morada Nova (ASAMN) facilita a venda destes produtos (Equipe 2010).

Religião: Os Shanenawa creem nos espíritos bons e maus na floresta chamados os jusin. O principal jusin tsaka é na forma de animal monstro que anda à noite e destrói e queima todas as coisas. Eles usam o alucinógeno umi (ayahuasca) para comunicar com os ancestrais por visões e obter auxílio para resolver seus problemas. Não tinha pajé mas usam o umi e outras plantas com remédios. Usam também o veneno do sapo phyllomedusa bicolor (Rã kambo, Sapo Verde) aplicado nos braços que causa o paciente de vomitar e acreditam que isso renova as forças, acaba com a preguiça ou a falta de sucesso na caça ou na pesca (Equipe 2010).

Também adotaram aspectos do Catolicismo (Equipe 2010). Praticam rituais que são mais brincadeiras, especialmente na estação seca com mariri que é uma dança, o pau-de-sebo, o tiro de arco e flecha e a natação como competição (Equipe 2010).

Cosmovisão:

Comentário: A Igreja Adventista do Sétimo Dia diz que 34 Shanenawa foram batizados. Em 2014, o Instituto Dom Moacyr, por meio da Escola Técnica em Saúde Maria Moreira da Rocha, em parceria com SESACRE e SESAI, com recursos do Ministério da Saúde, realizam a formatura de 200 novos Agentes Comunitários Indígenas de Saúde (ACIS) que se qualificaram para atuar em suas terras indígenas. A formação abrangeu 18 povos, contemplando os estados do Acre, Rondônia e Amazonas. Também em 2014 a formatura da primeira turma de professores indígenas em nível superior, com 49 formandos, ocorrida, no Campus Floresta, em Cruzeiro do Sul, que continuam a atuar nas suas aldeias, inclusive a dos Shanenawa

Bibliografia:

  • DAI/AMTB 2010, ‘Relatório 2010 – Etnias Indígenas do Brasil’, Organizador: Ronaldo Lidório, Instituto Antropos –instituto.antropos.com.br/
  • EQUIPE de edição da Enciclopédia Povos Indígenas no Brasil, 20108, ‘Shanenawa’, Povos Indígenas do Brasil, Instituto Socioambiental, São Paulo. http://pib.socioambiental.org/pt/povo/shanenawa/
  • SIL 2014, Lewis, M. Paul, Gary F. Simons, and Charles D. Fennig (eds.). 2014. Ethnologue: Languages of the World, Seventeenth edition. Dallas, Texas: SIL International. Online version: http://www.ethnologue.com