Suruí do Pará — Aikewa

David J. Phillips

Autodenominação: Aikewa que significa ‘nós’ ou ‘povo’ (Hemming 2003.722). Aikewara (Iara Ferraz – Laraia 1998).

Outros Nomes: Suruí, Sorroró. Os Kayapó os chamam de Mudjetire.

População: 264 (DAI/AMTB 2010). 330 (FUNASA 2010). Foi reduzida de 126 para 40 em 1960, 34 em 1962 por uma epidemia de varíola. Porém em 1995 atingiu 185 pessoas (Laraia 1998). 140 (1995 A. Graham SIL).

Localização: T. I. Sororó nos municípios de Marabá, São Domingos do Araguaia e São Geraldo do Araguaia, tem uma área de 26.257 hectares no sudeste do Pará, homologada e registrada no CRI e SPU, com 359 Suruí do Pará (SIASI/SESAI 2010).

Língua: Akwáwa, semelhantedosAsuriní do Tocantinse dosParakanã. Da faília linguística Tupi-Guarani esemelhanteas línguasTenetehára, Tapirapé, Avá-Canoeiros.Também falam português.

História: Os Siruí ou Aikewa moravam às margens do rio Vermelho afluente do rio Sororozinho, por sua vez afluente do Sororó, que do Itacaiúnas, que desemboca na margem esquerda do rio Tocantins perto da cidade de Marabá. Este rio tinha grande importância por ter reservas de pés de seringueira e de castanheira do pará. Os Suruí deixaram o rio Vermelho no início do século XX e chegaram na sua posição atual para escaparem os ataques dos Xirkrín. Desde 1920 os Aikewa sofreram ataques dos coletores de castanhas do Pará. Contato pacífico foi feito em 1951 por Frade Gil Gomes Leitão, usando uma caixa de fósforos! Um grupo de caçadores de peles de animais explorou o povo durante a década 60, e as doenças introduzidas reduziu a população de 100 para 40. O Frade conseguiu expelir o grupo e cuidava dos índios até 1973 (Hemming 2003.722). A FUNAI demarcou o território em 1979 e o governo homologou a Terra Indígena Sorroró de 26, 257 ha em 1983.

Estilo da Vida: Os Suruí do Pará são agricultores com roças grandes plantadas com mandioca, batata doce, milho, pimentas, algodão banana e taboca. Hoje em dia criam gado e plantam arroz. Antigamente caçavam, mas hoje faltam os animais.

Sociedade: Os Suruí mantêm uma só aldeia (okara); as casas formam um rectângulo com um pátio central para os rituais. Tinham a sociedade dividida em sete clãs patrilineares, hoje existem só cinco: Saopakania (gavião), Koaci-aruo (acoati) Pindawa (palmeira), Ywyra (madeira) e Karajá, que consiste dos descendentes de um Karajá capturado e criado pelos Suruí. O casamento é exogâmico entre os clãs e patrilocal e com primos cruzados. A aldeia recebeu 40 casas populares em 2010, destinados primeiramente para os mais idosos (Selma Amaral: Agência Pará de Notícias).

A posição do cacique era herdada e sempre dos Koaci-aruo, porém a liderança passou para um Saopakania e depois um Karjá durante os problemas dos anos 70. Mas voltou a um Koaci-aruo depois (Laraia 1998).

Artesanato:

Religião: Os caciques eram os pajés. A cerimonia de mais importância é Tokasa, realizada pelos homens em uma casa no meio do pátio, quando pelos danças e cânticos eles tentam encontrar com os ancestrais. A fumaça de uma grande cigarra é usada para facilitar o transe. Os mortos estão enterrados na casa, e quando o chão está cheio a casa está abandonada.

Cosmovisão: O herói Mahyra era pai dos gémeos Korahi (sol) e Sahi (lua) e estes dois separam a natureza da cultura. O Mahyra roubou o fogo do urubu e o deu aos homens. Os espíritos chamados karuara provocam doenças e o Tupã é o espírito do trovão e relampado e muito temido (Laraia 1998).

Comentário: Há poucos estudos sobre os Aikewa; o projeto “Crianças Suruí-Aikewára: entre a tradição e as novas tecnologias na escola”, dirigido pelo jornalista Maurício Neves, com parceira da Unesco e o Criança Esperança produziu vídeos da cultura e tradições na VII Semana de Comunicação da Universidade da Amazônia em 2010.

Bibliografia:

  • DAI/AMTB 2010, ‘Relatório 2010-Etnia Indígenas do Brasil’, Organizador: Ronaldo Lidório, Instituto Antropos –instituto.antropos.com.br.
  • HEMMING, John, 2003, Die if You Must: Brazilian Indians in the Twentieth Century, London: Panmacmillan.
  • LARAIA, Roque de Barros, 1998, ‘aikewara’, Povos Indígenas do Brasil, Instituto Socioambiental, São Paulo. pib.socioambiental.org/es/povo/aikewara.
  • SIL 2009, Lewis, M. Paul (ed.), Ethnologue: Languages of the World, Sixteenth edition. Dallas, Tex.: SIL International. Online version: www.ethnologue.com.