Tapeba

David J. Phillips

Autodenominação:

Outros Nomes: Tapebano, Perna-de-pau (DAI/AMTB 2010). O nome Tapeba, conforme o antropólogo Henro Trinidade Barretto Filho, foi adotado por jornalistas e missionários do tupi por ‘rocha chata’, o nome de uma lagoa no lugar, porém jamais havia uma etnia com este nome, e o aplicou aos indígenas que vivem em redor da cidade de Caucaia, CE (Hemming 2003.806).

População: 5.741 (DAI/AMTB 2010), 6.600 (FUNASA 2010).

Localização: Ceará. Terra Indígena Tapeba, identificada e aprovada pela FUNAI e sujeita a contestação, em redor da cidade de Caucaia, CE, de 5.838 ha, com 7.553 Tapeba (SIASI/SESAI 2013).

Língua: Português. Não há falantes da língua Tremembé (SIL).

História: Os índios do território de Ceará, os Anacés, Kariri, Inhamum, Jucá, Kanindé, Tremembé, Paicaú, Tabajara e Potyguara tinham relações com os franceses no Marahão e outros europeus antes da decisão dos Portugueses colonizá-lo. As primeiras tentativas de incluir a área no Brasil durante o século XVI fracassaram, mas no século seguinte os portugueses afinal em 1612 expulsaram os franceses. Os franceses tinham uma aliança com os índios. Dois jesuítas fizeram um mapeamento da região, mas um deles foi morto pelos índios. Os holandeses fizeram alianças com os índios e capturaram Ceará, mas em 1644 os índios atacaram os holandeses. Estes eram expulsos do Brasil em 1654 e as tribos que eram aliadas dos holandeses fugiram dos portuguese para o interior.

A cidade de Caucaia originou-se da Aldeia de Na Sa dos Prazeres de Caucaia estabelecida pelos jesuítas entre 1741 e 1759. Não sabemos as tribos que viviam lá, mas os Potiguara eram primeiro aliados dos francese e depois dos portugueses. Depois da expulsão dos jesuítas a Vila de Caucaia foi reconstruída na Nova Vila de Soure em 1759 sob a Diretoria dos Índios até 1798, quando o aldeamento foi terminado.

A colonização do litoral sofreu a resistência dos Botocudo na região da Bahia e Espirito Santo. Quando a família real se transferiu para o Brasil, Dom João aceitou o preconceito contra os índios e declarou guerra contra os Botocudo mas o resultado era guerra e escravidão contra todos os indígenas inclusive no nordeste, e até os índios do nordeste eram chamados ‘Botocudo’. O governo tentou persuadir o clero secular tomar o lugar deixado pelos jesuítas, mas sem sucesso. O pioneiro missionário Metodista Daniel Kidder visitou Ceará e achou os índios degradados. Em 1822, o delegado baiano ao Cortês Gerais, Domingos Borges de Barros, advocou que toda aldeia indígena deve ter um diretor de caráter compassivo e que os protestantes dos Irmão Morávios sejam os melhores para o encargo (Hemming 1987.90-91, 148, 152). Mas em 1850 o governo mandou a venda de todas as terras indígenas no Ceará porque ‘os índios não eram mas selvagens’ (Hemming 1987.173). Em 1863 a população indígena da província foi declarada extinta e isso permitiu incorporação das suas terras no estado (Hemming 2003.601). Ao mesmo tempo a doação de terras a Vila de Soure na qual viviam diversos grupos de Potiguara, Tremembé, Cariri e Jucá que são hoje os Tapeba (Barretto Filho 1998).

Na década 80 do século XX o Ceará era considerado de não ter indígenas, até uma equipe da Arquidiocese de Fortaleza começou a atuar no município de Caucaia entre os Tapeba. O nome Tapeba era o nome de origem tupi de uma lagoa e um riacho periódico.

Estilo da Vida: A cidade de Caucaia fica 16 km de Fortaleza. Os Tapeba vivem nas margens da lagoa do Tabeba, Cutia, lagoa dos Porcos e Pedreira Santa Terezinha, onde eles trabalham em palha, como diaristas na agricultura ou no comércio de frutas.

Em outras áreas sua população é limitada, nos bairros do perímetro urbano da cidade, Capoeira Pe. Júlio Maria, Açude, Cigana, Itambé, Grilo, Vila São José, Vila Nova Sta. Rita, onde se empregam no comércio ambulante, os pequenos serviços e o trabalho assalariado. Também vivem no Trilho, onde as casas encontram-se distribuídas, longitudinalmente, às margens da Ferrovia Fortaleza-Sobral, num trecho de 2,5 km. onde vendam frutas, produzindo carvão, e vendo plantas ornamentais e animais silvestres. Vivem nas localidades de Paumirim e Capuan, e da Ponte, na vila de Soledade onde pescam e escavam areia (Barretto Filho 1998).

Os Tapeba reconhecem um uso comum entre seu grupo descendência dos recursos naturais do seu território, e dar ‘agrados’da coleta quando o proprietário é um não indígena.

Sociedade: Na década 80 do século XX os missionários católicos estimularam o avivamento da identidade indígena entre os Tremembé, que viviam como os não índios. E três grupos de Tremembé foram unidos sob um cacique. O Conselho chamado CITA foi criado e em 1994 cinquenta representantes do Conselho enviaram à FUNAI uma carta declarando que eram indígenas. A FUNAI fez uma pesquisa antropóloga e 4.900 ha foram definidos ser terra indígena. Um tribunal declarou que a evidencia de residencia de séculos não era suficiente, e os índios protestaram e em março 1997 a decisão foi reversada (Hemming 2003.602). O nome Tapeba tem um sentido pejorativo entre a população local, significando uma pessoa de muitos vícios (Berretto Filho 1998). Os diversos grupos consideram-se membros de famílias, os descendentes de um homem, como no Tapeba consideram o antepassado Manoel Raimundo, no Paumirim José Alves dos Reis, o Zé Zabel ‘Perna-de-pau'(Berretto Filho 1998).

Artesanato:

Religião: Celebram sua dança do Torém que não é a mesma do toré das outras etnias do Nordeste.

Cosmovisão:

Comentário:

Bibliografia:

  • BARRETTO FILHO, Henyo Trindade, 1998, ‘Tapeba’, Povos Indígenas do Brasil, Instituto Socioambiental, São Paulo. pib.socioambiental.org/pt/povo/tapeba.
  • DAI/AMTB 2010, ‘Relatório 2010 – Etnias Indígenas do Brasil’, Organizador: Ronaldo Lidório, Instituto Antropos –instituto.antropos.com.br.
  • HEMMING, John, 1987, Amazon Frontier-The Defeat of the Brazilian Indians, London: Pan Macmillan.
  • HEMMING, John, 2003, Die If You Must – Brazilian Indians in the Twentieth Century, London; Pan Macmillan.
  • SIL 2014, Lewis, M. Paul, Gary F. Simons, and Charles D. Fennig (eds.). 2014. Ethnologue: Languages of the World, Seventeenth edition. Dallas, Texas: SIL International. Online version: http://www.ethnologue.com.